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CAPÍTULO 3: PESQUISA DE CAMPO

3.1. Entrevistas com as pessoas com deficiência

Foram entrevistadas 10 pessoas com deficiência, sendo um funcionário da primeira empresa e nove da segunda. A entrevista semi-estruturada abordava 15 itens, foi realizada individualmente, salvo situações nas quais foi necessária a presença de um intérprete ou tradutor. As categorias que emergiram na análise são: Convívio social; Trabalho; Relações profissionais; Experiência Profissional e Comentários adicionais.

TABELA 1

ESCOLARIDADE, SEXO E IDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA DA EMPRESA I NO ANO DE 2010

DEFICIÊNCIA SEXO IDADE ESCOLARIDADE

Visual Masculino 34 anos Superior Completo

O entrevistado da empresa I é uma pessoa com deficiência visual, 34 anos de idade, ensino superior completo com pós-graduação em Educação Inclusiva. Mora com a mãe, o irmão e o sobrinho em uma cidade próxima à empresa onde trabalha.

Quando questionado sobre seu convívio social, afirmou “procuro sair, passear, conhecer outras pessoas, namorar, pegar balada pra se divertir, né?! Ser igual às outras

pessoas”. Também está vinculado à instituição dos cegos da cidade onde mora, jogou futebol para deficientes visuais, praticava artes marciais – porém, devido ao seu trabalho que exige que ele esteja constantemente viajando, não está mais tão ligado a essas atividades relacionadas à comunidade cega, afirmando que devido ao trabalho perdeu o contato com os cegos “hoje ultimamente tenho ficado mais com as pessoas videntes (...) as pessoas ditas normais”.

Quando o tema abordado foi o trabalho o sujeito apresentou uma grande experiência profissional, pois já trabalhou como revisor de BRAILLE e também operador de máquinas de Raio-X. Atualmente ele desenvolve trabalhos como instrutor de informática e professor (de BRAILLE e informática).

Ao tratar sobre a relação que tem com seu trabalho, disse:

Eu gosto, eu acho que eu nasci com a bandeira da inclusão...defendo a inclusão, acho que por ser cego, por ter passado por muito sofrimento na vida, discriminação, por muito preconceito, eu acho que caiu como uma luva esse trabalho, porque eu posso levar um pouquinho do conhecimento pra aquelas pessoas que realmente não conhecem a inclusão, não conhecem a potencialidade das pessoas com deficiência né.... é....e pra que possa mudar um pouquinho da sociedade. O preconceito ainda existe, discriminação ainda existe, mas eu acho que só com o trabalho que você enfim...é...você pode quebrar esses paradigmas né...que muitas vezes a pessoa ela, nem é paradigma, mas tem aí um desconhecimento de causa né...então esse trabalho pra mim caiu como uma luva[..]

O preconceito apontado acima se traduz em situações vivenciadas no dia a dia. O entrevistado afirma que sempre que vai para uma das filiais da empresa em que trabalha, precisa conquistar o respeito das pessoas, já que elas o pré-julgam pela condição de pessoa com deficiência. Porém, quando seus companheiros de trabalho se convencem de que as pessoas com deficiência são capazes de desempenhar as tarefas que lhe são confiadas de forma satisfatória, começam a ajudá-lo em tarefas que outrora vinha desenvolvendo sozinho.

Esse depoimento remete ao conceito de “desacreditável”, ao qual Goffman (30) se refere para explicar a necessidade de as pessoas em determinadas condições sempre terem de demonstrar as suas capacidades e valor para serem consideradas idôneas nos ambientes sociais que frequentam.

Ao abordar a experiência em um dos seus primeiros trabalhos, o sujeito cita momentos em que sua deficiência era utilizada pelos companheiros de trabalho como motivo para justificar as falhas que cometia e, consequentemente, sua incapacidade. Fica evidente na informação que segue, o poder de desacreditar o sujeito que a deficiência tem para aqueles que fazem parte do grupo dos normais: [...] eu fui o primeiro cego a galgar esse cargo no hospital que eu trabalhei. As pessoas...é.... não acreditavam, quando a gente...é...eu errava alguma coisa “ah, ele não consegue[...].

