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Os reatores biológicos, utilizados em processos químicos e biológicos, são

categorizados pelo tipo de fluxo em que o reator é alimentado, e do padrão de mistura

que, por sua vez, depende de fatores como sua geometria, do tamanho e escala da

unidade, assim como da quantidade de energia introduzida por unidade de volume

(METCALF; EDDY, 2016).

O equacionamento matemático apresentado no presente estudo dependerá do

tipo de regime hidráulico do reator, sendo: (i) fluxo pistão; (ii) mistura completa; ou (iii)

fluxo disperso; e também da ordem da reação da substância que se quer estimar.

3.5.1 Ordens e Taxas de Reações

Segundo Metcalf e Eddy (2016) o perfeito desempenho dos sistemas biológicos

de tratamento de esgoto depende das características do substrato utilizado e do

crescimento dos microrganismos envolvidos. Desta forma, as reações biológicas que

regem o crescimento microbiano devem ser conhecidas para que seja possível estimar

o desempenho do sistema. O crescimento celular bacteriano, ou de biomassa, em um

sistema de cultura em batelada ou contínuo é uma função da concentração dos mesmos

em um determinado tempo. Esse crescimento é descrito através de equações cinéticas.

Conforme Mahan e Myers (1995) a ordem da reação (r) determina qual a

relação entre a taxa da reação e a concentração da substância. De maneira genérica

pode-se afirmar que:

ݎ ൌ ݇Ǥ ܵ

(10)

Em que:

r: taxa de ordem ‘n’; [(kg/m³)

n

/dia]

k: constante de remoção; [1/dia]

S: concentração de determinada substância; e [kg/m³]

n: ordem da reação. [adimensional]

No equacionamento dos processos de tratamento de esgoto doméstico são

frequentemente encontradas reações de ordem zero e de primeira ordem. Reações de

segunda ordem podem ser encontradas em alguns casos de despejos industriais (VON

SPERLING, 1996). No decorrer deste estudo serão analisadas as seguintes reações:

o Reações de ordem zero: são aquelas nas quais a taxa de reação independe da

concentração dos reagentes, nesta condição a taxa de mudança de reação é

constante:

݀ܵ

݀ݐൌ ݇

(11)

ou

ݎ ൌ ݇ (12)

o Reações de primeira ordem: são aquelas nas quais a taxa de reação é

proporcional à concentração de reagentes:

݀ܵ

݀ݐ ൌ ݇Ǥ ܵ

(13)

ou

ݎ ൌ ݇Ǥ ܵ (14)

o Reações de Segunda Ordem: taxa de reação depende do quadrado da

concentração.

݀ܵ

݀ݐ ൌ ݇Ǥ ܵ

(15)

ou

ݎ ൌ ݇Ǥ ܵ (15)

Porém, normalmente a constante de remoção (k) é definida para a temperatura

de 20ºC, sendo frequentemente citadas a de ordem zero e de primeira ordem para

reatores de mistura completa. Caso a constante seja utilizada em uma condição com

temperatura diferente de 20ºC, procede-se a sua correção utilizando a conhecida

equação de Van´t Hoff-Arrhenius, como apresentado na equação 13 (VON SPERLING,

2002).

݇ሺ்ሻൌ ݇ଶ଴Ǥ ߠሺ்ିଶ଴ሻ (16)

Em que:

݇ሺ்ሻ: é a constante de decaimento para temperatura ‘T’; [1/dia]

݇ଶ଴: é a constante de decaimento para temperatura de 20ºC; [1/dia]

ߠ: é uma constante de interpolação; e [adimensional]

3.5.2 Regime hidráulico de reatores

Os reatores utilizados para o tratamento de esgotos, frequentemente, são

projetados e operados para a condição de escoamento ideal, em termos de padrão de

mistura do líquido, por meio dos modelos clássicos de fluxo em pistão e de mistura

completa devido à menor complexidade de aplicação desses modelos. No entanto, tais

modelos não representam de forma exata as condições reais de escoamento, devido a

fatores como a formação de zonas mortas, caminhos preferenciais e dispersão axial ou

longitudinal do líquido (VON SPERLING, 2002).

O estudo do regime hidráulico de reatores tem implicações diretas no seu

dimensionamento e, portanto, eficiência e estabilidade. As equações que relacionam

constantes de degradação, tempo de detenção hidráulica e concentrações afluente e

efluente dependem do tipo de hidráulica que ocorre no reator.

3.5.2.1 Reatores de mistura completa

Nesse modelo propõe-se que as partículas, assim que entram no reator, sofrem

uma dispersão instantânea, e sua saída se dá proporcionalmente à sua concentração

estatística. Assim, neste modelo idealizado a concentração em qualquer ponto do reator

é igual à concentração efluente, ou seja, o afluente assim que entra no sistema assume

a concentração do efluente. Por isso, considera-se que os reatores de mistura completa

possuem maior estabilidade operacional, visto que absorvem melhor o lançamento de

altas cargas de matéria orgânica, temperatura, etc. Para o equacionamento do sistema

aplica-se um balanço de massa sobre o reator inteiro (TOSCANI, 2010).

