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CAPÍTULO III – METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

3.2 PROCEDIM ENTOS DA PESQUISA, CARACTERÍSTICAS DOS SUJEITOS E TERM OS ÉTICOS

3.2.2 Entrevista: instrumento de coleta de dados

Realizaram-se 64 entrevistas, de caráter semipadronizado (FLICK, 2009), em três colégios públicos estaduais de Ponta Grossa-PR, sendo gravadas14 e autorizadas pelos pesquisados. A entrevista tem base nas teorias subjetivas, as quais compreendem que o sujeito possui uma “representação” sobre certos assuntos. Por exemplo, os alunos quando indagados sobre a indisciplina escolar, possuem saberes complexos em relação ao tema, são “suposições que são explícitas e imediatas” (FLICK, 2009, p. 148). Na sequência se apresenta o plano de coletas das informações das entrevistas (TABELA 3).

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Tabela 3 – Coleta de dados das entrevistas e suas especificidades . Plano de coleta de informações e análise

Sujeitos Instrumentos de coleta de informações Procedimentos de organização analítica dos dados Adolescentes Entrevista com 64 adolescentes que

participam das escolas Utilização do software ALCESTE, além da análise de conteúdo.

Sujeitos Variáveis a serem investigadas

Adolescentes Sexo, idade, escola, ano de nascimento, trabalho, família, religião, condições socioeconômicas, renda familiar, participação dos pais na vida escolar, situações de indisciplina em sala de aula, causas da indisciplina, sujeitos da indisciplina, escola ideal para os alunos.

Fonte: O autor.

As entrevistas se realizaram em intervalos de aula, recreio ou extra-turno, dependendo do horário mais propício, com aproximadamente vinte minutos para cada aluno. As entrevistas continham questões abertas, deixando que os alunos se expressassem abertamente, a identificação dos alunos foi respeitada, por isso eles serão denominados por números nessa pesquisa.

As entrevistas foram aplicadas em três colégios (C, D e E), já que nos primeiros colégios (A e B) que foram aplicados os questionários, não permitiram a continuidade da pesquisa. Por isso, um terceiro colégio precisou ser elencado (E), já que os colégios foram resistentes quanto à aplicação das entrevistas.

Em relação à entrevista, utilizou-se primeiramente a triagem hierarquizada sucessiva, ela é mais sugestiva, pois foram apresentadas, previamente, fichas com as palavras anteriormente coletadas nos questionários (SÁ, 1996; WACHELKE; WOLTER, 2011). A triagem é uma técnica que consiste em evocações livres de palavras15 formadas por um conjunto de elementos satisfatoriamente grande (32 itens, em geral, expressos na figura 5). Esses itens são apresentados em forma de fichas, no caso em tela, contendo situações que lembram a indisciplina na escola, que foram respondidas nos questionários por alunos de quatros colégios da rede estadual de ensino de Ponta Grossa-PR. Solicitaram-se aos participantes da pesquisa que divid issem os 16 itens mais característicos da pesquisa, escolhidos os 16 mais constitutivos, pediu-se ao informante que repetisse a operação, separando os 8 mais importantes. Para finalizar, os alunos escolheram os 4 mais importantes. Assim, começou a entrevista, arguindo o porquê da escolha dos 4 elementos finais mais representativos e centrais, conseguindo-se, assim, uma categorização por relevância (SÁ, 1996).

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Figura 5 – Fichas utilizadas na entrevista para a triage m sucessiva de palavras.

Fonte: O autor.

Ao que concerne à transcrição das entrevistas, elas foram gravadas e posteriormente escutadas pelo pesquisador, auxiliadas pelo software Digital Audio Editor (2010), o qual permite a edição de áudio digital, oferecendo diversas opções tanto de gravação, edição, mixagem, entre outros. Com o auxílio do programa foi possível reduzir a velocidade das falas dos sujeitos, propiciando um melhor entendimento do que os alunos representavam sobre a indisciplina escolar. Abaixo se pode visualizar a interface do programa (FIGURA 6).

Figura 6 – Print Screen da Interface do programa Digital Vo ice Editor.

