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CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO

3.5 Análises das entrevistas (alunos e professora regente)

3.5.2 Entrevista com a professora regente

PP: 1)Bem, o que você achou da proposta das aulas de intervenção que trabalhou os elementos estéticos da cultura brasileira?

PR: Muito interessante, achei que... Pode ser desenvolvido um bom trabalho, é ... É ... Dá para explorar muita coisa, a parte de vocabulário, a parte de conhecimento da própria cultura, é... A forma como os alunos puderam desenvolver, a competência lingüística deles a partir disso, foi bem interessante.

PP: 2) E você acha viável essa proposta? Ela pode ser adaptada para as aulas de Português como Segunda Língua ou Língua Estrangeira?

PR: Exatamente. PP: Hum.

PR: Ela sendo adaptada, acho que vai funcionar muito bem. PP: Humhum.

PR: É... Eu acredito que um trabalho... É... Solto, não, não funcione, a não ser que seja um trabalho paralelo, e com uma proposta diferente.

PP: Humhum.

PR: Agora quando você começa a trabalhar a parte de gramática, é... Do... De um conteúdo proposto, você tende a adaptar isso, porque os alunos pedem isso, né?

PP: Humhum.

PR: Eu acho um trabalho maravilhoso, acho que pode ser desenvolvido, mas acho que eles valorizam mais quando é associado à parte do conteúdo mesmo, que é nisso que eles se apegam, mas dá para desenvolver um trabalho muito bom, a partir disso.

PP: 3)E o que você acha que poderia, quer dizer, o que mais você acha que poderia ser trabalhado?

PR: É isso o que eu falei, né? ... Poderia é... É associar ao conteúdo, trabalhar elementos, mas... Eu gostei muito da parte da música, do filme, do texto...

PR: ... É a gente poderia também pegar outros, outras... Outros elementos culturais próximos daqueles que você trabalhou, de lugares próximos daquele, é... Quando dessem textos falassem de outros textos, de outros autores, quando é... Quando falasse do filme, falasse de outros personagens de outros filmes para estimular o aluno mesmo a busca, não ficar só naquilo...

PP: Humhum.

PR: Quando você fala um pouco a partir daquilo você desenvolve outras idéias, outros trabalhos... É... O aluno tem mais... Tem um interesse a mais pra... Pra procurar, pra ver essa outra parte também.

PP: 4)E na sua opinião qual foi a recepção dos alunos a essa proposta?

PR: Foi boa, foi, foi significativa. Eu achei... Só que eles acharam tudo muito novo e diferente, às vezes eles se sentiram um pouco é... Fora, um peixe fora d’água, né? Mas, isso inicialmente, no início de cada proposta, depois eles desenvolveram bem e a receptividade foi boa.

PP: 5)E as atividades, o que você achou das atividades?

PR: Interessantes, é... Eu só acrescentaria a parte de, de... Do trabalho comunicativo mesmo na parte oral, né?

PP: Humhum.

PR: Acho que, por exemplo, no filme poderia ter havido uma discussão sobre o filme, até mesmo em partes do filme, é... É... Sobre vocabulário, sobre algumas situações, sobre algumas cenas, comparar essas cenas à situação do povo do nordeste, o povo brasileiro, como é a cultura, como as pessoas vivem, o porquê de determinada ações, né?

PP: Humhum.

PR: A própria crítica do filme, isso, acho que poderia ter havido um debate, uma discussão sobre isso, é... É... Entre outras propostas também. Agora a parte das atividades, né, escritas e tal, eu achei muito interessante.

PP: 6)E agora, justamente, fique livre para expressar opiniões e observações. Tem alguma que você queira fazer?

PR: Acho que já falei bastante. Né? ((risos)) PP: Não, pode continuar. ((risos))

PP: Hum.

PR: Eu sempre gostei, sempre fiz um trabalho parecido, só que adaptado, né? PP: Humhum.

PR: Eu nunca pensei em pegar, por exemplo, um tema e a partir dele desenvolver o filme, a música, a pintura, né, a arte, o poema e tal. E essa idéia eu achei bem interessante...

PP: Humhum.

PR: Porque você pega vários elementos a partir de um único tema. PP: Humhum.

PR: E acho que a gente pode fazer isso a todo tempo, justamente no nível didático, porque os nossos livros didáticos não trazem isso dessa forma, né?

PP: Humhum.

PR: Ou às vezes é um texto, às vezes é uma coisa jogada, e pra gente aprofundar, pra que se tenham esses elemen... Pra que tenha esses elementos culturais nas aulas a gente precisa, realmente, trazer, e quando a gente tiver um trabalho assim, que é elaborado, que você viu elementos que é... Que tinham relação entre eles, fica um trabalho mais ligado, mais rico, aí você pode ter um resultado melhor.

