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corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso (Caspersen e t a l . 1985), portanto, um simples movimento de um dedo pode ser considerado uma Actividade Física.

A Actividade Física e Exercício Físico são expressões muitas vezes utilizadas de forma alternada querendo significar a mesma coisa. Todavia, estas expressões deveriam ser entendidas de forma distinta, implicando consequências porventura distintas relativamente ao seu papel na vida diária dos indivíduos.

É facto que tanto o Exercício Físico como a Actividade Física implicam na realização de movimentos corporais produzidos pelos músculos esqueléticos que levam a um gasto energético, e, desde que a intensidade, a duração e a frequência dos movimentos apresentem algum progresso, ambos demonstram igual relação positiva com os índices de Aptidão Física. Assim, cuidar do jardim, arrumar a casa, caminhar, realizar uma tarefa profissional que envolva esforço físico, ou mesmo, jogar futebol com os amigos, podem ser considerados exemplos de Actividade Física.

No entanto, Exercício Físico não é sinónimo de Actividade Física. O Exercício Físico tem sido considerado como uma subcategoria da Actividade Física, sendo de uma forma geral definido como um tipo de actividade planeada, estruturada, de natureza repetitiva, com o propósito de melhorar ou manter uma ou mais componentes da Aptidão Física e, por consequência, o estado de saúde dos indivíduos. É, portanto, a Actividade Física realizada de forma intencional.

Por definição Exercício Físico é toda a Actividade Física planeada, estruturada e repetitiva que tem por objectivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da Aptidão Física (Caspersen et al. 1985), como exemplo, podemos citar uma caminhada de uma hora sem parar e com ritmo constante.

Não obstante, em determinadas situações outras categorias da Actividade Física de nosso quotidiano podem, eventualmente, provocar adaptações positivas nos índices de Aptidão Física. No entanto, mesmo assim não devem constituir-se como Exercício Físico. É o caso de algumas ocupações profissionais, de tarefas domésticas específicas ou outras actividades do dia a dia que, pelo seu envolvimento energético, podem

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repercutir-se favoravelmente na Aptidão Física. Igualmente, uma pessoa que torna o seu tempo livre e as actividades destinadas ao Lazer mais activas fisicamente, deverá usufruir das vantagens quanto à Aptidão Física.

Contudo as dificuldades quanto ao seu planeamento, à sua estruturação e repetição impedem-nas de ser consideradas Exercício Físico.

A evidência de que a estabilidade postural diminui com a idade, encontra-se bem referenciada na bibliografia. No sentido de travar este processo, o interesse no Exercício Físico como modalidade terapêutica tem vindo a aumentar nos últimos tempos. A Actividade Física, com exercício aeróbico e de força, pode prevenir o declínio de muitas estruturas relacionadas com a manutenção do equilíbrio.

Assim, um programa de exercício de força pode aumentar a força muscular, a capilarização celular, a inervação das fibras musculares activas e a flexibilidade em idosos (Spirduso, 1995).

Estudos realizados por Perrin et al. (1999) demonstraram que o efeito do Exercício Físico e da prática desportiva produzem resultados positivos no controlo postural em idosos, mesmo sem antecedentes da prática desportiva.

Estudos realizados por Maki et al. (1999), em dois grupos de idade, jovens (23-31 anos) e idosos (65-73 anos), demonstraram que a facilitação mecânica da superfície plantar pode melhorar a eficácia de certos tipos de reacções de estabilização provocados por perturbações posturais imprevisíveis.

Um estudo de revisão sobre equilíbrio e envelhecimento, realizado por Konrad et al. (1999) revelou que a reabilitação vestibular é um tratamento eficaz para a população idosa. Este estudo sugere ainda que os exercícios devem incluir categorias de vária ordem, tais como: coordenação visual e postural, movimentos da cabeça com ou sem fixação, exemplos de equilíbrio sentado e em pé, treino de marcha.

Hu & Woollacott (1994) verificaram, nos estudos em idosos que participaram num programa de exercícios incluindo os componentes visuais, vestibulares e proprioceptivos, uma melhoria do equilíbrio, diminuindo,

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consequentemente, o número de quedas.

Outros estudos realizados por Gregg et al. (1998), Buchner et al. (1999) e Fuller (2000), demonstraram que um programa de exercícios após queda, de treino de força e de resistência, diminuem o risco de queda em idosos.

Gardner e t a l . (2000), num estudo de revisão sobre a eficácia dos programas de exercícios para prevenção de quedas, verificaram que, numa amostra de 4933 indivíduos com mais de 60 anos, o exercício é efectivo no aumento do equilíbrio e na consequente diminuição do risco de quedas.

Com o envelhecimento produzem-se alterações nos diferentes sensores, podendo verificar-se uma diminuição ou um feedback inapropriado dos centros de controlo postural (ACSM, 1998). A evidência da deterioração no sistema de controlo postural com o envelhecimento é uma realidade. Apesar de algumas dessas alterações degenerativas poderem aparecer pequenas e insignificantes, o somatório dos défices aumentam o risco de uma resposta incorrecta ou inadequada com uma consequente perda de coordenação, particularmente quando se tem de executar uma actividade funcional, como por exemplo, descer escadas carregando sacos, afastar-se de algum objecto para não embater. O abrandamento dos reflexos posturais, por si só, nem sempre é a causa de uma queda, mas combinado com outras alterações fisiológicas, com o atraso na detecção de um desequilíbrio e a desorganização do processamento central, coloca o indivíduo num risco acrescido para a ocorrência de quedas (Pickles et al. 1995).

