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Entrevista com Especialista da Região do Distrito Federal

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Entrevistas

4.1.10 Entrevista com Especialista da Região do Distrito Federal

Acerca dos contratos entre o produtor e laticínio a entrevistada enfatizou que no DF não existe, que é sempre uma demanda do produtor para que seja estabelecido um acordo que possa trazer segurança na questão do fornecimento do leite. Em relação a abordagem de negociação e ao estabelecimento dos preços, a entrevistada enfatizou que no DF é mais um compromisso de relação verbal, e que a relação entre produtor e laticínio é instável, fator que pode ser justificado pela questão do pagamento, já que em alguns períodos houve atraso nos pagamentos dos produtores.

A relação estabelecida entre os atores é atualmente realizada de forma verbal, o produtor faz contato com o laticínio e o mesmo se compromete a adquirir o leite daquele produtor. O preço sempre flutua de acordo com o mercado, às vezes têm situações favoráveis ao produtor, outras não. O que vemos é que as mudanças estão mais relacionadas a preços, o que eles mais se preocupam é com a questão do pagamento em dia, por exemplo, o grande laticínio da região mesmo que pague uma porcentagem menor que os outros laticínios, fornece aos produtores a segurança que de que irão receber na data combinada, pois a empresa é clara nos seus negócios, entretanto a empresa de laticínio por ser uma grande empresa, procura os produtores mais especializados no DF, pois estes praticam o pagamento por qualidade e volume, induzindo o produtor a melhorar sua produção.

Quanto aos prazos de pagamento do leite ao produtor, vai depender mais da estratégia da empresa, que em sua maioria trabalha com 30 dias a contar do primeiro dia do fornecimento do mês, por exemplo, a grande empresa da região paga com 45 dias, ou seja, do dia 14 à noite o dinheiro é depositado na conta relativo ao mês anterior, então o que a gente considera 45 dias, 1 de junho até 30 de junho o produtor forneceu para a indústria, então a empresa tem 15 dias

para pagar por aquele leite, nesse período também é realizada uma análise do leite para verificar a qualidade para o produtor ganhar uma bonificação no preço e mais o adicional pelo volume.

Acerca da lei 12.669 de 2012, a entrevistada demonstrou ter ciência sobre o conteúdo da lei e informou que as indústrias de laticínios só apresentam antecipadamente o valor do preço base, pois eles ainda vão calcular as bonificações dos produtores.

Em relação ao volume mínimo exigido pelas indústrias para que haja a coleta na propriedade, a entrevistada enfatizou que geralmente as empresas fazem alguns cálculos, para verificar a rentabilidade daquela linha, litros do leite por quilômetro percorrido mais o custo fixo que ela precisa para captar o leite de determinada área. A entrevistada afirmou que recentemente alguns produtores foram excluídos do laticínio porque não estavam sendo mais rentável para empresa, fator esse que pode ser justificado pela diminuição no volume da produção.

Acerca do controle de qualidade do leite e quem faz esse controle, a entrevistada informou que a indústria coleta uma amostra de leite no mínimo uma vez por mês, esta é encaminhada para um laboratório credenciado da rede brasileira de qualidade do leite, no DF o mais próximo fica em Goiânia. Com base no estudo dessas amostras, é possível definir o pagamento por qualidade, associado a isso, a empresa tem controle do seu planejamento. As empresas analisam se tem antibióticos, formol, água e outras fraudes. Foi salientado ainda pela entrevistada que já ocorreram diversos conflitos por descumprimentos dos acordos. A solução para este impasse consiste na realização de visitas técnicas na propriedade com técnicos para verificar se há problemas na produção, e caso algum impasse seja identificado, o produtor pode enviar sua análise para uma contraprova.

Em relação as vantagens e desvantagens do contrato formal entre produtor e laticínio, a entrevistada se posicionou afirmando que teria vantagens para ambas as partes, pela questão de segurança, planejamento, pelo lado do produtor assegurar um planejamento, segurança na comercialização, principalmente no DF, que possui condições limitadas na comercialização do leite in natura, consolidando uma dificuldade aparente por parte dos laticínios executarem isso. Um contrato responderia como responsabilidade onde ele não poderia romper com aquele acordo. Mas tem que analisar caso a caso, pois o setor do leite ainda tem que evoluir bastante no país. Uma desvantagem seria talvez em um contrato você tem que estipular um preço mínimo e com a variação do mercado, o laticínio pode não conseguir pagar nem o preço mínimo.

Sobre quais são os riscos se uma das partes descumprirem os acordos e quais sanções seriam tomadas, a entrevistada alegou que a solução seria a justiça, apesar do produtor e laticínios darem preferência a outro acordo do que recorrer à justiça.

E por último sabendo de toda a experiência que a entrevistada tem no setor, foi questionado se ela observa algum tipo de melhoria na relação produtor de leite e laticínios quando vão negociar o fornecimento de leite, sendo enfatizado pela entrevistada que “se for pensar em uma questão de acordo, seria necessário estabelecer uma margem de fornecimento de acordo com a produção e fechar uma quantidade de preço (mínimo e máximo) a pagar pelo leite, um prazo de comunicação caso houvesse a necessidade de romper com esse contrato e estabelecer o que geraria multa ou não na interrupção do contrato. Algumas cláusulas para anular o contrato com ônus e sem, mediante a situação. Profissionalização da cadeia é tendência futura”.

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