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2 Projeções de mão de obra qualificada e janela de oportunidades

2.2 Marco analítico

3.3.2 Entradas de novos profissionais

Para projeção da componente entrada de novos profissionais, Wong et. al. (2013) consideraram que o total de vagas no ano t resultará no mesmo volume de egressos no ano t+6, pois constataram que todas as vagas disponíveis são preenchidas e que a mortalidade acadêmica (ou evasão) em cursos de medicina é praticamente nula.

Para os cursos da área de engenharia, produção e construção, no entanto, este pressuposto não é razoável, uma vez que Pereira et al (2012) observaram que existe um percentual considerável e crescente de vagas ociosas, além de um elevado percentual de evasão. Por esta razão considera-se que o volume de egressos do ensino superior nesta área seja definido por três variáveis, a saber: total de vagas disponíveis; percentual de preenchimento destas vagas e

15 Para conhecimento das variáveis utilizadas ver anexo 1.

16 Na ausência de estimativas precisas, pressupõe-se que não há diferença na proporção de engenheiros que

o índice de titulação (complementar da evasão). E acredita-se que a relação entre estas variáveis compondo o volume total de egressos pode ser simplificada como na expressão17:

Equação 1: Volume total de egressos

em que:

E é o volume total de egressos; V é o total de vagas;

P é o percentual de vagas preenchidas; T é o índice de titulação;

i é o tipo de curso, podendo ser bacharelado ou tecnólogo; s é o sexo18 e;

t o ano em questão.

Neste sentido, buscou-se através das estatísticas do ensino superior analisar o comportamento histórico das variáveis Total de Vagas, Percentual de vagas preenchidas e Titulação em cursos de Engenharia, Produção e Construção, a fim de identificar quais têm sido as tendências.

É preciso destacar que a estimação da componente 'entrada de novos profissionais' foi desagregada em duas categorias. Isto porque, nos últimos anos, tem surgido uma nova categoria para o grau acadêmico, além dos tradicionais bacharelado e licenciatura: trata-se da graduação tecnológica19. Estes cursos têm duração média de 2,5 anos e são abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio. Os graduados nos cursos superiores de tecnologia denominam-se tecnólogos, são profissionais de nível superior e estão aptos inclusive à continuidade de estudos em nível de pós-graduação. (INEP, 2010).

Desta forma, como há uma diferença no tempo de duração do bacharelado e da graduação tecnológica, considera-se que seja mais adequado estimar separadamente o volume de egressos em cada um. Entretanto, ambos serão adicionados à população base como um único

17 A demonstração da equação está disponível no anexo 4 18

Griffith (2010) conclui que existem diferenciais de desempenho, entre homens e mulheres, em cursos de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática.

19 De acordo com os microdados do Censo da Educação Superior (INEP, 2011), em 2011 o número de vagas em

cursos de engenharia, produção e construção na graduação tecnológica já representava cerca de 14,8% do total de vagas nesta área no Brasil.

volume, uma vez que não é possível diferenciar o grau de formação dos indivíduos que constituem a população base.

Para estimação da componente, 'entrada de novos profissionais' utilizou-se as bases de dados do Censo da Educação Superior do INEP (2011) no período 2000 a 2011, como mencionado anteriormente. Desta base obteve-se os totais de alunos ingressantes, matriculados e concluintes para cada ano, de acordo com o grau acadêmico (bacharelado ou tecnólogo). De posse destas informações, estimou-se os índices de titulação em cada ano, conforme metodologia proposta por Silva Filho (2007) e que tem sido utilizada por Pereira et. al. (2012).

A metodologia consiste em comparar o total de alunos ingressantes em determinado ano, com o total de concluintes no período esperado de conclusão. Apresenta-se a forma analítica do indicador:

Equação 2: Índice de Titulação

em que T é o índice de titulação, i refere-se ao grau acadêmico (bacharel ou tecnólogo), t é o ano de ingresso, E é o número de alunos que concluíram o curso, n é o número médio de anos que um aluno levaria para se formar no curso e I é o número de alunos ingressantes. Pereira et. al. (2012), utilizando dados do Censo da Educação Superior (INEP, 2009) estimaram que alunos das áreas de engenharia, produção e construção levam em média 6 anos para concluir o curso de bacharelado e 4 anos para o tecnólogo.

3.3.3 Mortalidade

Para estimação da componente mortalidade da população com ensino superior em engenharia produção e construção, além da dificuldade em encontrar estudos especificamente a este respeito, há ainda a dificuldade de se encontrar bases de dados que forneçam tal informação. O Sistema de Informações de Mortalidade (SIM, 2013), por exemplo, não é confiável no que diz respeito ao registro da área de formação educacional do indivíduo falecido. A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS, 2013), por sua vez, não fornece informação referente à área de formação do profissional mas, sim, da área de atuação e, como mencionado

anteriormente, o objeto de estudo neste trabalho é o indivíduo com título de engenheiro, independente da área de atuação.

Outra fonte de dados é o Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2010), no qual foi adicionado um novo quesito que pergunta se nos últimos 12 meses faleceu alguém que residia naquele domicilio. Complementarmente pergunta-se o sexo e a idade ao falecer. Entretanto, não se sabe a escolaridade do falecido.

IPEA (2013) tem utilizado esta informação para estimar mortalidade de engenheiros, adotando o pressuposto de que pessoas residentes no mesmo domicílio tendem a ter níveis de mortalidade semelhantes. A alternativa adotada nesta dissertação foi uma combinação dos métodos de IPEA (2013) e Wong et al (2013).

Adotando o pressuposto de IPEA (2013) de que co-residentes têm mortalidade semelhante, selecionou-se apenas os domicílios onde residia ao menos um indivíduo com escolaridade de ensino superior20. Observou-se o total de óbitos por sexo e idade, calculando assim as taxas específicas de mortalidade.

Destas taxas, calculou-se, o diferencial de mortalidade da população residente em domicílios com ao menos um indivíduo com ensino superior, para o restante da população. A partir deste diferencial, selecionou-se tabelas de sobrevivência modelo, estimadas pela divisão de população da ONU (2010), cujas taxas de mortalidade tivessem a mesma diferença média quando comparadas com a tabela de sobrevivência estimada para o Brasil em 2009. Com isto foi possível estimar a esperança de vida ao nascer da população residente em domicílios com ao menos um indivíduo com ensino superior no Brasil e a consequente tabela de sobrevivência. Este resultado será utilizado como Proxy para o estado de Minas Gerais.

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