Entrevista com a gerente da GAEE

Na entrevista com a gerente da GAEE, foi possível observar evidências da inexistência de interação entre a GAEE e a Coordenação do SIGEAM, bem como a necessidade de formação para o módulo ESPECIAL e também perceber a necessidade de inclusões de serviços para aprimoramento do módulo.

A entrevistada, respondendo à questão “Considerando que você conheça o módulo ESPECIAL, o desenvolvimento do módulo se deu com a colaboração da gerência? Você acredita que é possível aprimorar os serviços oferecidos? ”, afirmou:

Provavelmente, a GAEE deve ter sido consultada, mas não posso dar esta informação precisa, pois somente agora a equipe de assessores desta gerencia está conhecendo o sistema por solicitação minha.

O SIGEAM é uma ferramenta “maravilhosa”, quando alimentada corretamente, pois muitas vezes nos relatórios do ESPECIAL, as informações não são inseridas corretamente, isso acontece em algumas escolas. Precisamos que o sistema seja confiável, e neste sentido, temos que aprimorar o SIGEAM e quanto a isso não houve nenhum contato entre a coordenação do SIGEAM e a GAEE. (GERENTE DA GAEE. Entrevista realizada em 20 de maio de 2017)

A entrevistada demonstra, em sua resposta, ter pouco conhecimento acerca da relação que a GAEE mantinha com a coordenação do SIGEAM quando o módulo foi implementado. Entretanto esclarece que, à época, provavelmente, a gerência foi consultada quanto aos serviços que seriam desenvolvidos para o módulo. Além disso, explica que, no que concerne ao aprimoramento do módulo, não foi procurada pela coordenação do SIGEAM.

Quando perguntada sobre: “O que, enquanto gerente, sugeriria para aprimoramento do módulo especial? ”, a entrevistada responde:

[...]

2. Precisamos dos relatórios que também contemplem alunos-usuários de cadeira de rodas, as informações referem-se genericamente ao deficiente físico e não sabemos se é usuário de cadeiras de rodas. Para acessibilidade arquitetônica da escola é importante informar qual é a deficiência física do aluno e se é usuário de cadeira de rodas.

3. Informar também no módulo os alunos que são atendidos no domicílio e atendimento hospitalar.

4. Informar alunos que possuem apoio do professor auxiliar da vida escolar com: o nome do professor que atende este aluno no mesmo relatório, porque hoje, fazemos isso manualmente sem uso do SIGEAM.

[...]

6. Os relatórios de escolas que possuem salas de recurso ainda não foram informados no sistema, e há alguns erros quanto às escolas especificas que precisam ser atualizadas, não temos mais classes especiais e há essa informação no SIGEAM. Portanto precisamos ampliar e atualizar o sistema. (GERENTE DA GAEE. Entrevista realizada em 20 de junho de 2017) A gerente da GAEE, em sua responsiva, oferece sugestões para melhoria do sistema, como criação de novos serviços e inclusão de campos informativos, no módulo ESPECIAL, além de se posicionar quanto às funcionalidades existentes, questionando o não conhecimento dos serviços por parte dos utilizadores, reforçando assim, a falta de formação para o seu uso, o que está em consonância com a seção que aborda as formações realizadas na SEDUC/AM, presente no capítulo 1. Além disso, suas sugestões apontam para a necessidade de continuas formações para o uso adequado do sistema.

De acordo com Silva (2016):

Os sistemas de gestão escolar têm como particularidade o constante processo de desenvolvimento, considerando que no processo educativo há uma incessante busca por novos meios, formas e modelagens pedagógicas que têm como resultado a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Esse constante “vir-a-ser” implica para os usuários uma necessidade contínua de capacitação, treinamento e formação: se houve modificações que impliquem treinar os usuários, eles devem receber esses treinamentos. (SILVA, 2016, p. 54)

A ideia do autor vai ao encontro do que afirma a entrevistada, demonstrando que existe alinhamento quanto às sugestões oferecidas. Percebe-se, assim, uma preocupação com a continuidade das formações considerando as modificações sofridas pelo sistema, bem como alteração ou implementação de novas legislações.

Neste sentido, quando perguntada sobre “quais legislações que amparam a Educação Especial no Amazonas e se foram devidamente incluídas no SIGEAM”, responde:

[...] a legislação que ampara a educação especial é a Resolução nº138 de 2012 do CEE/AM. Esta resolução ainda não está sendo contemplada totalmente no SIGEAM, pois a partir da matrícula já se verifica o não cumprimento no sistema a solicitação desta em relação ao número de alunos nas turmas inclusivas. (GERENTE DA GAEE. Entrevista realizada em 20 de junho de 2017).

É possível observar em sua resposta que ela possui conhecimento da legislação e nota que o sistema não está parametrizado tendo em vista a regulamentação. Também se percebe nesse contexto que, para a gerente, o impacto principal está em relação ao número de alunos matriculados nas turmas inclusivas, o que também foi mencionado na seção 1.4.

A entrevista com a gerente da GAEE possibilitou depreender que a não relação da equipe da GAEE com a coordenação do SIGEAM interfere nas situações investigadas do sistema. Além do mais, constatou-se que a Resolução nº 138/2012 não se encontra incluída no sistema, embora seja ela que regulamente a Educação Especial no Amazonas.

Outro ponto importante que parece explicar a não utilização da resolução supracitada é a inexistência de outras legislações que regulamentem as ações do SIGEAM, embora prime pelo respeito aos processos executados na gestão. Sobre isso, Silva (2016, p. 64) confirma que não há legislação específica que regulamente o uso do sistema e também que não existe auditoria formal, nem foram implantadas trilhas de auditoria, o que de certa forma, justifica o porquê de a resolução não está inserida no sistema, visto que, para desenvolvimento dos módulos e serviços, consideram-se apenas os processos.

A seguir, será apresentada a entrevista com um dos colaboradores que atuou na organização e elaboração do SIGEAM, que durante um longo período foi gerente da GESIN da SEDUC/AM.