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O roteiro de entrevistas, apresentado no apêndice A, foi iluminado pelo referencial que deu suporte teórico ao estudo e pelos dados obtidos, por meio da observação participante e por meio do acesso a documentos internos. Sua validação ocorreu em dois momentos: em primeiro lugar o roteiro foi avaliado e validado pela Professora orientadora da pesquisa e, num segundo momento, foram realizadas cinco entrevistas piloto com objetivo de testar o conteúdo das questões propostas.

A estrutura das entrevistas foi semiaberta, o que permitiu à pesquisadora, em alguns momentos, modificar, incluir ou excluir uma questão durante o processo da entrevista (VERGARA, 2009). Na verdade, a condução da entrevista, ou seja, a formulação das perguntas dependeu da dinâmica relacional que se instaurou entre a pesquisadora e o entrevistado. Em alguns momentos, dependendo de como a entrevista se desenrolava, foi necessário reforçar uma questão já feita anteriormente. Por outro lado, houve situações em que suprimiu-se uma pergunta tendo em vista que a resposta esperada já havia sido contemplada na resposta dada à uma questão anterior.

O roteiro das entrevistas piloto, apresentado no apêndice A, mostrou-se alinhado aos objetivos propostos, mas o resultado suscitou, conforme recomenda Strati (2007), a inclusão de questões explícitas acerca dos juízos estéticos, conforme apresentado no apêndice B. Assim, após a inclusão das sete novas questões foram realizadas 57 entrevistas com os servidores. Neste ponto cabe observar que, inicialmente, não se sabia o número de entrevistas que seriam realizadas, ou seja, o número de 57 entrevistas não foi definido a priori; as entrevistas cessaram quando houve o esgotamento do campo.

As entrevistas foram realizadas com servidores ativos, ocupantes de cargos comissionados ou não, em todos os níveis hierárquicos, pertencentes às áreas apresentadas. Todas as entrevistas foram realizadas em clima amistoso e não houve dificuldade em obter a autorização para que elas fossem gravadas. Mesmo quem não conhecia a pesquisadora não se importou com a gravação. Tal fato foi mais evidenciado

com os funcionários mais antigos, ou seja, quando era explicado que ninguém seria identificado e que para facilitar o trabalho as entrevistas seriam gravadas, era comum ouvir frases como a pronunciada por E5 “Não tenho problema algum com a gravação. Nessa altura do campeonato eu posso falar tudo”.

Entretanto, mesmo com a devida autorização para a gravação, houve momentos em que após o gravador ser desligado, o entrevistado pareceu ficar mais desinibido e acrescentou algumas informações. Nos casos em que isso ocorreu, a pesquisadora lançou mão do seu caderno de campo e fez os devidos registros.

Posteriormente as entrevistas foram transcritas e editadas pela própria pesquisadora, para a análise. Nesse sentido, Strati (2007) ressalta que o pesquisador é capturado pelos dados e os interpreta em diversas fases: primeiramente ouve o discurso no momento da entrevista, em seguida o discurso é ouvido para a transcrição e finalmente faz-se o processo de edição no qual se acrescentam vírgulas, travessões e pontos finais.

Quanto ao local, horário e duração, ocorreu o seguinte:

 apenas quatro entrevistas não foram realizadas nas instalações da organização estudada;

 53 entrevistas foram realizadas no horário do expediente e quatro foram realizadas após o expediente;

 a duração das entrevistas foi variável – a mais curta durou 25 minutos e a mais longa duas horas e 15 minutos. O tempo médio das entrevistas foi 55 minutos.

Em um primeiro momento a etapa das entrevistas suscitou dúvidas, curiosidades e receio em alguns entrevistados. Afinal, alguns deles conheciam a pesquisadora apenas em seu papel de servidora e gestora da organização pesquisada. A pesquisadora foi informada por alguns amigos que alguns entrevistados antes da hora marcada para a entrevista, sondavam com outros servidores, que já haviam sido entrevistados, quais perguntas eram feitas e porque eram feitas.

Cada entrevista foi iniciada com uma explicação a respeito do objeto de estudo da investigação e a garantia do anonimato a cada um dos servidores participantes da pesquisa. Os 57 servidores entrevistados foram nomeados por E1, E2..E57 consecutivamente, como se pode ver no Quadro 1, a seguir:

