• Nenhum resultado encontrado

6.3.1 Teor de água no solo

O teor de água no preparo do solo apresentou-se baixo, com média de 199, 220 e 239 g.kg-1, nas camadas de 0 a 10cm, 10 a 20cm e 20 a 30cm respectivamente,

abaixo da faixa preferencial de preparo, apontada por Levien (1999), entre 260 e 340 g.kg-1. Na discussão desenvolvida por esse autor, utilizando-se de algumas citações bibliográficas, referiu-se ao ponto ótimo para o trabalho com máquinas no campo, situado entre o Limite Inferior de Friabilidade (próximo ao ponto de murcha permanente que é de 260 g.kg-1 para solos argilosos) e o limite de plasticidade (Quadro 1). O preparo do solo nessa época seca, foi com a intenção de realizar a semeadura da aveia preta aproveitando-se as próximas chuvas (ver esquema na Figura 1). Numericamente, o preparo reduzido apresentou maiores médias entre 10 e 20cm, mas diferenciando-se apenas na camada dos 20 aos 30cm de profundidade.

Observando os Quadros 12 e 23, que mostram respectivamente a cobertura morta do solo e a matéria seca da parte aérea da soja aos 123 DDS, constatou-se que não houve diferenças entre os sistemas quanto à essas variáveis. Portanto, as diferenças ocorridas no teor de água entre os sistemas de manejo da cobertura, não são decorrentes da quantidade de cobertura sobre o solo. O teor de água no solo em pousio apresentou nas três camadas as menores médias, não diferente do manejo com herbicida, que se apresentou numa posição intermediária. O manejo com triturador de palhas apresentou maiores teores de água no solo nas camadas de 10 a 20cm e de 20 a 30cm. O rolo-faca apresentou maior teor na camada de 0 a 10cm, no entanto, com média igual ao pousio e ambos abaixo estatisticamente do manejo com triturador de palhas na camada mais inferior.

O teor de água no solo aos 56 DDS apresentou diferença estatística significativa na camada de 0 a 10cm entre os sistemas de plantio direto e convencional, este com menor média (Quadro 25). Entre os sistemas de manejo da cobertura de entressafra, nas três camadas, constatou-se maior teor de água no solo em pousio, destacando a boa cobertura do solo presente nesse, remanescente da cultura de verão e a baixa absorção da água do solo por plantas, por não haver sido implantada uma cultura de entressafra nesse sistema.

Quadro 25: Teor de água no solo , avaliado no preparo do solo (78 dias antes da semeadura – 78 DAS) e aos 0 e 56 dias depois da semeadura da aveia preta, nos diferentes sistemas de manejo do solo e da cobertura de entressafra.

Preparo do solo Semeadura 56 DDS

0–10cm 10–20cm 20–30cm 0– 10cm 0–10cm 10–20cm 20–30cm

---(g.kg-1)--- Manejo do solo (MS)

Plantio direto * * * 287 231 a 242 251

Preparo reduzido 199 220 245a 289 222 ab 247 261 Preparo convencional 198 213 232 b 283 206 b 239 252 Manejo da

cobertura (MC)

Rolo faca 206 a 223ab 235 b 287 211 b 232 b 240 b Triturador de palha 202ab 237 a 250 a 286 210 b 229 b 241 b Herbicida 195bc 210bc 238ab 285 209 b 227 b 241 b Pousio 191 c 197 c 231 b 286 248 a 282 a 296 a Média

CV % 3,01 199 5,46 220 3,83 239 5,52 286 9,43 220 4,26 243 5,03 254

6.3.2 Cobertura do solo

O Quadro 26 apresenta os resultados do percentual de cobertura morta do solo, que foi avaliado imediatamente após o preparo, após a semeadura e após o manejo das plantas de cobertura e a massa de matéria seca aos 25, 50, 75 e 90 dias depois da semeadura da aveia preta. Em todas as avaliações a cobertura do solo foi maior no plantio direto, seguido do preparo reduzido e por último pelo preparo convencional. Aos 90 DDS verificou-se no plantio direto uma quantidade de cobertura morta com valores próximos ao da primeira avaliação, sendo que esse resultado pode estar relacionado à baixa decomposição, influenciada pela baixa precipitação pluviométrica nesse período, 111 mm em 75 dias e pela contribuição dada à cobertura pela cultura da aveia preta, que apresentou secamento e queda das folhas mais velhas, passando essas a serem consideradas cobertura morta.

