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3. UMA LEITURA DO ESPAÇO CRIADO PELO ESTADO ATRAVÉS DO RESIDENCIAL MARIA AMÉLIA II EM CATALÃO (GO)

3.1 Escalas de análise no estudo do residencial Maria Amélia II em Catalão (GO)

3.1.3 Escala do bairro e a apropriação do espaço no residencial Maria Amélia II

A análise espacial, ou mais especificamente da inserção urbana dos empreendimentos na malha urbana de Catalão, possibilita entender a segregação socioespacial advinda das habitações de interesse social, construídas pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Essa escala permite compreender a importante função que possui as infraestruturas urbanas e serviços coletivos no que se refere à qualidade de vida dos moradores beneficiários de tal política de habitação social.

Teoricamente, visando combater o modelo de produção de habitação historicamente utilizado no país de uma forma geral, nas décadas passadas, a Lei nº 10.257/10 conhecida como Estatuto das Cidades, define que a política urbana deve garantir o direito a cidades sustentáveis entendidos, por sua vez, como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer. No âmbito do programa MCMV, ressalta-se que, a partir da fase 2 do citado programa lançada em 2011, é incluído uma série de exigências e especificações mínimas para produção das unidades habitacionais bem como condições mínimas de acesso às infraestruturas básicas e serviços urbanos.

No sentido dessa afirmação, para Rolnik et al (2015, p. 391), o direito à moradia deve estar “incluído como parte de direito a um padrão de vida adequado, referindo-se, portanto, não apenas ao direito a um abrigo, mas a uma moradia que proporcione todas as condições para o pleno desenvolvimento social, econômico e cultural de seus moradores”. Nessa visão, os empreendimentos devem contemplar infraestruturas básicas como rede de água, esgotamento sanitário e drenagem de águas pluviais além de equipamentos urbanos de saúde, educação, lazer e cultura, segurança e comércio.

Villaça (1986) discorre que a inserção da casa na cidade torna-se uma questão cada vez mais vital para o trabalhador em seu cotidiano. Não só a inserção da casa, como mais comumente se costuma pensar, mas, também a do supermercado, dos serviços de saúde, da delegacia de polícia, da escola e também de serviços como lazer e comércio do qual o trabalhador necessita acessar ao findar de um dia de trabalho ou no final de semana.

No entanto, não é possível fazer uma generalização em relação a todos os empreendimentos do programa MCMV destinados à população de baixa renda no que diz respeito à sua localização espacial no sítio urbano de cada cidade. É necessário, assim, fazer uma análise conjuntural acerca de sua localização, em específico, ao atendimento das necessidades básicas dos moradores beneficiários.

Um desafio da atual política de habitação social está relacionado à inserção urbana dessas famílias beneficiárias em bairros que forneçam uma proximidade considerável com equipamentos urbanos e serviços públicos, centros de comércio e garantir, além do mais, o acesso a estes bens de forma adequada por meio do transporte público. Ademais, os empreendimentos direcionados às classes de menor renda, principalmente aqueles construídos nas ‘franjas da cidade’ e que possuem um adensamento populacional considerável como no caso do residencial Maria Amélia II, faz-se necessário a existência de espaços que permitam a convivência dos moradores e também conflua para uma boa qualidade de vida.

Assim posto, o questionamento inicial contido na terceira escala de análise, diz respeito se o morador que compõe a amostra de sujeitos pesquisados consideram ter ou não uma boa qualidade de vida no bairro Maria Amélia I, no qual se insere o residencial ora em estudo e isto pode ser visto no gráfico 13.

Gráfico 13 - Residencial Maria Amélia II em Catalão (GO): os moradores consideram ter uma boa qualidade de vida no bairro?

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

Organização: MATOS, Paulo César Pereira (2016).

Na leitura dos dados acerca de tal questionamento, dos quais estão descritos no gráfico 13, aponta-se que a maioria dos moradores entrevistados (53,3%) considera ter uma boa qualidade de vida no bairro Maria Amélia I. Um fator muito destacado nas entrevistas, quando questionados o porquê consideram boa a qualidade de vida no bairro, diz respeito ao fato de, nas palavras dos entrevistados ‘ser um bairro tranquilo e pouco movimentado’. A esta tranquilidade mencionado por uma maioria dos sujeitos pesquisados, ressalta-se pela distância

53,3% 46,7%

Sim Não

e localização geográfica do mesmo nas franjas da cidade de Catalão, como visto no capítulo anterior.