No entanto, essa condição mudou conforme desenvolveu seu trabalho na empresa, como mostra o trecho abaixo:

[...] aos poucos eu fui galgando, fui conseguindo, fui aprendendo e depois não queriam que eu saísse (....) eu ajudava a puxar maca, ajudava a limpa máquina fui me tornando um funcionário “normal”, um funcionário comum... esse “normal” é uma palavra meio fo...estranha. Um funcionário comum né...um funcionário igual ao outro, até muito mais indicado do que..como eu já falei anteriormente, porque eu queria conquistar aquilo ali, foi o meu primeiro trabalho, foi o meu primeiro mundo é...conheci outras pessoas, tive meu dinheiro né [...]

A percepção do sujeito indica que o ônus da adaptação e do eventual sucesso da pessoa com deficiência na empresa fica com o próprio sujeito, que deve esforçar-se para mostrar a sua competência e assim ser reconhecido pelos colegas ou chefes, à medida que relata com convicção que foi seu esforço que fez com que conquistasse seu espaço, sem se referir a qualquer apoio externo que tenha sido recebido, ou a situações que favorecessem seu sucesso.

Quando aborda a relação com seus chefes, o entrevistado destaca:

Então, eu tenho a relação de chefe, chefe. Se precisa de uma bronca eu tomo bronca, se precisa tomar advertência eu tomo advertência e... é isso às vezes falta em uma empresa para algumas pessoas né... a gente tem conquistado bastante isso também...é pra quebrar esse paradigma do dó (...) ah, eu não posso chamar a atenção dele porque ele é deficiente[...]

A preocupação com a causa das pessoas com deficiência, a luta pela inclusão, foi abordada pelo sujeito com deficiência visual. Para ele, as pesquisas e os trabalhos voltados para a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, devem:

[...] mostrar a realidade mesmo, a realidade nua e crua. Nós temos toda a tecnologia aí, que a gente pode utilizar para as pessoas com deficiência, mas na

.... acho que independente de qualquer outra coisa, nós precisamos mudar as pessoas e precisamos fazer com que as pessoas acreditem nas pessoas com deficiência e olhe pra ela como é.... pessoas e não a deficiência delas, seja no ramo profissional, seja no ramo pessoal, como um ser humano como um todo né [...] a gente não pode ficar indiferente às pessoas que ficam deficientes no Brasil e as pessoas que estão deficientes [...]

O trecho de entrevista acima faz alusão às dificuldades encontradas pelas pessoas com deficiência, na relação com aquelas ditas “normais”. Outro excerto aborda o mesmo tema:

Olha, o preconceito ele existe ainda dentro da sociedade, seja na..no...na área de trabalho, na área social.... infelizmente as pessoas olham muitas vezes para a deficiência e não para a eficiência daquela pessoa. Mas aí com o tempo nós conseguimos....se você tiver oportunidade você consegue quebrar esse paradigma, esse preconceito. O mais difícil é você não quebrar...não ter essa oportunidade para mostrar que você consegue fazer...que você consegue é... ser uma pessoa tanto quanto a outra pessoa. Isso é o que mais dói pro deficiente, ele sentir o preconceito, sentir a discriminação e ele não conseguir demonstrar...isso também se..é....é.... se refere também na área amorosa, muitas pessoas mulheres não ficam com o cara porque ele é cego, porque ele tem uma deficiência física...hoje a gente encontra outras pessoas que já tem essa facilidade, já não se importa de ficar com as pessoas, com uma pessoa com deficiência né, porque a família cobra muito também de uma pessoa é dita “normal”, no padrão “normal” né.... se fica com uma pessoa com deficiência o peso é maior um pouco sobre as pessoas. E assim também é na empresa, na empresa é... ela tem aí esses....preconceitos né... acho que nós temos muitas barreiras hoje...barreiras arquitetônicas que são...que podem ser quebradas né....a maior barreira que a gente não pode esquecer de quebrar é a barreira atitudinal, que está dentro de cada um de nós. Só nós podemos quebrar, na empresa a gente tem muito disso também né!

É interessante notar no discurso da pessoa com deficiência da empresa I, a militância pelo movimento da inclusão, destacando o seu caráter de denúncia com relação às dificuldades enfrentadas cotidianamente. Denúncia que se dá em um discurso claro sobre o quanto a deficiência é compreendida como um estigma, nos termos definidos por Goffman (30).

