• Nenhum resultado encontrado

MIGUEL LEITÃO é formado em Ciências da Comunicação e trabalha no

departamento de edição do programa Você na TV há 6 anos.

Durante a pesquisa de temas para trabalhar no programa, o que é que se procura essencialmente?

Cada programa tem o seu registo e por isso os temas que se procuram são aqueles que consideramos estarem dentro do registo do Você na TV. Os temas são muito

abrangentes, desde histórias de vida, a temas relacionados com a saúde, a divulgação de novos projetos…É difícil definir quais os conceitos deste programa, talvez a melhor forma seja dizer que os temas que procuramos são temas com as quais o nosso publico se possa identificar. Isto é muito subjetivo, mas os temas do Você na TV também.

Quando um jornalista tem um tema em mãos, quais as suas principais preocupações?

Primeiramente deve ser definido um objetivo e depois disso procuram-se as pessoas necessárias para concretizar o tema, sejam especialistas, como histórias de pessoas. Claro, que uma das preocupações é assegurar que as fontes querem colaborar connosco, revelando ou não a sua identidade.

Considera que o Você na TV tem conteúdos jornalísticos, fora da Crónica Criminal?

Sem dúvida que sim. A Crónica Criminal é uma rubrica na qual, todos os dias, são abordados notícias de crime, mas para além disso, pontualmente, vamos trabalhando outros assuntos importantes que acontecem no nosso país. Existem assuntos mediáticos na comunicação social, que nós, por considerarmos importantes também falamos no nosso programa, seja através de um debate, como de uma reportagem.

É possível informar e entreter sem que o conteúdo perca qualidade e credibilidade?

111 Sim, e no nosso programa temos vários exemplos isso. Não é por dinamizarmos determinados conteúdos mais ‘sérios’ que deixamos de informar o nosso público. Simplesmente pretendemos que a pessoa se informe através de exemplos concretos.

Porque é que é importante abordar temas informativos num programa de entretenimento?

Julgo que abordar conteúdos informativos no Você na TV, assim como noutros programas de entretenimento, poderá ser mais fácil do que no meio informativo porque temos mais ferramentas para captar a atenção do público. E se temos um público predisposto a assistir ao nosso programa, acreditamos que também deve ser informado, seja de temas atuais, como de temas que são intemporais.

Como surgiu o tema sobre o que as diferentes gerações têm da morte?

O tema surgiu a partir de um artigo publicado na revista Visão. Esse artigo era sobre um estudo que concluía que as pessoas deixam de ter medo da morte à medida que vão envelhecendo. Nós achámos esses dados bastante curiosos e decidimos ir à procura de pessoas que nos falassem sobre a forma como pensam nesse assunto.

No tema 'fazer as pazes com a morte' porque se optou por realizar três reportagens?

Ter vários pontos de vista é fundamental para garantir o sucesso do conteúdo. Por vezes optamos por uma ou duas reportagens com pontos de vista diferentes e em estúdio acabamos por dar outros exemplos. Neste caso optámos por recolher três exemplos (50, 60 e 70 anos) e entender os pontos de vista destas três gerações e concluímos que eram muito diferentes. O facto de ser em reportagem e não em estúdio tem uma justificação simples: uma reportagem permite ter mais tempo para conversar com o entrevistado e explorar o tema de uma forma mais profunda. Depois da entrevista e recolher os depoimentos selecionamos as respostas mais relevantes. Temos sempre em consideração se este tema vai ser analisado em estúdio ou não pois algumas destas questões são esclarecidas por um profissional e analisado como exemplo. Nestecaso em concreto, as três visões diferentes sobre a morte enriquecem o tema e ajudou a desmitificar alguns tabus sobre um tema tão delicado.

112

Porque optaram por fazer reportagens e convidar um especialista para estar em estúdio?

Optou-se por realizar três reportagens a três pessoas com idades diferentes. Ao realizar reportagem nós podemos selecionar os momentos da conversa com o entrevistado que consideramos mais relevantes. A presença dos intervenientes em estúdio iria ser menos interessante também por questões de tempo que não iria permitir alongar as quatro conversas (com as pessoas e a psicóloga). Assim, ao fazermos reportagem conseguimos fazer um conteúdo mais dinâmico dado que depois temos os comentários da psicóloga.

Qual a importância de ter uma especialista em estúdio para falar sobre o assunto?

Neste tema em específico optámos por escolher um psicólogo para falar e analisar o tema. Na maioria das vezes estes temas mais delicados carecem da presença de um profissional em estúdio para analisar o tema com maior profundidade e esclarecer o público. Por mais detalhada e completa seja a pesquisa sobre a reportagem a presença do profissional é fundamental. Até para validar a veracidade dos conteúdos que estamos a apresentar.

De que forma este conteúdo pode ter sido importante para os telespectadores?

É um tema muito delicado e por vezes até considerado um tabu para a maioria das pessoas. Estes temas despertam sempre muita curiosidade no telespectador e esse acaba sempre por ser um fator decisivo na seleção de conteúdo. Como se trata de um programa de entretenimento nem todos os conteúdos têm que ser educativos ou didáticos: um ponto de vista descontraído sobre este tema provavelmente satisfaz a curiosidade do telespectador sobre "a morte" e a análise do profissional ajuda a esclarecer eventuais dúvidas.

De que forma este tema poderá ter funcionado melhor no Você na TV do que na

reportagem de imprensa?

Cor, imagem e movimento são sempre fatores que otimizam a mensagem que pretendemos transmitir. Muitas vezes pegamos em reportagens de imprensa e trabalhamos esse mesmo conteúdo em reportagem. A "mensagem" é a mesma mas a forma e o conteúdo pode ser diferente. Na minha opinião "mais enriquecedor".

113

Considera que no Você na TV existem conteúdos jornalísticos, fora da crónica criminal?

Sim, sem dúvida. Considero o programa Você na TV como um verdadeiro navio porta- contentores, onde dentro cada contentor representam temas e subtemas que podemos explorar conteúdos jornalísticos e com um elevado nível de rigor profissional.

É um mito que não é possível fazer jornalismo dentro do entretenimento?

Sim, completamente. Um dos caminhos dos programas de entretenimento é aperfeiçoar e investir mais nos conteúdos jornalísticos com relevância para o telespectador e torná- los menos densos e mais "leves" de forma a instruir o telespectador.

É possível informar e entreter sem que o conteúdo perca a qualidade e credibilidade?

Claro que sim. Mais uma vez estamos a falar do "Mito" do entretenimento. Em todo este processo, o jornalista guia-se por regras (um código deontológico) que o obrigam, por exemplo, a verificar sempre as informações que recolhe através de várias fontes, e a ser imparcial, ou seja, a não defender um dos “lados da estória”. Para informar, de forma fundamentada e rigorosa, o jornalista tem como principal função a transformação da informação atual e com interesse para a sociedade em notícia - seja ela de carácter

informativo ou não.

Porque é que é importante abordar temas informáticos num programa de entretenimento?

Em todo o processo de realização deste género de conteúdos, o jornalista guia-se por regras (um código deontológico) nunca esquecendo que os objetivos do entretenimento são: distrair, usando a subjetividade e emoção, com ou sem humor.

114