Se por um lado, para mais da metade dos moradores o bairro oferece uma boa qualidade de vida, por outro lado, para 46,7% dos beneficiários pesquisados, o bairro não oferece uma boa qualidade de vida que é aliado à questão do acesso a equipamentos urbanos e serviços como um comércio mais variado. Tal fator é ilustrado no próximo gráfico (gráfico 14) em dados, o qual por sua vez, diz respeito às carências e deficiências que o bairro Maria Amélia I apresenta no que concerne aos equipamentos urbanos de uso coletivo e a oferta de alguns serviços de uso comum como comércio.

Gráfico 14 - Residencial Maria Amélia II em Catalão (GO): opinião dos moradores sobre as principais necessidades/carências do bairro onde residem em 2016.

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

Organização: MATOS, Paulo César Pereira (2016).

Ao analisar o gráfico 14, nota-se a fragilidade do bairro onde está edificado o residencial Maria Amélia II, quanto ao acesso dos moradores a serviços essenciais para sua reprodução enquanto ser social. No primeiro grupo destacado, anteriormente, entre os serviços e equipamentos urbanos de uso coletivo os quais os moradores apontaram como mais necessários, referem-se ao atendimento de saúde com 73,3%, seguido por escola com 70,0%, transporte público para 63,3% dos entrevistados, creche para 53,3% e área de lazer, apontado por 43,3% dos entrevistados que compõem a amostra no residencial Maria Amélia II.

Cabe ressaltar ainda, como visto no capítulo anterior, que o bairro não possui rede de esgoto e rede pluvial. A forma utilizada para a destinação do esgoto doméstico gerado no

43,3% 73,3% 86,7% 53,3% 70,0% 63,3% 0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0% Área de Lazer Atendimento de Saúde Comércio Creche Escola Transporte Público Porcentegem de Entrevistado/a

residencial é feita através das fossas sépticas que, de acordo com os moradores bem como percebido nas visitas realizadas no residencial, exala um mau cheiro, sobretudo para as unidades mais próximas a referida fossa. Por sua vez, em relação às infraestruturas básicas de água, energia elétrica e telefonia (fixa e móvel) aponta-se que o residencial é servido pelos mesmos, no entanto, como relataram os moradores, algumas operadoras de telefonia móvel não possuem sinal no residencial.

Retomando o gráfico 14, o segundo grupo de carências diz respeito a uma maior disponibilidade de comércio, apontado por 86,7% dos entrevistados no residencial. Tais necessidades, em relação ao comércio no bairro vão além do mercado e, como apontam os moradores, faz-se necessário também farmácia, padaria, açougue dentre outros estabelecimentos comerciais haja vista que tais serviços estão disponíveis somente no bairro Castelo Branco I, há cerca de 3 (três) quilômetros de distância.

Com o correr da pesquisa de campo, mediante a aplicação dos questionários com a amostra pesquisada, ao focar a questão da principal ou principais necessidades que o bairro possui em alusão aos equipamentos de uso coletivo e serviços no geral, as respostas elucidam para a realidade imposta aos moradores com relação à localização periférica do residencial, como demostra o gráfico 14.

A esse intento, é possível, no contexto da pesquisa, enquadrar as carências em dois grupos; o primeiro, em equipamentos urbanos de uso coletivo que engloba atendimento de saúde, escola, creche, transporte público e também áreas de lazer e no caso em estudo, o saneamento básico que contribui sobremaneira no problema do mau cheiro advindo do sistema de fossa utilizado para a deposição do esgoto do empreendimento.

Em segundo momento, elenca-se o segundo grupo de carências que diz respeito aos serviços tais como comércio (mercado, farmácias, padaria, açougue, frutaria, dentre outros) que são essenciais no cotidiano do trabalhador.

Através dos dados apresentados no gráfico 14, parte-se do pressuposto de que não se deve apenas construir a moradia física, mas sim, inserir esses conjuntos habitacionais na cidade propriamente dita, sobretudo porque não há cidade sem moradia e nem moradia sem cidade. Sobre essas afirmações, Abiko (1995) pondera que:

Para que a habitação cumpra as suas funções, é necessário que, além de conter um espaço confortável, seguro e salubre, esteja integrado de forma adequada ao entorno, ao ambiente que a cerca. Isto significa que o conceito de habitação não se restringe apenas à unidade habitacional, mas necessariamente deve ser considerado de forma mais abrangente envolvendo também o seu entorno (ABIKO, 1995, p. 03).

