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Educação II História da Educação Filosofia 60 60

ENTREVISTA MARISTELA

IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO

Nome: Maristela Pitil Idade: 60 anos

Formação: Graduação em Matemática e Ciências Contábeis.

Instituição:

Disciplina que lecionou no curso normal: Matemática Período que lecionou no curso normal: A partir de 1980

Pergunta nº 1: Quais foram os princípios que nortearam a formação dos alunos do curso normal do Colégio Museu?

Resposta: No período em que lecionei no magistério, o curso normal proporcionava aos alunos todo conhecimento didático pedagógico, podendo ministrar aulas com segurança. O curso proporcionava também uma formação pessoal em termos de conhecimento, de ser humano. O princípio era oferecer um curso diferente do profissionalizante, diferente de outros existentes na época, podendo oferecer uma profissionalização diferente.

Pergunta nº 2: Em que medida os alunos participavam dessa organização?

Resposta: Eles não tinham participação na organização. Não influenciavam em nada.

Pergunta nº 3: Qual era a autonomia dos professores para estruturarem seus planos de ensino?

Resposta: Os professores precisavam seguir as orientações que vinham da Secretaria Estadual de Educação, uma espécie de manual básico que os professores usavam como referência. Primeiro a gente tinha que seguir a orientação que vinha da Secretaria Estadual de Educação, tipo um manual básico que você tinha que ter, mas a gente tinha liberdade de acrescentar o que a gente achasse necessário e o trabalho sempre era realizado, os planos de curso eram montados juntamente com a professora de didática. Cada um com sua disciplina, mas junto com a professora de didática, era feito assim.

Pergunta nº 4: Quais eram as perspectivas dos alunos após a conclusão do ensino normal?

Resposta: Trabalhar como professor na série para qual foi formado que era de 1ª a 4ª série, conhecido hoje como ensino fundamental, mas na época, se não me engano, era chamado de início de primeiras letras.

Pergunta nº 5: Como eram as condições físicas das chamadas escolas anexas?

Resposta: Era muito precário, tanto espaço físico quanto questões de material, as meninas não tinham espaço para reunir, as salas eram horrorosas não tinha ventilação. Era uma coisa assim, fisicamente jogada para gente, para não misturar com os do ensino médio. Aí faltava tudo lá e tinha muito aluno, a procura pelo curso era grande. Recreio, intervalo, não tinha espaço para essas coisas.

Pergunta nº 6: O curso era só noturno?

Resposta: Só noturno.

Pergunta nº 7: Quais as origens dos alunos que frequentavam a escola normal, em termos socioeconômicos?

Resposta: Para mim era classe média baixa. Era na sua maioria balconista, domésticas, trabalhavam em lojas, era esse nível. A maioria já trabalhava, era um ou outro que ia para lá achando que ia ser mais fácil do que fazer o colegial, que não tinha o objetivo de formar para dar aula.

Pergunta nº 8: Essas pessoas que procuravam esse curso normal já trabalhavam?

Resposta: A maioria já trabalhava, era um ou outro que ia para lá achando que ia ser mais fácil do que fazer o colegial, que não tinha o objetivo de formar para dar aula.

Pergunta nº 9: Alguns dos alunos do curso normal alcançaram o magistério no âmbito da escola normal?

Resposta: Eu acredito que alcançaram sim, que concluíram o 2º grau.

Resposta: Eu acho que sim. Não acompanhei os alunos assim que terminaram o curso. Tinham alunos capacitados para isso. Alguns eu sabia que não iriam concluir. Não me recordo bem, mas tinha gente capacitada para isso. Inclusive na época eu tive alunos que já trabalhavam em escolinhas também sem a formação, mas já trabalhavam nessas escolas.

Pergunta nº 11: Para onde se direcionavam, ou seja, em quais escolas lecionavam as que se formavam?

Resposta: Eu tinha alunos que já trabalhavam em escolinhas sem a formação, escolas particulares.

Pergunta nº 12: Em termos disciplinares, isto é, em relação ao comportamento das alunas como poderiam ser definidos?

Resposta: Tinham bom comportamento. Eram alunos/as muito interessados. Apesar de chegarem no curso muito cansados do trabalho, tudo o que era proposto pelo professor eles faziam, sem queixa, sem reclamação, com interesse, buscando evoluir.

Pergunta nº 13: Havia uma efetiva demanda por uma escola normal em Uberlândia?

Resposta: Era grande a demanda, tanto de quem queria ser professor mesmo quanto daqueles que achavam que seria mais fácil que o ensino médio.

Pergunta nº 14: O poder público municipal fez gestões no sentido de apoiar as escolas anexas?

Resposta: Não tenho conhecimento a respeito disso.

Pergunta nº 15: Quais eram as necessidades estruturais dessas escolas?

Resposta: Acredito que salas adequadas, material didático adequado, professores especializados adequados para preparar os alunos/as. Tínhamos curso. Fizemos curso em Belo Horizonte pelo CEFAM.

Pergunta nº 16: Em relação a esses cursos que vocês fizeram durante as férias, eles contribuíram para a didática de vocês?

Resposta: Contribuíram sim. Sempre trabalhava em equipe. A ideia era ensinar os conteúdos mais focados na teoria, não na prática. Os conteúdos já sabíamos ao chegar lá, mas

participar dos cursos era uma garantia de continuar trabalhando na escola. Gostava muito do curso normal. Trabalhava com essa professora mais experiente, mas por alguns motivos pessoas, ela teve que ser afastada.

Pergunta nº 17: A quem eram solicitadas melhorias?

Resposta: Para a Secretaria Estadual de Educação. Eram preenchidos papéis e questionários e mandados a eles.

Pergunta nº 18: Geralmente as solicitações eram atendidas?

Resposta: Não, apenas ficavam no papel.

Pergunta nº 19: Em sua avaliação, qual o legado da escola normal à formação de professores em Uberlândia?

Resposta: Formamos profissionais bem competentes na época que trabalhamos. Conseguimos formar cidadãos questionadores, pessoas interessadas em buscar soluções e melhorias. Acredito que suprimos uma necessidade que os alunos/as tinham em melhorar em termos profissionais.

Pergunta nº 20: Em sua opinião, qual a principal diferença entre formação daquela época e a de hoje?

Resposta: naquela época instigávamos o aluno a buscar. Eles tinham que procurar soluções, dar de si para efetuar suas transformações. Tínhamos que criar neles um interesse para buscar essas coisas. Os alunos/as eram cobrados. Tinham que saber o mínimo para seguir em frente, pois trabalhar com pessoas era uma responsabilidade grande. Atualmente isso não acontece. O governo não cobra e não oferece nada. Dessa maneira, a escola ficou aquém das expectativas. Do meu ponto de vista, acredito que a maior parte da formação está só no papel, não existem atividades práticas. Atualmente, existe uma grande diferença em relação aos alunos. Eles simplesmente são colocados nas séries posteriores sem que haja uma cobrança ou avaliação. Também tem a questão da internet em que os alunos buscam apenas o que é de seu interesse e não dão a devida atenção aos conteúdos escolares que são ministrados. Não é tanto a questão da disciplina, é mais voltado para a falta de interesse dos alunos. Caso houvesse uma escola normal atualmente, creio que não seria como foi na época, mas seria melhor nessas questões.