Por outro lado, o sujeito admite o fato de que o reconhecimento na empresa depende, quase exclusivamente, dele. Temos que ressaltar também, que o próprio sujeito

assume o padrão de normalidade como referência e ponto de chegada e sua condição de estigmatizado em relação a esse padrão, pois a partir do momento em que ele passa a se desenvolver no trabalho e adquirir o respeito dos seus superiores, passa a definir-se como um funcionário normal.

TABELA 2

ESCOLARIDADE, SEXO E IDADE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DA EMPRESA II NO ANO DE 2010

DEFICIÊNCIA SEXO IDADE ESCOLARIDADE

Auditiva Masculino 33 anos Analfabeto

Auditiva Masculino 18 Anos Ensino Médio Completo

Auditiva Feminino 23 Anos Ensino Médio Completo

Auditiva Feminino 33 anos Ensino Médio Completo

Física Masculino 33 anos Ensino Médio Completo

Física Masculino 22 Anos Ensino Médio Completo

Intelectual Masculino 26 Anos Ensino Médio Completo

Intelectual Masculino 23 Anos Ensino Médio Completo

Visual Masculino 53 Anos Ensino Médio Completo

O grupo de pessoas com deficiência da segunda empresa participante foi composto por nove entrevistados. Desses, dois são do sexo feminino e sete do sexo masculino. Com relação à deficiência, uma pessoa com deficiência visual, quatro pessoas com deficiência auditiva, duas pessoas com deficiência física e duas pessoas com deficiência intelectual. Apesar das diferenças, esses números são compatíveis com os da RAIS 2010 (24), com relação à porcentagem de pessoas empregadas por tipo de deficiência. Na RAIS, a primeira colocação fica para as pessoas com deficiência física, seguidas das pessoas com deficiência auditiva. Os dados de nossa pesquisa indicam que o número de pessoas com deficiência auditiva é maioria na amostra, seguido pelas pessoas com deficiências físicas e mentais e por último o grupo das que possuem deficiência visual. Há, portanto, uma inversão no que se refere aos dois tipos de deficiência mais contratados na empresa. Pode se citar o fato de que as deficiências mais presentes nas empresas são aquelas que não requerem maiores adaptações na estrutura física da empresa.

A bibliografia especializada confirma os nossos achados, pois tanto Araújo e Schmidt (51) como Tanaka e Manzini (52), coletaram dados que mostram que a procura é sempre pelas contratações que não exigem adaptações na estrutura física da empresa e que, por consequência, não terão ônus financeiro.

Com relação à escolaridade, oito sujeitos possuem o segundo grau completo e um não é alfabetizado. Todos moram nas cidades vizinhas à empresa. Os oito sujeitos que cursaram o ensino básico o fizeram em escolas públicas. Com relação a esse dado, seguem as considerações de dois dos entrevistados:

Bem, primeiro eu comecei em escola normal aí eu comecei a ter problema de desmaio, caí de um barranco aí começou os problema de desmaio. Aí eu passei a estudar na escola de deficiente da APAE. Fazendo escola. Aí depois em 2002 saí de lá né, depois passei a num ter mais desmaio essas coisas, graças a Deus né, aí eu voltei fazer supletivo, terminar os estudos [...]

[...] Tinha uma professora que ela me acompanhava uma vez por semana, ela ia na escola, pegava todo o trabalho meu, que a professora passava e levava pro instituto cultural “Louis Braille” e ela transcrevia tudo em Braille e devolvia pra mim estudar as provas [...]

Vemos nos trechos anteriores, que em relação à trajetória na escola pública um dos funcionários foi transferido para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) após apresentar recorrentes problemas de desmaio e tremores, retomando os estudos em escola de Educação de jovens e adultos para concluir o ensino médio. A pessoa com deficiência visual teve apoio semanal de uma professora especializada, a qual transcrevia para o sistema de escrita BRAILLE todo o material ministrado pela professora da escola pública.

Um dos entrevistados que tem deficiência auditiva e não é alfabetizado também não conhece LIBRAS, por esse motivo teve grandes dificuldades em entender os itens abordados pelo pesquisador, mesmo quando a pergunta era reformulada e/ou com o auxílio de uma companheira de trabalho, a qual além de tentar explicar procurava meios de comunicação alternativa como gestos, desenhos e demonstração da situação questionada. Embora a grande maioria dos itens não tenha sido respondida, a entrevista continuou a fazer parte deste texto, pois se trata de um dado significativo para nossas futuras considerações.