Vários estudos (e.g. Dugailly, 2000; Mignolet, 2000) têm relatado uma deterioração do sistema sensorial e motor com o aumento da idade, principalmente a partir da sexta década, o que reflecte a diminuição do equilíbrio e funcionalidade. A frequência e amplitude da oscilação corporal é maior nos idosos do que nos jovens; pelo contrário, a correcção da estabilidade postural é mais lenta (Spirduso, 1995). Com o avançar da idade o equilíbrio, quer estático, quer dinâmico, começa a estar comprometido devido a alterações degenerativas da coluna vertebral, à diminuição dos membros inferiores, à deterioração da visão, do sistema vestibular e somatório sensorial

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(Spidurso, 1995; Dugailly, 2000; Kaplanski et al. 2000; Mignolet, 2000).

O equilíbrio torna-se importante, muito importante nos idosos, uma vez que a instabilidade postural pode levar a quedas (sétima causa de morte em indivíduos com mais de 50 anos) e até mesmo a fracturas que conduzem a grandes períodos de imobilização (Dugailly, 2000). Estes períodos de imobilização aceleram, por sua vez, os processos degenerativos que acompanham o envelhecimento, conduzindo a maiores períodos de reabilitação e incapacidade e maiores probabilidades de morte (Dugailly, 2000).

O equilíbrio não é uma característica isolada: constitui a base de uma grande variedade de actividades que se desenvolvem ao longo de um dia normal. Actividades como sentar numa cadeira, tomar banho, atravessar uma rua movimentada ou limpar uma janela alta, requerem diferentes e complexas mudanças no tónus muscular e na actividade do sistema de controlo postural (Huxham et al., 2001; Nitz & Choy, 2004). O equilíbrio não pode ser associado da acção ligada ao meio onde é realizado (Huxham et al. 2001). Assim, o equilíbrio é a base de todas as capacidades motoras voluntárias (Huxham et

al., 2001; Nitz & Choy, 2004). Se um idoso possuir reduzidos níveis de

equilíbrio tornar-se-á cada vez mais dependente e sujeito a um maior risco de quedas e fracturas (Shephard, 1990; Hart & Spector, 1993).

A realização de Actividade Física influencia positivamente a manutenção do equilíbrio, nomeadamente pela alteração e melhoria da postura cifótica adquirida com a idade, pela diminuição (em muitos casos) da medicação e pela melhoria da qualidade da marcha, pelo aumento da força dos membros inferiores (Perrin et al. 1999; Liano et al., 2004). Segundo Spirduso (1995), o Exercício Físico induz igualmente melhoria dos reflexos e sinergia motora nas reacções posturais, aumento da flexibilidade e redução do risco de hipotensão postural.

Petiz (2002) realizou um estudo com 113 indivíduos entre os 67 e os 99 anos, cujo propósito foi identificar o nível de associação entre o equilíbrio, a ocorrência de quedas e a prática regular de Actividade Física em idosos. A pesquisa revelou que o equilíbrio estava significamente associado à idade,

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pertencendo os valores inferiores do equilíbrio aos sujeitos da classe etária mais idosa. Verificou-se que há um declínio dos valores do equilíbrio em função da idade, isto é, quanto mais velhos os indivíduos, pior o seu equilíbrio.

Sendo o valor do declínio agilidade/equilíbrio dinâmico similar às outras componentes da Aptidão Física, o Exercício Físico afigura-se como um importante factor de manutenção no idoso (Rikli & Jones, 2001).

Teixeira (2002) avaliou a Aptidão Física em 212 sujeitos divididos em dois grupos de idade: 58-65 e 66-84 anos. O autor verificou que o grupo de adultos mais idosos obteve um desempenho inferior na avaliação da agilidade/equilíbrio dinâmico com o teste “Sentado, Caminhar 2.44m e Voltar a Sentar” da Bateria de testes de Rikli e Jones.

Num estudo realizado por Demura et al. (2003), com indivíduos adultos entre os 60 e os 89 anos de idade, sobre o declínio da Aptidão Física, um dos parâmetros avaliados foi o equilíbrio, tendo-se verificado uma diminuição de aproximadamente 20% entre os 60-70anos e 15% entre os 75-80 anos. A partir dos 80 anos o declínio foi mais de 60%.

Num estudo com idosos, Wojcik et al. (1999) verificaram que mulheres idosas apresentavam menor capacidade de recuperação do equilíbrio, na eminência de uma quedas, quando comparadas com indivíduos do sexo masculino.

Perrin et al. (1999) demonstraram que o Exercício Físico produz um efeito positivo no controlo postural em idosos. Os autores constataram que distúrbios do equilíbrio estático e dinâmico e as consequentes quedas relacionadas com o envelhecimento foram minimizadas aplicando um programa de Exercício Físico regular em idosos com mais de 60 anos. As alterações foram avaliadas através de posturografia.

O Exercício Físico, com todas as suas variações e adaptações constitui um meio privilegiado de manutenção e melhoria do equilíbrio.

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