Desse modo e como pondera Abiko (1995), afere-se que o ato de habitar é, sobretudo, ir além da dimensão física da moradia. É também um conjunto indissociável de práticas sociais e, fundamentalmente, espaciais que corroboram assim, no contexto da produção social de cada sujeito em seu cotidiano. O fenômeno da segregação socioespacial no residencial Maria Amélia II manifesta-se por meio da falta de acesso completo a equipamentos e infraestruturas urbanas de uso coletivo como poderá ser visto através dos mapas 04 e 05. Assim, os referidos mapas ilustram, respectivamente, a análise acerca da oferta de equipamentos urbanos (escolas, creches, atendimento de saúde e lazer) e serviços (comércio) relatados pelos entrevistados e visualizados nas incursões a campo.

Na análise espacial representada no mapa 04 inserido na próxima lauda, priorizam-se, de forma essencial os equipamentos urbanos e serviços mais próximos ao residencial que, por sua vez, encontram-se em bairros antes da BR-050 que dão acesso aos demais bairros da cidade de Catalão e, em sua grande maioria, no bairro Castelo Branco I. É interesse salientar, como já visto no correr do presente estudo, o citado bairro é fruto de política habitacional na década de 1970 que propiciou um crescimento da cidade em direção a esta região com a abertura de novos bairros pelo mercado formal e também construção de mais habitações direcionadas às classes de menor renda.

Com base no mapa 4, assevera-se para a necessidade de melhor planejamento na construção de empreendimentos de interesse social pelo programa Minha Casa, Minha Vida, tendo como exemplo o residencial Maria Amélia II e sua distância aos principais serviços e equipamentos urbanos necessários ao trabalhador.

Tais serviços e equipamentos urbanos mais acessíveis aos moradores do residencial, localizam-se, como dito, no bairro Castelo Branco I que, por sua vez, funciona como um ‘subcentro’ comercial e de serviços para os bairros vizinhos nessa porção espacial da cidade de Catalão. Entretanto, nem todos os serviços essenciais ao trabalhador se fazem disponíveis neste bairro. Dessa forma, salienta-se que, na escala do bairro onde está edificado o residencial em estudo, não há nenhum equipamento urbano, exigindo, assim dos moradores, a realização de deslocamentos com destino a esses bairros circunvizinhos, ilustrados no mapa 4.

No contexto de acesso dos moradores ao empreendimento, bem como o acesso aos demais espaços da cidade de Catalão e os centros de serviços especializados, sobretudo na região central da cidade, há uma única via de acesso: a Avenida José Marcelino (ver Foto 7); deslocamento este realizado por meio de transporte coletivo e/ou veículo próprio para os beneficiários que o possuem.

Foto 7: Avenida José Marcelino em direção ao residencial Maria Amélia II em Catalão (GO)

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

Por sua vez, para acessar a avenida ilustrada na foto 7 no sentido centro – residencial Maria Amélia II, há duas possibilidades, como demostra o mapa 4: uma, através da BR-050 e a outra através da GO-330 que dá acesso às cidades vizinhas de Ouvidor e Três Ranchos, respectivamente. A avenida citada figura como uma via arterial que liga o residencial com os demais espaços da cidade e os centros de serviços especializados.

Em relação aos equipamentos urbanos ilustrados no mapa 04, evidencia-se que as distâncias médias do residencial para com os mesmos variam de 2,8 km (dois quilômetros e oitocentos metros) até, aproximadamente, 6 km (seis quilômetros), assim como os serviços especializados como agências e serviços bancários, serviços públicos etc.

Entre os equipamentos urbanos, cita-se um considerável número de escolas e creches nos bairros adjacentes ao residencial. A distância entre a portaria do empreendimento até os serviços varia entre 2,8 km (dois quilômetros e oitocentos metros) para a Creche Municipal do Setor Flamboyant (Centro Municipal De Educação Infantil Joao Margon Vaz); até 4,3 km (quatro quilômetros e trezentos metros) entre o residencial Maria Amélia II até a escola municipal Lázaro Pinto Marra no bairro Jardim Catalão.

