1. INTRODUÇÃO
1.7 EPIDEMIOLOGIA DO VHB E DO HIV-1
A freqüência e os padrões de infecção pelo VHB variam marcadamente em diferentes países. Aproximadamente 45% da população do mundo mora em áreas
onde a prevalência da infecção crônica pelo VHB é alta ( ≥ 8% da população é HBsAg
positiva), 43% vivem em áreas onde a prevalência é moderada (2 a 7% da população é
HBsAg positiva) e 12% vivem em áreas de baixa endemicidade (<2% da população é
HBsAg positiva ) (Alter, 2003).
A divisão do mundo em áreas de baixa, intermediária e alta
vias de transmissão primárias encontradas nas mais diversas regiões. As áreas de alta
endemicidade,são aquelas onde grandes partes da população se infecta pelo VHB, com
especial enfâse para a infecção adquirida no período perinatal e durante a infância
(Foccacia, 2003).
Segundo a Organização Mundial de Saúde áreas de alta endemicidade incluem África sub-sahariana, partes da China, sudeste da Ásia, partes do Oriente
médio, ilhas do Pacífico, partes da América do Sul tais como a Bacia Amazônica,
República Dominicana e Haiti; áreas de intermediária endemicidade, onde ocorre um
misto de transmissão na infância e adultos, inclui Leste Europeu, Mediterrâneo, Rússia,
partes da América do Sul e América Central. Áreas de baixa endemicidade incluem
Europa Ocidental, América do Norte e Austrália (World Health Organization/WHO,
2003). Nestas regiões, a transmissão perinatal e na infância é relativamente incomum. A
maioria das infecções ocorre entre adultos por via de transmissão sexual, uso de drogas
injetáveis ou exposição ocupacional a sangue e material contaminado (Foccacia, 2003).
Figura 9 – Distribuição Geográfica Mundial da infecção pelo VHB (Fonte:
Na América Latina, a distribuição da infecção é heterogênea, havendo
regiões classificadas dentro de todos os níveis endêmicos. Em um estudo realizado por
Silveira et al.(1999), em seis países da América Latina, as mais altas prevalências foram
encontradas na República Dominicana (21,4%) e no Brasil (7,9%), seguido pelo
Venezuela (3,2%) e Argentina (2,1%). As mais baixas prevalências foram encontradas no México (1,4%) e Chile (0,6%). Essas prevalências contrastantes se devem a
diferenças geográficas, climáticas, socioeconômicas, grau de urbanização e origem
étnica.
No Brasil, existem muitas diferenças em termos geográficos, climáticos,
econômicos e na origem étnica da população e todas essas diferenças interferem na
epidemiologia das doenças (Clemens et al., 2000).
Estudo de soroprevalência da hepatite B realizado em quatro capitais
brasileiras mostrou uma taxa geral de 7,9% de anti-HBc positivo. Sendo que a mais alta
prevalência foi observada na região norte (Manaus) que foi de 21,4% e a mais baixa no
nordeste (Fortaleza) que foi de 1,2% (Clemens et al., 2000).
Em alguns locais da região Amazônica, no Estado do Espírito Santo e no
oeste do Estado de Santa Catarina, há áreas consideradas de alta endemicidade (Paula et
al., 2001; Chávez et al., 2003; Mazzuco et al., 2003; Braga et al., 2004; Khouri et al., 2005).
No estado do Amapá, os dados sobre a prevalência da hepatite B são
escassos, não existem trabalhos de soroprevalência publicados nessa região. Entretanto,
segundo dados obtidos pela Coordenação Estadual de Vigilância Epidemiológica foram
notificados 73 casos de positividade para o marcador HBsAg no ano de 2004 e 92 para
Figura 10: Prevalência da hepatite B no Brasil (Fonte: Atualizado de Souto, 1999).
A epidemia da infecção pelo HIV-1 representa fenômeno global,
dinâmico e instável, o modo como ela ocorre em diferentes regiões do mundo depende
entre outros fatores, do comportamento humano individual e coletivo (Brito et al.,
2000).