Salvo um dos sujeitos que é casado e mora com a esposa e as filhas, um que mora sozinho, e outro que não entendeu a pergunta, todos os outros (seis no total) moram com os pais, irmãos e irmãs.

É notável o fato de que a grande maioria dos entrevistados mantém relação de dependência com suas famílias, mesmo aqueles com mais idade, haja vista que só temos um casado e um que mora sozinho, sendo que outros sete moram com seus pais (embora um dos entrevistados não tenha entendido a pergunta, fomos informados pela empresa que ele mora com os pais). Apenas um tem sua própria família (casado e tem filhos). Essa situação pode ter algumas explicações, se por um lado é possível apontar a discriminação que a pessoa com deficiência sofre para estabelecer relações de afeto, por outro podemos considerar também que as vagas operacionais em geral são de remuneração mais baixa, dificultando a independência financeira e até mesmo a constituição de uma família. Se considerarmos o fator idade, dos nove sujeitos apenas quatro estão na faixa que vai dos 18 aos 26 anos, logo, dos cinco acima dos 30, apenas um é casado.

As necessidades de ajuda nas atividades cotidianas não podem ser consideradas fatores preponderantes para explicar o vínculo de dependência familiar, pois o sujeito que mora sozinho possui deficiência física e cuida dos afazeres domésticos sem dificuldades, o cego entrevistado é o único casado. Essa justificativa poderia ser utilizada em relação aos entrevistados surdos, com deficiência física ou mental, porém as entrevistas e o fato de já estarem inseridas no mercado de trabalho tornam difícil aceitar esse tipo de justificativa.

As perguntas sobre a participação em grupos ou comunidades e também sobre a ocupação do tempo livre, tiveram por objetivo conhecer como se estrutura o convívio social do grupo de entrevistados.

Nesse contexto, no grupo das pessoas com deficiência auditiva, um dos sujeitos aponta que seu único vínculo é com o grupo de jovens da igreja que frequenta. Ele relata inclusive que gosta de participar das atividades religiosas. Já outro dos sujeitos afirma não fazer parte de nenhuma associação ou grupo, ficando em sua casa quando não está trabalhando. Um dos entrevistados informou ter um irmão gêmeo também com deficiência auditiva, e que com o primeiro salário recebido na empresa compraram um “videogame”, com o qual se divertem juntos. Ele relata que os dois andam a cavalo no sítio da família,

estão aprendendo LIBRAS em uma ONG voltada para o atendimento de pessoas surdas36da cidade, e também lêem a Bíblia por iniciativa de um amigo. Um dos participantes não entendeu as perguntas realizadas pelo pesquisador.

Já as pessoas com deficiência física têm, de acordo com os depoimentos, mais momentos de interação social, em relação ao grupo antes citado. Um dos entrevistados tem uma banda musical vinculada ao grupo de jovens de sua igreja e também desenvolve trabalhos voluntários com menores infratores e em situação de risco “Bom, vou a Igreja, tenho uma banda de rock também né, e faço uns trabalhos voluntários numa Fundação Casa”; o segundo entrevistado desse grupo também frequentava a igreja, porém sem se envolver em nenhuma atividade além do culto “Eu tenho uma religião, mas participo apenas uma vez por semana, de domingo”. Assinalamos que os dois entrevistados desse grupo executam as tarefas domésticas no tempo livre, visto que um dos entrevistados mora sozinho, enquanto que a mãe do segundo estava fora de casa temporariamente, devido a uma viagem ao exterior (mora apenas ele e a mãe).

No grupo dos entrevistados com deficiência intelectual, enquanto um deles afirma “dar umas voltas pelo bairro” e participar na igreja aos domingos “Tempo livre eu fico dando umas volta por aí. Ando lá pelo bairro [...] participo de grupo de jovens assim. No dia de domingo assim”, o outro não sai de casa e ajuda a mãe nas atividades domésticas “Eu fico em casa ajudando minha mãe. É difícil de eu sair pra balada, essas coisas. Só vivo em casa”.

O participante com deficiêncmia visual relatou muitos momentos de interação social. Nesse sentido, apontou:

Olha, que não tá trabalhando eu gosto de dar umas viajadas, viu [..] já fui no Rio de Janeiro. Fui no estado de Minas, Mato Grosso. Fui na Argentina [...]Ficar em casa é ruim né[..]

