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4.3 INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS

4.3.2 Entrevistas em profundidade

A entrevista é uma técnica de coleta de dados cujo objetivo é “compreender o significado que os entrevistados atribuem a questões e situações que não foram estruturados anteriormente, com base nas suposições e conjecturas do pesquisador” (MARTINS, 2006, p. 27). Para melhor compreender a empiria, utilizamos as entrevistas em profundidade, fundamentadas em uma espécie de guia formulado por Jorge Duarte (2012) no livro Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. De acordo com o autor, a entrevista em profundidade é um recurso metodológico que “busca, com base em teorias e pressupostos

definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer” (DUARTE, 2012, p. 62).

Em nossa pesquisa, apoiados no modelo de tipologia em entrevista (Quadro 1), utilizamos entrevistas semiabertas com questões semiestruturadas. Isto quer dizer que para a aplicação, contamos com um roteiro de questões-guia que puderam dar cobertura ao interesse do estudo. Ele partiu de perguntas básicas, baseadas em teorias que interessavam ao problema e, logo depois, ofereceu amplo campo de novos questionamentos, frutos de novas hipóteses que surgiram ao longo da conversa com o entrevistado. Afirma Duarte (2012):

A lista de questões-chaves pode ser adaptada e alterada no decorrer das entrevistas. Uma questão pode ser dividida em duas e outras duas podem ser reunidas em uma só, por exemplo. Por isso, é natural o pesquisador começar com um roteiro e terminar com outro, um pouco diferente. (DUARTE, 2012, p. 66).

De acordo com o modelo de tipologia em entrevista (Quadro 1), encaixamos a nossa perspectiva como uma pesquisa qualitativa, com questões semiestruturas, com entrevista semiaberta, a partir de um roteiro, com abordagem em profundidade e, consequentemente, com respostas indeterminadas.

Tabela 2 - Modelo de tipologia em entrevista

Pesquisa Questões Entrevista Modelo Abordagem Respostas

Qualitativa

Não-estruturadas Aberta Questão

central Em Profundidade Indeterminadas Semiestruturadas Semiaberta Roteiro

Quantitativa Estruturadas Fechada Questionário Linear Previstas

Fonte: DUARTE, 2012.

Segundo Duarte (2012, p. 69), “a seleção dos entrevistados em estudos qualitativos tende a ser não probabilística, ou seja, sua definição depende do julgamento do pesquisador e não de sorteio a partir do universo”. Assim, nossa seleção foi de caráter intencional, ou seja:

O pesquisador faz a seleção por juízo particular, como conhecimento do tema ou representatividade subjetiva. Neste caso, ele pode selecionar conhecedores específicos do assunto, como editor e repórteres do jornal laboratório, por exemplo, para tratar da produção, ou um aluno e uma aluna de cada semestre, leitores do jornal, para fazer uma avaliação do produto final. (DUARTE, 2012, p. 69).

Aplicamos esta técnica em dois grupos de quatro pessoas cada (nossa amostra), selecionados de acordo com dois tipos de informantes: os informantes-chave – fontes consideradas fundamentais por estarem profundamente envolvidas com os aspectos centrais do problema – e os informantes-padrão – fontes envolvidas com o tema de pesquisa, mas que podem ser substituídas sem que haja prejuízo na qualidade das informações obtidas (DUARTE, 2012).

Em relação aos informantes-chave, Yin (2005) diz que:

(...) são sempre fundamentais para o sucesso de um estudo de caso. Essas pessoas não apenas fornecem ao pesquisador do estudo percepções e interpretações sob um assunto, como também podem sugerir fontes nas quais se podem buscar evidências corroborativas ou contrárias – e pode-se iniciar a busca a essas evidências. (YIN, 2005, p. 117).

No primeiro grupo, temos Siderley Menezes, criador e diretor da Sidy’s TV a Cabo, Siderley Jatobá, diretor do canal 4, o jornalista e apresentador do TV Cidade, Ismael Medeiros, e o diretor comercial Zeus Menezes. O segundo grupo, especificamente, foi pré- selecionado para ser composto por pessoas de diferentes gêneros e idades, mas com duas condições obrigatórias: todas serem assinantes da Sidy’s TV a Cabo, já que esse é o meio de assistir, pela televisão, o canal 4, e residirem na cidade de Currais Novos por, pelo menos, 2 anos. Todas as entrevistas foram marcadas com antecedência. Chegada a data de uma delas, nos deparamos com a situação de que o informante-padrão selecionado acabara de se mudar e, no novo bairro, não chegava os cabos da operadora. Entretanto, este telespectador continuava assistindo ao canal 4 pela internet e suas contribuições foram consideradas relevantes o suficiente para o mantermos na amostra.