Segundo a UNAIDS, estima-se que até o final de 2005, 40,3 (36.7 – 45,3)
milhões de pessoas em todo mundo estavam vivendo com o HIV, sendo que cerca de
4,9 milhões de pessoas adquiriram o HIV em 2005. A África sub-Sahariana continua
sendo a região mais afetada com 70% das pessoas vivendo com HIV/AIDS. Um terço
das pessoas vivendo com HIV-1 são pessoas jovens com idade entre 15-24 anos. As
novas infecções incluem um número estimado de 700.000 menores de quinze anos e o número estimado de adultos e crianças que morreram de AIDS em 2005 foi cerca de 3,1
Dos 39,4 milhões de pessoas vivendo com HIV/AIDS, 25,8 milhões
vivem na África sub-Sahariana, 7,4 milhões no sul e sudeste da Ásia, 1,8 milhões na
América Latina, 300.000 mil no Caribe, 1,6 milhões na Europa Oriental e Ásia Central,
870.000 mil no leste da Ásia , 510.000 mil no norte da África e Oriente Médio, 720.000
mil na Europa Ocidental e central, 74.000 mil na Oceania e 1,2 milhões na América do Norte (UNAIDS/WHO, 2005).
Figura 11- Distribuição Mundial da infecção causada pelo HIV-1 (Fonte: UNAIDS, 2005).
Desde que o primeiro caso de AIDS no Brasil foi notificado na cidade de São Paulo em 1980 até dezembro de 2004, a epidemia não pára de crescer. O
Ministério da Saúde notificou 362.364 casos de AIDS, desse total 251.050 foram em
homens e 111.314 em mulheres (Ministério da Saúde, 2004a).
Os segmentos populacionais mais afetados no início da epidemia foram os
homossexuais masculinos, os hemofílicos e outras pessoas que receberam sangue e
hemoderivados. Inicialmente, a epidemia se restringiu aos grandes centros urbanos e era
Atualmente, devido a profundas desigualdades da sociedade brasileira, a
infecção pelo HIV-1 tem sofrido profundas transformações epidemiológicas. A
epidemia deixou de estar restrita a grandes centros urbanos e avança em direção aos
municípios de médio e pequeno porte. Também houve aumento significativo na
transmissão por via heterossexual, o que implica no aumento de casos em mulheres (Brito et al., 2000).
Em estudo recente, Szwarcwald et al, (2000) caracterizaram a evolução
temporal da epidemia da AIDS no Brasil. Constatou-se que apesar de registrar as
maiores taxas de incidência, a região sudeste apresenta atualmente o menor ritmo de
crescimento e a maior tendência à estabilidade. Analisando as taxas médias de
incidência e tamanho dos municípios, observa-se que os maiores ritmos de crescimentos
ocorreram entre os municípios pequenos com menos de 50.000 habitantes. Por outro
lado se observa que há desaceleração da velocidade de crescimento nas cidades grandes
com mais de 500 mil habitantes, com exceção da região sul.
Quanto à distribuição dos casos de AIDS por categoria de exposição nas
grandes regiões observam-se padrões regionais distintos. As regiões Norte e Nordeste
são caracterizados pelo predomínio da transmissão sexual para ambos os sexos, com baixas proporções de casos registrados em usuários de drogas injetáveis (UDI).
Diferentemente, na região Sul e Sudeste, se destacam a transmissão por UDI com
percentuais semelhantes aos de transmissão heterossexual (Szwarcwald et al., 2000).
No Estado do Amapá, desde o ano de 1988 até 2005, foram notificados 371
casos de AIDS, sendo que desse total 249 são do sexo masculino e 122 são do sexo
feminino. Como o que acontece no resto do país, percebe-se uma tendência de
ambos os sexos, seguidos do grupo de 35-49 anos. O maior número de casos encontra-
se na capital do Estado, Macapá, com 291 casos (Sistema Nacional de Notificações e
Agravos, 2003).
1.8 PREVENÇÃO E CONTROLE DA INFECÇÃO PELO VHB E PELO HIV-1