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Nos últimos 25 anos houve profundas mudanças nos hábitos alimentares de toda a população; ocorreram modificações na qualidade, quantidade e modo de confeccionar as refeições.

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Estas alterações estão relacionadas com o ritmo da vida moderna, que deixa pouco tempo para que as famílias se organizem, e com a influência da publicidade relativamente a produtos de consumo rápido (Amorim, 2005, p. 77).

Peres (1997b, p. 140) considera que “ (…) não há actualmente uma maneira de comer à portuguesa; os erros alimentares nem são uniformes nem difundidos entre toda a população.”

Segundo Amorim (2005), os principais erros alimentares são, por um lado, a fast-food, o sobreconsumo de lacticínios e carne, o exagero na quantidade de alimentos ingeridos, a ingestão de cereais demasiado açucarados, refrigerantes, bolos, chocolates e, por outro lado, o consumo insuficiente de fruta, vegetais, féculas e sopa, assim como a supressão do pequeno- almoço.

Aguiar (2001) refere que as refeições são feitas a horas irregulares, com grandes intervalos, com desequilíbrio de nutrientes, ingestão exagerada de alimentos, excesso de sal e açúcar, baixa ingestão de hortícolas e frutos são os erros mais comuns descritos pelo autor.

A alimentação dos Portugueses nem sempre é linear. Como refere Peres (1997b), podem verificar-se vários comportamentos alimentares conforme a situação económica, social e cultural, a religião, os horários de trabalho e a organização da vida familiar. Os grandes erros alimentares apontados por (Peres, 1997b, p. 140), “ (…) são os que acarretam consequências mais graves. São também os mais fáceis de combater porque dependem de uma atitude pessoal esclarecida.” Os erros apontados são os seguintes:

- Excesso de sal, isto é, cada português consome em média 12 gramas de sal por dia em vez das 3 a 5 gramas aconselhadas pela OMS. É necessário que se tome consciência de que é importante diminuir a ingestão de sal e que, para isso, não é necessário diminuir a qualidade gastronómica. O abuso de sal é ainda responsável pela hipertensão arterial que é muitas vezes causa de outros problemas de saúde uma vez que afecta o funcionamento de vários orgãos;

- Abuso de bebidas alcoólicas, Portugal está no ranking dos países que consomem mais álcool por habitante. No entanto, embora o consumo de vinho tenha decaído, o consumo de cerveja

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disparou, assim como as bebidas destiladas e os aperitivos. O Consumo começa cada vez mais cedo. É crescente o número de bebedores excessivos que durante e fora das refeições consomem doses que ultrapassam a capacidade metabolizadora do organismo;

- As gorduras e o tempero excedem o preconizado na cozinha. É exagerado o consumo de gorduras; actualmente a situação sanitária decorrente destes comportamentos nocivos em Portugal ainda não atinge níveis tão elevados de gravidade como em países do Norte e do Centro Europeu. De qualquer modo, sofremos já de doenças associadas a estes comportamentos;

- O baixo nível de consumo de leite e derivados ainda se verifica, por vezes, com doses inferiores às recomendadas. O nível de consumo destes alimentos durante a infância, adolescência, gravidez e aleitamento é fundamental;

- A escassez de produtos hortícolas e frutas está a aumentar de ano para ano. O peso total destes alimentos a consumir diariamente corresponde a 43%, o que está muito longe de ser observado principalmente nas cidades e nas zonas rurais sem hortas;

- Saltar merendas e falhar o primeiro almoço ainda é uma realidade neste país, embora a tendência seja de mudança. Os alimentos devem ser repartidos por várias refeições e os intervalos entre elas não devem ser longos. Não tomar o primeiro almoço e passar horas sem comer obriga o organismo a compensar com balanços metabólicos desfavoráveis, o que leva a uma desnutrição proteica e um aumento de gordura corporal armazenada;

- Tudo muito doce é como refere Peres (1997b); o consumo de açúcares e doces também se revela exagerado entre nós;

- Outro erro alimentar referido por Peres (1997b) diz respeito à comida em excesso. Sobretudo a ingestão regular de energia excedentária demonstra-se como um dos erros alimentares mais nocivos, traduzindo-se, quase sempre, por acumulação pregressiva de gordura. O aumento de adiposidade cada vez é maior, devido ao efeito conjugado de excesso de calorias e reduzida actividade muscular.