As perguntas seguiram um roteiro pré-organizado (APÊNDICE A) e, no ato da entrevista, optamos também pelo modelo neutro, que “faz do entrevistador um transmissor de estímulos positivos, buscando impessoalidade e equilíbrio na relação” (DUARTE, 2012, p. 71).

No início da entrevista, fizemos questionamentos relativos à idade, profissão, local de nascimento e também determinados comportamentos relativos ao consumo televisivo do canal em questão. Tais informações nos levaram a traçar um perfil dos sujeitos de fala:

 Dos oito entrevistados, quatro nasceram em Currais Novos e os outros quatro nasceram em cidades vizinhas e residem em Currais Novos há pelo menos dois anos;

 Quatro entrevistados têm entre 21-40 anos de idade, três têm entre 41-60 e um entrevistado tem idade superior a 60 anos;

 As profissões dos informantes-chaves são referentes aos seus respectivos cargos na Sidy’s TV a Cabo e as profissões dos informantes-padrão variam entre dois servidores públicos de órgãos federais, um pastor de Igreja Evangélica e um agente de saúde do município;

 50% dos entrevistados assistem ao canal também pelo site institucional da Sidy’s TV a Cabo, especialmente, quando não estão na cidade;

 75% dos entrevistados dedicam mais de 5h à programação do canal 4 (vale salientar que a média do norte-rio-grandense, como citado na introdução é de 5 horas e 10 minutos por semana em frente à TV);

 75% acessa as redes sociais enquanto assiste ao canal 4;

 75% faz alguma refeição ou realiza alguma atividade doméstica quando está assistindo ao canal 4;

 Todos os entrevistados consideram o TV Cidade o programa mais importante quando se trata de transmitir conteúdo relativo ao cotidiano de Currais Novos;

 Todos responderam que já viram pessoas conhecidas na televisão;

 Todos responderam que já participaram, de alguma forma, da programação do canal 4, seja como apresentador ou entrevistado ou coadjuvante.

Segue tabela para melhor visualização de algumas características dos sujeitos entrevistados para a construção dos dados:

Tabela 3 - Perfil dos entrevistados

Nome Idade (em anos) Local de nascimen to Profissão Média de tempo que assiste ao canal 4 Acesso às redes sociais enquant o assiste Programa mais important e Identificaçã o de pessoas conhecidas na televisão Info rma nte s- cha v e Siderley Menezes 74 Florânia/ RN Diretor Geral 5h por

semana Sim TV Cidade Sim Siderley Jatobá 39 Natal/RN Diretor de Operaçõe s 30h por

semana Sim TV Cidade Sim Zeus 25 Currais Superviso 12h por Sim TV Cidade Sim

Menezes Novos/R N r comercial semana Ismael Medeiro s

30 Acari/RN Jornalista 8h por

semana Sim TV Cidade Sim

Info rma nte s- pa drã o Luciano Oseas 39 Natal/RN Servidor Público 4h por

semana Sim TV Cidade Sim

João Batista 50 Currais Novos/R N Pastor 20 minuto s por semana

Não TV Cidade Sim

Graça Oliveira 60 Currais Novos/R N Servidora Pública 6h por

semana Não TV Cidade Sim Vitória Araújo 41 Currais Novos/R N Agente de saúde 8h por

semana Sim TV Cidade Sim Fonte: elaborado pela autora.

Ressaltamos também que fizemos duas entrevistas complementares e que estão transcritas nos anexos I e J desta Dissertação: uma com a produtora do programa TV Cidade e outra com o designer gráfico responsável pelo Jornal Eletrônico. Por se tratarem de perguntas específicas, para o entendimento do funcionamento dos respectivos produtos midiáticos, não as enquadramos nos grupos descritos acima. Entretanto, ressaltaremos alguns trechos para melhor desenvolvimento do capítulo de análises.

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