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4. METODOLOGIA

4.1. Entrevistas

Do processo de elaboração do projeto de reforma da educação superior, como mencionado anteriormente, participaram vários atores, tanto do governo como da sociedade civil. No intuito de melhor compreender como se deu a elaboração das três versões do anteprojeto de lei, bem como para esclarecer alguns aspectos relacionados ao debate sobre a ampliação e democratização do acesso à educação superior, foram realizadas entrevistas com diversos atores envolvidos na elaboração dos projetos de reforma.

As entrevistas desenvolvidas foram do tipo pautada ou semi-estruturada, partindo-se de roteiros previamente estruturados, mas deixando ampla margem de liberdade para que o entrevistado se posicionasse com relação a outros aspectos relacionados ao tema (Matos e Vieira, 2001, p. 63; Gil, 1999, p. 120).

Como diálogos intencionais nos quais o condutor busca obter informações de outras pessoas, as entrevistas oferecem subsídios para que se possa desenvolver idéias “sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo” (Bogdan e Biklen, 1994, p. 134). No caso desta pesquisa, buscou-se especificamente captar a percepção de diferentes atores sobre o processo de elaboração do projeto de reforma e sobre questões relacionadas à discussão sobre ampliação e democratização do acesso ao ensino superior.

Para tanto, foi utilizando um roteiro de entrevista com questões adaptadas a todos os tipos de entrevistados. O referido roteiro foi dividido em dois blocos de questões – o primeiro relacionado ao processo de elaboração do projeto de reforma e o segundo relacionado à temática da ampliação e democratização do acesso – sendo que o conjunto dessas questões foi apresentado de modo seletivo aos entrevistados, conforme sua participação nesse processo50.

Parte dos entrevistados foi composta por integrantes de um grupo de trabalho designado para atuar na elaboração de uma proposta de reforma ainda na gestão do então ministro Cristovam Buarque (G1 - Grupo de Trabalho indicado para formular propostas para a organização e regulação de um sistema nacional da educação superior).

O Quadro I apresenta os integrantes deste GT, composto por dirigentes e funcionários do MEC e de entidades e associações da sociedade civil ligadas à educação superior.

Este grupo, conforme referido anteriormente, teve um período de vigência curto e reuniu-se poucas vezes, tendo em vista que alguns meses após sua constituição houve uma mudança de ministros no MEC. Entrevistar os membros deste grupo foi importante porque com ele iniciaram-se as primeiras discussões do governo Lula em torno do tema da reforma.

Outra parte dos entrevistados foi composta por integrantes do grupo nomeado pelo ministro Tarso Genro (sucessor de Cristovam Buarque) para formular o projeto de reforma da educação superior (G2 - Grupo Executivo da Reforma da Educação Superior).

QUADRO I

Integrantes de Grupo de Trabalho criado pelo MEC e suas respectivas funções - 2003

Integrantes Função Carlos Roberto Antunes dos

Santos

Secretário de Educação Superior – SESU/MEC

José Geraldo de Souza Júnior Diretor do Departamento de Política do Ensino Superior da SESU/MEC

Mario Portugal Pederneiras Diretor do Departamento de Supervisão do Ensino Superior da SESU/MEC

Wrana Maria Panizzi Presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições de Ensino Superior – ANDIFES

Heitor Pinto Filho Presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares – ANUP

José Walter da Fonseca Presidente da Associação Brasileira de Reitores de Universidades Estaduais e Municipais – ABRUEM Naira Amaral Presidente da Associação Nacional das Faculdades

Isoladas – ANAFI

Aldo Vannucchi Presidente da Associação Brasileira de Reitores de Universidades Comunitárias – ABRUC

Roberto Armando Ramos de Aguiar

Assessor Especial do Ministro da Educação - MEC Magno de Aguiar Maranhão Presidente da Associação Nacional dos Centros

Universitários – ANACEU

Paulo Alcântara Gomes Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras – CRUB

Luis Edmundo Vargas de Aguiar

Presidente do Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica – CONCEFET Antonio Ibáñez Ruiz Secretário de Educação Média e Tecnológica –

SEMTEC/MEC João Carlos Teatini de S.

Clímaco

Secretário de Educação a Distância – SEED/MEC

Fonte: Portarias MEC nº. 3.620 e 3.858, de 2003.

O Quadro II relaciona os integrantes desse segundo grupo, bem como de outro grupo criado para apoiá-lo (G3 - Grupo de Apoio e Assessoramento ao Grupo Executivo da Reforma da Educação Superior).

Entrevistar integrantes do segundo grupo antes referido foi fundamental tendo em vista que ele, oficialmente, foi o responsável pela condução dos debates em torno da questão da reforma do ensino superior, bem como pela sistematização do projeto de reforma resultante, segundo discurso do MEC, de tais debates. Durante o período de vigência desse grupo foram elaboradas as três versões do Anteprojeto de Lei da reforma e do Projeto de Lei que o sucedeu.

