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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

III. Competência pragmática

1.3 Os erros e a competência 1 O estudo dos erros

1.3.4 Erros gramaticais

Como o foco do nosso trabalho é a competência linguística dos futuros professores de inglês formados pela UFMA e que dentre esta

competência particularizaremos o aspecto morfossintático, tal aspecto será abordado por consistir numa extensão da competência gramatical, na medida em que esta diz respeito ao domínio do código linguístico, à habilidade em reconhecer as características linguísticas da língua – o saber regras gramaticais ou linguísticas – para a produção de palavras ou frases. Propomos, assim, aprofundar nossa pesquisa sobre os erros gramaticais e sobre a percepção – ou não desses erros – por parte do futuro professor. Em outras palavras, interessa-nos observar que erros de natureza morfossintática são cometidos pelos futuros professores, até que ponto eles têm consciência desses erros, e observar também o reflexo desses erros na aprendizagem dos alunos.

Utilizaremos a classificação de Corder (1973), que divide os erros gramaticais em paradigmas nominais, paradigmas verbais e outros paradigmas, que detalhamos no próximo parágrafo.

Segundo Corder, dentro dos paradigmas nominais enquadram-se os erros de gênero, número, caso possessivo ou genitivo, substantivos contáveis e incontáveis.

Elencamos, a seguir, alguns erros comuns no uso da língua inglesa cometidos por aprendizes de língua portuguesa. Por exemplo, existe uma tendência em pluralizar os adjetivos com o acréscimo de s na tentativa de fazer a concordância com os substantivos a que se referem, regra que ocorre em língua portuguesa, porém em inglês os adjetivos são invariáveis. O autor cita ainda a posição dos adjetivos com relação aos substantivos: em inglês, os adjetivos posicionam-se sempre antes dos substantivos aos quais eles se referem, há uma tendência de os aprendizes colocarem o adjetivo depois do substantivo, principalmente se a língua materna desse aprendiz for de origem latina.

O uso da apóstrofe mais a letra s para indicar posse, o chamado caso genitivo, é outra dificuldade apresentada pelos aprendizes da língua inglesa. Por exemplo, The car of John ao invés de John’s car. Os sufixos colocados nos adjetivos nos graus comparativo e superlativo também são citados como dificuldades encontradas pelos aprendizes do inglês como segunda língua. A tendência é colocar o advérbio more antes de qualquer adjetivo Exemplo:

Today is more cold than yesterday ao invés de Today is colder than yesterday. Outra dificuldade muito comum, ainda dentro dos paradigmas nominais é a noção de substantivos contáveis e incontáveis, pois alguns substantivos considerados incontáveis na língua inglesa são contáveis em outras línguas. Este conceito pode induzir a erros de concordância e ao uso do artigo indefinido antes de substantivos incontáveis.

No caso dos paradigmas verbais, uma dificuldade muito comum é a flexão do verbo na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo e que só ocorre na forma afirmativa. Por exemplo, na oração “She go to school by bus”. O correto seria She goes. Ou ainda, Does she goes to school by bus? quando o correto seria Does she go to school by bus? O verbo auxiliar to do usado em frases interrogativas e negativas é muitas vezes omitido. Um exemplo citado pelo autor é: “What you do?” Com o passado dos verbos irregulares, como mostra o exemplo, a tendência é generalizar a regra e colocar o sufixo ed ao final do verbo como se faz com os verbos regulares, exemplos, I goed to school, They comed late. O uso dos Modal verbs, precedidos ou antecedidos da preposição to, é uma tendência muito observada como nos exemplos, I can to play. He may to come, ou ainda I hope to can use the computer onde o uso do to é inadmissível. A inversão de posição dos verbos auxiliares em frases interrogativas nem sempre é observada pelos aprendizes, exemplos: You can drive? quando o correto seria Can you drive? You will go to New York? enquanto o certo é Will you go to New York ? O uso do gerúndio como substantivo e como adjetivo é causa de muita confusão entre os aprendizes de inglês como segunda língua, como nos exemplos, Fishing is fun e I like swimming, a tendência nestes casos é usar o infinitivo.

