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P: Qual seu nome e idade?

Coordenadora: Veronica, tenho 52 anos. P: Qual sua formação? Que ano? Onde?

Coordenadora: Bom, eu sou formada em Psicologia, né?! Que é minha primeira formação. Aí eu tenho licenciatura em filosofia e pedagogia. A primeira graduação eu terminei em 2000, que 2000, foi em 1997, nossa, até esqueci. Não, que 97 gente! (risos) Não, gente, não lembro! Vou ver! Depois eu vejo e te falo. Que confusão! Eu fiz Psicologia na Unimep.

P: Você já atuou como professora? Há quanto tempo você atua como coordenadora? Coordenadora: Eu atuei como professora. Eu iniciei dando aula de língua portuguesa em um quinto ano. Aí, depois que eu fui realmente pra psicologia, e dei aula de psicologia no ensino médio. Na época tinha né, psicologia no ensino médio. Aí eu dei aula, por o que (...) uns três anos, aí logo em seguida eu entrei pra coordenação. Em 2000 eu já estava na coordenação. Eu atuei como coordenadora do ensino noturno que acoplava tanto o ciclo 2 que é o fundamental 2 de quinta a oitava né, e o ensino médio. Eles eram juntos, então eu coordenava todos os professores dos dois ciclos, tanto do ciclo 2 quanto do ensino médio. E agora, desde 2008, é agosto de 2008 eu fui pra coordenação do ciclo 1, dos pequenininhos. Ficou um coordenador pra cada ciclo né?! Eu assumi o ciclo 1, já vai pra cinco anos agora em 2013.

P: Em sua formação você teve algum tipo de aprendizado sobre surdez, educação de surdos ou implante coclear?

Coordenadora: Não, na formação não. Quando eu fiz pedagogia eu, é, a gente teve assim, alguns conceitos, mas era assim sobre inclusão, entendeu? Nada específico sobre surdos. O que eu tive depois, mais tarde, oferecido pela diretoria de ensino foi o curso de Libras. Mas também eu só fiz o básico, não o avançado.

194 Coordenadora: Surdas não! A gente sempre foi aberto a inclusão, mas especificamente surda, não. Eu não sei dizer antes, mas desde que eu entrei aqui não. Deficiente visual sim, tá, mas surdez não. Ela é a primeira criança surda com implante coclear. A gente tem assim, alguns casos que a gente conhece que é de baixa audição, mas sem uso de implante coclear. São só alterações mesmo.

P: Houve algum preparo para receber a Laura?

Coordenadora: Não! Foi mesmo por ensaio e erro. Buscando informações, orientações (...). Quando os pais nos procuraram foi exatamente por causa disso, por essa escola ser aberta a inclusão. E o nosso trabalho com o deficiente visual ele foi muito visualizado pela comunidade toda. Então, os pais da Laura souberam disso e procuraram a escola. P: Como a Laura era quando veio para essa escola?

Coordenadora: Ela era uma criança bem tímida, com pouco contato, então, assim, ela escolhia né, tinha apenas uma amiga que ficou mais próxima, mas era uma criança mais fechada, mais na dela né? Achei engraçado que quando, é, logo no primeiro ano que ela estava na escola, na festa junina, nós a convidamos pra dançar, e isso foi um fato que marcou muito né, porque nas outras escolas ela era deixada de lado mesmo, era sempre deixada, ela só vai assistir, e na escola a gente a convidou pra dançar tudo, foi assim uma coisa que ela não esperava né? E nem os pais esperavam muito essa situação. E acho que daí a socialização dela foi abrindo mais.

P: Como ela está atualmente?

Coordenadora: Ah, hoje ela tá assim, mais expansiva né? Eu, principalmente que não tinha muito contato, antes ela pouco falava comigo, ela só escutava né? Agora ela já conversa comigo. Antigamente ela só ouvia eu falar e não respondia nada né, só com o olhar ela respondia, então a gente entendia mais ela assim. Hoje não, hoje ela já verbaliza, ela já conversa. Na internet, sabe, ela se coloca né? Então é assim, uma mudança e tanto.

P: Quais as principais dificuldades da escola em atender as necessidades da Laura? Coordenadora: A primeira coisa foi assim, a questão de material né? A gente começou a selecionar material didático onde houvesse mais figuras né?! Pra auxiliar no texto.