Já para os estudantes do ensino médio, a escola mais próxima é o Colégio Estadual Rita Paranhos Bretas, localizado, aproximadamente a 3,5 km (três quilômetros e meio) juntamente com a Escola Municipal Nilda Margon Vaz e o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), ambos destacados no mapa 04. Os demais estabelecimentos públicos de ensino que ofertam ensino médio localizam-se a 6 km (seis quilômetros) aproximadamente do residencial Maria Amélia II.

Em alusão ao atendimento de saúde, apontado nas entrevistas por 73,3% dos moradores que compõem a amostra no presente estudo, ressalta-se uma Unidade Básica de Saúde (UBS) construída no bairro Castelo Branco I (vide mapa 4) que, no entanto, segundo o relato de alguns moradores, não há médicos fazendo o atendimento dos pacientes que necessitam do serviço. Nesse contexto, o atendimento básico de saúde mais próximo, situa-se no bairro Santa Terezinha, aproximadamente 6 km (seis quilômetros) do residencial.

Portanto, antes de dar prosseguimento com relação aos equipamentos citados anteriormente, é necessário considerar também o adensamento populacional dos bairros inseridos nessa região sul-sudeste descrita no mapa. Nessa porção da cidade, é mister frisar, que além do empreendimento em estudo, há mais um empreendimento que faz parte da Faixa 1 contratada em 2011 (residencial Maria Amélia I), bem como o contratado na Faixa 2 (residencial City Esmeraldas) e vendida no mercado imobiliário formal.

Os empreendimentos citados somam juntos 320 (trezentos e vinte) unidades habitacionais ou apartamentos. Se considerar a média de 03 moradores por unidade habitacional, como constatado no residencial Maria Amélia II, há de se ponderar que existem aproximadamente, 960 (novecentos e sessenta) moradores, apenas nos três empreendimentos sem considerar os moradores do próprio bairro, para ‘consumirem’, diariamente, os equipamentos citados.

Esse adensamento populacional nessa região de Catalão, provocado por tais empreendimentos da Faixa 1 e 2 descritos, influi significativamente no cotidiano desses novos moradores já que deverão arcar com novos custos no que tange ao acesso a equipamentos urbanos e serviços coletivos confluindo, certamente, para uma nova dinâmica nesse espaço.

Em alusão à necessidade das áreas de lazer mencionadas por 43,3% dos entrevistados no residencial Maria Amélia II tal como praças, parques e áreas verdes, academias comunitárias ao ar livre, quadras poliesportivas etc., afere-se que não há opções destas áreas ou espaços nas áreas externas do condomínio. Por sua vez, as formas de lazer ou entretenimento mais comuns, disponíveis aos beneficiários, diz respeito ao televisor. Para as crianças do condomínio, salienta-se que há espaços disponíveis (playgrounds) com duas quadras de areia e alguns brinquedos como ilustra a foto 8.

Foto 8: Áreas destinadas ao lazer das crianças moradoras no residencial Maria Amélia II em Catalão (GO), 2016

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

A partir do exposto, assevera-se que a ausência de áreas de lazer e espaços culturais, por sua vez, impossibilita nesse novo espaço, o estabelecimento de práticas e relações sociais mais rotineiras e/ou profundas entre os moradores. Nessa acepção, nota-se a espoliação dos moradores do residencial Maria Amélia II partindo do pressuposto da negação do direito a cidade através da apropriação de todos os espaços necessários ao cidadão urbano, não só os equipamentos urbanos como visto, mas também os espaços de lazer que são negados aos mesmos.

Ainda com base nos roteiros de entrevista aplicados, um quesito relevante no aspecto da localização do residencial em estudo, diz respeito à mobilidade e/ou o deslocamento dos moradores para acessar os serviços descritos (vide gráfico 14 e mapa 04), e igualmente, deslocam-se para o acesso e consumo da cidade de Catalão em sua totalidade. Esses deslocamentos, por vezes, são realizados tanto para os locais de trabalho como também na busca por serviços básicos, sobretudo àqueles que, por vezes, encontram-se precários ou inexistentes em seu novo local de moradia.