Os tempos perfeitos (present and past perfect tenses). O uso desses tempos é um problema para os falantes do português, pois não há equivalentes em nossa língua. Ora referem-se a ações no presente, ora a ações realizadas no passado. Quanto aos verbos preposicionados (phrasal verbs ou two-word verbs) também não temos equivalências em português para esses tipos de verbo que vão mudando de sentido de acordo com a preposição usada com eles, exemplos; to call significa chamar, mas to call off significa cancelar. To look significa olhar, mas to look for significa procurar e to look after significa

cuidar, zelar. To give significa dar, mas to give up significa desistir. A formação incorreta de tag-questions, também é um erro frequente tal como nos exemplos, She is coming, doesn’t she? , o correto seria She is coming, isn’t she?

Dentro de outros paradigmas temos o uso incorreto dos artigos. Por exemplo, a omissão do artigo definido the como em Sun is very hot, He plays piano ou o uso indevido deste, como no exemplo, I am from the France, The Shakespeare is the author of “Hamlet”. A omissão do artigo indefinido a/an como no seguinte caso, He is good student ou o seu uso indevido, como em He ate a chocolate. O uso do indefinido em vez do definido, exemplo, He was a best student in the class. A forma a usada no lugar da forma an ou vice-versa como nos seguintes exemplos, He will come in a hour. He is studying at an university. This is an one way street.

Os problemas causados pelo pronome it são outro aspecto comum entre os erros gramaticais. Como não existe oração sem sujeito na língua inglesa, há casos em que temos de usar o it, exemplo: Is raining hard o correto é It is raining hard.

Também identificamos o emprego de pronomes do caso sujeito usados como objeto, exemplo, She loves he.

Omissão do pronome oblíquo depois de certos verbos, como no seguinte exemplo She told she was busy.

O uso incorreto dos reflexivos e dos possessivos, exemplos: I cut me o correto seria I cut myself. Those books are my em vez de Those books are mine.

Omissão de preposições como I listen music everyday enquanto o correto seria I listen to music. As preposições in,at,on usadas indiscriminadamente. The kids are in the beach. I heard the news in the radio. Nestes dois casos o correto seria usar a preposição on. Antes dos meses do ano se usa in, porém se houver o dia do mês a preposição correta is on, exemplos I was born in June, I was born on June 10th.

Concordâncias incorretas de gênero, número e pessoa, como em, This

Foi com base nessas informações, que realizamos a análise do corpus selecionado.

Tendo em vista que o nosso objetivo é identificar a competência linguística dos futuros professores, fizemos uma retrospectiva dos principais teóricos que tratam desse assunto, na tentativa de compreender as diferentes noções, conceitos, definições e explicações sobre competência e ainda da sua relação com o ensino e aprendizagem de línguas.

O nosso objetivo foi buscar nestes teóricos a explicação para o que seja competência linguística e, assim sendo, poder identificar se os sujeitos estudados possuem ou não essa competência e de que forma ela interfere no ensino de uma língua estrangeira. Em consequência dessas observações, foram detectados vários erros que foram examinados com base nos teóricos que trabalham com esse tipo de análise, com a finalidade de identificar os tipos de erros mais freqüentes. Feito isso interessou observar como esses erros foram tratados pelos professores e alunos e discutir sua repercussão na prática de sala de aula dos estagiários observados.

Essas abordagens, assim como os demais referenciais teóricos já mencionados neste estudo, poderão nos encaminhar para uma análise da (in)competência linguístico-discursiva dos alunos, em sua prática pedagógica, durante o Estágio Supervisionado do Curso de Letras da UFMA.

Na próxima parte apresentamos o percurso da nossa pesquisa, descrevendo a sua natureza, assim como o contexto e os sujeitos, os instrumentos de coleta e a análise dos dados.

METODOLOGIA