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4 METODOLOGIA

4.6 Instrumentos da coleta de dados

4.6.5 Escala de Avaliação da Satisfação dos Usuários com os Serviços de

A satisfação dos pacientes com os serviços será avaliada por meio da versão abreviada da Escala de Avaliação da Satisfação dos Pacientes com os Serviços de Saúde Mental (SATIS-BR). Essa escala foi elaborada pela divisão de Saúde Mental da OMS e validada para o Brasil por Bandeira (2012). Trata-se de uma escala multidimensional, possuindo duas subescalas: (a) satisfação com os profissionais de saúde e (b) satisfação com o serviço de saúde.

O SATIS-BR versão abreviada desta escala contém 12 itens quantitativos que compõem a escala propriamente dita, os quais são utilizados no cálculo do grau de satisfação dos pacientes com o serviço. A escala avalia a satisfação do usuário do serviço de saúde quanto à competência e compreensão da equipe de profissionais de saúde quanto ao seu problema, quanto à acolhida e ajuda da equipe com o usuário e quanto às condições das instalações físicas e conforto do local onde é oferecido o serviço de saúde. As alternativas de resposta aos itens estão dispostas em uma escala do tipo Likert com 5 pontos, na qual 1 representa que o usuário está muito insatisfeito e 5 que ele está muito satisfeito (BANDEIRA, 2012). (Anexo)

5 Análise Estatística

Variáveis sócio-econômicas e demográficas e clínicas dos grupos caso e controle foram comparados usando o Teste T de Student. Os escores do WHOQOL- ABREVIADO, FAD, e SATIS-BR foram comparados usando ANOVA. Foram considerados significantes os valores de p <0,05.

5 RESULTADOS

A amostra do estudo foi constituída por 115 idosos que frequentam os serviços de saúde oferecidos pelo CEASI e os CAPS Leste e Oeste da cidade de Natal/RN. Para constituir a amostra foram convidados cerca de 180 idosos, mas houve recusa para participação e na aplicação do Mini Mental foram excluídos 3 participantes do estudo por não atingirem a pontuação mínima de acordo com a sua escolaridade, restando no total de 115 idosos aptos a participarem do estudo.

Os idosos foram divididos em dois grupos. O grupo de casos formado por indivíduos idosos com score da EDG igual ou maior que 5 e o grupo controle, que foi formado por indivíduos idosos que apresentaram o score da EDG menor que 5. O grupo de casos foi formado por 54 idosos com média de idade de 71,4 anos (DP±7,73) e o grupo controle foi formado por 61 idosos com média de idade de 72,98 anos (DP±6,96). O grupo de casos foi formado por 85,18% de mulheres e 14,82% de homens e o grupo controle foi formado por 81,97% de mulheres e 18,03% de homens (p = 0,418). Quanto à escolaridade a maioria dos idosos nos dois grupos possuía o ensino fundamental com 64,8% no grupo de casos e 62,3% no grupo controle (p = 0,932) e quanto à ocupação a maioria é aposentada com 88,9% no grupo de casos e 75,4% no grupo controle (p = 0,173). No grupo de casos, 46,3% dos idosos são casados e no grupo controle 45,9% (p = 0,996). O tipo de moradia predominante foi de casa própria com 81,5% e 89,8% nos grupos de caso e controle (p = 0,996), respectivamente e a renda individual (p = 0,862) e familiar (p = 0,123) em sua maioria está entre 1 e 2 salários mínimos (Tabela 1).

Quanto às características clínicas, no grupo de casos 51,85% da amostra possui diagnóstico de depressão e no grupo controle foram 27,87% apresentando sintomas de depressão (p = 0,007). Quanto ao uso de antidepressivos e/ou ansiolíticos, no grupo de casos 16,7% usam esses medicamentos para tratamento dos sintomas de depressão e no grupo controle 11,45% fazem uso dos medicamentos (Figura 1 e 2). Destaca-se também o alto número de indivíduos que não souberam informar quais medicamentos utilizavam ou que já utilizaram em algum momento da vida, com 57,4% no grupo de casos e 39,35% no grupo controle. Também apresentam diagnóstico de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia e também mais de uma dessas condições clínicas, onde 52,17% possuem hipertensão e 41,3% possui mais de uma doença crônica no grupo de

casos e no grupo controle 46% possuem hipertensão e 48% possuem mais de uma doença crônica (p = 0,933). Todos os idosos que participaram do estudo afirmam ter acesso a consultas nos serviços de saúde e 42,6% do grupo de casos e 60,65% do grupo controle participam de terapia comunitária no serviço de saúde (p = 0,040) (Tabela 2).

