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2. AS ATIVIDADES ROTEIRIZADAS DO CEJOB E SUAS

2.2.1. Entendendo os roteiros

No intuito de oferecer um melhor conhecimento do local visitado, Tavares (2002) explana que é necessário organizar a oferta turística dos destinos em roteiros. Essa roteirização nada mais é do que um itinerário organizado com os principais atrativos turísticos do lugar, cujo propósito é apresentá-los aos visitantes. Para a autora, os roteiros são essenciais no aprimoramento da experiência turística, uma vez que proporcionam aos visitantes um conhecimento mais aprofundado e organizado do lugar. Essa ideia está em conformidade com o que é apresentado pelo Ministério do Turismo (BRASIL, 2007, p. 15), ao elucidar que ―a roteirização confere realidade turística aos atrativos que estão dispersos através de sua integração e organização‖. Podemos entender que um roteiro turístico é a descrição pormenorizada do itinerário por onde os turistas passarão para atingir cada um desses atrativos. Nele estão contidos elementos do planejamento, gestão, promoção e comercialização de variados produtos e serviços turísticos de uma localidade. De acordo com Bahl (2004. p.31),

[...] um roteiro turístico resume todo um processo de ordenação de elementos intervenientes na efetivação de uma viagem. Um roteiro pode estabelecer as diretrizes para desencadear a posterior circulação turística, seguindo determinados trajetos, criando fluxos e possibilitando um aproveitamento racional dos atrativos a visitar.

Sob essa perspectiva, Bahl (2004) assevera que os principais aspectos contemplados em um roteiro estão ligados aos fatos histórico-culturais e àqueles associados à natureza e às questões ambientais como sendo os mais explorados comercialmente. O autor fala ainda que a visitação roteirizada não deve ultrapassar um dia, ou seja, o ideal é que não haja pernoite incluso nos roteiros. Já na concepção de Boullón (2002), os roteiros são importantes por duas razões: primeiramente porque unem atrativos e lugares, sendo que essa união deve estar cronologicamente sincronizada para proporcionar ao visitante uma experiência agradável e enriquecedora. Segundo, porque os roteiros por si só já são importantes, pois são pensados e elaborados para proporcionar a melhor imagem visual do lugar, além de facilitar a acessibilidade aos atrativos. Assim, os itinerários poderão ser executados com maior fluidez, o que viabiliza o trabalho do guia e do motorista, apresentando boa infraestrutura e um conjunto visual mais atraente aos olhos dos visitantes.

No planejamento de roteiros que abrangem atrativos muito próximos uns dos outros, o trajeto pode ser feito a pé. Neste caso, sempre que possível, o ideal é escolher ruas que ofereçam condições adequadas de iluminação, segurança e acessibilidade, tornando o caminho mais agradável de ser percorrido pelos visitantes. Boullón (2002) esclarece que os roteiros podem ser de três tipos:

a) Roteiros de traslado - são aqueles percorridos por grandes distâncias, como as que separam os aeroportos, portos, terminais de ônibus e de trens das zonas hoteleiras, e destas, das saídas que levam às rotas que chegam até os atrativos turísticos situados em seu entorno.

b) Roteiros de passeio em veículos - são selecionados para compor o percurso do city tour.

c) Roteiros para pedestres - são os que conectam os atrativos turísticos próximos e definem os circuitos dentro dos bairros ou pequenas localidades.