Quadro 1 - Dados categóricos

Nome Gênero Idade Tempo IBGE Nível Funcional Gestor Origem

E1 F 43 9 Superior Não Setor Privado

E2 M 55 33 Superior Não 1º emprego

E3 F 45 10 Superior Sim Setor Privado

E4 M 57 36 Médio Sim 1º emprego

E5 F 58 33 Superior Sim 1º emprego

E6 F 55 31 Superior Sim 1º emprego

E7 F 56 34 Médio Não 1º emprego

E8 M 57 36 Médio Não Setor Privado

E9 M 32 7 Superior Não Setor Privado

E10 M 54 10 Superior Não Setor Privado

E11 M 60 39 Superior Não 1º emprego

E12 F 35 9 Superior Não 1º emprego

E13 F 55 33 Médio Não 1º emprego

E14 M 54 35 Superior Sim 1º emprego

E15 F 60 30 Superior Sim Setor Privado

E16 F 37 17 Superior Sim 1º emprego

E17 M 58 32 Superior Sim 1º emprego

E18 F 52 34 Médio Não 1º emprego

E19 M 36 7 Superior Sim Setor Privado

E20 F 56 30 Médio Não 1º emprego

E21 M 58 36 Superior Não 1º emprego

E22 F 50 9 Superior Sim Setor Privado

E23 F 39 9 Superior Não Setor Privado

E24 M 53 31 Médio Não 1º emprego

E25 M 42 7 Superior Não Setor Privado

E26 M 38 7 Superior Não Setor Privado

E27 F 58 34 Superior Não 1º emprego

E28 F 49 9 Superior Não Setor Privado

E30 F 40 10 Superior Não Setor Privado

E31 F 51 31 Médio Não 1º emprego

E32 F 51 31 Médio Não 1º emprego

E33 M 37 10 Superior Não Setor Privado

E34 F 51 30 Superior Sim 1º emprego

E35 M 61 41 Superior Sim 1º emprego

E36 F 55 31 Médio Não Setor Privado

E37 F 34 10 Superior Não Setor Privado

E38 F 52 30 Médio Não 1º emprego

E39 M 52 31 Médio Não 1º emprego

E40 F 58 39 Médio Não 1º emprego

E41 F 53 31 Médio Não Setor Privado

E42 M 54 33 Médio Não Setor Privado

E43 M 36 10 Superior Sim 1º emprego

E44 F 60 30 Médio Não 1º emprego

E45 M 33 7 Superior Não 1º emprego

E46 M 55 35 Médio Não Setor Privado

E47 F 41 10 Superior Não Setor Privado

E48 F 32 7 Superior Não Setor Privado

E49 M 40 7 Superior Não Setor Privado

E50 M 61 36 Superior Sim Setor Privado

E 51 F 53 31 Superior Sim 1º emprego

E 52 M 57 33 Superior Não Setor Privado

E 53 F 54 32 Superior Sim 1º emprego

E 54 F 43 10 Superior Não Setor Privado

E 55 F 41 9 Superior Sim Setor Privado

E 56 F 53 31 Médio Não 1º emprego

E57 M 55 33 Médio Não 1º emprego

Observa-se que era importante conhecer a origem profissional do servidor para entender o porquê da escolha por uma empresa pública e, em especial, pelo IBGE. Assim, o servidor era questionado se sua origem profissional era:

1. setor público

2. setor privado (também utilizado para casos no qual o servidor tivesse sido empresário ou autônomo)

3. IBGE como primeiro emprego

Entretanto, após a análise dos dados categóricos considerou-se apenas dois tipos de origem profissional: 1. setor privado e 2. IBGE como primeiro emprego. A exclusão da opção setor público ocorreu tendo em vista que o número de servidores entrevistados oriundos do setor público, na amostra desse estudo, não foi significativo, e os poucos que já haviam tido alguma experiência no setor público, também já haviam trabalhado na iniciativa privada.

Quando as entrevistas foram realizadas com servidores que já conheciam a pesquisadora o acesso inicial foi mais fácil, por outro lado, era comum a pesquisadora ouvir como resposta: “você sabe o que eu penso! Preciso te responder? Você conhece essa casa tão

bem quanto eu”. Nessas horas, a pesquisadora precisou demonstrar imparcialidade e

provocá-los para que lhe respondessem.

Sabe-se que dentre as inúmeras vantagens encontradas na utilização de entrevista em pesquisa social, o que levou a escolhê-la foi o fato de oferecer maior flexibilidade e, por conseguinte, maior esclarecimento de alguns pontos (GIL, 1987; MORSE, 1994; VERGARA, 2009). Era preciso captar os juízos estéticos atribuídos pelos entrevistados às mudanças ocorridas na organização sob estudo. Vergara (2009:5), advoga que entrevistas são “iluminadoras de observações participantes”.

Com o objetivo de obter o arcabouço analítico necessário para o desenvolvimento desse estudo, os dados também foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica em fontes acessíveis ao público em geral, e por meio de pesquisa documental, visto que foram consultados documentos internos e não disponíveis ao público, como informativos, portarias e regimentos internos relacionados às políticas de gestão implementadas no IBGE nas últimas décadas.

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