35 9. Promoção da saúde / Educação alimentar

Como componente primordial para a prática dos profissionais de saúde, temos a educação para a saúde. Esta tem como objectivo instruir os indivíduos e as suas famílias a adquirirem conhecimentos acerca do seu estado de saúde (Redman, 2001).

A prática ética requer da parte dos profissionais competências na educação para a saúde de modo a evitar prejuízos que possam causar aos indivíduos (Redman, 2001).

Os programas de educação para a saúde são veículos que podem conduzir à mudança de comportamentos e estilos de vida, por isso deve-se ter em atenção as características dos indivíduos para que estas alterações não sejam encaradas como obrigações (Martins, 2002).

Os cuidados de enfermagem que contribuem para os cuidados de saúde primários têm como objectivo actuar ao nível da prevenção, promoção da saúde (Collière, 1999).

Este Processo dinâmico e interactivo é um processo multidisciplinar, ou seja, envolve vários agentes entre os quais o enfermeiro está incluído (Franz, 2002).

Segundo a autora Redman (2001), a educação para a saúde ocorre seja onde for que os cuidados sejam prestados, incluindo serviços ambulatórios e comunitários. Os aspectos culturais têm um papel na adesão dos indivíduos.

Os enfermeiros utilizam as actividades de promoção da saúde e a prevenção de doenças para ajudar a manter a saúde e melhorar as atitudes menos correctas, evitando só fornecer cuidados aquando a doença. Promoção da saúde e prevenção da doença são conceitos directamente relacionados, sendo a promoção da saúde aquela que estimula os utentes a manter, ou acentuar, os seus actuais níveis de saúde, enquanto que a prevenção da doença actua na protecção das pessoas face a ameaças reais ou potenciais de saúde (Edelman, 1997).

Segundo Silva (2004, p. 39), “ (…) no planeamento de um programa de educação para a saúde, devem ser avaliadas as características do grupo alvo:

36  Crenças religiosas;

 Nível Socioeconómico

 Nível de escolaridade;

 Hábitos alimentares;

 História Pessoal, familiar e clínica;

 Conhecimento acerca da doença;

 Disponibilidade e motivação para participar em programas de educação para a saúde.”

A educação para a saúde, mais precisamente, a educação alimentar é, hoje em dia, considerada um eixo estruturante do percurso escolar (Lima et al., 2009).

No âmbito do programa de saúde escolar, surge o projecto de Educação alimentar “Aprender a Comer com a Fada Dentinho”, que valoriza uma estratégia interactiva entre profissionais de saúde, professores e pais, com o intuito de promover atitudes e comportamentos saudáveis (Senra et al., 2004).

Peres (1997b) refere que, “A educação alimentar numa perspectiva de saúde, a par da implementação de uma rede de cuidados de saúde primários, pode fazer ganhar em bem-estar riquezas incalculáveis."

37 II. Metodologia

A elaboração de uma pesquisa científica necessita da adopção de uma metodologia de trabalho que é definida por Fortin (1999, p. 372), como “ (…) um conjunto de métodos e de técnicas que conduzem à elaboração do processo de investigação científica.”

De acordo com Fortin (1999, p. 40), o investigador vai através da fase metodológica determinar os métodos que se irão utilizar para obter respostas às questões de investigação expostas. É a partir daqui que o investigador escolhe o desenho de investigação, define a população e escolhe os instrumentos apropriados para a realização da colheita de dados.

Os principais elementos que ocorrem para o estabelecimento do desenho de uma investigação são: o meio onde se realizará o estudo; a selecção dos sujeitos e o tamanho da amostra; o tipo de estudo; os instrumentos de colheita de dados; o tratamento dos dados (Fortin, 1999).

Pretende-se que esta etapa seja segundo a qual se desenrolará toda a investigação. É uma das partes mais importantes de qualquer investigação.

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