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Entrevista Radiofónica

Capítulo 3. A Entrevista como Género Jornalístico

3.2. A Entrevista

3.2.3. Entrevista Radiofónica

A rádio é um veículo de comunicação com grande abrangência e desempenha um papal fundamental na vida do indivíduo.

Transformar a entrevista numa conversa com o ouvinte elevando o nível do que poderia ser um simples diálogo com o jornalista, é o grande desafio dos jornalistas de rádio. Para que a entrevista soe com esta naturalidade é necessário sobrepor informações e afirmações às declarações do entrevistado. Desta forma ele sentirá a necessidade de explicar e defender com mais rigor os seus pontos de vista (Raimundo,2005).

A rádio enquanto meio de comunicação tem uma relação privilegiada com o interlocutor e com o público, não apenas pela facilidade na linguagem, como também na interação com a sociedade. Assim, para que a comunicação se torne mais fluída e interpretativa é necessário que os interlocutores consigam transmitir as suas ideias e pensamentos de forma clara.

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Para Bahia (2005) a entrevista em rádio não difere tanto da entrevista em outros meios de comunicação. Contudo, neste meio o repórter deve considerar certas particularidades como:

a) Não fazer perguntas longas, associando a objetividade e a concisão; b) Ser o mais breve possível para aproveitar melhor o tempo disponibilizado; c) Transmitir ao entrevistado e ao público segurança nas questões apresentadas; d) Ser espontâneo, firme e autêntico.

Associadas a estas técnicas, Niceto (1994) e Barbeiro & Lima (2001), citados por Raimundo (2005, pp. 111-113) descrevem oito pontos que permitem fixar regras para o sucesso de uma entrevista de rádio:

1. O jornalista deve conter a sua vaidade e saber que o entrevistado é que deve merecer destaque;

2. Ter conhecimentos suficientes do tema da entrevista; 3. Evitar pergunta que não tenha interesse público;

4. Ser amável e, ao mesmo tempo estar distante do interlocutor para evitar a atitude agressiva ou excesso de elogios.

5. Saber ouvir para saber entrevistar;

6. A escolha do ambiente para entrevista é fundamental, pois, traz originalidade à conversa, e o entrevistado fica tranquilo para prestar informações;

7. Ajudar com delicadeza e agilidade o entrevistado a encontrar a forma adequada de exprimir as suas ideias pode transmite-lhe segurança e confiança;

8. Conhecer a biografia e repetir o nome do entrevistado, fará este sentir-se respeitado, confortável e descontraído.

Segundo Barbeiro & Lima (2001) a entrevista em rádio tem um poder de transmitir emoção tanto do entrevistado como do entrevistador. Boas entrevistas revelam conhecimento, esclarecem fatos e marcam opiniões.

Os autores acrescentam alguns aspetos a ter em conta para o sucesso de uma entrevista de rádio:

a) A entrevista deve ter princípio e fim;

b) A pergunta deve ser clara para que o ouvinte entenda o assunto. Alguns entrevistadores argumentam demais, ao ponto de responderem às próprias perguntas, e outros fazem perguntas demasiado curtas, ao ponto do ouvinte não perceber a questão;

c) Em rádio é necessário que o jornalista informe regularmente o nome e a função do entrevistado;

d) As perguntas não devem ser óbvias, como, por exemplo: “como se sente depois da morte de um filho?”;

e) É necessária uma cautela redobrada nas entrevistas em direto. As falhas não podem ser editadas;

f) Não se deixar distrair com outras pessoas que estejam no estúdio ou no local da entrevista;

g) O entrevistado não deve ser enganado sobre o tema da entrevista;

h) O jornalista deve saber que o entrevistado tem o direito de não responder a determinadas perguntas;

i) Não se podem aceitar perguntas previamente apresentadas pelo entrevistado;

j) O jornalista tem o dever ético de falar a verdade por isso deve recusar mostrar a entrevista antes de esta ir para o ar, uma vez que é expressão da verdade;

k) Olhar nos olhos do entrevistado é uma forma de fazer a leitura do semblante das pessoas.

31 O êxito de uma entrevista radiofónica depende sempre mais da planificação que antecede a gravação, do que da entrevista propriamente dita. O simples fato das perguntas não serem escritas, mas apenas elencadas por tópicos encurta a perigosamente a distância entre o êxito e o fracasso. A prevenção dos riscos não passa por escrever as perguntas, mas por estudar bem as temáticas. Se as perguntas forem escritas, a sua leitura será imediatamente percebida pelo ouvinte, fazendo com que tudo soe falso. O elemento essencial da planificação é o tempo de duração da conversa, que tem de ser previamente acordado, para equilibrar os assuntos e a extensão das perguntas e das respostas. Raimundo (2005. pp. 110,113)

Em todos os géneros jornalísticos a entrevista é o que mais se destaca em rádio. A entrevista em rádio assume um elevado grau de autenticidade associando o ambiente sonoro que substitui a imagem e o texto (Raimundo, 2005).

Menezes (2003) tipifica quatro regras para as entrevistas radiofónicas:

1. Em função do tamanho ou da ambição: Uma entrevista de três ou quatro minutos permite no máximo três a quadro perguntas, portanto, exige uma boa preparação. Já uma entrevista de 20 a 30 minutos implica uma seleção abrangente de perguntas, uma gestão racional de tempo;

2. Em função de ser gravada ou em direto: sendo gravada o jornalista tem a possibilidade de editar do que lhe parecer mais importante. Contudo, a entrevista em direto é, por regra, mais emocionante para o ouvinte, embora a gravação permita desenvolver mais os temas e obter mais informações;

3. Em função de ser presencial ou por telefone: numa entrevista telefónica o jornalista limita-se às repostas. A entrevista presencial é mais exigente para o jornalista e consequentemente pode tornar-se mais recompensadora;

4. Em função do formato: o mais importante é que se mantenha a coerência do discurso a ser apresentado em diferentes formatos. A entrevista é considerada como a essência do jornalismo e pode defender-se que é um género mais importante na rádio do que em outros meios de comunicação. (Menezes, 2003)

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