Tabela 1: Características sociodemográficas dos 115 idosos participantes do estudo que frequentam serviços de saúde oferecidos pelo CEASI e os CAPS Leste e Oeste da cidade de Natal/RN.

Variáveis socioeconômicas e demográficas Caso n = 54 Controle n =61 p n % n % Sexo Feminino 46 85,18 50 81,97 0,418 Masculino 8 14,82 11 18,03 Escolaridade Analfabetos 9 16,7 10 16,4 0,932 Ensino fundamental 35 64,8 38 62,3 Ensino médio 10 18,5 13 21,3 Ocupação Trabalha 1 1,85 3 4,9 0,173 Aposentado 48 88,9 46 75,4 Outra 5 9,25 12 19,7

Estado civil Casado 25 46,3 28 45,9 0,996

Solteiro 12 22,2 14 22,9 Viúvo 17 31,5 19 31,2 Tipo de moradia Própria 44 81,5 53 89,8 0,158 Alugada 10 18,5 6 10,2 Renda individual De 0 a 1 salário mínimo 3 5,55 4 6,9 0,862 1 a 2 salários mínimos 49 90,75 53 91,4 3 a 4 salários mínimos 2 3,7 1 1,7 Renda familiar 1 a 2 salários mínimos 38 70,4 51 85 0,123 3 a 4 salários mínimos 16 29,6 7 11,7 5 salários mínimos 2 3,3

Tabela 2: Características clínicas dos 115 idosos participantes do estudo que frequentam serviços de saúde oferecidos pelo CEASI e os CAPS Leste e Oeste da cidade de Natal/RN.

Variáveis clínicas Caso

n = 54

Controle n =61

p

n % n %

Diagnóstico de depressão Sim 28 51,85 17 27,87 0,007*

Não 26 48,15 44 72,13 Antidepressivo/ansiolíticos Sim 9 16,7 7 11,45 0,079 Não 14 25,9 30 49,2 Sem informação 31 57,4 24 39,35 Comorbidades Hipertensão 24 52,17 23 46 0,933 Diabetes 1 2,18 1 2 Hipercolesterolemia 2 4,35 2 4 Hipertensão, diabetes e/ou hipercolesterolemia 19 41,3 24 48

Acesso a consultas Sim 61 100 54 100

Não 0 0 0 0

Frequenta terapia

comunitária integrativa

Sim 23 42,6 37 60,65 0,040*

Não 31 57,4 24 39,35

Figura 1: Gráfico de valores percentuais de antidepressivos e/ou ansiolíticos usados pelos indivíduos do grupo de casos.

Figura 2: Gráfico de valores absolutos de antidepressivos e/ou ansiolíticos usados pelos indivíduos do grupo controle.

Na tabela 3 podemos observar que as duas questões gerais sobre qualidade de vida e satisfação com a saúde, o grupo controle obteve as médias 3,64±0,66 e 3,59±0,87 para as duas questões, sendo maiores que as do grupo de casos com 3,48±0,69 e 3,29±0,96.

No grupo de casos o domínio que mais contribuiu, com melhor média, foi o psicológico, seguido pelo de relações sociais, meio ambiente e físico. No grupo controle o domínio com melhor média foi o de relações sociais, seguido pelo psicológico, físico e meio ambiente. Nos domínios físico, psicológico, meio ambiente e de relações sociais o grupo controle apresentou médias maiores que o grupo de casos, obtendo significância estatística entre os grupos em apenas um domínio, o de relações sociais com p = 0,003.

Tabela 3: Descrição das médias do questionário WHOQOL – Abreviado dos 115 idosos participantes do estudo que frequentam serviços de saúde oferecidos pelo CEASI e os CAPS Leste e Oeste da cidade de Natal/RN. Facetas/domínios Casos n = 54 Controle n = 61 p Média±DP Média±DP Qualidade de vida 3,48±0,69 3,64±0,66 0,494

Satisfação com a saúde 3,29±0,96 3,59±0,87 0,179

Domínio 1: Físico 3,16±0,71 3,51±0,69 0,936

Domínio 2: Psicológico 3,85±2,22 3,85±0,51 0,197

Domínio 3: Meio ambiente 3,26±0,58 3,49±0,54 0,760

Domínio 4: Relações sociais 3,53±0,82 3,85±0,53 0,003*

O questionário Family Assessment Device para avaliação familiar foi introduzido no estudo a partir de janeiro de 2015, quando se percebeu a necessidade de avaliar as questões familiares que envolvem o relacionamento entre os idosos participantes e sua família. Dessa forma, foi possível aplicar o FAD em alguns idosos que já haviam respondido os questionários anteriores, mas não foi possível aplicar em toda a amostra, por falta de contato e alguns que não voltaram ao serviço ou que não quiseram se submeter novamente aos questionários, o que resultou em 34 idosos no grupo de casos e 61 idosos no grupo controle.

