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CAPÍTULO 2 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO DA PROBLEMÁTICA DO

2. A mediação como estratégia de melhoria de qualidade de vida

2.4. Envelhecimento e qualidade de vida

Frequentemente questionamo-nos sobre o porquê de envelhecermos e muitas são as formas de contextualizar e problematizar o envelhecimento, desde a Biologia, a Psicologia, a Sociologia ou a Educação. Antes de mais, é necessário compreender que nenhuma destas teorias por si só, será capaz de explicar este fenómeno natural que nos atingirá a todos inevitavelmente, de formas diferenciadas. As alterações provocadas pelo passar dos anos são de vários tipos (bioquímicas, celulares, sistémicas, intelectuais, afetivas, familiares, laborais e sociais) e as razões para estas alterações são inúmeras. Portanto, nenhuma teoria biológica, psicológica ou social, em exclusivo, permitirá explicar o produto interativo e talvez sinergético de alterações tão complexas (Fernández-Ballesteros, 2000: 43).

O envelhecimento da população mundial é um dos “maiores êxitos da humanidade, porém é também um dos maiores desafios, devido às suas consequências sociais, económicas e políticas” (Jacob, 2007: 15). O envelhecimento progressivo da população, exige que as políticas de saúde e

sociais se adaptem à nova realidade, daí o surgimento de inúmeras respostas sociais para os cidadãos séniores16 (quadro 4):

Quadro 4: Respostas sociais direcionadas para os cidadãos séniores

Resposta Social Designação

Acolhimento familiar de idosos Resposta social que consiste em integrar temporária ou permanentemente os idosos, que não podem estar sós, em famílias que os acolhem.

Centro de acolhimento temporário de emergência para idosos

Resposta social que consiste no acolhimento temporário de pessoas idosas em situação de emergência social, perspetivando- se, posteriormente, o encaminhamento destas para a respetiva família ou para outra resposta social.

Centro de convívio Resposta social onde se desenvolvem atividades sociorecreativas e culturais, organizadas e dinamizadas pelas pessoas da comunidade.

Centro de dia Resposta social que consiste na prestação de um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção das pessoas idosas no seu meio sociofamiliar.

Centro de noite Resposta social dirigida a pessoas que desenvolvem as suas atividades da vida diária no domicilio, mas que durante a noite necessitam de acompanhamento.

Centro de férias e lazer Resposta social destinada à satisfação de necessidades de lazer e de quebra da rotina, promovendo o equilíbrio fisíco, emocional e social.

Lar

Local onde são desenvolvidas atividades de apoio social às pessoas idosas através do alojamento coletivo, onde se providenciam alimentação, higiene pessoal, cuidados de saúde, promovendo conforto.

Residência Resposta desenvolvida por um conjunto de apartamentos com serviços de utilização comum, para pessoas idosas com autonomia parcial ou total.

Serviço de Apoio Domiciliário (SAD)

Consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados, no domicílio, a pessoas que por motivos de doença ou incapacidade não consigam realizar as suas tarefas de necessidade básica.

Fonte: http://www2.seg-social.pt/left.asp?03.06.03.01

As respostas acima enunciadas, têm como objetivo unânime e primordial a melhoria da qualidade de vida das pessoas idosas, traduzindo-se num processo de envelhecimento ativo e saudável. Para definirmos o conceito de qualidade de vida recorremos a cinco categorias gerais propostas por Donald (1997, cit. por Jacob, 2007):

• a categoria do bem-estar físico - inclui a satisfação a nível de higiene, segurança, saúde e material;

• a categoria das relações interpessoais - inclui as relações com os familiares, amigos, vizinhança e participação na comunidade;

• a categoria do desenvolvimento pessoal - inclui a auto-expressão e o desenvolvimento intelectual;

• a categoria das atividades recreativas - onde está subjacente a socialização e o entretenimento;

• e por último, a categoria das atividades espirituais – estão presentes as atividades simbólicas e religiosas.

Por sua vez, o envelhecimento ativo significa “ter ainda objetivos de vida e permanecer interessado na vida, nas questões sociais, no estreitar de relações e em cuidar da saúde física e mental” (Jacob, 2007: 21). Neste sentido, as pessoas idosas podem estabelecer metas e objetivos de vida através do desempenho de papéis que os faça sentir-se úteis para a sua comunidade, assim, uma “boa abordagem à reforma implica uma continuidade da vida” (idem, ibidem), continuando com as relações sociais e a realização de atividades.

Segundo Oliveira (2005), existem tarefas e atividades nas quais os idosos podem ser úteis e consequentemente felizes, visto que o termo envelhecimento ativo é indissociável de qualidade de vida. Refere, ainda, a aposta na formação cultural e científica dos idosos afirmando a necessidade que estes têm em envelhecer ativamente e que a própria sociedade deve criar mecanismos de ajuda para que tal se concretize (idem). Ainda, segundo o mesmo autor, não se trata apenas de passar o tempo, mas sim de preenchê-lo com qualidade e dar um novo ânimo à sua vida. No que respeita à educação dos idosos, deve ter-se em conta a sua personalidade, o seu comportamento e atitudes, não esquecendo o ambiente em que estão inseridos (idem). Deve-se ajudar o idoso a adaptar-se à nova situação, levá-los a entender as mudanças no corpo, do comportamento, as próprias mudanças da sociedade.

A este propósito, Simões (2006: 12), afirma que,

Não é, de facto, concebível uma política de prevenção da saúde, sem a promoção da educação para a saúde. E esta se concebe pela positiva – não apenas em relação com a cura e a prevenção da doença, mas como promoção do bem-estar físico e mental – então a educação para a saúde assume todo o seu significado.

Neste sentido, a mediação pode funcionar como uma ponte de ligação entre o idoso e/ou dependente e as famílias, e até a própria comunidade, na redefinição e clarificação dos papéis nesta etapa da vida. Tal como refere Fontaine (2000), uma aposentação e uma velhice bem sucedida depende da integração na comunidade e do grau de participação social.

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