[...]eu participo da Igreja.Lá tem a organista, mulher/ irmã que toca o órgão e eu faço parte da orquestra. Eu fico do lado dos homens, normal ali, toco o meu instrumento, o clarinete [...]

Vemos que o entrevistado gosta de viajar com a família (citou vários locais). Além de viajar, frequenta a igreja, sendo inclusive um dos músicos da orquestra.

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Após traçar o perfil dos entrevistados e questioná-los sobre o convívio social, foi possível delimitar que no grupo de pessoas com deficiência da empresa II, destacam-se as dificuldades de comunicação que a comunidade surda enfrenta, sendo que essa dificuldade se traduz em interações sociais menos frequentes, na medida em que são restritos os espaços que desfrutam de comunicação em LIBRAS e em alguns casos o próprio surdo sequer teve acesso a esse conhecimento.

Já a categoria do trabalho foi abordada levando em consideração os seguintes fatores: participação no processo seletivo da empresa; o tipo de trabalho que realiza; sua relação com o mesmo e, por fim, as condições oferecidas para o desenvolvimento de seu trabalho.

Em relação ao processo seletivo, três pessoas foram encaminhadas por ONGs, uma através de uma instituição de ensino que presta consultoria na área de inclusão no mercado de trabalho, quatro por agências de emprego (as quais não tem foco específico na contratação de pessoas com deficiência) e uma se tornou funcionário por meio de aquisição de uma empresa pela outra. Um dos entrevistados não entendeu a pergunta. Os entrevistados que responderam as perguntas do entrevistador afirmaram que as condições para participação no processo seletivo foram adequadas, seja nas entrevistas na empresa, bem como nas instituições que intermediaram a contratação.

Os trabalhos desenvolvidos pelas pessoas entrevistadas dentro das empresas pesquisadas são vários: “Eu coloco o material pra mandar pra linha [...] base [...] monte de coisa”

Minha função aqui na empresa, puxa vida, é complicado dizer. É, eu trabalho na embalagem (manufacturing) e assim.... eu faço parte de embalagem. Tudo que é relacionado a embalagem eu to fazendo. Desde catar um pallet, coloca a máquina, no caso a impressora em cima, até tá embalando, fazendo tudo da embalagem

[...] tem um departamento que fabrica impressoras [...] aquela impressora fiscal [...]Então eu faço a parte de embalagem [...]vai o cabo....vai várias peças [...]Coloco ela na caixa e fecho a caixa [...] a parte da embalagem final

As atividades desenvolvidas pelas pessoas com deficiência são diversas, passando por embalagem dos produtos, abastecimento de linha de montagem com materiais diversos, montagem de eletroeletrônicos, operação de máquinas e almoxarife.

Todos os entrevistados afirmaram gostar do trabalho que realizam nas empresas, porém de forma geral assinalaram que o dia a dia é muito corrido. Foi significativa a fala de um dos entrevistados com deficiência auditiva em relação às dificuldades enfrentadas para a inserção no mercado de trabalho, entre elas:

É difícil, na minha época era assim quando eu terminei meu estudo, eu entregava vários currículos na agência mas nada, entre aspas preconceito....não pode nem trabalhar (...) Eu fiquei muito revoltada porque não conseguia arrumar emprego e graças a Deus eu entreguei meu currículo[...]

Ao avaliar as condições de trabalho disponibilizadas dentro da empresa, todos apontaram estarem satisfeitos com elas, inclusive um dos entrevistados ressaltou que a empresa faz testes com os funcionários em determinados postos de trabalho, de forma que eles possam exercer a atividade de forma eficiente:

Aqui são, posso dizer que 100%, são ótimas, as condições de trabalho aqui são ótimas [...]se você não consegue trabalhar num determinado setor onde o seu líder ou o seu chefe coloca você pra trabalhar, eles te mudam de um lugar pro outro, ou seja, você não fica trabalhando num lugar que você não se adapta. Contudo, a pessoa com deficiência visual ressaltou os problemas de locomoção enfrentados dentro das empresas e a importância do auxílio de seus colegas de trabalho para a realização de determinadas tarefas.

As ferramentas de trabalho[...] até que é fácil. O meu grande problema aqui é