QUADRO II

Integrantes dos Grupos criados pelo MEC e suas respectivas funções - 2004

Grupos Integrantes Função

Fernando Haddad Secretário Executivo SE/MEC

Jairo Jorge da Silva Secretário Executivo Adjunto Maria Eunice de Andrade Assessora Especial GM/MEC

Benício Schmidt Coordenador Geral de Cooperação Internacional CAPES

Ricardo Henriques Secretário SECAD/MEC Nelson Maculan Filho Secretário SESU/MEC

Ronaldo Mota Secretário SEED/MEC

Jorge Almeida Guimarães Presidente da CAPES Antônio Ibañez Ruiz Secretário SETEC/MEC Grupo Executivo

Wrana Panizzi Presidente ANDIFES

Cristiano Zenaide Paiva Assessor SESU/MEC Godofredo de Oliveira Neto Assessor SESU/MEC Alayde Avelar Freire

Sant'Anna

Coordenadora Geral de Políticas Estratégicas SESU/MEC

Emmanuel Appel Assessor SESU/MEC

José Ronald Pinto Assistente Técnico SESU/MEC Ricardo Correa Coelho Assessor SE/MEC

Geraldo José Almeida Assessor CAPES Andréa de Faria Barros

Andrade

Coordenadora de Avaliação de Cursos Tecnólogos SETEC/MEC Grupo de Apoio

e

Assessoramento Técnico

Sandra Fátima Amaral da Cunha

Coordenadora do Cadastro das Instituições Federais de Ensino Superior INEP

Fonte: Portarias MEC nº. 410 e 127, de 2004.

Quando da definição dos atores a serem entrevistados, chegou-se a cogitar da possibilidade de também entrevistar os integrantes do grupo de apoio e assessoramento ao grupo antes referido. Durante os primeiros diálogos com integrantes desse grupo, contudo, foi possível constatar que o mesmo teve uma participação secundária no processo, desempenhando mais um papel de apoio administrativo que propriamente de assessoramento.

Além de atores pertencentes aos grupos antes mencionados, foram entrevistados dirigentes de associações de instituições de ensino superior (IES) participantes do debate e, além destes, alguns profissionais que prestaram colaboração eventual e individual para o projeto de reforma.

Em síntese, são três os tipos de entrevistados: dirigentes do MEC (uns integrantes da equipe do ministro Cristovam Buarque e outros da equipe do ministro Tarso Genro); colaboradores do MEC (todos durante a gestão do

ministro Tarso Genro); dirigentes de associação de IES (tanto da época do ministro Cristovam Buarque quanto do ministro Tarso Genro).

Ao todo, foram realizadas quinze entrevistas, seis com dirigentes do MEC e nove com pessoas externas ao MEC (dirigentes de IES ou colaboradores do MEC), distribuídas conforme exposto no quadro III.

QUADRO III

Síntese das entrevistas realizadas por tipo de entrevistado

MEC Externo MEC Total

Número de integrantes Número de entrevistados Número de integrantes Número de entrevistados Número de integrantes Número de entrevistados Grupo 1 (G1) 7 3 8 4 15 7 Grupo 2 (G2) 9 3 1 1 10 4 Associação de IES (E) - - - 5 - 5 Colaborador (C) - - - 4 - 4

Fonte: Elaboração própria.

x Grupo 1 – este grupo, como mencionado, foi composto por quinze integrantes, sete dos quais dirigentes do MEC e 8 dirigentes de associação de IES. Ao todo, foram entrevistados sete integrantes do grupo, três dos quais dirigentes do MEC e quatro dirigentes de associação de IES.

x Grupo 2 – este grupo, como mencionado, foi composto por dez integrantes, nove dos quais dirigentes do MEC e um dirigente de associação de IES. Ao todo, foram entrevistados quatro integrantes do grupo, três dos quais dirigentes do MEC e um dirigente de associação de IES.

x Associação de IES – cinco entrevistados. x Colaboradores MEC – quatro entrevistados.

É preciso ressaltar que duas pessoas fizeram parte tanto do grupo 1 quanto do grupo 2, uma das quais entrevistada. Do mesmo modo, quatro dos dirigentes de associações de IES entrevistados fizeram parte do grupo 1, tendo um deles feito parte também do grupo 2.

No conjunto dos entrevistados mencionados acima foram contemplados tanto dirigentes de associações de IES públicas quanto privadas (particulares e comunitárias). Do mesmo modo, estiveram representados dirigentes de associações de IES com diferentes tipos organizativos (universidades; centros universitários; centros federais de educação tecnológica).

Assim como ocorre com grande parte das pesquisas, também esta teve alguns elementos que representaram desafios a sua execução. As principais dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento deste trabalho, como previsto desde a fase de planejamento da pesquisa, estiveram relacionadas à realização das entrevistas, tanto com atores do MEC como com atores externos ao MEC. Muitos dos entrevistáveis não residiam em Brasília durante o período de realização desta pesquisa e os que residiam, de um modo geral, tinham uma agenda profissional com muitos compromissos.

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