Na tabela 4 são descritas as médias das facetas do FAD e na sua interpretação, ter uma menor média significa um melhor funcionamento familiar. A faceta Solução de problemas apresentou para os casos, valores 2,09±0,70, enquanto para os controlesos valores foram de 2,04±0,54 (p.= 0,040). Ou seja, esta faceta representa a falta de apoio familiar na resolução de problemas do cotidiano.

Na tabela 5 são apresentadas as médias do SATIS – BR que mede a satisfação dos usuários dos serviços de saúde com relação aos serviços que lhes são oferecidos e com a equipe de profissionais e com o local onde é oferecido o serviço. Na faceta satisfação com o local onde é oferecido o serviço, o grupo de casos apresentou uma média de 3,03±1,04, enquanto os controles 2,92±0,80, (p = 0,007).

Para solução de problemas foi encontrado para os casos, valores 2,09±0,70, enquanto controles 2,04±0,54, considerada esta diferença estatisticamente significante.

Tabela 4: Descrição das médias do questionário Family Assessment Device dos 95 idosos participantes do estudo que frequentam serviços de saúde oferecidos pelo CEASI e os CAPS Leste e Oeste da cidade de Natal/RN.

Facetas Casos n = 34 Controle n = 61 p Média±DP Média±DP Solução de problemas 2,09±0,70 2,04±0,54 0,040* Comunicação 2,16±0,44 2,09±0,46 0,897 Funções 2,40±0,61 2,44±0,46 0,068 Respostas afetivas 2,35±0,43 2,39±0,42 0,960 Envolvimento afetivo 2,89±0,59 2,72±0,49 0,142 Controle comportamental 2,26±0,37 2,31±0,30 0,390 Funcionamento geral 2,04±0,37 2,14±0,29 0,230

Tabela 5: Descrição das médias do questionário SATIS – BR dos 115 idosos participantes do estudo que frequentam serviços de saúde oferecidos pelo CEASI e os CAPS Leste e Oeste da cidade de Natal/RN. Facetas Casos n = 54 Controle n = 61 p Média±DP Média±DP

Satisfação com a equipe 4,22±0,51 4,25±0,49 0,732

Satisfação com a acolhida 4,22±0,54 4,29±0,58 0,564

6 DISCUSSÃO

No presente estudo a maioria dos participantes eram mulheres, com 85,18% no grupo de casos e 81,97% no grupo controle, o que pode indicar que as mulheres procuram mais os serviços de saúde e grupos de apoio social como as TCIs realizadas nos CAPS e CEASI.

No entanto, esse fator pode levar a maiores índices de diagnóstico de depressão em mulheres, pois os homens, em sua maioria, não procuram os serviços de saúde para diagnóstico e tratamento dos sintomas depressivos, e de acordo com Gazalle (2004) as mulheres apresentam maiores prevalências de sintomas depressivos o que pode ser um fator relevante para que as mulheres procurem mais os serviços de saúde para tratar esses sintomas.

Um desafio para o sistema de saúde é que os profissionais de saúde saibam identificar as doenças mentais nos idosos, pois muitas vezes os sintomas são silenciosos e mascarados pelo processo de envelhecimento. Além dos próprios idosos se permitirem superar os estigmas sociais sobre as doenças mentais, o que resulta na relutância por procura médica para tratar seus problemas psicológicos, que se não forem tratados pode resultar na incapacidade funcional, maiores demandas para os sistemas de saúde com maiores gastos pelo agravamento dos sintomas e diminuição da qualidade de vida para os idosos e seus familiares (ABDUL, 2016).

Gazalle (2004) explica que pessoas com nível socioeconômico e escolaridades mais baixas apresentam maiores taxas de prevalência de sintomas depressivos e no estudo realizado a maioria dos idosos possui apenas o ensino fundamental, a maioria deles incompleto, com 64,8% no grupo de casos e 62,3% no grupo controle. Quanto a renda, tanto a individual quanto a familiar ficou na média entre 1 e 2 salários mínimos com 90,75% e 91,4% para renda individual e 70,4% e 85% para os grupos de casos e controle, respectivamente.

No grupo de casos 51,85% dos idosos que apresentaram score maior ou igual a 5 na EDG já apresentaram em algum momento da vida diagnóstico de depressão, mas apenas 16,7% dos indivíduos fazem tratamento farmacológico com antidepressivos e/ou ansiolíticos, e mesmo assim permanecem apresentando sintomas de depressão, que no estudo realizado foi detectado por meio da EDG.