Quando se fala em roteiro turístico existem vários termos e conceitos que se aplicam a ele, e muitos são utilizados como sinônimos ou complementares. Com o propósito de esclarecer essas dúvidas, o Ministério do Turismo, em conformidade com a Organização Mundial do Turismo, define e esclarece os principais conceitos associados aos roteiros:

Roteirização turística - Roteirizar é uma forma de organizar e

integrar a oferta turística do país, gerando produtos rentáveis e comercialmente viáveis. É voltada para a construção de parcerias e promove a integração, o comprometimento, o adensamento de negócios, o resgate e a preservação dos valores socioculturais e ambientais da região. Região turística - É o espaço geográfico que apresenta características e potencialidades similares e complementares, capazes de serem articuladas e que definem um território. Ela pode ser constituída por municípios de um ou mais estados ou de um ou mais países, uma ou várias rotas e um ou vários roteiros. Roteiro turístico - É um itinerário caracterizado por um ou mais elementos que lhe conferem identidade, definido e estruturado para fins de planejamento, gestão, promoção e comercialização turística. Rota turística - É um percurso continuado e delimitado cuja identidade é reforçada ou atribuída pela utilização turística. A rota é um itinerário com contexto na história, ou seja, o turismo se utiliza da história como atrativo para fins de promoção e comercialização turística (BRASIL, 2010, p.32).

Cisne; Gastal (2009) ainda explicam que alguns autores como Bahl (2004), quando falam em itinerário o descreve como um roteiro de uma viagem, um caminho a ser percorrido de um local para outro. Já Tavares (2002) entende itinerário como uma terminologia bastante utilizada para descrever um roteiro turístico, uma vez que alude ao percurso e à descrição da viagem. Apesar deste termo ser apontado em algumas literaturas como sinônimo de roteiro, essas autoras ponderam que um itinerário não possui grande abrangência no tocante à inclusão de serviços como os roteiros turísticos. Outros conceitos gravitam em torno dessa nomenclatura como, por exemplo, circuito turístico, que Bahl (2004) explica se tratar de um itinerário com percurso circular na execução de uma programação turística, de modo que não se passe duas vezes pela mesma localidade, antes de retornar ao ponto de partida. O autor alude também à excursão, segundo ele, seria uma viagem turística com um roteiro previamente estabelecido, para utilização individual ou coletiva, podendo ser organizada por meio de uma agência de viagens ou de forma particular, com tempo de duração limitado. Tavares (2002), por sua vez, limita-se a dizer que excursão é

um pacote turístico coletivo. Finalmente, o roteiro turístico é abordado pelo Ministério do Turismo como sendo um itinerário caracterizado por um ou mais elementos que lhe confere identidade, apresentando em sua essência um viés puramente comercial, fato que se evidencia ao apontar a ―roteirização como um processo com finalidade mercadológica‖ (BRASIL, 2007, p. 6). De fato, ao analisar os conceitos supracitados, fica claro que o objetivo de qualquer roteiro

[...] é tornar-se instrumento que facilite a promoção e venda do destino por meio da combinação das atividades de cunho histórico e cultural das localidades, de forma a valorizá-las utilizando transporte apropriado para a formação de uma imagem própria, única e voltada para a criação da permanência. Esse último aspecto também é considerado pelo MTur (2005) como um meio para o aumento do gasto médio do turista na localidade. A questão da imagem também é tomada por Bahl (2004), que segundo o autor deve ser transmitida em conformidade com a realidade local (CISNE; GASTAL, 2009, p.10).

Contudo, essas autoras entendem que um roteiro não deve se pautar exclusivamente na comercialização sequenciada de atrativos, mas também se caracterizar como a própria atração, que transmite a essência do lugar, se configurando como um meio de (re)leitura da realidade local. Ou seja, o ―roteiro turístico é uma ferramenta de leitura da localidade visitada, considerando não apenas os atrativos, mas também as relações interpessoais ali desenvolvidas‖ (CISNE, 2011, p. 359). Podemos acrescentar ainda que os roteiros podem se constituir em uma forma de controle de visitação em lugares protegidos como as áreas de conservação. Temos como exemplos o Parque Nacional do Iguaçu (PR), que mantêm trilhas sinalizadas possibilitando os roteiros autoguiados ou do Parque Estadual de Vila Velha (PR) que possui guias de turismo e transportes próprios para acompanhar grupos pelo parque.