De maneira geral, o solo em pousio de entressafra, apresentou maior cobertura do solo. Considerando que a semeadura da aveia também foi realizada nesses tratamentos (com posterior dessecação), pode-se concluir que a decomposição do material vegetal ocorreu mais lentamente na ausência da cultura da aveia do que na sua presença, fato já constatado anteriormente por Levien (1999), inclusive após o manejo de plantas de cobertura.

A porcentagem de cobertura após a semeadura da aveia preta foi menor que as médias obtidas por Levien (1999) e Furlani (2000) e maiores que as obtidas por Klein et al. (1993). No entanto, em todas essas pesquisas, comparando-se a porcentagem de cobertura anterior com a posterior à semeadura, constatou-se um percentual de manutenção da cobertura, em torno de 90% no plantio direto. Já no preparo reduzido, este índice apresentou variação entre 42% (Klein et al., 1993) e 63% (Furlani, 2000), o que pode ser explicado pela fragmentação da cobertura vegetal ocorrida durante a escarificação e o maior contato com o solo, tornando-a mais susceptível aos agentes decompositares .

Quadro 26: Cobertura morta, avaliada aos 25, 50, 75 e 90 dias da semeadura da aveia, nos diferentes sistemas de manejo do solo e da cobertura de entressafra.

Dias depois da semeadura Após o preparo do solo Após a semeadura da aveia preta 25 50 75 90 Após o manejo da aveia preta ---(%)--- ---(kg.ha-1)--- (%) Manejo do solo (MS) Plantio direto 94 a 84 a 5.295 a 4.443 a 4.928 a 5.227 a 95 a Preparo reduzido 65 b 37 b 1.911 b 1.808 b 1.581 b 1.645 b 86 b Preparo convencional 06 c 03 c 103 c 128 c 188 c 375 c 66 c Manejo da cobertura (MC) Rolo faca 54 42 2.086 ab 1.938 b 1.686 2.155 b 89 a Triturador de palha 54 43 1.879 b 1.652 b 1.954 1.791 b 92 a Herbicida 55 41 2.199 ab 1.697 b 2.276 2.380 ab 93 a Pousio 57 41 3.484 a 3.219 a 3.015 3.338 a 55 b Média CV % 7,75 55 13,54 41 2.436 59,1 2.127 47,8 2.232 72,1 2.416 39,3 9,4 82

No Quadro 27 verifica-se a elevada cobertura do solo no tratamento plantio direto (PD) – pousio de entressafra (PO), de 7.762 kg.ha-1 aos 90 dias depois da semeadura da aveia preta. A cobertura morta no plantio direto, média de 5.295 kg.ha-1, foi bem abaixo dos 14.936 kg.ha-1 obtidos após a semeadura das culturas de entressafra por Furlani

(2000), resultados estes conseqüência de dois anos da sucessão aveia preta/milho (Levien, 1999). Somando-se a produtividade de matéria seca da parte aérea da aveia preta no sistema PD, que apresentou média de 4.039 kg.ha-1 (Quadro 29) com a cobertura morta no solo no PD – triturador de palhas (TP), com média de 3.447 kg.ha-1, tem-se 7.486 kg.ha-1 de cobertura total do solo, estando abaixo da média verificada no PD-PO. Sem desconsiderar os efeitos alelopáticos da aveia preta na supressão de plantas daninhas (Almeida, 1988), no entanto, ao verificar as condições climáticas do presente ano, as condições da vegetação espontânea, pouco desenvolvida devido ao manejo com herbicidas nos anos anteriores e a baixa interferência das plantas daninhas na cultura subseqüente da soja, pode-se considerar o pousio de entressafra como alternativa viável a integrar os sistemas de rotação de culturas em plantio direto, antecedendo a cultura da soja. Dados de alta cobertura do solo no pousio foram também verificados anteriormente por Levien (1999) e Furlani (2000).

