• Nenhum resultado encontrado

2. Metodologia

2.4. As técnicas para recolha de dados

2.4.3. Entrevistas

2.4.3. Entrevistas 2.4.3. Entrevistas 2.4.3. Entrevistas

No âmbito deste trabalho, considerámos a entrevista um instrumento complementar para recolha de informação, tendo em conta os objectivos de investigação definidos. De acordo com Vallés (1997), durante o desenvolvimento ou durante a fase final da investigação, a entrevista oferece a possibilidade de equilibrar os resultados quantitativos aportando a compreensão dos procedimentos qualitativos, referindo que esta técnica proporciona “la oportunidad de clarificación y seguimiento de preguntas y respuestas (…), en un marco de interacción más directo, personalizado, flexible y espontáneo” (p. 196).

Segundo Fontana & Frey (1994), as entrevistas podem apresentar uma variedade de

formas e usos, destacando que “the most common type of interviewing is individual,

face-to-face verbal interchange, but it can also take the form of face-to-face group, mailed or self-administered questionnaires, and telephone surveys. Interviewing can be structured, semistructured or unstructured” (p. 361). Ainda segundo estes mesmos autores, “it can be used for the purpose of measurement or its scope can be the understanding of an individual or a group perspective. An interview can be a one-time, brief Exchange, say five minutes over the telephone, or it can take over multiple, lengthy sessions, sometimes spanning days, as in life-history interviewing” (p. 361).

Já segundo Albert Gómez (2007) uma entrevista é “un encuentro hablado entre dos

individuos que comporta interacciones tanto verbales como no verbales. No es un encuentro entre dos personas iguales, puesto que está basado en una diferencia de roles entre los dos participantes. Aquel que se le asigna mayor responsabilidad en la conducción de la entrevista se llama entrevistador; al otro, el entrevistado” (p. 121). De acordo com esta autora, o pedido de entrevista e os seus objectivos são normalmente definidos pelo entrevistador, face às suas motivações e necessidades do trabalho em concreto que se encontra a realizar.

As entrevistas, sejam individuais ou em grupo, servem para criar informação que possa ser analisada e interpretada posteriormente, através de uma técnica adequada de análise do seu conteúdo (hermenêutica).

Em relação às possíveis modalidades de entrevistas, Patton (1990) distingue quatro tipos de entrevistas: a entrevista informal, a entrevista baseada num guião, a entrevista semi-estruturada e a entrevista estruturada (p. 288). No entanto, neste trabalho de investigação optámos por apresentar uma classificação assente em três modalidades distintas de entrevista propostas por outros autores (Coller Porta, 2000, pp. 81-82; Fontana & Frey, 1994, p. 361):

i. EstruturadaEstruturadaEstruturadaEstruturada – caracteriza-se por uma ordem rígida e estabelecida de perguntas. As perguntas são ordenadas e redigidas de igual forma para todos os entrevistados, sendo a resposta do tipo fechada, admitindo uma ou várias respostas pré-estabelecidas. Podem-se utilizar como parte de uma estratégia de análise de um caso, mas são mais utilizadas em trabalhos de campo de estudos genéricos;

ii. Aberta ou informalAberta ou informalAberta ou informalAberta ou informal – caracteriza-se pelo seu carácter orientativo e informal, sendo uma modalidade utilizada normalmente tendo como participantes entrevistados-chave. Não tem, à partida, limites para os temas a abordar e a entrevista desenvolve-se de forma informal e espontânea. O entrevistador pode levar ou não uma lista de temas a tratar, mas a forma de os abordar é livre e resultante da interacção e confiança que se estabelece entre entrevistador e entrevistado;

iii. SemiSemiSemiSemi----estruturadestruturadestruturadestruturadaaaa – Esta modalidade, também conhecida como entrevista em profundidade, caracteriza-se por não ser tão aberta como a anterior, nem tão organizada como a primeira modalidade referida. O entrevistador deve levar uma lista escrita e ordenada de perguntas, iguais para todos os entrevistados e de resposta livre ou aberta. As perguntas devem estar agrupadas por temas e deve-se diferenciar claramente entre perguntas onde se procuram opiniões e perguntas onde se procuram informações sobre acontecimentos ou dados concretos.

