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2 NORTEANDO UM CAMINHO

2.1 O marco conceituai

2.1.3 Conceitos

2.1.3.1 Equipe de enfermagem

É uma equipe de trabalho de um turno (manhã, tarde ou noite) que, no âmbito de uma unidade de internação hospitalar, compõe-se de profissionais de enfermagem de nível médio (técnicos e/ou auxiliares) e de nível superior (enfermeiros). Deste último nível provém a liderança formal, hierarquicamente constituída, de acordo com o amparo legal previsto pela lei do exercício profissional, embora possa constituir-se liderança informal, originária de um ou de outro nível, que se expressa em razão de contingências. Eventualmente também fazem parte outros profissionais como auxiliar de saúde e escriturário.

A equipe de enfermagem presta assistência ao paciente numa relação de interdependência com equipes de outros profissionais da área da saúde e com aquelas dos serviços de apoio. Além de centrar-se nas atividades diretas ou indiretas que dizem respeito à assistência ao paciente, concentra-se em sua dinâmica de funcionamento, já que seus membros interagem face à face no cotidiano do trabalho. A dinâmica refere-se ao conjunto de fenômenos que aparecem nos pequenos grupos (inspirado em Mucchielli, 1980).

É um grupo sensível, tanto pela vigilância como pela intensidade da reação grupai à intervenção externa na tarefa e à composição dos membros. A tônica desta última refere-se a desligamentos e novos ingressos. Pressupondo engajamento pessoal e identificação com o grupo, por parte dos seus membros é, portanto, unitário (inspirado em Mucchielli, 1980), para diferir do grupo abstrato em que o "estar-junto" não é mais do que um contexto social.

Além destas generalidades, a dinâmica de cada equipe adquire uma conotação muito particular por ser complexo e único cada um dos seus membros e

dado o entrelaçamento de peculiaridades que a cada um caracteriza com sua história de vida. Depara-se com aspectos aparentes (luz) e subjacentes (sombra) assim como cada membro depara-se com tais aspectos de si mesmo, do(s) outro(s) e da instituição em que está vinculado. Os aparentes incluem objetivos, metas, estratégias, tecnologia, recursos materiais comunicação, normas explícitas e valores declarados; os subjacentes dizem respeito aos sentimentos, emoções, atitudes, maneiras de reagir, norma grupai (parte da dinâmica) e componentes desconhecidos (inspirado em Moscovici, 1993).

Nas relações face a face, a comunicação é uma constante vital. A comunicação é o meio pelo qual a interação social e aprendizagem acontecem (King, 1981) em que, além de idéias, sentimentos e emoções também são intercambiados (Chiavenato, 1987). Os sentimentos e as emoções dizem respeito a uma dinâmica pessoal frente às contingências de relações, onde polarizam-se amor/ódio, alegria/tristeza, medo/coragem, culpas, receios, entre outros. Tais polarizações sensibilizam cada pessoa em intensidade e de modo muito peculiar, podendo (re)velá-las através do choro, do riso, da palavra escrita ou falada, do silêncio, dos gestos, da expressão facial.

Uma equipe, juntamente com outras de revesamento de turno que compõem uma unidade de internação, insere-se num sistema maior que é o hospital. Portanto, é receptora de influências deste ambiente macro-organizacional quanto a um conjunto de condições, entre elas, as tecnológicas, legais, políticas, econômicas e culturais (inspirado em Hall apud Chiavenato, 1983). O ambiente da tarefa é o mais próximo da equipe e é representado pelo espaço físico, recursos materiais e tecnológicos. Em relação ao "comum" que identifica a equipe, as pessoas também passam a fazer parte do ambiente.

Apesar de inserir-se neste contexto macro-organizacional, cada equipe de enfermagem adquire características próprias. Assim se reconhece e quer ser

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reconhecida pelas demais equipes com as quais interage pois que, também, é reflexo das diferenças inatas de cada um de seus membros.

Cada membro da equipe é um ser social e como tal desempenha múltiplos papéis sendo que cada esfera de sua ação, como a do trabalho, implica-lhe um conjunto de papéis. É um ser reflexivo e, por isso mesmo,aptoà tomada de decisões ou, pelo menos, apto a capacitar-se para elas, podendo condicionar-se ou libertar-se de condicionamentos. Tem uma história de vida impregnada de valores, crenças, conhecimentos e experiências por onde passam sentimentos e emoções. Esta bagagem influencia-no na maneira de perceber a si mesmo, o(s) outro(s), o ambiente e as situações, delineando imagens que perpassam a emissão e captação de mensagens. Estas interferem e refletem-se na qualidade das interações que estabelece ao se relacionar com o(s) outro(s) e com o ambiente.

Cada membro da equipe tem potencialidades que podem estar latentes ou disponíveis para os ajustes que se fizerem necessários ao longo do processo de viver. As potencialidades vinculam-se aos recursos de que se pode dispor e/ou desenvolver para tomar-se apto e criativo na tomada de decisões. Entre outras estão aquelas do pensar, refletir o pensar, sensibilizar-se, expressar-se, analisar, sintetizar que se manifestam em ações concretas no dia-a-dia, revestidas nas mais diversas formas de habilidades.

Cada membro da equipe é suscetível a estímulos internos ou externos que facilitam ou obstaculizam - o que não quer dizer impedimento radicalmente intransponível - para a expressão de potencialidades.

Trata-se de um indivíduo que tem o direito de ser informado sobre as expectativas da instituição e do setor de trabalho em relação a ele, por ocasião de sua admissão e ao longo do vínculo empregatício. Tem, também, direito ao acesso de informações que contribuam ao exercício da profissão e de cidadania. Tem deveres e responsabilidades para com a organização representada pelo ambiente

institucional, colegas, demais profissionais e usuários. Mas, igualmente tem direito, à luz dos Direitos Humanos, à dignidade no exercício profissional e em todas as relações que estabelece com a instituição na qual ingressou e da qual faz parte. Ressalta-se, aí, o acesso à verbalização das próprias expectativas e à discussão de fatores que concorrem à tomada de decisões.

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