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CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL: INSTITUCIONALIDADES E PRÁTICAS DE UMA PERSPECTIVA

3. Defesa social e institucional : ―vinculada à concepção de que a provisão das ações socioassistencias deve estar pautada na garantia do

2.3 Equipe de referência da Política de Proteção Social Básica que atua nos CRAS

Nesse processo, há uma centralidade da Assistência Social para o debate da organização e da estruturação para a gestão do trabalho nos CRAS, assim, a NOB-RH/Suas/2005 antecipa-se ao estágio de implementação do SUAS, deliberando sobre as funções da equipe que deve compor os órgãos públicos sobre a demanda da reestruturação da PNAS/2004, e usa, desde a sua implementação, mecanismos indutores que estão diretamente relacionados aos compromissos e responsabilidades dos entes federados mas, sobretudo, as exigências aos requisitos que devem ser cumpridos para que essa adesão se efetive, e, nessa adesão, a principal exigência é o quadro de pessoal, que é, inclusive, um dos indicadores do monitoramento do SUAS.

A NOB/SUAS/2005 constitui e consolida os principais eixos a serem considerados para a gestão do trabalho e educação permanente no âmbito do Suas, são eles:

- Princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS;

- Princípios éticos para os trabalhadores; - Equipes de referência;

- Diretrizes nacionais pra os planos de carreira, cargos e salários; - Diretrizes para entidades e organizações de assistência social; - Diretrizes para o co-financiamento da gestão do trabalho;

- Responsabilidades e atribuições do gestor federal, dos gestores estaduais, do gestor do Distrito Federal e dos gestores municipais;- Diretrizes nacionais para instituição de mesas de negociação;

- Organização do Cadastro do Sistema Único de Assistência Social (CadSUAS);

- Controle social da gestão do trabalho; - Regras de transição.

Para atender a população referenciada no CRAS, deve contar com uma equipe mínima para a execução dos seus serviços e ações. Deve ampliar a referência de profissionais, caso oferte, diretamente no CRAS, outros serviços, programas, projetos e benefícios.

De acordo com a NOB-RH/SUAS (2010)17 a composição da equipe

mínima de referência que trabalha no CRAS para a prestação de serviços e execução das ações no âmbito da Proteção Social Básica nos municípios, deve contar com um coordenador (técnico de nível superior), concursado, com experiência em trabalhos comunitários e gestão de programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais.

Deve ser composta, ainda, por servidores públicos efetivos, como assistente social, psicólogo, coordenador, auxiliar administrativo e estagiários (esses contratados), conforme o espaço disponível, responsáveis pela organização e oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial, levando em consideração o número de famílias e indivíduos referenciados, o tipo de atendimento e as aquisições que devem ser garantidas aos usuários. (NOB-RH/SUAS, 2010).

O número de profissionais e técnicos que devem compor a equipe mínima deve estar de acordo com o número de famílias referenciadas, conforme a NOB-RH/SUAS.

17 A NOB-RH/Suas tem como função organizar as diretrizes para a gestão do trabalho no Suas,

objetivando propor mecanismos reguladores na relação entre gestores e trabalhadores e os prestadores de serviços socioassistenciais.

Conforme a NOB-RH/SUAS, a União, os Estados, os Municípios em gestão plena e o DF são responsáveis pela elaboração e execução da política de recursos humanos, e a implantação de planos de carreira para os servidores públicos que atuem na política de Assistência Social.

É importante destacar que as três esferas de governo possuem papéis fundamentais e peculiares na execução da política de Assistência Social, em especial nos CRAS, contribuindo para o financiamento, a capacitação de profissionais e o incentivo à execução da mesma.Para que o trabalho atinja os objetivos esperados, é necessário que haja uma constante capacitação da equipe técnica, paragarantir a qualificação dos recursos humanos e maior capacidade de gestão dos operadores da política de Assistência Social.