De acordo com Moreira (2007), a entrevista estruturada “enquadra-se mais

propriamente (…) na categoria dos questionários «fechados»”, enquanto que as

Atendendo a que, como refere Orti (1998), os dados e variáveis produzidas e processadas mediante técnicas quantitativas estatísticas, podem ser «reinterpretados» mediante a sua inscrição na análise qualitativa de discursos abertos dos sujeitos entrevistados (p. 209); e que a entrevista, enquanto técnica qualitativa de recolha de dados tem vantagens importantes, sendo um dos instrumentos qualitativos mais utilizados para obter informação em estudos de caso (Sanmartín Arce, 2003, p. 84), caracterizando-se por aportar pormenores e uma informação mais completa e versátil; no presente trabalho de investigação optou-se por recorrer a entrevistas semi- estruturadas, em complemento dos instrumentos já anteriormente referidos.

A realização de entrevistas nesta investigação permitiu contrastar e confirmar ou não as informações e os resultados obtidos através da observação e da realização do inquérito com as opiniões e a visão dos entrevistados. Como refere Sanmartín Arce (2003), a entrevista “puede ser utilizada como vehículo para desarrollar una relación conversacional con otra persona, es decir, el entrevistado, sobre el significado de una

experiencia” (p. 87), tendo sido também nesta perspectiva que as levámos a cabo.

Como refere Moreira (2007), os usos potenciais das entrevistas qualitativas são de dois tipos: usos exploratórios e utilizações de contraste, ilustração ou aprofundamento (p. 213). No caso presente situamo-nos sobretudo no segundo tipo indicado25. Efectivamente, as entrevistas realizadas tiveram uma função de contrastação, mas também de extensão da cadeia de evidência das conclusões do trabalho de investigação.

A selecção dos entrevistados, de acordo com o mesmo autor, pode-se apoiar na sua classificação em três «tipos gerais»: entrevistados-chave constituindo normalmente informantes que não dão informação directamente relacionada com os objectivos da entrevista, proporcionando sobretudo informação sobre o contexto em que se realiza o estudo; entrevistados especiais, ou seja, pessoas que possam fornecer informação relevante sobre o estudo em concreto pela função que desempenham; e entrevistados representativos constituídas por pessoas comuns provenientes de diferentes grupos de idade, profissão, etc. (pp. 215-216).

25 De salientar, no entanto, que ao longo de todo o trabalho de investigação e, em particular, aquando da preparação

dos estudos de caso, o investigador realizou diversas entrevistas informais de carácter exploratório, das quais destaca a realizada com a responsável pela FORINO.

Face aos objectivos do estudo e à finalidade do uso deste instrumento em concreto, considerou-se apenas pertinente, face ao fim em vista, fazer entrevistas a pessoas incluídas no segundo grupo. Assim, como entrevistados especiais foram seleccionados seis responsáveis de empresas e instituições de entre aquelas que tinham recebido maior número de formandos na componente de formação em contexto de trabalho (estágio), nos últimos anos. Assim, foi solicitado às duas instituições estudadas (IPL e FORINO) esta informação, tendo sido seleccionados três responsáveis de empresas por cada uma das instituições. Optou-se, desta forma, por seleccionar os entrevistados de forma intencional tendo por base a conveniência do investigador26 e a relevância e diversidade de informação e pontos de vista que os mesmos poderão aportar ao estudo. Adicionalmente, ponderaram-se ainda aspectos de natureza prática, como a acessibilidade e a disponibilidade dos entrevistados. Para a realização das entrevistas construímos de um modo semi-estruturado o Guião da entrevista tendo em conta, não só todo o trabalho desenvolvido nos capítulos 1, 3 e 4, mas sobretudo os resultados do inquérito submetido aos diplomados dos CET, no âmbito dos dois estudos de caso realizados. Pretendemos desta forma verificar a coincidência ou não de pontos de vistas em relação aos resultados e às evidências recolhidas ao longo do trabalho de investigação. O Guião da entrevista foi revisto seguindo um procedimento idêntico ao dos questionários, embora mais simplificado.

Documentos relacionados