Dessa maneira, os gráficos 15 e 16 buscam trabalhar o aspecto da mobilidade e as formas de deslocamento dos moradores entrevistados, ressaltando os meios utilizados para tal atividade cotidiana, seja ela, realizada através de veículos próprios e/ou através do serviço de transporte coletivo e até mesmo a pé.

Gráfico 15 - Residencial Maria Amélia II em Catalão (GO): possui algum meio de transporte?

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

Organização: MATOS, Paulo César Pereira (2016).

46,7% 53,3%

Sim Não

No contexto do gráfico 15, averígua-se que 53,3% dos moradores entrevistados não possuem meio de transporte próprio e, dependendo, outrossim, do transporte público. Para o restante da amostra, ou seja, em 46,7% dos entrevistados foi afirmativo ao questionamento se possuem algum meio de transporte (carro, motocicleta). Para essa porcentagem que afirmam possuir algum meio de transporte, destaca-se que, em 64,3% dos casos, o veículo é o carro próprio. Por outro lado, para 37,7% dos entrevistados, o veículo utilizado nos deslocamentos diz respeito à motocicleta. No contexto dos moradores que apontaram possuir algum tipo de veículo, não foi identificado nenhum caso em que houvesse mais de um (carro ou moto) por apartamento.

É válido ressaltar que na amostra pesquisada, a qual possui algum meio de transporte próprio, verifica-se a ocorrência de utilização também do transporte público por algum membro da unidade familiar no cotidiano ou esporadicamente. A justificativa para tal afirmativa diz respeito às necessidades dos demais membros se deslocarem para determinados locais nos períodos em que o veículo da família não se faz presente. Dessa forma, o gráfico 16 ilustra a porcentagem total dos moradores que utiliza o transporte coletivo, seja diariamente ou esporadicamente.

Gráfico 16 - Residencial Maria Amélia II em Catalão (GO): moradores que utilizam cotidianamente ou esporadicamente o transporte público/coletivo?

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

Organização: MATOS, Paulo César Pereira (2016).

O gráfico acima é bem representativo no que tange a uma necessidade básica do trabalhador brasileiro e também aos moradores beneficiários do residencial em estudo que é o transporte público e a dependência do mesmo para acessar a cidade de Catalão e aos serviços

63,3% 36,7%

Sim Não

necessários já trabalhados nessa escala de análise. Assim sendo, ao considerar a porcentagem de entrevistados que possui algum tipo de veículo próprio, mas utiliza tal modalidade de transporte para realizar alguns descolamentos, tem-se que mais da metade dos entrevistados (63,3%) utilizam os serviços públicos de transporte de Catalão enquanto os demais 36,7% não o utilizam em nenhum momento.

É notório que o programa MCMV, em suas diretrizes para a consolidação dos empreendimentos voltados as classes de baixa renda, há exigência de que tenha, pelo menos, uma linha de ônibus para atender tais empreendimentos. Para este conjunto habitacional, existe apenas uma linha que dá acesso ao mesmo; porém, como relatado nas entrevistas, tal transporte atende também outros bairros dessa região mais ao sul-sudeste da cidade, que estão situado após a BR-050 (Vide mapa 04). O valor cobrado por passagem do transporte público na cidade em 2016 de acordo com relato dos usuários, é de R$ 2,9023 (dois reais e noventa centavos).

Nessa acepção, é importante ponderar que a oferta de transporte público por si só, não atende as necessidades de mobilidade urbana dos moradores desta localidade. Faz-se necessário, no contexto do residencial Maria Amélia II, a oferta de um transporte público de melhor qualidade com a disponibilidade de mais linhas, bem como uma melhora nos horários de circulação do mesmo.

Com base nessa análise, no que se refere à utilização do transporte público por uma parcela considerável dos moradores entrevistados, o ponto negativo, conforme apontado pelos moradores em relação a este serviço diz respeito ao tempo de espera no ponto de ônibus próximo ao residencial. Desse modo, para os entrevistados que dependem do transporte público, a principal queixa diz respeito ao tempo de espera do ônibus em horários que não são considerados de ‘pico’, ou seja, que não têm uma maior demanda, como na parte da manhã e nos períodos de fim de expediente.

Considerando tal informação, os entrevistados que utilizam o serviço público de transporte apontam que o tempo de espera no ponto coletivo próximo ao residencial varia