• Nenhum resultado encontrado

Entrevista na usina B

No documento Download/Open (páginas 81-85)

3.1 CADEIAS PRODUTIVAS DO ETANOL NO ESTADO DE GOIÁS

3.1.1 Usinas Produtoras de Etanol

3.1.1.3 Entrevista na usina B

As perguntas referentes aos questionários um, dois e três (Apêndice I, II e III), foram aplicados para vários profissionais da Usina B tais como: o responsável pelo processo produtivo (gerente industrial), os gerentes das áreas agrícola e comercial, os responsáveis pelo fluxo de produção e os conhecedores do processo produtivo.

Os resultados obtidos em algumas questões, apresentaram divergências no que diz respeito às restrições, como por exemplo o gerente industrial, informou que a restrição estava na capacidade de moagem, enquanto que o gerente agrícola afirmou que estava nos fatores climáticos, sustentando que o clima poderia complicar a colheita da cana e impactar no fluxo de produção por restringir o fluxo de chegada de matéria- prima.

O corte de cana-de-açúcar e os fatores climáticos foram os principais pontos, segundo os entrevistados, que comprometiam a harmonia do sistema produtivo da Usina B, podendo originar uma restrição.

Os fatores climáticos contribuíam como um fator restritivo, em função de períodos chuvosos, que interferiam diretamente no corte da matéria-prima, carregamento e principalmente no transporte. Segundo o gerente agrícola, nos dias chuvosos era necessário reprogramar todo o fluxo produtivo, até que a estiagem retornasse.

O gerente comercial citou que a restrição encontrava-se no preço de comercialização, pois se as negociações fossem satisfatórias a empresa aumentaria também o seu ganho, e consequentemente sua lucratividade, investindo mais na

manutenção e aumento de seus canaviais e no aumento da capacidade de moagem. Nas demais questões respondidas pelo entrevistado, houve bastante convergência nos pontos de vistas apresentados.

O clima e o preço de comercialização citados como restrições, representavam incertezas, que podiam impactar o fluxo de produção. Mas no sentido técnico da Teoria das Restrições a capacidade de moagem é que representava a restrição. Portanto, o elo que definia o fluxo de produção é a moagem.

Outro fator que interferia na SC do etanol da Usina B era a política administrativa da empresa, que definia a capacidade produtiva da indústria e os investimentos em aumento e conservação dos canaviais, limitando assim a SC em ter melhores desempenhos e ganhos financeiros.

Segundo o entrevistado, eram feitas estimativas de corte e moagem e era a partir da moagem que se definia quanto o sistema produtivo deveria cortar e transportar. Diariamente, as gerências responsáveis pelas áreas agrícola e industrial reuniam-se para conferir se o volume programado de produção poderia ser cumprido. Caso contrário, o programa de produção era imediatamente modificado e as alterações eram repassadas aos setores de corte de cana-de-açúcar, transporte, moagem, destilação e comercial.

Através das entrevistas foram identificados os elos da cadeia de produção do etanol da Usina B. Na figura 20 está representado a CP interna do etanol nesta usina, apresentando uma visão que considera a produção de cana-de-açúcar até a obtenção do etanol:

FIGURA 20 – MAPEAMENTO DE CADEIA INTERNA DE SUPRIMENTO DO ETANOL NA USINA B Fonte: Entrevista realizada com um colaborador da Usina B

A produção da cana-de-açúcar para o consumo da Usina B era realizada totalmente pela empresa, sendo em alguns casos produzidos por terceiros. A operação de corte podia ser manual ou mecanizada e também era realizado integralmente pela empresa.

O carregamento era realizado por funcionários e maquinários próprios da Usina B, mas o transporte de matéria-prima era totalmente terceirizado, embora controlado pela usina. Era feito contrato de prestação de serviço para o transporte da cana-de- açúcar, entre a usina e o proprietário do caminhão, sendo que o preço era negociado em toneladas de cana transportada.

A cana-de-açúcar usada como matéria-prima era estocada em depósito próximo às instalações da indústria ou na área de canavial, de acordo com a necessidade, influenciando diretamente na produção, ou seja na eficiência industrial, devido ao impacto exercido pela forma de armazenamento, queda da ATR e consequentemente, baixa qualidade da matéria-prima.

A comercialização do etanol era realizada com distribuidoras goianas através de canal direto e eventualmente, com distribuidoras de outros estados, devido à facilidade e

ao favorecimento logístico. O preço era ditado pelo mercado, tendo como referência os valores divulgados pela UNICA e CEPEA.

O transporte do etanol da Usina B era de responsabilidade da distribuidora e a comercialização era realizada em função das vendas concretizadas em decorrência de melhores preços e facilidades de negociação.

Os processos de produção eram monitorados e os controles gerenciados através de informações obtidas de um sistema de informação de dados, onde eram lançados em tempo real os dados de entrada de cana na balança, moagem, análise da cana, produção e controle da produção de etanol, dentre outros.

Estes dados permitiam tomada de decisão imediata e eram subsídios utilizados para nova programação da produção, orientando o responsável pela comercialização sobre as novas estratégias a serem seguidas.

A Usina B produzia toda sua cana-de-açúcar, mas em alguns casos dependia da oferta e disponibilidade da matéria-prima de terceiros. Seus canaviais estavam plantados em terras arrendadas, em aproximadamente 30 propriedades rurais.

Os contratos eram firmados com os arrendatários, sendo que o descumprimento destes, poderia ser o motivo para o encerramento e devolução das terras. No caso em questão, entre a usina e o arrendatário existia relação de parcerias, favorecendo o entendimento.

Entre o gerente industrial e o agrícola entrevistados, podia-se perceber uma visão única quanto à restrição uma vez que, ambos concordavam que estava na capacidade de moagem, pois todos os outros processos de corte de cana-de-açúcar, transporte, destilação, estocagem de etanol e comercialização, conseguiam acompanhar a demanda produtiva.

Identificação da restrição

Ao longo da pesquisa na Usina B, nas visitas e nas entrevistas, verificou-se a dinâmica e a complexidade da produção interna do etanol e foi possível perceber a dificuldade dos entrevistados em vislumbrar a SC como um todo e não como elos isolados.

Foram identificados alguns fatores que interferiam no fluxo produtivo, sendo estes no corte da cana-de-açúcar, na capacidade de moagem e fatores climáticos, confirmando assim as incertezas existentes nesta SC.

O fator restritivo no corte estava relacionado à mão-de-obra, ou seja na escassez de cortadores de cana-de-açúcar na região, tendo que recorrer a outras regiões na tentativa de suprir esta necessidade.

A operação de corte de cana-de-açúcar contemplava, além do processo manual, o corte mecanizado. A operação de corte realizada por máquinas era influenciada pela dificuldade de trabalho com relação às colhedoras de cana-de-açúcar, no que se referia a quebras e manutenções, interferindo diretamente na quantidade de cana que era entregue à usina para ser processada.

O fator capacidade de moagem referia-se à quantidade de matéria-prima processada, ou seja, a moagem não conseguia atender a demanda de cana-de-açúcar entregue na indústria. Para tanto, a empresa necessitava investir em aquisições de mais equipamentos de extração, aumentando a capacidade de produção diária do processo.

No documento Download/Open (páginas 81-85)