• Nenhum resultado encontrado

Equac¸˜oes Homogˆeneas com Coeficientes Constantes

1.4 Equac¸˜oes Lineares de 2 a Ordem Homogˆeneas Parte II

1.4.2 Equac¸˜oes Homogˆeneas com Coeficientes Constantes

Vamos tratar equac¸ ˜oes da forma

ay00+by0+cy=0, para a, b, c∈ R, a6=0. (1.30) Vamos mostrar que para esta equac¸˜ao existem valores constantes de r tais que y(t) =

ert´e uma soluc¸˜ao.

Substituindo-se y(t) =ert, y0(t) =rerte y00(t) =r2ertem (1.30) obtemos ar2ert+brert+cert= (ar2+br+c)ert=0.

Como ert 6= 0, ent˜ao y(t) = ert ´e soluc¸˜ao de (1.30) se, e somente se, r ´e soluc¸˜ao da equac¸˜ao

ar2+br+c=0, (1.31)

que ´e chamada equa¸c˜ao caracter´ıstica de (1.30).

Observe que a equac¸˜ao caracter´ıstica pode ser obtida da equac¸˜ao diferencial com coeficientes constantes trocando-se y00por r2, y0por r e y por 1.

Como uma equac¸˜ao de 2o. grau pode ter duas ra´ızes reais, somente uma raiz real ou duas ra´ızes complexas, usando a equac¸˜ao caracter´ıstica podemos chegar a trˆes situac¸ ˜oes distintas.

A Equac¸˜ao Caracter´ıstica Tem Duas Ra´ızes Reais

Se∆ = b24ac > 0, ent˜ao a equac¸˜ao caracter´ıstica de (1.30) tem duas ra´ızes reais (distintas), r1e r2. Neste caso

y1(t) =er1t e y2(t) =er2t

s˜ao soluc¸ ˜oes fundamentais, pois o wronskiano de y1(t) =er1te y2(t) =er2t´e W[y1, y2](t) =det  y1(t) y2(t) y10(t) y02(t)  = det  er1t er2t r1er1t r2er2t  = er1ter2tdet  1 1 r1 r2  = (r2−r1)e(r1+r2)t6=0, para todo t∈ R. Assim no caso em que a equac¸˜ao caracter´ıstica tem duas ra´ızes reais distintas r1e r2,

y(t) =c1er1t+c2er2t ´e a soluc¸˜ao geral de (1.30).

Exemplo 1.17.

Seja ω um n ´umero real positivo. Vamos encontrar a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao y00−ω2y=0.

A equac¸˜ao caracter´ıstica desta equac¸˜ao diferencial ´e r2−ω2 = 0, que tem como

ra´ızes r1=ωe r2= −ω. Assim, a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao diferencial acima ´e

Figura 1.11–Algumas soluc¸ ˜oes da equac¸˜ao do Exemplo1.17

t y

A Equac¸˜ao Caracter´ıstica Tem Somente Uma Raiz Real

Se∆=b24ac=0, ent˜ao a equac¸˜ao caracter´ıstica (1.31) tem somente uma raiz real r= − b

2a. Neste caso,

y1(t) =ert=e−

b 2at

´e soluc¸˜ao da equac¸˜ao diferencial (1.30).

NoExemplo1.16 na p´agina 43mostramos como encontrar uma segunda soluc¸˜ao para esta equac¸˜ao. L´a mostramos que y2(t) = tert = te−

b

2at tamb´em ´e soluc¸˜ao da

equac¸˜ao (1.30) e que y1(t) = e−

b

2at e y2(t) = te−2ab ts˜ao soluc¸ ˜oes fundamentais da

equac¸˜ao diferencial (1.30).

Portanto no caso em que a equac¸˜ao caracter´ıstica tem somente uma raiz real r= − b

2a, y(t) =c1e−

b

2at+c2te−2ab t

´e a soluc¸˜ao geral de (1.30).

Exemplo 1.18.

