• Nenhum resultado encontrado

Então, muito obrigada por fazer parte dessa pesquisa!

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Tema da Pesquisa: Crenças sobre o Uso da Tradução no Ensino de Inglês

P: Então, muito obrigada por fazer parte dessa pesquisa!

124 ANEXO J – Narrativa – Beatriz

UFOP – ICHS – DELET – Pós-Graduação em Letras: Estudos da Linguagem Tema da Pesquisa: Crenças sobre o Uso da Tradução no Ensino de Inglês

Caro(a) colega,

Como último instrumento de coleta de dados da minha pesquisa acerca das crenças sobre o uso da tradução na aula de inglês, gostaria agora que você redigisse um texto considerando suas experiências tanto como aluno(a) quanto como professor(a).

Mais uma vez, quero registrar meu agradecimento pelo seu empenho em colaborar com minha pesquisa.

Atenciosamente,

Nathércia Barbosa do Espírito Santo

Quando ainda era aluna, minhas professoras utilizavam um livro didático muito antigo, portanto ficava difícil acompanhá-lo em todas as aulas. Lembro que nós copiávamos matéria do quadro todos os dias e as matérias sempre começavam com: verbo “TO BE”. Além de ser uma coisa cansativa, virava uma coisa sem sentido. Nós, alunos não vemos o verbo da forma como ele é exposto em sala. A intenção de minhas professoras eram as melhores possíveis, mas é como se elas quisessem que decorássemos o uso do verbo “TO BE”. Passávamos a aula inteira copiando os resumos do quadro e as atividades, em casa tínhamos que responder e na outra aula corrigíamos. Havia o sistema de tradução. Davam um texto pra gente e tínhamos que traduzir algumas falas ou algumas frases. Meu inglês veio daí. Nunca fiz curso livre. Mas conto também com minha curiosidade para com a língua. Em casa eu tomava uma atitude autodidata, já que o sistema público não me proporcionava todas as experiências que queria. Gravava músicas na fita e tocava e pausava para ir escrevendo as letras... Na época, de certo, escrevia tudo errado, mas claro que isso ajudou muito na minha pronuncia e na minha compreensão oral. Algumas pessoas até se espantam. E a conclusão que eu chego sobre isso tudo é a de

125 que o que conta mais para o aprendizado, não é tanto a didática, a metodologia ou a empatia do professor, mas sim o valor que o aluno vê no que é ensinado e a atitude do aluno acerca de seu próprio processo de ensino-aprendizado.

Como professora, consigo ver em meus alunos a vontade de estar ali. Mas é uma vontade que a fundo é uma necessidade. Eles deram o primeiro passo, que é fazer as inscrições e vir às aulas, e o resto eles deixam para os professores. Já presenciei situações em que os alunos reconhecem que a produção na segunda língua é muito fraca e que eles precisam melhorar, mas não pedem ao professor uma ajuda, ou uma dica, eles estão na verdade avisando ao professor, para que ele possa tomar as decisões por eles: repetir o semestre ou continuar assim. E esta é a primeira escolha de muitos.

Em meus primeiros contatos com meus alunos, sempre dou avisos de começo de aula (apresentação de curso, da língua, dos envolvidos...) e digo sempre que o que eu falar para eles não vai fazer efeito se eles não fizerem algo fora da sala. Dou atividades para serem feitas em casa, mas não são todos os dias, e sei que não serão feitas todas as vezes. Os alunos estão tomando atitudes muito passivas com relação ao aprendizado. É como se na verdade não fizesse diferença para eles aprender, desde que saiam no fim do curso com o certificado ou com nota.

Isso é de deixar qualquer professor triste, pois queremos que os alunos falem de nossas aulas, mas que falem bem, e que mostrem tudo que somos capazes de ensiná-los.

Muitos alunos se baseiam no uso da tradução como uma ferramenta de aprendizado. Alguns sabem usá-la a seu favor, outros não. Há um preconceito com a tradução no aprendizado e até mesmo nós professores encontramos opiniões divergentes quando paramos para pensar. Temos que ter em mente que em uma única sala de aula temos vários tipos de alunos, com isso temos que saber lidar com as diferenças das produções individuais para que não haja confusões nem desmotivação. Se um aluno precisa da

126 tradução, minha opinião é a de que devemos usá-la. Não posso privar este aluno de entender minha aula em seu ritmo, pois se ele não entendeu o que eu expliquei em Inglês, há uma defasagem em sua aprendizagem, mas ele está ali. Ele está presente na sala de aula e em um nível no qual outros alunos estão entendendo. Ele está há alguns passos atrás dos outros, porque não tentar ajudá-lo?

Já um aluno que entende tudo, mas em um vocábulo trava e não consegue ver o significado (mesmo depois dos recursos disponíveis ao vivo, como desenhos, mímicas, exemplos, falas) ele tentará traduzir para o que ele está entendendo. Como professora, tenho que dizer se está certo ou errado, não posso privar este aluno, também, de saber o que estou falando. E no fim das contas, se eu não o ajudo a traduzir, chegando em casa – se ele se lembrar – ele olhará no dicionário a tradução... De que adiantará esconder dele a tradução?

Creio que como professores devemos incentivar o uso da língua ao máximo, para que o aluno adquira competência e até fluência. Temos que ajudar os alunos de todas as maneiras possíveis, inclusive falando a verdade: a tradução não o faz menos inteligente que o outro, apenas o faz mais preguiçoso, pois se pensar na língua sobre o significado de alguma palavra, estará exercitando vocábulos da mesma... acaba sendo uma alternativa trabalhosa , mas recompensadora.

Documentos relacionados