A modalidade de entrevista eleita foi a não diretiva, para que o informante estabelecesse a resposta livremente, permitindo que o mesmo procurasse seus próprios conhecimentos a respeito de determinado tema. A entrevista é mais para justificar alguns dados apontados pelos questionários, sendo de caráter mais qualitativo.

O modelo de entrevista utilizou-se de modo em L, ou seja, o pesquisador não se situa frente a frente ao pesquisado. Nessa condição em L, permite que haja um certo distanciamento entre o que pergunta e o respondente, fazendo com que o pesquisador não se intencione ou se envolva nas respostas. Nessa posição, não há o conflito entre as partes, ambos não se enfrentam, trata-se de uma situação mais impessoal.

Faz-se necessário, desde o início da aplicação de questionários e entrevista, esclarecer as questões éticas da pesquisa (TABELA 4). Assim, há alguns elementos que se devem ser esclarecidos no estudo, um deles é o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), no qual os informantes foram avisados a respeito da temática da pesquisa. No caso de serem menores de idade, a pessoa responsável e a autoridade educacional representaram seus interesses. Outro componente é a privacidade e a confidencialidade que remetem a proteção da identidade do pesquisado. Além disso, a minimização de intromissão do pesquisador promoveu uma pesquisa com menos interrupções, o que favoreceu que a análise tivesse um caráter mais verossímil.

Tabela 4 – Autorizações éticas da pesquisa.

N°. Instrumento Tipo de autorização Consentimento

457 Questionários Dupla Direção Alunos

64 Entrevistas Tripla Direção Pais

Alunos

Fonte: O autor.

De início foi apresentado aos alunos uma prévia identificação da pesquisa, levando em conta o tema da investigação, objetivos e métodos. Dess a forma, esclareceu-se que apenas se queria saber a sua opinião sobre características e representações de alunos indisciplinados e disciplinados. Ainda, explicou-se que as respostas dadas ficariam anônimas e jamais seriam analisadas ou divulgadas individualmente. A amostra se apresenta por suas características disponíveis abaixo na tabela 5.

Tabela 5 – Características que definem os sujeitos.

Variáveis Subcategorias Freq. %

GÊNERO Masculino 190 47,3 Feminino 212 52,7 ANO NASCIMENTO 1996-1998 398 99,0 1993-1995 4 1,0 ESCOLAS Escola A 99 24,6 Escola B 103 25,6 Escola C 109 27,1 Escola D 91 22,6 AUTOAVALIAÇÃO Indisciplinados 80 19,9 Disciplinados 316 78,6 Não responderam 6 1,5 RENDA FAMILIAR 1 salário mínimo 54 13,4

2 salários mínimos 137 34,1 3 salários mínimos 48 11,9 4 salários mínimos 105 26,1 Não responderam 58 14,4 TRABALHA Não responderam 2 0,5 Trabalham 27 6,7 Não trabalham 372 92,5 MORA COM Não responderam 2 0,5 Mãe e pai 254 63,2 Somente mãe 91 22,6 Somente pai 17 4,2 Outros 38 9,5 PAIS NA PARTICIPAÇÃO

ESCOLAR Pais participantes

359 89,3 Pais ausentes 41 10,2

Totais 402 100,0

Fonte: O autor.

Primeiramente, explicou-se aos alunos o assunto da pesquisa, que se tratava de uma investigação sobre as representações de alunos a respeito da indisciplina escola r e pediu-se que respondessem algumas perguntas relacionadas ao tema.

Enfim, a pesquisa passou pelos termos éticos da pesquisa, bem como pelo comitê de ética de pesquisa da UEPG, sendo cadastrado na Plataforma Brasil16. A pesquisa é submetida

on line e passa pela adição de documentos e anexos, assinados e preenchidos. O pesquisador

aguarda a aprovação de pesquisa, para então submeter ao comitê de ética da instituição.

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A Plataforma Brasil é u ma base nacional e integrada de registros de pesquisas que envolvem seres humanos . Disponível em: <http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf> . Acesso em: 12 de ma r. 2013.