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186 ENTREVISTA D2

Or - Em primeiro lugar, quero-te agradecer a tua disponibilidade, ou seja, é sempre importante, mesmo que não consiga finalizar o mestrado. Tenho até Janeiro para acabar. Depois daqui a um ano, depois dou os resultados. Qual a sua idade?

Ent – 35 anos.

Or - Ora as habilitações, eu já sei, uma licenciatura em Matemática e Ciências da Natureza e há quanto tempo é que lecciona?

Ent - Há onze anos.

Or - Onze anos de tempo de serviço. Tens mais alguma formação? Ent – Não.

Or – Agora, em relação há turma, caracterização da turma, em geral?

Ent – A turma ah, o facto de ser numerosa não ajuda, porque de uma maneira geral à excepção de poucos alunos, a turma é muito agitada, muito infantil, ah, ah, pouco empenhada e, mas por outro lado é uma turma que precisa de tar sempre em movimento, não pode haver momento de pausa, momentos mortos, não pode haver pausas, que eles aproveitam logo, para brincar, conversar, destabilizar e depois é difícil de retomar o ritmo. Em termos de aproveitamento, não é uma turma brilhante, é razoável.

Or – Achas que o comportamento deles influência o seu aproveitamento?

Ent - Influência poderiam ser melhores têm capacidades pra mais mas o comportamento destabiliza.

Or - Há algum caso específico na turma que queiras referir? Algum aluno, em especial? Ent – Em termos de comportamento?! Por vários motivos, há dois alunos a destacar, que é o B1 e o B2. Alunos repetentes, problemas sociais de alguma relevância, sociais e pessoais.

Or – Por acaso, não sabes quais são?

Ent - Sei, mas acho que não posso dizer, sobretudo em relação a um deles. Or - Tá bem.

Ent - Acho que não pudemos dizer. Or – Foi pedido em conselho de turma?

Ent - Sim. E provavelmente são esses problemas que originam as atitudes dos alunos. Or - Qual é a tua opinião em respeito a esta temática transporte dos nutrientes e oxigénio até as células?

187 Ent - Qual a minha opinião em relação ao tema?

Or – Opinião geral.

Ent - Acho que é um tema um pouco mais complexo que os outros deste ano de escolaridade, mais vasto, com muitos termos, muitos conceitos novos, mas ao mesmo tempo pode ser mais interessante pra alguns alunos. Aqueles que já dizem não gostar da disciplina é indiferente. Tanto faz. É, é como tudo pra outros será mais interessante. Mas acho que é, é, o sistema com mais dificuldades para eles.

Or - Que eles sentem mais dificuldades, não é?!

Ent - É necessário estudar muito. Depois das fichas de avaliação vê-se que é muito, muito condensado, muita matéria, se não estudam esquecessem metade dos termos, sobretudo legendas, coisas desse género.

Or - Baralham-se.

Ent – Por exemplo, a circulação sanguínea a grande e a pequena costuma ser muito complicado. Explicar e perceberam como é que funcionam, pra alguns, ainda são muito imaturos é muito abstracto, não percebem.

Or - E o livro. O que achas do livro?

Ent - O, o manual eu não conhecia quer dizer ainda não tinha trabalhando com esse manual de uma maneira geral até parece bom. É claro que não acho bom em todas as matérias.

Or - E nesta específica?

Ent - Nesta em particular há um equilíbrio entre imagens reais e os desenhos, as imagens reais são sempre preferíveis aos desenhos, Ah … eu acho que em relação a este tema, o livro não é muito específico, não apresenta toda a informação. Eu na minha opinião pessoal, que considero que deveria ter, por exemplo, em relação a circulação sanguínea, não me parece muito completo, ah, é isso eu não me identifiquei neste tema, neste tema não me identifiquei por completo com o manual.

Or - E como contorna essa situação?

Ent - Tento preparar as aulas com outras informações que não estão no manual. Or - E o caderno de actividades, como o utilizas?