Vamos encontrar a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao y00+2y0+y=0. A equac¸˜ao caracter´ıstica ´e r2+2r+1 = 0, que tem como raiz r1 = −1. Assim a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao ´e

Figura 1.12 – Algumas soluc¸ ˜oes da equac¸˜ao do Exemplo1.18 -6 -4 -2 2 2 4 6 8 t y

A Equac¸˜ao Caracter´ıstica Tem Duas Ra´ızes Complexas

Se∆=b24ac<0, ent˜ao a equac¸˜ao caracter´ıstica (1.31) tem duas ra´ızes complexas, que s˜ao conjugadas, ou seja, se r1=α+iβ ´e uma raiz da equac¸˜ao caracter´ıstica (1.31),

ent˜ao a outra raiz ´e r2=αiβ. Neste caso, pela f ´ormula de Euler (1.21) temos:

y1(t) = er1t=e(α+iβ)t =eαt(cos βt+i sen βt) e

y2(t) = er2t=e(α−iβ)t =eαt(cos(−βt) +i sen(−βt)) =eαt(cos βti sen βt).

Pela an´alise feita no in´ıcio dessa sec¸˜ao sabemos que y1(t) = er1t e y2(t) = er2t s˜ao soluc¸ ˜oes (complexas) da equac¸˜ao diferencial (1.30). Al´em disso, assim como quando r1e r2s˜ao reais, o wronskiano

W[y1, y2](t) =det  y1(t) y2(t) y01(t) y20(t)  = det  er1t er2t r1er1t r2er2t  = er1ter2tdet  1 1 r1 r2  = (r2−r1)e(r1+r2)t= −2iβe2αt6=0, ∀t∈ R, ou seja, y1(t)e y2(t)s˜ao soluc¸ ˜oes fundamentais de (1.30). Assim no caso em que a equac¸˜ao caracter´ıstica tem duas ra´ızes complexas r1=α+iβ e r2=αiβ,

y(t) =C1er1t+C2er2t, C1, C2∈ C ´e a soluc¸˜ao geral complexa de (1.30).

Vamos encontrar um conjunto fundamental de soluc¸ ˜oes reais. A soluc¸˜ao geral com- plexa pode ser escrita como

y(t) = C1e(α+iβ)t+C2e(α−iβ)t

= C1eαt(cos βt+i sen βt) +C2eαt(cos βti sen βt)

Tomando C1=C2= 1

2 em (1.32), temos a soluc¸˜ao real u(t) =e

αtcos βt.

Tomando C1= −C2= 1

2i, temos a soluc¸˜ao real v(t) =e

αtsen βt.

Vamos mostrar, agora, que se as ra´ızes da equac¸˜ao caracter´ıstica s˜ao complexas, ent˜ao u(t)e v(t)s˜ao soluc¸ ˜oes fundamentais de (1.30).

W[u, v](t) =det  u(t) v(t) u0(t) v0(t)  = det  eαtcos βt eαtsen βt

eαt(αcos βtβsen βt) eαt(αsen βt+βcos βt)

 = e2αt  αdet  cos βt sen βt cos βt sen βt  +βdet  cos βt sen βtsen βt cos βt 

= βe2αt6=0, para todo t∈ R.

Assim no caso em que a equac¸˜ao caracter´ıstica tem duas ra´ızes complexas r1=α+

e r2=αiβ,

y(t) =c1eαtcos βt+c2eαtsen βt ´e a soluc¸˜ao geral de (1.30).

Exemplo 1.19.

Seja ω um n ´umero real positivo. Vamos encontrar a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao y00+ω2y=0.

A equac¸˜ao caracter´ıstica desta equac¸˜ao diferencial ´e r2+ω2 = 0, que tem como

ra´ızes r1=iω e r2= −iω. Assim, a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao diferencial acima ´e

y(t) =c1cos ωt+c2sen ωt. (1.33)

x y (c1, c2) R c2 δ c1  c1 = R cos δ, c2 = R sen δ. (1.34)

Substituindo-se os valores de c1e c2na equac¸˜ao (1.33) obtemos

y(t) =R(cos δ cos(ωt) +sen δ sen(ωt)) =R cos(ωtδ), em que R=

q

Figura 1.13–Uma soluc¸˜ao da equac¸˜ao do Exemplo1.19 t y 2π __ ω δ __ ω δ____+2ωπ +R −R y(t) = R cos(ωt − δ), δ > 0, ω > 0, R > 0

Resumo

Para resolver a equac¸˜ao diferencial ay00+by0+cy = 0, para a, b, c ∈ R, a 6= 0, encontramos a equac¸˜ao caracter´ıstica ar2+br+c=0.