O movimento de implementação dos CRAS desencadeia debates e indagações de profissionais, gestores e pesquisadores sobre as formas de implementá-lo, suas possibilidades e desafios. Uma das preocupações se refere aos paradigmas postos pela PNAS/2004, para que a instalação dessas unidades ocorra consoante o significado que lhes foi atribuído, com qualidade na prestação dos serviços de proteção social da assistência social e impactos na qualidade de vida e no campo dos direitos sociais, o que requer intervenções qualificadas do ponto de vista teórico-político e técnico-operativo. (COUTO [et al.], 2010: 151)

Em síntese, os princípios e diretrizes estabelecidos na NOB-RH são: a política de gestão do trabalho no âmbito da assistência social, visando à qualidade da prestação de serviços da rede socioassistencial; a estruturação do trabalho, qualificação e valorização dos trabalhadores que atuam no SUAS; nos serviços públicos, o preenchimento de cargos, que devem ser criados por lei e nomeados por meio de concurso público; de acordo com as atribuições dos diferentes níveis de gestão, manter o quadro de pessoal qualificado academicamente e por profissões regulamentadas em lei; constante preocupação com uma política nacional de capacitação, fundada nos princípios de educação permanente, promovendo a qualificação dos gestores, trabalhadores e conselheiros de forma sistemática, continuada, sustentável, participativa, nacionalizada e descentralizada.

capacitação profissional, há algumas propostas que estão em andamento articuladas pelo governo federal e em alguns municípios.

Há propostas muito importantes de capacitação em andamento, seja no nível federal, seja em nível de alguns municípios do país, o governo assumiu a importância desse preparo dos quadros a partir da NOB/RH. Há uma capacitação a distância para os trabalhadores que lidam com a Política, há uma outra capacitação que será feita com os gestores, há múltiplos programas de capacitação, eu acho que esse é um aspecto bastante positivo do Suas. (YAZBEK, 2006).

Abordaremos, na presente pesquisa, apenas os profissionais de serviço social que atuam nos CRAS, por se tratar do objeto de estudo dessa dissertação.

Não há dúvida de que a proposta do CRAS sobre a questão do conhecimento da realidade na condução do SUAS possui uma posição de destaque e que esse fato se reflete na atuação profissional dos profissionais envolvidos com a política de Assistência Social.

Nestes termos, ao abordarmos o peso do conhecimento da realidade como uma das principais mediações da ação profissional no SUAS, estamos já situando um dos desafios postos à profissão e à formação profissional: a capacidade de conhecer a realidade social sem sucumbir aos recortes e fragmentos das problemáticas sociais, posto que a multiplicidade das refrações da ‗questão social‘ invocam uma complexidade que não permite submetê-las aos modelos.

Também é necessário que os profissionais conheçam suas atribuições na execução do trabalho, pois a NOB-RH/SUAS determina que nos CRAS tenha equipe de referência para a execução dos serviços socioassistenciais.

Isso exige dos profissionais, em especial os assistentes sociais, conhecer quais são as competências e atribuições na execução do trabalho socioassistencial no CRAS, respeitando as funções e ações determinadas pelo SUAS para o trabalho interdisciplinar, assim, as atribuições que são privativas do profissional, deve estar clara, para que não infrinja o código de ética profissional e o descumprimento do mesmo.

Ético-Político do Serviço Social direcionará sua ação profissional para a transformação da realidade sobre a qual intervirá de forma crítica e criativa. Os conhecimentos, as habilidades, competências e atribuições profissionais tornam-se agentes potencializadores da ação transformadora do assistente social, que pode ser permeada por limites e possibilidades.

Outro ponto a ser destacado em relação à equipe de trabalho é que todo o processo de gerenciamento de informações exige o acompanhamento, a avaliação e o monitoramento da PNAS, que nos leva a refletir sobre a dimensão investigativa da prática profissional, na medida em que a coleta de dados, por si só, não garante um processo sistemático de investigação e produção de conhecimento sobre a realidade que oriente um constante aprimoramento das ações desenvolvidas através da proteção social básica.

Inúmeras são as dificuldades para a implantação desse sistema, dentre elas, está a de compor equipes de trabalho, que inclui os assistentes sociais, que dêem conta da dimensão ―educativa-pedagógica‖ ou ―socioeducativa‖ tão importante nesse processo de efetivação de um sistema protetivo que garanta os direitos sociais aos cidadãos atendidos pela política de Assistência Social. Para analisar as dificuldades do trabalho profissional do assistente social na implementação do SUAS, no próximo capitulo discutiremos o exercício profissional do assistente social na execução do trabalho da política de proteção social básica através do CRAS.

CAPÍTULO III

O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE