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5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

5.3. Entrevista de Alunos com NEEs

a)O que você mais gosta? Recreio, aula ou brincadeiras com os colegas.

O Al 01, disse “não me comunico com todos os colegas, fico com vergonha, eles falam que sou aluno da APAE, fico triste. Chego em minha casa e choro. Gosto mais de ficar na sala de aula junto com os professores, não gosto do recreio”. O AL 02 “tenho dificuldades para andar aqui na escola”. O Al 03 “gosto de ficar sossegada, não gosto de recreio, brincadeiras e dos colegas”, o Al 04, “eu gosto mais do recreio e das brincadeiras que das aulas”.

A partir dos relatos feitos pelos alunos, apesar de dizerem não gostar do recreio, percebeu-se que eles sentem vontade em participar das atividades recreativas, mas o constrangimento diante do tratamento recebido pelos colegas os impede conforme relata O Al 01, “não me comunico com todos os colegas, fico com vergonha, eles falam que sou aluno da APAE, fico triste. Chego a minha casa e choro. Gosto mais de ficar na sala de aula junto com os professores, não gosto do recreio”.

Alguns sentem dificuldades em estarem na recreação devido às suas condições físicas como argumenta o AL 02 “tenho dificuldades para andar aqui na escola”. Percebe-se então que, na escola pesquisada está havendo falhas quanto ao processo de inclusão e a interação entre os alunos, bem como falhas no que diz respeito ao livre acesso dos alunos com deficiência física, isso mostra que será necessário um trabalho de quebra de barreiras de atitudes para que os alunos se sintam mais à vontade para interagirem entre si no âmbito escolar especialmente nos momentos de recreação, momento onde eles estão fora do monitoramento dos professores.

Segundo (GUZZONI, 1988):

O recreio é importante e fundamental em todos os níveis de ensino, inclusive para os professores. O importante é não entender o recreio apenas como um momento para suprir necessidades básicas como comer, ir ao banheiro etc.,

“o recreio é importante porque tenho que ter um momento onde possa conviver” Guzzoni, (1988, p. 108).

Nesse sentido, o recreio é importante para o descanso, para exercitar-se e vivenciar o convívio com os outros colegas. É nas brincadeiras na hora do recreio que os alunos se interagem. Para Pellegrini (1995) a importância do recreio como espaço/tempo de desenvolvimento da criança é reconhecida, pois ele representa uma parte da vida escolar. O recreio é tempo livre, lazer, de que dispõe o aluno, dentro da escola para escolher seus pares e as atividades que deseja realizar sem interferência direta de adultos. Ele tem impactos positivos na educação, quer cognitiva quer social, através da interação com os outros e com o meio.

Observou-se que os alunos sentem vontade de participar do recreio, porém com os maus tratos recebidos dos colegas, eles sentem-se inibidos na integração com as brincadeiras, conversas e com a socialização de modo geral.

a) Xingamentos na escola

A 01 disse “meus pais não falam nada, dizem que eu tenho que ir para a escola de qualquer jeito”. Al 02 “há menina, liga não, isso passa”. O Al 03 disse “não importa com isso não, depois vou resolver isso” e Al 04 fala “eles te chamam de mudinho porque você não fala, é um apelido carinhoso filho, importa não”. OBS: Para conversar com este aluno foi necessário um intérprete. Al 05 “eles te chamam de aluno da APAE, por causa da escola que você frequentava”.

Vemos que os pais mitigam as reclamações dos filhos conforme relata o Al 04 “eles te chamam de mudinho porque você não fala, é um apelido carinhoso filho, importa não” os pais são conscientes do tratamento recebido pelos filhos, eles sabem que os colegas os xingam e colocam apelidos, mas não tomam decisões em relação ao que ocorre no contexto escolar por entenderem de forma natural conforme confirma a Al 02 “há menina, liga não, isso passa”.

Através das falas dos alunos observa-se, que os pais estão sendo omissos ou enfrentam dificuldades em lidar com as indagações dos filhos, talvez pelo fato de terem pouco entendimento a respeito do que verdadeiramente é o processo de inclusão e por esse motivo parecem querer evitar o envolvimento com problemas relacionados à escola e com os colegas dos filhos. Com relação ao cotidiano da família do AL 04, tal atitude pode ser gerada como um método que a família adotou para diminuir o constrangimento causado pelo preconceito que o filho enfrenta desde o nascimento, tanto na escola quanto na família e sociedade.

C- A direção da escola e os problemas dos alunos

Quando questionados quanto à posição que a direção toma ao receber um aluno relatando sobre a ocorrência do Bullying o Al 01 disse “não fez nada, só conversou com os colegas, mas eles continuam fazendo a mesma coisa”. AL 02 “a diretora conversa comigo e chama o colega que me xingou”. AL 03 disse, “a diretora conversa muito com a gente, faz ata e chama os pais” AL 04 afirma, “a diretora fala com a gente, que vai suspender o colega e chamar o Conselho Tutelar” e AL 05 “a diretora não resolve”.

Percebe-se que por mais atual que seja este assunto, a direção da escola toma várias atitudes, entretanto não resolve e deixa o aluno sem resposta quanto às suas reclamações, pois, ao procurar a direção, o aluno espera receber apoio e segurança, neste momento palavras de consolo não bastam e o aluno volta para a sala com o mesmo problema.

Dessa forma, o caos de desrespeitos acontece no cotidiano da escola. Ter preconceito é coisa séria, humilha e gera problemas para as pessoas, por isso tem que ser resolvido, não tolerado, a fala dos alunos demonstra esse descaso por parte da direção da

escola: AL 04 afirma, “a diretora fala com a gente, que vai suspender o colega e chamar o Conselho Tutelar” e AL 05 “a diretora não resolve”.

Diante disso nota-se que, a Inclusão Escolar ainda tem várias falhas, dentre elas a preparação prévia para o corpo docente enfrentar o Bullying contra os alunos com deficiência.

Pelo histórico da escola sabemos que há 12 anos que a escola lida com a inclusão, mas, ainda não superou um assunto tão relevante, que diz respeito aos direitos humanos, ferindo a dignidade dos alunos, e por este motivo todas as partes sofrem esse impacto. É importante o papel da escola para superar os preconceitos De acordo com o conceito estabelecido por McLaren (1997, p.212):

Preconceito é o prejulgamento negativo de indivíduos e grupos, com base em evidências não reconhecidas não pesquisadas e inadequadas. Como essas atitudes negativas ocorrem com muita frequência, elas assumem um caráter de compenso ou cunho ideológico que é muitas vezes usado para justificar atos de discriminação. Esse comportamento de repulsa às diferenças é denominado preconceito.

Diante do exposto, o preconceito causa problemas para quem o recebe. Sendo assim, a convivência da família com a escola, através de atitude comunitária seja talvez, uma das formas mais adequadas de se reduzir o preconceito.

5.4. Entrevista com alunos que não apresentam NEEs

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