195 Então, a gente buscou esse tipo de material pra melhorar o aprendizado da Laura. Nós tínhamos uma professora que apesar de ser uma professora da educação especial ligada a deficiente intelectual, porém ela nos auxiliou muito nesse trabalho com a Laura, então ela pegava a Laura, algumas vezes durante a semana pra fazer um trabalho de interpretação de texto separado com a Laura, então foi um período (...). A gente foi adequando na realidade. A gente foi buscando alternativas pra que melhorasse o aprendizado da Laura na escola. Nós tivemos muita dificuldade sim. Quanto a alfabetização a Laura já estava alfabetizada, então ela já tinha um procedimento, então aí, quando ela chegou do final do quarto ano pra frente qual foi a maior dificuldade que a gente começou a encontrar no trabalho com a Laura? Foi a questão das interpretações de textos mais longos, porque a partir do quarto ano os textos já aparecem em sua maioria escrito sem muita imagem né? Então, a gente tá tentando ainda buscar com a Laura essa questão da leitura de textos escritos mais longos e dessa interpretação. E a gente sabe que é uma dificuldade porque o vocabulário da Laura não é tão extenso. Então, essa questão dessa formação desse vocabulário tá sendo um desafio pra gente, e acho que pra ela também né?

P: Como é a comunicação da Laura na escola?

Coordenadora: É ótimo! Ela se comunica legal, ela consegue se comunicar direitinho. Foi aquilo que eu falei né?! No início a gente percebe notoriamente isso né, ela selecionou alguns colegas da sala de aula pra ta se comunicando, entendeu? Mesmo no meu caso, por exemplo, ela pouco falava comigo né? Toda vez que eu ia conversar com ela, ela só ouvia. Hoje a gente já nota que, assim, ela se comunica mais com as outras pessoas. Agora é engraçado assim, quando chega outras pessoas, alguém de fora né? Por exemplo, quando vem alguém da Diretoria de Ensino pra tá conversando com ela. Ela ainda se trava um pouco. Então, sabe, ela se fecha um pouco né, mas hoje em dia na escola ela é observada como uma criança normal, comum, como todas as outras.

P: Como é a participação dos pais da Laura na escola?

Coordenadora: Nossa é excelente sabe? Eu acho que assim, o grande avanço que eu vejo que a Laura realmente tem é, sabe, 90% os pais. Os pais são muito presentes, são muito preocupados, eles acompanham a Laura. Estão sempre na escola buscando orientações e informações e mesmo a escola, a escola tem essa ligação com eles,

196 exatamente porque é através deles que a gente busca melhorar a condição de aprendizagem da Laura.

P: A escola oferece A.E.E.? Como funciona?

Coordenadora: Não! O que nós tínhamos na escola, quer dizer, assim (...) toda condição de material que a gente precisa, se a gente solicita a Diretoria de Ensino nos proporciona, eles mandam o material que a gente necessita né? Agora em relação ao aluno surdo a gente adquiriu alguns jogos, algumas coisas, mas através mesmo das verbas que a escola recebe. Profissional específico para o trabalho a escola não tem um polo de atendimento de profissionais especializados, mas a gente tem as salas de recursos que ficam em outras escolas, então nos informamos aos pais e ai os pais que se interessam levam as crianças a esse polo. Porque como eu disse nós tínhamos uma professora que infelizmente saiu, foi pra uma outra escola. Nós tínhamos uma professora da educação especial que dava plantão na escola que era a Julia. Desde que a Laura veio pra cá nós tivemos esse apoio, agora na metade desse ano nós perdemos a Julia que foi cocada pra outra escola que tem a sala de recursos.

P: Há mais alguma coisa que você gostaria de falar?

Coordenadora: Acho que assim (...) é difícil na formação do professor, principalmente do professor alfabetizador, acho que principalmente hoje em dia, até por conta da inclusão, faz muita falta na formação inicial do professor esse curso pra esse tipo de professor de inclusão que a gente ta visualizando hoje em dia, então o professor, ele não tem nenhum tipo de formação em relação a inclusão quer seja do surdo, do cego, do deficiente intelectual né? Acho que isso é primordial hoje em dia, que o professor tenha cursos diretamente ligados a essa formação e a gente não tem, então a gente vai por ensaio e erro mesmo né? E correndo atrás, então acho que a gente que tem que correr atrás pra melhorar a vida dessas crianças na escola.

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