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CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

1.2. Sala Mista da Educação Pré-escolar

1.2.1. Entrevista à educadora cooperante da Educação Pré-escolar

A entrevista encontra-se divida em dois grandes temas:

i. A definição de participação e de como esta é desenvolvida pela educadora;

ii. Conceito de diferenciação pedagógica e como está presente nas suas estratégias pedagógicas.

Primeiramente foi realizado um pré-teste do guião da entrevista a uma das educadoras da instituição, com o objetivo de perceber se as questões eram pertinentes e se estavam bem formuladas. Posteriormente, a entrevista foi feita à educadora cooperante da Educação Pré-escolar cooperante, esta foi gravada em áudio e depois transcrita e analisada.

A primeira questão colocada à entrevistada incidiu sobre o que esta entendia sobre o conceito de participação. A Educadora da Educação Pré-escolar faz uma definição

clara, referindo que: “Participação para mim é quando a criança tem voz ativa no seu dia- a-dia, quando a criança participa de uma forma livre e é dada importância ao que ela diz.”

Quando questionada sobre de que forma as crianças participavam nas suas aprendizagens, a entrevistada salientou o acolhimento como o momento do dia mais importante da sala, uma vez que “durante este as crianças vão falando das novidades, dos interesses diários, dos interesses que já vêm do projeto e desta forma acabam por planificar, logo no acolhimento, o seu dia, e são elas próprias que seguem o seu caminho de aprendizagem.” Relativamente ao ambiente educativo, a educadora foi questionada se este proporcionava às crianças momentos onde estas pudessem participar nas suas aprendizagens. A sua resposta foi estritamente positiva, uma vez que a entrevistada afirma que “a nossa sala é o espelho do nosso grupo; sempre que é necessário mudar as áreas, porque não está a funcionar com o grupo ou porque eles precisam de mais motivação ou de outro tipo de área ou incentivo, esta mudança é feita pelos adultos, sempre depois de falar com as crianças e com a ajuda delas.”

Na questão Os interesses das crianças estão na base da sua prática profissional? Como é que estes são respondidos?, a entrevistada salienta a importância e pertinência da presença dos interesses das crianças na sua planificação. A educadora da Educação Pré- escolar refere a importância de valorizar os diferentes interesses das crianças, “tendo em conta que nós temos uma sala mista, é necessário perceber os diferentes interesses, o interesse de uma criança de três anos não é igual ao interesse de uma criança de cinco anos e eles são respondidos através da planificação. É essencial perceber que, por vezes, é necessário fazer um trabalho mais direcionado para os três anos, num ambiente onde elas estejam em pequenos grupos e não com os quatro e cinco, e responder desta forma aos interesses e necessidades daquele grupo, ou vice versa, também pode ser com os cinco anos, pois estes chegam a uma altura do ano que precisam de outro tipo de trabalho, mesmo eles próprios pedem, às vezes é preciso retirá-los um bocadinho do grande grupo e fazer trabalho mais individualizado.”

A entrevistada foi questionada sobre de que forma a planificação valorizava a voz das crianças e a sua resposta foi positiva, dado que a educadora do Pré-escolar afirma: “a

descrita a escuta da criança. Essa escuta é feita pelo adulto diariamente; a maior parte das vezes nós escrevemos o que as crianças dizem. Por vezes, não conseguimos lembrar-nos de tudo o que as crianças dizem, mas tudo o que nós conseguimos escrever do que foi dito todos os dias, nós escrevemos.” Ainda sobre a planificação, colocou-se a questão: A sua planificação e intervenção é feita em função das necessidades e interesses emergentes das crianças? Na sua resposta, a profissional de educação salienta, mais uma vez, a importância da voz da criança e a escuta da mesma, como podemos constatar na sua afirmação: ”Todos os dias nós chegamos à escola e não sabemos o que vamos fazer; são poucas as atividades que sabemos que vamos fazer naquele dia, só se já estiver planificada com antecedência, portanto tudo o que eles nos dizem, tudo o que eles nos pedem, nós tentamos dar resposta, por isso a existência do currículo emergente e as necessidades deles são diárias e são sempre diferentes, por vezes um interesse que eles têm há dois dias atrás não é igual ao interesse que eles têm na semana a seguir, por isso é que tudo tem de ser valorizado.”

A última questão sobre a participação foca-se no equilíbrio entre as intenções educativas da educadora e as necessidades das crianças. Na sua resposta a entrevistada demonstra que nas atividades desenvolvidas com as crianças existe sempre uma intencionalidade educativa, mas, por vezes, esta não corresponde concretamente às necessidades manifestadas pelas crianças, porque, “há crianças cujas as necessidades são mais dirigidas para uma certa área e às vezes é necessário sermos nós, adultos, a tentar abranger as outras áreas para tentar dar resposta a todas estas intencionalidades educativas.”

Passando agora para a segunda temática retratada nesta entrevista, a primeira questão pedia à entrevistada para ela definir o conceito de diferenciação pedagógica. Esta afirma que “a diferenciação pedagógica é, como profissional, nós conseguirmos perceber as necessidades e interesses do grupo em geral e de cada criança, em particular, e a partir daí conseguir planificar e dar resposta a todos e a cada um deles de uma forma individual.”

A entrevistada foi interpelada sobre se planificava atividades diferenciadas e a resposta obtida foi sim. Explicou na sua resposta como esta diferenciação estava presente

na planificação: “na nossa planificação só está presente o nome da atividade, mas depois na sala quando ela é concretizada temos sempre atenção aos grupos de três anos, de quatro anos e de cinco anos, para tentar diferenciar o grau de exigência para as diferentes faixas etárias.”

No que diz respeito à distribuição das áreas, a educadora da Educação Pré-escolar afirma que as crianças podem escolher para que área querem ir, mas defende que o adulto também desempenha um papel fundamental nestes momentos do dia, afirmando: “acho que nós enquanto profissionais temos de perceber quando uma criança vai uma semana sempre para a mesma área e quando é preciso motivá-la para ela ir para outra área, e temos de ser nós a ter esse olhar para aquela criança e perceber que se calhar ela também necessita de passar pelas outras áreas, mas por norma todos os dias cada uma escolhe a área para onde quer ir.”

A última questão colocada à entrevistada debruça-se sobre o ambiente educativo, se este está pensado de forma a diferenciar as aprendizagens das crianças. A educadora referiu: “no início do ano nós colocamos algumas áreas, para depois, conforme os interesses e necessidades deles, irmos aumentando ou retirando áreas que para eles não têm tanto interesse. Em relação às aprendizagens das crianças, eu acho que o próprio projeto acaba por modificar a sala e por, muitas vezes, introduzir novas áreas, como a biblioteca de investigação, que foi uma das áreas que já o ano passado eles perceberam que era necessário na sala, porque os livros de investigação estavam junto com os outros livros e eles perceberam que estes teriam de estar junto à área do projeto e com o projeto, por isso, eu penso que, o próprio dia-a-dia, o próprio interesse das crianças é que acaba por modificar a sala.”

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