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Entrevista final com alunos

No documento PR Mariane Monteiro (páginas 72-76)

5. ANÁLISE DAS ATIVIDADES E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

5.3 Entrevista final com alunos

A entrevista final, pós intervenção, foi realizada apenas com os alunos do Grupo 1. Sobre as atividades realizadas, os alunos se mostraram satisfeitos. O tema abordado no

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projeto “Probabilidade e a construção de jogos para um torneio”, possibilitou, segundo eles, o desenvolvimento de atividades sobre estatística e probabilidade, diferenciadas do modo em que este conteúdo é trabalhado na sala de aula. Ressaltaram que puderem aprender de forma divertida e criativa e que isto tornou as aulas mais envolventes, pois tiveram motivação e interesse em realizar e analisar os jogos.

Sobre a atividade final, que era a construção de um jogo, argumentaram ser a primeira vez que fizeram este tipo de atividade, a qual possibilitou o uso de sua criatividade de forma livre. Ainda, questionaram se estas atividades não poderiam ser feitas na sala de aula regular, ou se era apenas para a sala de recursos, pois “todos

poderiam desenvolver sua criatividade durante a aprendizagem, para aprender de forma divertida”. É possível adaptar a atividade para se trabalhar na sala regular, porém, para

que esta seja desenvolvida com alunos sem altas habilidades, sugere-se que seja aplicada para alunos nas séries finais do Ensino Fundamental, ou no Ensino Médio, nas quais os alunos já apresentam um conhecimento maior sobre os conteúdos matemáticos, para que a atividade não se torne desinteressante.

É necessário para a estimulação do desenvolvimento da criatividade, a criação de um clima que permita apresentar fluência, flexibilidade e originalidade de ideias, e ainda envolva questões motivadoras e desafiadoras aos alunos.

Essas tarefas possibilitaram, aos alunos, o desenvolvimento da cognição e da metacognição pois lidaram com novas abordagens utilizando seus conhecimentos prévios, além do progresso da autonomia, da motivação e da criatividade por meio do desenvolvimento de ideias matemáticas, além daquelas normalmente dirigida na sala regular confirmando o que já diziam Diezmann e Watters, 2000.

Percebe-se nos discursos dos alunos, a presença do comprometimento com a tarefa, a motivação e o desenvolvimento da criatividade a qual é caracterizada pela abundancia ou quantidade de ideias diferentes produzidas sobre um mesmo assunto, pela capacidade de conceber ideias diferentes e por apresentar respostas incomuns.

Além disso, mostraram-se críticos e sensíveis em relação aos seus colegas, no que se refere a uma “maneira mais fácil de aprender”.

Em relação ao tema que envolve o projeto, o conteúdo estruturante Tratamento de Informação, engloba, no Ensino Fundamental, os conteúdos referentes a noções de probabilidade, estatística, matemática financeira e noções de análise combinatória. Ao final do Ensino Fundamental

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...é importante o aluno conhecer fundamentos básicos de Matemática que permitam ler e interpretar tabelas e gráficos, conhecer dados estatísticos, conhecer a ocorrência de eventos em um universo de possibilidades... é necessário o aluno compreender o conceito de eventos, universo de possibilidades e os cálculos dos eventos sobre as possibilidades. A partir dos cálculos, deve ler e interpretá-los, explorando, assim, os significados criados a partir dos mesmos (PARANÁ, 2008, p. 61).

Os estudos de Machado (2013), baseados na epistemologia genética de Jean Piaget, demonstram que alunos com AH/SD do tipo acadêmico, alcançam precocemente o pensamento hipotético dedutivo, que estão previstos na passagem dos estágios na teoria de Piaget, ou seja, estes alunos fazem uso de estratégias cognitivas e metacognitivas para solucionar problemas de matemática, apresentando uma diversidade de caminhos e soluções diferenciadas dos seus pares e propostas pelo modelo escolar.

Quando questionados sobre as atividades realizadas na sala de aula regular e sobre o relacionamento entre professores e colegas, “James Bond” e “Agente 007”, argumentaram sentir falta do convívio com outros alunos com AH/SD, pois muitas vezes seus interesses diferem do de seus colegas. “James Bond” ressalta ter problemas de relacionamento com seus professores, pois frequentemente é rotulado como “aluno problema” da sala de aula e “os professores não acreditam que tenho AH/SD”. Já, o “Agente 007” como foi identificado precocemente e tem um acompanhamento familiar, diz não apresentar problemas na escola, mas lembra que sempre “precisa contar para o

professor que tenho AH, porque as vezes eles duvidam”.

No discurso dos alunos é possível perceber que os professores têm dificuldade no reconhecimento e identificação destes alunos. Neste sentido se faz necessário desenvolver um trabalho de formação continuada, tanto para os professores que estão em contato direto com estes alunos, como para com toda a comunidade escolar.

Leikin (2011) diz ser necessária a formação de professores para a educação de alunos matematicamente habilidosos, pois uma das responsabilidade centrais do professor é a promoção de atividades desafiadoras para estes alunos, motivando e oportunizando um aprendizado que se encaixe nas suas capacidades.

Já Karsenty e Friedlander (2008) afirmam ter um consenso entre os pesquisadores da área de educação de alunos com AH/SD, que o treinamento especial para os professores é essencial, a fim de promover as habilidades acadêmicas e criativas dos alunos com AH/SD. Hansen e Feldhusen (1994, apud, KARSENTY; FRIEDLANDER, 2008), salientam que os professores capacitados para o trabalho com alunos com AH/SD não só estimulam o alto nível de pensamento em suas aulas, mas também dão ênfase à

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criatividade e ao estímulo do pensamento criativo, incentivando a fluência, flexibilidade e originalidade de ideias. Para Virgolim (1999)

A educação deve se voltar para a busca de um modo mais saudável de aprender, fortemente vinculada aos aspectos positivos do comportamento humano: ajustamento, felicidade, prazer, satisfação, alegria verdadeira. A educação deve estar atrelada, prioritariamente, ao crescimento pessoal dos indivíduos, voltando também para o relacionamento interpessoal e pessoal desenvolvendo nos alunos as potencialidades necessárias para que eles se tornem adultos psicologicamente sadios, criativos, consciente e integrados. É este desafio que nossas escolas devem urgentemente enfrentar (VIRGOLIM, 1999, p. 66-67).

Neste sentido, reitera-se a necessidade da formação específica para o professor que trabalha com estes alunos. É necessário investir em capacitação, formação e na disseminação sobre quem são e como identificar estes alunos que estão inseridos nas salas de aula regulares.

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No documento PR Mariane Monteiro (páginas 72-76)

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