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ENTENDIMENTO DO STF QUANTO À RESPONSABILIDADE DE

4 INCONSTITUCIONALIDADE DA SÚMULA N 35 DO SUPERIOR

4.5 ENTENDIMENTO DO STF QUANTO À RESPONSABILIDADE DE

Com o advento da Constituição Federal de 1988, o STF passou a julgar, predominantemente, matérias constitucionais. Assim, como a responsabilidade tributária de terceiros está disciplinada no CTN, diploma infraconstitucional, os principais acórdãos são anteriores à Carta Magna vigente. A partir de significativos trechos de alguns deles, postos em destaque, é possível inferir com veemência que o Supremo Tribunal Federal não considera a dissolução irregular da sociedade motivo suficiente para que a execução fiscal seja redirecionada a terceiro. Vejamos:

Execução Fiscal. Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada. Não se exige conste da certidão de dívida ativa o nome do responsável tributário; nem que, previamente, se lhe verifique a responsabilidade, in concreto; deve, porém, comprovar-se essa condição de responsável (arts. 134 e 135 do CTN, nos vários incisos), não bastando, para isso, que se alegue tenha a sociedade sido irregularmente dissolvida. Invocação deficiente de dispositivo legal violado; ausência dos pressupostos de incidência; dissídio indemonstrado. Recurso extraordinário não conhecido144. [grifos

nossos]

144 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF, 1ª T., rel. Min. Oscar Correa. RE nº 102.807/RJ, DJU 6.9.84, p.

No julgado acima destacado, o guardião da Constituição Federal é claro ao afirmar que a dissolução irregular não constitui hipótese de aplicação nem do art. 134, nem do art. 135 do CTN, inexistindo, portanto, os respectivos pressupostos de incidência. Da mesma forma, no aresto seguinte, resta claro que a dissolução irregular de sociedade carente de bens a penhorar não configura motivo idôneo para o redirecionamento da execução ao sócio dito responsável. Explica-se:

Não se aplica, no entanto, à sociedade por quotas de responsabilidade limitada, que é a hipótese “sub judice”, o art. 134 do Código Tributário Nacional, porque, ainda que doutrinariamente a sociedade por quotas de responsabilidade limitada possa ser considerada como sociedade de pessoas, não se elimina, com isso, o traço que a lei a doutrina lhe conferem de sociedade em que a responsabilidade dos sócios é limitada à importância total do capital social (...) Incide, no entanto, sobre o diretor, gerente ou sócio de sociedade por quotas de responsabilidade limitada o art. 135, itens I e III, se o crédito tributário resulta de ato praticado por qualquer deles com excesso de poder ou infração de lei, do contrato social ou do estatuto. Nessa hipótese, embora o nome do sócio responsável não necessite figurar na certidão da dívida ativa, mesmo porque a devedora é a sociedade, a petição em que é requerida a citação deve especificar a razão em consequência da qual a execução é dirigida contra um deles, formalidade que não foi observada no caso “sub judice”, pois a Fazenda Estadual pediu a citação dos sócios arrimada tão-somente no fato de a sociedade ter sido dissolvida irregularmente e por inexistirem bens dela para penhorar145. [grifos nossos]

O mesmo entendimento é reproduzido em outro julgamento:

Sociedade por quotas de responsabilidade limitada. Os bens particulares dos sócios não podem ser penhorados, em razão de dívida fiscal contraída pela sociedade, já dissolvida. – Recurso extraordinário conhecido, mas a que se negou provimento146.

Outrossim, a jurisprudência do STF é firme ao negar a aplicação do art. 134, VII, do CTN, às sociedades de responsabilidade limitada, argumento exaustivamente defendido nesta pesquisa. É o que se depreende do seguintes aresto:

Sociedade por quotas de responsabilidade limitada. Executivo fiscal. Bens particulares dos sócios. Não respondem pelas dívidas fiscais contraídas por sociedade limitada já dissolvida. Não incidência, no caso, do art. 134, VII, do Código Tributário Nacional. Recurso não conhecido147.

No voto vista do julgamento acima ementado, o julgador esclarece ainda mais a questão:

145145 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. 1ª T., rel. Min. Soares Muñoz. RE nº 95.028-1/RJ, DJU 25.09.81, p.

633-634. Lex: jurisprudência do STF.

146 BRASIL. Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário n. 36.488-SP, 2ª Turma, Rel. Min. Adalício

Nogueira, unânime, j. 21-8-1968, publ. Revista Trimestral de Jurisprudência n. 48. p. 87-88.

147 BRASIL. Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário n. 80.249-SP, 2ª T., rel. p? o acórdão Min.

Poder-se-ia, é certo, por lei, estabelecer prescrição em que se responsabilizasse o sócio quotista, pelos atos em que interviesse ou pelas omissões de que fosse responsável, no caso de liquidação de tais sociedades. Fora mister, entretanto, que isso se fizesse clara e inequivocamente, coisa que não ocorreu no art. 134, VII, do CTN, pois que o princípio aí exarado somente se refere à liquidação de sociedade de pessoas, quando a lei não inclui no rol de tais sociedades a sociedade por quotas de responsabilidade limitada e lavra polêmica, no campo doutrinário, em torno à questão de saber qual a caracterização desse tipo de sociedade, se sociedade de pessoas, se sociedade de capital, se categoria mista, ao mesmo tempo de pessoas e de capital. Penso, por conseguinte, que o art. 134, VII, não alterou a regra, até aqui indiscutida, de que na sociedade por quotas, de responsabilidade limitada, a responsabilidade dos sócios se limita à importância total do capital social148. [grifos nossos]

Nessa perspectiva, restando demonstrado de forma minuciosa que o entendimento jurisprudencial consolidado através da Súmula 435 do STJ: não encontra respaldo legal; desrespeita a escolha parlamentar quando da edição do CTN; viola os limites impostos pelo art. 143, III, da CF/88, além do próprio princípio da legalidade; está em dissonância com a recente jurisprudência do STF quanto ao tema; soma-se a esse respeitável contingente argumentativo a constatação de que o Supremo Tribunal Federal, ao examinar diretamente a questão, entendeu não ser cabível o redirecionamento da execução fiscal ao sócio-gerente diante da mera dissolução irregular.

148 BRASIL. Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário n. 80.249-SP, 2ª T., rel. Min. Leitão de Abreu,

por maioria, j. 30-9-1975, publ. DJ de 26-11-1975. Voto vista do Min. Leitão de Abreu, f. 4 e 5. Lex: jurisprudência do STF.

5 APLICAÇÕES PRÁTICAS DA TESE DA INCONSTITUCIONALIDADE DA