• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO IV – DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO E RESULTADOS

4.4 DETERMINAÇÃO DAS IMPLICAÇÕES NA REPRESENTAÇÃO

4.4.2 Escala na Cartografia Digital

Durante muito tempo os mapeamentos eram armazenados em papel ou em outro sólido para registrar o modelo da superfície a representar. Esta imposição física traz diversas conseqüências, amarrando à escala a quantidade de informações a serem representadas e a precisão com que estas informações são levantadas.

Com os avanços no emprego da informatização de processos, produzindo assim mapeamentos em meio digital, sem escala direta, porém devendo apresentar uma medida de dispersão das informações métricas levantadas em relação a suas correspondentes no terreno. Isto não significa que a Cartografia Digital não possui escala.

Em meio digital, o modo como as informações são armazenadas diferem do modo como as mesmas são visualizadas no display de um computador. As informações espaciais podem ser visualizadas em diferentes ampliações (“zoom”). Fazendo um paralelo com as cartas analógicas, ter-se-ia o leitor auxiliado por uma lupa na leitura da carta. Porém, a escala refere-se à capacidade de mensura frente à acuidade visual humana, isto é, com a vista desarmada (ausente de instrumentos de ampliação).

Deste modo, pode-se entender que a possibilidade de diferentes ampliações de uma representação em meio digital possa acarretar em uma representação numa escala variável ou uma

representação sem escala. Esta afirmação não se verifica, porque existe uma acurácia ligada ao levantamento destas informações que gera conseqüentemente uma escala nominal para estas informações. Apesar da capacidade da ampliação além da escala de levantamento, a mesma não gera uma maior acurácia à informação. Esta ampliação corresponde à utilização de um instrumento de ampliação, como uma lupa, para aumentar a capacidade visual humana.

A Cartografia em meio digital pode gerar produtos analógicos através da impressão destas informações em papel. Desta forma, a escala que era variável no display do computador volta a ter a mesma natureza clássica limitando-se a acuidade visual humana. Por isso, a maior escala de representação deve estar restrita a escala de levantamento da informação. O que não se verifica muitas vezes é a desagregação das informações referentes ao levantamento dos dados.

Cria-se a necessidade de estabelecimento de uma escala de trabalho. Escala de trabalho entende- se como a escala variável associada à representação da informação espacial num display eletrônico. Esta escala limite seria a escala associada à acurácia dos dados levantados.

A escala de trabalho faz referência à relação entre as dimensões dos elementos representados no display e suas correspondentes dimensões na superfície terrestre, devido às funcionalidades estabelecidas em meio digital, esta escala de trabalho pode variar ampliando-se ou reduzindo-se. De forma geral, a interface gráfica não restringe esta ampliação ou redução, ficando a cargo do gerador da informação a limitação técnica de representação associada à escala de levantamento. Algumas vezes esta restrição, não está somente associada à escala de levantamento, mas também às transformações que o dado original sofreu.

Neste sentido, quando se confrontam os efeitos da transformação entre Data geodésicos com diferentes parâmetros, pode-se afirmar que ocorrerá a degradação da escala original de levantamento.

Para o caso da transformação entre os referenciais SAD69 e SIRGAS2000 foram divulgados em (IBGE, 2000) uma correspondência entre as escalas e os deslocamentos, que caracterizam questões relacionadas à má distribuição de estações as quais materializam os dois sistemas de referência em território nacional, além de um modelo simplificado adotado para transformação adotado entre estes Data.

Quadro 10: Efeito da diferença entre SAD69 (1996) e SIRGAS2000 nas diferentes escalas de mapeamento Escala Deslocamento (mm) 1:1000.000 0,065 1:500.000 0,13 1:250.000 0,26 1:100.000 0,65 1:50.000 1,30 1:25.000 2,60 1:10.000 6,5 1:5.000 13,0 1:2.000 32,5 1:1.000 65,0 Fonte: IBGE, 2000

Ao analisar o quadro 10, observam-se que as diferenças entre SIRGAS2000 e SAD69 (1996) começam a ser significativas para as escalas maiores ou iguais a 1:250.000. No caso das cartas em escala 1:250.000, uma variação de 65 m entre os dois sistemas provocaria um deslocamento gráfico de 0,26 mm. Esta variação torna-se sensível nas cartas em escalas grandes. No caso de mapeamentos em escala 1:1.000, uma variação de 65 m no terreno entre os dois sistemas tem como conseqüência um deslocamento gráfico de 6,5mm.

Estas diferenças não são constantes em todo o território nacional. Por exemplo, no Estado do Rio de Janeiro ficam em torno de 78m e no Estado do Ceará em torno de 40m.

A menor resolução perceptível pelo olho humano (acuidade visual) é de cerca de 0,2 mm, considerando este valor como limite mínimo a partir do qual as variações começam a ser significativas. No entanto, uma variação de 15 m nas coordenadas começa a ser significativa para as escalas maiores ou iguais a 1:50.000. Mesmo com a possibilidade oferecida pelo display eletrônico de ampliação, a limitação de acurácia do dado faz referência ainda à acuidade visual humana. Porém, este limite é somente aplicado à impressão em papel das informações. A degradação da escala pode ser observada na figura 24 onde os vetores de delimitação do bairro do Sitio Cercado, na cidade de Curitiba-PR foram transformados utilizando uma transformação com 3 parâmetros do IBGE e outra transformação com parâmetros locais com 7 parâmetros.

Figura 24: Comparação dos vetores do bairro do Sitio Cercado no município de Curitiba-PR após a transformação utilizando uma transformação com 3 parâmetros globais e outra transformação com 7 parâmetros nas escalas

Outra característica dos mapeamentos registrados em meio digital é a inexistência teórica de limites na quantidade de informações a serem levantadas, podendo ser superpostas ou retiradas, dependendo da necessidade da informação.

Nos projetos de mapeamento em meio digital, os maiores cuidados devem-se ater para qual a exatidão posicional que é requerida. Além de outros fatores como atualização, consistência lógica e completude, ou seja, se todas as feições necessárias foram levantadas.