• Nenhum resultado encontrado

FISIOGRÁFICOS

5.2.2. Esboço geológico

Definido o termo Formação Barreiras para designar os terrenos sedimentares do Terciário ocorrentes na zona costeira piauiense, é possível se estabelecer o esboço geológico da região a partir dos estudos já realizados. Um dos primeiros registros sobre a área aparece em Mendes & Petri (1971) e Ab’Saber (1980), que em mapas sobre o esboço geológico do Nordeste e sobre as formações geológicas da bacia sedimentar do Maranhão – Piauí, informaram que o território piauiense está inserido em quatro grandes unidades estruturais: I – Embasamento Cristalino Pré-Cambriano; II – Sedimentos Paleozóicos da bacia sedimentar do Maranhão – Piauí; IV – Sedimentos Terciários da Formação Barreiras; e V – Sedimentos Costeiros Quaternários, estando a faixa litorânea inserida nas duas últimas unidades (Fig. 12).

De lá para cá, a geologia do litoral piauiense foi apresentada por Baptista (1981), como sendo na sua maior parte de formação de aluviões e dunas e o restante constituído de terrenos pertencente à Formação Barreiras. Registrou também um afloramento cristalino na localidade Pedra do Sal. Em trabalhos anteriores este autor informou que estes aluviões constituem uma faixa de vinte quilômetros de largura, constituídas de areias brancas, pouco argilosas, de origem eólica, representadas por dunas e que estariam diretamente sobre as formações terciárias do Barreiras (BAPTISTA, 1960).

Lima (1987), considerando a identificação das grandes unidades estruturais propostas por Mendes & Petri (1971) e Ab’Saber (1980) apresentou uma classificação de relevo para o estado do Piauí através de seis conjuntos de modelados que denominou compartimentos regionais. A partir dos estudos anteriores já realizados sobre a fisiografia do estado, destacando o Projeto RADAM (BRASIL, 1973) e Baptista (1981), incluiu a zona costeira piauiense como parte do compartimento V – Tabuleiros Pré-Litorâneos e do compartimento VI – Planície Figura 12. Formações geológicas da bacia sedimentar do Maranhão – Piauí.

Costeira. O compartimento dos Tabuleiros Pré-Litorâneos corresponde a uma área tabuliforme, com elevações atingindo no máximo 60 m, com área total de 1.700 km2, representando 0,7% do total do estado, constituída de sedimentos da Formação Barreiras. O compartimento da Planície Costeira se estende por 66 km, com área geográfica de 4.600 km2 e correspondendo a 0,2% do Estado, apresentando terrenos quaternários.

A Fundação CEPRO (1990), em atlas sobre o Piauí, utilizou para a geologia termos antigos como Era Primitiva, e reconheceu-a no litoral junto com depósitos do Terciário e Quaternário. A mesma Fundação, em dois outros trabalhos (1996a,c), reforçou quanto à geologia da zona costeira piauiense, a presença da formação do Quaternário na faixa litorânea e da Formação Barreiras do Terciário, indicando que estes se apresentam como uma superfície tabular de caimento para o mar, composta de sedimentos da Formação Barreiras, que corresponde aos tabuleiros pré - litorâneos e terrenos recentes de sedimentos quaternários constituindo a planície costeira.

O Macrozoneamento Costeiro do Estado do Piauí, elaborado também pela Fundação CEPRO (1996b), indicou para a geologia uma estreita faixa de terras de embasamento cristalino, no município de Buriti dos Lopes, entre terrenos da Formação Serra Grande e Formação Barreiras; terrenos das formações paleo – mesozóicas da bacia sedimentar do Parnaíba; terrenos da Formação Barreiras e depósitos quaternários recobrindo toda a planície costeira. A Formação Barreiras é considerada neste documento como “o principal pacote sedimentar, de origem continental, correlacionável com a evolução do ambiente a partir do Plioceno” (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996a, p. 24).

Cavalcanti (1996) informou que a zona costeira piauiense quanto à sua geologia apresenta sedimentos terciários da Formação Barreiras em faixa paralela à costa e sedimentos do período Quaternário representados por dunas e aluviões, indicadas como unidades litoestratigráficas. Os sedimentos da Formação Barreiras são recobertos por areias finas, não consolidadas, sujeitas à erosão eólica.

De acordo com IBAMA (1998), no Plano de Gestão e Diagnóstico Geoambiental e Sócioeconômico da APA do Delta do Parnaíba, as características geológicas da área da APA referem-se a sedimentos mais antigos de depósitos continentais da Formação Barreiras recobertos por depósitos recentes do Quaternário e terrenos de formações recentes e com materiais predominantemente inconsolidados.

Cavalcanti (2000) afirmou que geologicamente a zona costeira piauiense está inserida em coberturas cenozóicas abrangendo dois períodos distintos: o Terciário, representado pela Formação Barreiras e o Quaternário, através dos sedimentos de dunas, aluviões e areias quartzosas sobrepostas aos sedimentos terciários e depósitos costeiros de dunas e areias de praias.

O Relatório Final do Zoneamento Ecológico – Econômico do Baixo Rio Parnaíba: Subsídios Técnicos – ZEE (BRASIL, 2002) apresentou no item geologia que a área apresenta campos de dunas do Holoceno, tabuleiros orientais capeados por sedimentos Barreira, incluindo também a faixa de transição pré – litorânea.

Na segunda versão do Mapa Geológico do Piauí, o Serviço Geológico do Brasil – CPRM (2006) indicou para a faixa que corresponde à zona costeira (Fig. 13) que a geologia está caracterizada pela Província Parnaíba: na era Cenozóica, período Terciário através do Grupo Barreiras (ENb) e período Quaternário, subdividido em Pleistoceno representado por paleodunas e depósitos de pântanos e mangues (Qd; Qpm) e Holoceno, correspondendo aos depósitos litorâneos (Q2l).

Este constitui um dos poucos trabalhos que não se utiliza do termo Formação Barreiras e sim Grupo Barreiras. As características, entretanto dos sedimentos pertencentes ao referido grupo, descritos na

Figura 13. Mapa geológico do Piauí – Zona Costeira. Fonte: CPRM (2006). Escala compatível 1:1.000.000.

legenda do mapa, não deixa dúvidas de se tratar da mesma unidade litoestratigráfica.