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Entrevista com a moradora

No documento karinelopesferreira (páginas 78-82)

8. ESTUDO DE CAMPO

8.4 Aplicação do Pré-teste na Residência

8.4.2 Entrevista com a moradora

O objetivo da entrevista semiestruturada utilizada foi apreender a relação do morador com a residência, bem como sua apropriação e relações afetivas com a moradia e o entorno, para observar o grau de satisfação do entrevistado. Foi previamente elaborado um roteiro (Anexo 3) para guiar a entrevista, no entanto a entrevistada teve liberdade de acrescentar as observações que julgasse pertinente. Esta etapa do pré- teste teve duração aproximada de 75 minutos.

Na residência em que foi realizado o pré-teste, moram duas pessoas: a entrevistada e seu filho. Ambos se mudaram para o Residencial Miguel Marinho após a respondente ser contemplada no sorteio, há aproximadamente quatro anos. Anteriormente morou em um pequeno apartamento alugado no centro da cidade, onde residiu por mais de dezesseis anos. A moradora relatou que adquirir sua casa própria sempre foi seu maior sonho e sem o benefício do PMCMV isso não seria possível. A entrevistada acrescentou ainda ser favorecida do Bolsa Família e receber Benefício Assistencial.

Segundo seu relato, o apartamento em que morava tinha dimensões aproximadas da atual residência, portanto não sentiu muita mudança nesse quesito. Ela relatou que os ambientes existentes e o tamanho da casa atendem às suas necessidades de moradia. Ela acrescentou que ocasionalmente produz bijuterias e artesanatos para vender. Citou ainda a vantagem que a casa atual tem de possuir área externa, o que no apartamento anterior era inexistente, além de ter a quadra do residencial nas proximidades.

A maior mudança sentida foi com relação à localidade. Segundo a moradora o acesso aos serviços e comércio no centro eram mais facilitados e baratos, sendo este um ponto de desvantagem e carência do Residencial, apesar disso ela revelou que apenas os primeiros meses de adaptação foram difíceis e custosos para ela e seu filho. Atualmente ela se diz bastante satisfeita com o lugar onde mora, uma vez que sua infância foi vivida nas proximidades de sua atual casa e seus familiares residem próximos dali, além disso, o local possui a vantagem de ser mais tranquilo em termos de barulhos em relação ao centro da cidade. A moradora acrescentou que pouco tempo após terem se mudado do centro, seu filho trocou de escola para diminuírem os gastos com deslocamento e ela se revelou bastante satisfeita com a qualidade no

A entrevistada declarou ter bom relacionamento com os vizinhos, e não sente que há discriminação entre os moradores do Residencial. Ela revelou que no início se sentiu assustada em saber da situação de tráfico de drogas na região, apesar de ter consciência que essa não é uma particularidade dali, posteriormente a entrevistada reiterou que atualmente não se sente ameaçada e nunca foi desrespeitada. Ainda com relação aos moradores do Residencial, a entrevistada comentou que já houve tentativas sem êxito de formar comissão de bairro, e inclusive já foi convidada para participar, no entanto ela não tem interesse.

Quando se mudaram, os móveis da residência foram adquiridos em sua maioria através do programa social Minha Casa Melhor, da CEF, em que o morador recebe, como empréstimo, cinco mil reais e paga de maneira financiada. A moradora dispôs os móveis de modo que não comprometesse a circulação e abertura de portas e janelas (Figura 24). Fez uma ressalva apenas para o seu quarto, cuja cama precisa ficar encostada na parede da janela uma vez que não tem tanta flexibilidade no layout em razão das dimensões do quarto e umidade nas paredes.

Figura 24 - Planta humanizada.

Com relação aos aspectos técnicos, a entrevistada afirmou que a baixa qualidade construtiva é motivo de grande insatisfação. Em sua casa, assim como em várias outras do residencial, são encontrados muitos problemas relativos à infiltração. A construtora já foi acionada diversas vezes, no entanto, as intervenções realizadas não solucionaram os problemas e segundo a opinião da moradora, em alguns aspectos chegou a piorar. Quando embutiram o telhado da sua residência, a mesma ficou sem nenhum beiral, o que segundo sua visão foi um prejuízo, porque apesar de ser pequeno, o beiral ajudava na proteção da pintura e diminuía a quantidade de chuva nas paredes. No que diz respeito ao conforto térmico, ela se demonstrou satisfeita, afirmando que a casa é bem arejada e os quartos recebem incidência solar.

A entrevistada apesar de gostar da área externa existente, reclamou da forma como foi planejada: são quatro moradias no mesmo lote, duas no primeiro pavimento e duas no segundo, logo cada morador tem direito 25% da área total. Ela considera este um ponto negativo, e cita como exemplo que não se sentiria à vontade sendo moradora da casa térrea e de frente para a rua, caso algum vizinho tivesse intenção de construir uma garagem em frente à sua residência, o que tiraria ainda mais a sua privacidade e a incomodaria com o barulho, segundo suas próprias palavras:

“Na frente tenho minhas duas janelas dos quartos, certo? (...) a minha sorte é que ninguém do prédio tem carro, imagina se todo mundo aqui do prédio tivesse carro, eu não iria dormir nunca (...) imagina se tivessem quatro carros em frente à minha janela?!”.

A moradora acrescentou que a maneira como foram dispostas as entradas das casas (Figura 25) é outro ponto bastante negativo pois nenhum dos moradores tem liberdade. Ela considera que seria melhor que a área externa fosse individualizada e as entradas independentes, na e abaixo, é possível perceber como o acesso das residências é lado a lado. Da forma como é atualmente, ela acrescentou que não se sente à vontade em deixar a janela e porta da sala abertos, mesmo em épocas de calor.

Figura 25 - Acesso das unidades habitacionais.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Entre as intervenções já realizadas pela moradora na residência consta a instalação de grades nas janelas e na porta (Figura 26) para aumentar sua segurança, colocação de piso nos quartos e na sala onde o chão era cimentado e colocação de azulejo em algumas paredes do banheiro onde não havia. Por fim, ao falar das modificações que ela ainda pretende fazer, a falta de privacidade foi um ponto realçado novamente várias vezes. Ela acrescentou que essa situação a entristece bastante, por isso, tem vontade de construir uma varanda ou até mesmo garagem em frente às janelas dos quartos (que são de frente para a rua), para aumentar a privacidade e ter liberdade em abrir as janelas; comentou também ter vontade de construir uma área na lateral da casa para aumentar a área de serviço e desse modo não precisaria ficar

dependente de usar a área externa compartilhada para estender suas roupas para secar.

Figura 26 – Colocação de grades.

Fonte: Carla Bernardes, PROEXT 2016 (2017).

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