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Paula é mãe de uma aluna que estuda na E.M. Cornelis Verolme, tem nove anos, está no terceiro ano do ensino fundamental, tem Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e deficiência intelectual leve. Desde a primeira série participa da sala de recursos.

Segundo Paula foram usados jogos matemáticos, mas agora não mais.

Antes era uma sala bem ampla e tinha jogos, aquelas bonequinhas com mãozinhas, tinha um monte de coisa, agora não tem mais, essa sala foi desfeita (...) ela já não usa mais o computador por exemplo, ela trabalha com jogos, mas não trabalha no computador, antes tinha o computador

. Segundo a mãe eram utilizados jogos matemáticos no computados que além de desenvolver o aspecto cognitivo ajudava na coordenação motora da filha. Ao ser

questionada se considerava que os jogos fizeram alguma diferença na educação da aluna a resposta foi a seguinte

Eu acho que sim. Porque quando você trabalha com lúdico para criança é muito mais interessante que você chegar e colocar na lousa, falar, falar, falar, e ainda por cima a criança que é especial, porque o entendimento dela é bem mais baixo que das outras crianças. Então quando você trabalha com jogos que é lúdico, você avança muito mais com essas crianças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer da pesquisa destacamos a importância do estudo de jogos matemáticos, como eles influenciam na construção de aprendizagem dos estudantes com deficiência intelectual a importância do lúdico e do concreto para alunos com necessidade educacional especial e a relevância do embasamento teórico para os profissionais da educação. Além disso, selecionamos alguns jogos matemáticos que podem ser utilizados por estes estudantes.

Frisamos a importância da matemática para a vida social do indivíduo. Alguém que não tenha acesso aos conhecimentos básicos matemáticos não terá sua autonomia plena. Por isso a importância de usar diversos meios para que o aluno alcance a compreensão de alguns conceitos matemáticos. Aplicando a matemática assim o docente estará respeitando a diferença dos alunos com necessidades educacionais especiais.

Usamos como base as leis da educação e as leis que resguardam pessoas com deficiência para embasar o direito de todos aprender independe da sua especificidade. Logo, deve ser usado diversas estratégias para alcançar este objetivo.

Podemos ressaltar a dificuldade de encontrar referência bibliográfica no decorrer da pesquisa, que falasse de jogos matemáticos como facilitador para estudantes com deficiência intelectual. Isto pode ser relacionado diretamente com a questão do ensino, que na prática que acaba sendo diretamente afetada.

Além disso, destacamos a importância do fazer pedagógico como um ato intencional. E como a formação docente influencia a relação ensino/aprendizagem entre o educando e o educador. Não podemos simplesmente ter o instrumento pedagógico se não há a intencionalidade previamente estabelecida.

Durante o período que acompanhei algumas salas de aulas podemos assim responder à pergunta que norteou nossa pesquisa: Em relação aos professores, eles estão adequadamente preparados para utilizar estes recursos? Eles utilizam estes recursos?

Falando especificamente da sala de aula, a metodologia usada para crianças com necessidades educacionais especiais no geral, não só aquelas com deficiência intelectual são folhinhas com diversos exercício de matemática. Durante o período que estive acompanhando não percebemos nenhuma utilização de jogos. Em

algumas conversas com a docente ela havia falado que era pouco tempo para conseguir dar a devida atenção para todos os alunos e que não tinha nenhuma auxiliar para ajudá-la a conseguir aplicar atividades diferenciadas ou até mesmo acompanhar aos alunos com as atividades da folhinha.

Durante o período que acompanhei as aulas, fiquei mais próxima dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais – NEE, que eram cerca de quatro alunos. Como a docente tinha a preocupação de cumprir com todo o conteúdo e ainda conseguir organizar a turma de tal forma que os alunos que são considerados com mau comportamento não desorganizasse completamente a aula. Os alunos com NEE ficavam com as folhinhas que em geral era o mesmo tema das aulas, com conteúdo mais facilitado. Quando eles terminavam a folhinha era entregue outra.

Desse modo, percebemos que durante o período que foi acompanhado as aulas os jogos não eram utilizados na sala de aula. Apenas na sala de recursos. A mãe da aluna que foi entrevista falou sobre as folhinhas que são dadas e como isso não ajuda no desenvolvimento de sua filha e que a própria filha reclama sobre não ter atividades diferentes.

Portanto, percebemos como a falta de atividades lúdicas e intencionais afetam o aluno, que mesmo com suas características especificas precisam ser ensinados de forma igualitária.

É importante ressaltar, que de nenhuma maneira, a intenção deste trabalho monográfico é tornar o professor responsável pela não apresentação de atividades lúdicas, compreendemos que a estrutura da educação pública pode dificultar a produção de um trabalho mais enriquecedor dos os alunos com NEE. Além disto, destacamos que a luta pela inclusão é diária e ultrapassa a relação professor/aluno.

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