݀ܵ

݀ݐǤ ܸ

ᇣᇤᇥ

௏௔௥௜௔­ ௢ௗ௘௨௠௔

ௌ௨௕௦௧Ÿ௡௖௜௔ௌ

ൌ ܳǤ ܵ݋ᇣᇤᇥ

ா௡௧௥௔ௗ௔ௗ௔

ௌ௨௕௦௧Ÿ௡௖௜௔

െ ܳǤ ܵต

ௌ௔Àௗ௔ௗ௔

ௌ௨௕௦௧Ÿ௡௖௜௔

൅ ݎǤ ܸต

ி௢௡௧௘௦Ȁ௦௨௠௜ௗ௢௨௥௢௦

ௗ௔ௌ௨௕௦௧Ÿ௡௖௜௔

(17)

No caso de ocorrência de reações de ordem zero, há um decaimento linear da

concentração. Assim, a equação fica como segue:

ܵ ൌ ܵ݋ െ ݇Ǥ ݐ (18)

A solução geral, em qualquer instante de tempo, e para reação de primeira

ordem é a seguinte:

ܵ ൌ ܵ݋Ǥ ݁ିቀ௞ାொ ௏ൗ ቁǤ௧ܳǤ ܵ݋

݇Ǥ ܸ ൅ ܳ൤ͳ െ ݁ିቀ௞ାொ ௏

ൗ ቁǤ௧

(19)

Para obtenção da concentração após o período transiente (solução em regime

permanente), faz-se o tempo tender ao infinito, e assim tem-se que:

ܵ ൌ ܵ݋ሾͳ ൅ ݇Ǥ ݐሿିଵ (20)

Já para reações de segunda ordem, a concentração efluente não pode ser

isolada na equação, como pode ser visto abaixo – problema este facilmente solucionado

utilizando métodos iterativos.

݇Ǥ ܵǤݐ ൅ ܵ ൌ ܵ݋ (21)

Outra idealização advinda deste modelo são associações de reatores de

mistura completa em série. Isto ocorre porque algumas vezes sistemas reais se ajustam

melhor a um modelo matemático de “n” reatores de mistura completa em série do que

somente a um ou fluxo pistão.

ܵ ൌ ܵ݋ ൤ͳ ൅ ൬݇Ǥ ܸ

݊Ǥ ܳ൰൨

ିሺ௡ሻ (22)

Cabe observar que quando n = 1, o modelo é de apenas um reator de mistura

completa. Já quando n → ∞, ou seja, uma associação infinita de reatores de mistura

completa é reproduzido o modelo de fluxo pistão, que será apresentado a seguir.

3.5.2.2 Reatores tipo pistão

O escoamento em fluxo pistão ocorre predominantemente de forma adjetiva,

as partículas entram continuamente em uma das extremidades do reator e são

descarregadas na mesma sequência na outra, ocorrendo uma mínima dispersão

longitudinal. Assim, o lançamento de cargas choque num reator com fluxo pistão tende

a desestabilizar o sistema, visto que teria influência ao longo de todo o comprimento do

reator (TOSCANI, 2010).

As equações para determinação de concentração efluente a partir de dados do

reator advêm de um balanço de massa sobre uma seção transversal infinitesimal dx do

reator. Das equações do transporte de massa, chega-se à seguinte equação:

݀ܵ

݀ݐ

௏௔௥௜௔­ ௢ௗ௔

ௌ௨௕௦௧Ÿ௡௖௜௔ௌ

ൌ െܳ

ܣǤ

݀ܵ

݀ݔด

௏௔௥௜௔­ ௢ௗ௔

ௌ௨௕௦௧Ÿ௡௖௜௔ௌ

൅ ݎณ

ி௢௡௧௘௦Ȁ௦௨௠௜ௗ௢௨௥௢௦

ௗ௔ௌ௨௕௦௧Ÿ௡௖௜௔ௌ

(23)

Para uma reação de ordem zero a equação da concentração efluente do reator

de fluxo pistão é idêntica ao de mistura completa. Já a solução resultante para um

regime permanente, com ocorrência de uma reação de primeira ordem será:

ܵ ൌ ܵ݋Ǥ ݁ି௞௧ (24)

Com esta equação pode-se modelar o perfil de concentrações da substância

estudada ao longo do tempo ou ao longo do reator. Já para uma reação de segunda

ordem, a equação pertinente é:

ܵ ൌ ܵ݋ሾͳ ൅ ݇Ǥ ܵ݋Ǥ ݐሿିଵ (25)

Tendo estas equações pode-se concluir que para uma mesma concentração

afluente e um mesmo intervalo de tempo, um reator de fluxo pistão é mais eficiente que

um de mistura completa, ou seja, apresenta uma menor concentração de saída. Assim,

um reator de mistura completa necessita de maior volume para atingir a mesma

eficiência que um de fluxo pistão (METCALF; EDDY, 2016).

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