Ent - Eu uso mais o caderno de actividades como preparação para as fichas de avaliação, como trabalho de casa também. Mas, normalmente trabalho de casa semanal uso o manual.

188 Ent - Sim. E, e na preparação para as fichas uso o caderno de actividades e, às vezes, no fim de semana o trabalho de casa pode ser maior também o caderno de actividades. Or - Em relação a anos anteriores, onde tu achas que os alunos revelam mais dificuldades?

Ent - Comparado diversos alunos de anos anteriores? Or - Sim. Que te lembres?

Ent - Em relação a este tema?

Or - Em relação a este tema quais são as grandes confusões que eles fazem?

Ent - Ah, por exemplo fazem muita confusão em relação ao coração com o lado esquerdo e o lado direito, que é importante, com os ventrículos e as aurículas. Portanto, eles estão a visualizar, algo que estou a mostrar, uma imagem que aqui é o lado esquerdo para eles visualmente é o lado direito e então baralham-se muito, não consegue abstrair-se da posição, não conseguem imaginar o coração dentro do corpo humano, pensar dessa forma.

Or - Qual a sua ideia acerca da constituição interna do coração?

Ent - O coração é uma imagem mítica em relação ao amor, que tem aquele formato habitual que se costuma desenhar e pronto ficam por ali.

Or - E em relação a circulação do sangue, no corpo humano?

Ent - Veias, para tudo é veias. O sangue anda em veias e pronto, ponto final, parágrafo. É por isso que acho que é importante, eles verem imagens reais, visualizarem e perder um bocadinho os bonequinhos, aquelas imagens muito infantis, observarem ah, o real, para começarem a ter uma ideia mais verdadeira não só do coração mas do resto, acho que é importante. Que é uma das falhas deles, de uma geral, eles ainda não têm, ainda, muito poder de abstracção. Seja qual for o sistema que estivermos a estudar parece que não conseguem visualizar, abstrair, porque são coisas que estão no interior do organismo, não são visíveis, portanto, ainda é como se não existissem, depois depende da maturidade de cada aluno.

Or - E para quebrar essa falha tu normalmente recorres a quê?

Ent – Por exemplo para introduzir o tema este ano, utilizei filmes com imagens nem todas são reais sempre mas…

Or – Recorres aos filmes.

Ent - Filmes que mostrem, questões do dia-a-dia fazer análises, tirar sangue, observações microscópicas, ah, coisas reais.

189 Ent - Os filmes pequenos. Eles não têm muito poder de concentração. E mesmo o que me parece pequeno 6 a 8 minutos, a dada altura, parece que é os dois primeiros minutos para alguns miúdos e depois começam a mexer-se muito na cadeira.

Or - Que outro tipo de estratégias, costumas utilizar para além dos filmes? Ent - Nesta matéria?

Or - Sim.

Ent - Então, ah, as observações microscópicas, pois preparações microscópicas, faço fichas informativas com resumos sintetizados do que eu acho mais importante que eles devem saber, colam no caderno, legenda do coração, por exemplo, ah, ah, ah, a questão da observação dos órgãos in loco, abrir o coração e isso confesso que evito um bocadinho porque, tenho, sou um bocadinho fraca, suportar…por exemplo, quando foi, agora, o sistema respiratório do peixe, o sistema respiratório do peixe, eu comentei isso com os miúdos e eles não se mostraram muito receptivos, ou porque lhe mete nojo, e em relação ao sangue e ao coração também lhe faz um bocadinho de confusão, e a professora confessa que também, não lida muito bem com o sangue.

Or - Analogias, costumas utilizar?

Ent – Sim, lá está, precisamente por eles não terem grande poder de abstracção, se fizermos alguma comparação, com, com coisas do dia-a-dia que eles conhecem, às vezes, parece-me que resulta melhor. Eles compararem, talvez, não fiquem com a ideia real, não estão a ver dentro do organismo deles, mas pelo menos entendem o conceito. Or – De momento é tudo, muito obrigada pelo tempo cedido.

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