(a) Se∆=b24ac>0, ent˜ao a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao diferencial ´e y(t) =c1er1t+c2er2t, em que r1,2=

−b±√∆

2a .

(b) Se∆=b24ac=0, ent˜ao a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao diferencial ´e y(t) =c1e−

b

2at+c2te−2abt.

(c) Se∆=b2−4ac<0, ent˜ao a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao diferencial ´e y(t) =c1eαtcos βt+c2eαtsen βt, em que α=

−b 2a, β=

√ −∆

Exerc´ıcios (respostas na p´agina124)

4.1. Mostre que y1(x) =x3´e soluc¸˜ao da equac¸˜ao diferencial 2x2y00−xy0−9y=0.

Encontre uma func¸˜ao u(x)tal que y2(x) =u(x)y1(x)seja soluc¸˜ao da equac¸˜ao dada. Prove que as duas soluc¸ ˜oes y1(x)e y2(x)s˜ao soluc¸ ˜oes fundamentais.

4.2. Mostre que y1(x) =x−1, x>0, ´e soluc¸˜ao da equac¸˜ao diferencial x2y00+3xy0+y=0.

Encontre uma func¸˜ao u(x)tal que y2(x) =u(x)y1(x)seja soluc¸˜ao da equac¸˜ao dada. Prove que as duas soluc¸ ˜oes y1(x)e y2(x)s˜ao soluc¸ ˜oes fundamentais.

4.3. As equa¸c ˜oes de Euler s˜ao equac¸ ˜oes que podem ser escritas na forma

x2y00+bxy0+cy=0, em que b, c∈ R. (1.35)

Existem valores constantes de r tais que y(x) = xr ´e uma soluc¸˜ao de (1.35). Al´em disso y(x) = xr ´e soluc¸˜ao da equac¸˜ao (1.35) se, e somente se,

r2+ (1−b)r+c=0, (1.36)

que ´e chamada equa¸c˜ao indicial de (1.35). Se a equac¸˜ao indicial r2+ (b1)r+c = 0 tem somente uma raiz real, r= 1−b

2 , determine uma segunda soluc¸˜ao linearmente independente da forma y2(x) =v(x)y1(x) =v(x)x

1−b

2 , para x>0.

4.4. (a) Determine qual ou quais das func¸ ˜oes z1(x) =x2, z2(x) =x3e z3(x) =e−xs˜ao soluc¸ ˜oes da equac¸˜ao (x+3)y00+ (x+2)y0−y=0

(b) Seja y1(x)uma das soluc¸ ˜oes obtidas no item anterior. Determine uma segunda soluc¸˜ao y2(x)de forma que y1(x)e y2(x)sejam soluc¸ ˜oes fundamentais da equac¸˜ao.

(c) Determine a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao

(x+3)y00+ (x+2)y0−y=0 e obtenha a soluc¸˜ao do problema de valor inicial

   (x+3)y00+ (x+2)y0−y=0, y(1) =1, y0(1) =3. Justifique sua resposta!

4.5. Mostre que a soluc¸˜ao do problema y00+2y0 =0, y(0) = a, y0(0) =b tende para uma constante quando t→ +∞. Determine esta constante.

4.6. Mostre que se 0<b<2, ent˜ao toda soluc¸˜ao de y00+by0+y=0 tende a zero quando t→ +∞.

4.7. Considere o problema y00−4y=0, y(0) =0, y0(0) =b6=0. Mostre que y(t) 6=0 para todo t6=0.

4.8. Considere o problema y00−y0+14y =0, y(0) = 2, y0(0) = b. Determine os valores de b para os quais a soluc¸˜ao y(t) → +∞ quando t→ +∞.

4.9. Considere a equac¸˜ao y00+2by0+y = 0. Para quais valores de b a soluc¸˜ao y(t) tende a zero quando t→ +∞, independente das condic¸˜oes iniciais.

4.10. (a) Encontre a soluc¸˜ao geral da equac¸˜ao

y00+2y0+αy=0

para α>1, para α=1 e para α<1.

Documentos relacionados