PP: Humhum.

PR: Se a gente conseguir adaptar isso a um determinado nível como, como um elemento a mais, uma atividade a mais, um material de apoio de repente, acho que pode enriquecer muito o ensino de língua, de Português como Segunda Língua.

PP: Pois é, a idéia é essa mesmo. Porque...

PR: Porque ...É... É... Eu acho... Eu acho que essa parte de material é fraca ainda no nosso...

PP: Humhum.

PR: Ensino de língua... né?

PP: Pois é, a idéia que eu tinha é isso mesmo, é de ver essa viabilidade, de justamente, a partir da minha proposta não ser algo fechado, mas que a partir daí despertasse...

PP: Entendeu? Nos professores em geral, e se realmente ela é adaptável... PR: Super, super, eu achei riquíssima, e realmente a gente precisa adaptar, né? PP: Isso.

PR: Fazer mudanças... PP: Contexto.

PR: De acordo com curso e tal, mas a idéia, a proposta eu achei muito legal, muito boa, e necessária.

PP: Humhum.

PR: Não só boa, mas necessária, porque enriquece muito. E a gente trabalha, por exemplo, você trabalhou com vocabulários, que em sala... Em contexto de sala, normalmente, a gente não trabalharia...

PP: Humhum. PR: Né? PP: Certo.

PR: Então, a não ser que alguém viesse com uma idéia e tal, a gente, dificilmente, trabalharia esse vocabulário específico. Que a partir desse material que você trouxe a gente pôde, a gente pôde trabalhar essa questão vocabular.

PP: Humhum. Ok. Muito obrigada!

Coloquei a transcrição da entrevista da professora regente na íntegra porque achei que todas as observações feitas por ela foram muito pertinentes e também para saber da opinião de quem acompanhou todo o processo, mas teve um distanciamento, um olhar de fora. Em relação a receptividades dos alunos e das atividades eu destaco esse trecho para corroborar a boa receptividade que os alunos tiveram a proposta.

PP: Certo. E na sua opinião, qual foi a recepção dos alunos a essa proposta?

PR: Foi boa, foi significativa, eu achei... Só que eles acharam tudo muito novo e diferente, às vezes eles se sentiram um pouco é... Fora, um peixe fora d’água, né? Mas, isso inicialmente, no início de cada proposta, depois eles desenvolveram bem e a receptividade foi boa.

PR: Interessantes, é... Eu só acrescentaria a parte de, de... Do trabalho comunicativo mesmo na parte oral, né?

PP: Humhum.

PR: Acho que, por exemplo, no filme poderia ter havido uma discussão sobre o filme, até mesmo em partes do filme, é... É... Sobre vocabulário, sobre algumas situações, sobre algumas cenas, comparar essas cenas a situação do povo do nordeste, o povo brasileiro, como é a cultura, como as pessoas vivem, o porquê de determinada ações, né?

PP: Humhum.

PR: A própria crítica do filme, isso, acho que poderia ter havido um debate, uma discussão sobre isso, é... É... Entre outras propostas também. Agora a parte das atividades, né, escritas e tal, eu achei muito interessante.

A entrevista da professora regente, além de confirmar que os alunos tiveram uma boa receptividade à proposta apresentada, traz ainda outros elementos importantes no que se refere à temática. Foi confirmada a informação de R. Moura (2005) de que os livros didáticos são fracos quanto à apresentação de aspectos estéticos e culturais. Isso destaca a importância da incorporação dos elementos culturais nas propostas pedagógicas dos cursos de Português como língua estrangeira. Vale ainda destacar a novidade que foi para a professora ver um único tema gerador desencadear várias atividades. Essa novidade apresentada pela proposta, que foi pensada e colocada em prática por Paulo Freire, e, também, proposta por Almeida Filho (2005) que preconiza a importância das aulas temáticas no contexto de aprendizagem de idiomas. Para Almeida Filho (2005) ao propor e integrar temas que estão sendo vividos e experienciados pelos alunos, esses se tornam sujeitos ativos do processo de ensino- aprendizagem. A introdução de elementos novos deve ser planejada e integrar os objetivos previstos pela proposta pedagógica. Sem essa articulação, os esforços de mudança podem ser vãos. Diante dessa situação se destaca a importância de se planejar mudanças na formação dos professores de Português como Segunda Língua que incluam a aprendizagem de elementos estéticos e culturais, que devem ser tidos como fortes aliados no ensino de línguas.

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