Quadro 27: Massa de matéria seca da cobertura morta do solo (kg.ha-1), aos 90 dias depois da semeadura da aveia preta, nos diferentes sistemas de manejo do solo e da cobertura de entressafra.

Manejo da Manejo do solo

cobertura do solo Plantio direto Preparo reduzido Preparo convencional

Rolo faca 4.720Ab 983Ba 763Ba

Triturador de palha 3.447Ab 1.657Ba 269Ba

Herbicida 4.978Ab 1.940Ba 223Ca

Pousio 7.762Aa 2.006Ba 245Ca

CV % 39,3

A porcentagem de cobertura do solo após o manejo de entressafra apresentou diferenças entre os sistemas de preparo (Quadro 28). Observando os sistemas de manejo da cobertura de entressafra, constatou-se que nos sistemas, aveia manejada com rolo- faca e com triturador de palhas, a porcentagem de cobertura do solo foi maior no plantio direto, diferenciando-se estatisticamente do convencional. Através dos valores médios da cobertura do solo obtidos no preparo convencional (CO), verificou-se que a cobertura de aveia preta não produziu matéria seca da parte aérea suficiente para cobrir totalmente a área, diferente dos dados obtidos por Levien (1999). No entanto, a não introdução dessa neste sistema (CO-PO) deixou o solo quase que totalmente exposto (82% sem cobertura) durante toda a entressafra, sofrendo assim as intempéries das condições climáticas locais.

Quadro 28: Porcentagem de cobertura do solo após o manejo da cobertura da entressafra de 2000.

Manejo da Manejo do solo

cobertura do solo Plantio direto Preparo reduzido Preparo convencional

Rolo faca 97Aa 94ABa 75Ba

Triturador de palha 98Aa 95ABa 84Ba

Herbicida 99Aa 93 Aa 86Aa

Pousio 86Aa 61 Bb 18Cb

CV % 9,45

6.3.3 Matéria seca da parte aérea da cultura da aveia preta

Diferente do ocorrido na entressafra anterior, na cultura do triticale, a aveia preta não apresentou diferença na produtividade de matéria seca no final do ciclo da

cultura. Este ciclo, por sua vez, foi encurtado pela influência dos fatores climáticos ocorridos após a implantação da cultura no final de julho. Analisando os dados de precipitação pluviométrica (Quadro 3), observou-se boa distribuição dessa, até o primeiro decêndio do mês de setembro, podendo ser este o fator responsável pelos maiores valores da matéria seca na parte aérea no sistema plantio direto nas duas primeiras amostragens (25 e 50 DDS), aliado aos fatores de ordem química e física do solo. A não ocorrência de chuvas até o início de novembro (o Quadro 6 apresenta os dias de amostragens) pode ter sido mais prejudicial às plantas no sistema plantio direto (solo apresentando maior compactação), havendo maior desenvolvimento das plantas em solo preparado. Como visto no Quadro 25, o teor de água no solo aos 56 DDS (6 dias após a segunda avaliação de matéria seca da cultura da aveia preta) apresentava-se com médias de 210, 230 e 240 g.kg-1, nas camadas de 0a 10, 10 a 20 e 20 a 30cm e, considerando a não ocorrência de chuva após esse dia, constata-se que a cultura sofreu estresse hídrico.

Quadro 29: Massa de matéria seca (kg.ha-1) da cultura da aveia preta, avaliada aos 25, 50, 75 e 90 dias depois da semeadura, nos diferentes sistemas de manejo do solo e da cobertura de entressafra. 25DDS 50 DDS 75 DDS 90 DDS ---(kg.ha-1)--- Manejo do solo (MS) Plantio direto 794 a 1594 a 3493 4039 Preparo reduzido 719 a 1566 ab 3631 3687 Preparo convencional 412 b 1186 b 3181 3441 Manejo da cobertura (MC) Rolo faca 643 a 1501 a 3149 4174 Triturador de palha 609 a 1473 a 3468 4292 Herbicida 675 a 1473 a 3688 3979 Pousio 541 * Média CV % 642 27,0 1.448 27,3 3.435 18,2 4.169 20,2

* Foi utilizado nessas análises o fatorial 3x3 e a matéria seca da vegetação espontânea não participou da análise estatística

Documentos relacionados