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Capítulo 4 Petrografia e mineralogia

4.3 Estruturas filonianas

4.3.4 Episódio IV: fases tardias

As observações efetuadas durante o trabalho de campo permitiram verificar que as rochas encaixantes da mineralização se encontram fraturadas por um episódio tardio de caracter frágil. Moreira et al. (2017) referem bandas kink e fendas de tração que, à superfície, são preenchidas por óxidos e hidróxidos de Fe (figura 4.11). O estudo da sondagem SD.M4 permitiu verificar que, em profundidade, estas estruturas são constituídas por carbonatos (dol?), tal como verificado anteriormente na estampa 4-F. Petrograficamente, observaram-se estruturas do tipo crack-seal (estampa 10-A) preenchidas tanto por carbonatos (dol?) como por quartzo (qz IV). Estas estruturas cortam as estruturas filonianas de quartzo (estampa 10-B) e carbonatos (estampa10-C) do episódio III.

Figura 4.11 - Fendas de tração preenchidas na sua totalidade por óxidos e hidróxidos de Fe.

A meteorização química dos sulfuretos presentes nas estruturas filonianas quartzosas, devido à sua exposição subaérea, é dominante na mina de Mociços. Só em sondagem se verifica a presença de sulfuretos primários e, mesmo assim, com uma predominância das zonas de lixiviação face as zonas hipogénicas. Microscopicamente, esta meteorização química reflete-se nos grãos de pirite, os quais apresentam uma alteração parcial (estampa 10-D) a total (estampa 10-E) para óxidos e hidróxidos de Fe. Noutros casos, observam-se estruturas do tipo celular boxwork (estampa 10-F) e

rectangular boxwork (estampa 11-A), resultantes da substituição da mineralização primária por uma

a dissolução total dos carbonatos nas fraturas, permitindo a precipitação de limonite (estampa 11-B). Observa-se nas estruturas filonianas de natureza carbonatada pseudomorfos de limonite depois de pirite, lado a lado com pirite (estampa 11-C). Como vestígios dos processos de enriquecimento supergénico, observa-se a alteração pontual de calcopirite para óxidos de cobre, possivelmente cuprite (figura 4.12-B).

Figura 4.12 - Imagem de eletrões retrodifundidos obtidos na microssonda eletrónica (A), e mapa composicional combinado de S e Cu (B), para a calcopirite com inclusão de pirite e com óxidos de Cu em fraturas intragranulares. Este caso verifica-se nos veios de carbonatos da superfície polida SD.4-30#S4.

Os minerais secundários de cobre ligados a zonas de oxidação, apenas são observáveis à superfície e nas escombreiras, nomeadamente malaquite, crisocola e hidromalaquite, cobrindo os óxidos e hidróxidos de Fe (figura 4.13). Por contraposição, tanto na sondagem SD.M4 analisada neste estudo como na sondagem SD.M5A amostrada no âmbito do projeto ZOM-3D, não foram observados vestígios destes minerais.

Figura 4.13 - Fragmento de quartzo leitoso com diversas cavidades onde são identificados óxidos e hidróxidos de Fe. Observa-se uma capa de malaquite que cobre os óxidos e hidróxidos de Fe.

B A

Estes episódios de circulação superficial incluem a presença de óxidos e hidróxidos de Mn, em fraturas e cavidades existentes nas estruturas filonianas quartzosas. O mesmo se verifica nas rochas encaixantes, onde estes óxidos e hidróxidos de Mn precipitam (estampa 11-D), não só em fraturas pré-existentes, como também em níveis mais porosos (estampa 11-E) e na clivagem de crenulação identificada nos níveis pelíticos (estampa 11-F). Estes óxidos e hidróxidos de Mn foram analisados no SEM-EDS, tal como apresentado na figura 4.14, confirmando a sua mineralogia e a abundância destas fases secundárias.

Figura 4.14 - Imagem de eletrões retrodifundidos obtidos na microssonda eletrónica (A), e mapa composicional combinado para o K, Mn e Fe (B), para a análise centrada em óxidos de Mn identificados na superfície polida SD.4-15#S1, correspondente aos psamitos micáceos (Fm. de Colorada).

B A

Estampa 10 - Microfotografias do Episódio IV: A) SD.4-23#L1.7 NC 5X; B) SD.4-19B#L1.8 NC 0.8X; C) SD.4-23#L1.13 NC 0.8X; D) SD.4-07A#S1.8 NP 10X; E) SD.4-11A#S1.2 NP 20X; F) SD.4-04B#S1.1 NP 10X.

A) Filonete do tipo crack-seal (Episódio IV), identificado nos liditos e xistos negros (Fm. dos Xistos com Nódulos), com uma orientação oblíqua ao bandado composicional. Apresenta uma espessura de, aproximadamente, 200 micras. É constituído por carbonatos, quando inserido no nível pelítico-carbonoso, e por quartzo, quando localizado no nível psamítico (NC);

B) Observam-se filonetes do tipo crack-seal (Ep IV), orientados subperpendicularmente ao bandado composicional, a cortar tanto as estruturas filonianas de quartzo em pente (Ep III), como os níveis pelíticos e psamíticos dos Psamitos micáceos (NC);

C) Destaque para um veio de carbonatos (Episódio III) nos liditos e xistos negros, com 2 mm de espessura, aproximadamente. É cortado por filonetes do tipo crack-seal (Episódio IV) de direção oblíqua ao bandado composicional (NC);

D) Pirite disseminada num veio de quartzo (py II) com substituição parcial por óxidos e hidróxidos de Fe (NP);

E) Pirite disseminada num veio de quartzo (py II) com substituição total por óxidos e hidróxidos de Fe. Observa-se relíquias de pirite disseminadas no interior (NP);

F) Microfotografia ilustrativa de óxidos e hidróxidos de Fe em estruturas do tipo cellular boxwork, observadas em veios de quartzo do episódio II (NP). A D E F B Ep III Ep IV C Ep IV

Estampa 11 - Microfotografias do Episódio IV: A) SD.4-19A#S2.5 NP 10X; B) SD.4-12C#S1.5 NP 20X; C) SD.4- 12A#S1.16 NP 20X; D) SD.4-15#S1.5 NP 20X; E) SD.4-09A#S1.8 NC 20X; F) SD.4-03#L1.1 NC 5X.

A) Pormenor de óxidos e hidróxidos de Fe em estruturas do tipo rectangular boxwork, observadas em veios de quartzo do episódio II (NP);

B) Goethite a preencher fraturas. Verifica-se um crescimento fibroso na camada mais exterior, com uma orientação perpendicular aos planos de crescimento (NP);

C) Numa posição central da microfotografia observam-se pseudomorfoses de óxidos e hidróxidos de Fe depois de pirite, com cor cinzenta, lado a lado com pirite (py III), por sua vez definida por uma cor amarela. Neste veio de carbonatos observa-se, também, calcopirite com cor laranja (NP);

D) Caso particular de óxidos de Mn disseminados nos psamitos micáceos (Fm. de Colorada), caracterizado por um hábito esferulítico e por uma cor amarela. Em nicóis cruzados este mineral apresenta uma forte anisotropia (NP);

E) Pormenor de grãos de óxidos e hidróxidos de Mn, com hábito lamelar, cor cinzenta-azulada e brilho metálico, disseminados em níveis pelíticos dos psamitos micáceos (NC);

F) Detalhe petrográfico de óxidos e hidróxidos que precipitam na clivagem de crenulação dos níveis pelíticos (NC).

B A

C D