Dessa forma faz-se necessário um acompanhamento permanente do paciente tanto no sentido de uma individualização de terapêutica, quanto de acompanhar a adesão ao tratamento.

Neste contexto, o tratamento dos sintomas de depressão com medicamentos antidepressivos é de grande importância para a regressão dos sintomas depressivos e prevenção de sintomas que possam influenciar nas funções psicológicas, físicas e sociais dos indivíduos acometidos pela patologia, sendo necessário que haja a adesão aos medicamentos antidepressivos e/ou ansiolíticos.

Todos os participantes do estudo afirmaram que possuem acesso a consultas nos serviços de saúde dos CAPS e CEASI, o que pode ser justificado pela presença de comorbidades que faz com que esses idosos procurem mais os serviços de saúde para tratar doenças crônicas como hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia.

O acesso aos serviços de saúde deve ser assegurado aos idosos e principalmente aos que possuem sintomas de depressão para que possa ter um tratamento satisfatório e assim se manter inserido na sociedade, tendo melhora da sua qualidade de vida, estado emocional e saúde como um todo, pois a qualidade de vida está relacionada a um bom estado de saúde tanto físico quanto mental.

A utilização de terapias farmacológicas de forma isolada não são capazes de reestabelecer a saúde psicológica dos indivíduos com sintomas de depressão. Neste contexto, surge as TCIs como uma estratégia terapêutica aliada a terapia farmacológica para reinserção desses idosos no contexto social, através da socialização e partilhas de sentimentos, tanto alegres quanto os angustiantes, o que os fazem interagir uns com os outros (BARRETO, 2008).

Quanto à frequência na TCI, apenas 42,6% dos participantes do grupo de casos frequenta TCI e 60,65% dos participantes do grupo controle frequentam TCI. Isso mostra que os idosos que participam de rodas de TCIs estão menos propensos a apresentarem sintomas depressivos, o que pode ser considerado como uma estratégia importante no sistema de saúde para tratamento de problemas psiquiátricos.

Observando-se os dados do grupo controle, 27,87% tiveram diagnóstico de depressão em algum momento da vida, 11,45% usam antidepressivos e/ou ansiolíticos e 60,65% dos indivíduos deste grupo participam da TCI. Esses dados mostram que se trata de um quadro onde visualiza-se indivíduos não sintomáticos e

com um número de indivíduos relativamente pequeno usando medicamentos para tratar sintomas depressivos, mostrando que as TCIs são eficazes quando associadas ao uso de terapia farmacológica para tratamento dos sintomas depressivos.

A participação de indivíduos idosos em grupos de TCIs faz com que o indivíduo interaja com outras pessoas e descubra no grupo a importância do outro para a resolução de seus problemas como também excita a desvendar o poder de resiliência em cada participante, ou seja, ajuda na capacidade de enfrentar as dificuldades e adversidades de forma socialmente aceitável (BARRETO, 2008). A TCI pode ser um caminho para favorecer uma vida mais saudável e melhor qualidade de vida para os idosos que as frequentam.

A TCI se torna um instrumento de reinserção do idoso na sociedade e reestabelece seu convívio com outras pessoas da sociedade melhorando assim seu estado emocional e social.

Santos (2002) mostra que a qualidade de vida dos idosos pode estar relacionada a componentes como a sua capacidade funcional, estado emocional, interação social, atividade intelectual e autoproteção com sua saúde.

Para os idosos, a percepção de qualidade de vida geralmente está relacionada com a saúde, sentimentos positivos, convivência com amigos e familiares e ter recursos para satisfazer as suas necessidades do cotidiano (PASKULIN, 2010).

O WHOQOL – Abreviado é um instrumento para avaliar a qualidade de vida quanto aos aspectos citados e nas questões sobre qualidade de vida e satisfação com a saúde o grupo controle apresentou maiores médias, demonstrando que ter esses fatores atrelados a sua vida pode ser significado de qualidade de vida na terceira idade.

A relação social para indivíduos que estão na terceira idade é um fator importante para que ele possa se sentir inserido na sociedade, sentindo-se útil e a partir disso conseguir desenvolver suas atividades do cotidiano, interagindo com as pessoas presentes na comunidade e nos grupos de TCI, nos quais podem se expressar e opinar com liberdade. Estudos afirmam que idosos que apresentam vida social intensa possuem uma maior qualidade de vida pois os idosos que possuem uma vida social mais ativa são mais longevos além de menor chance de desenvolver sintomas depressivos (BYERS, 2012; FRUTUOSO, 1999).

Portanto é necessário que as políticas públicas incentivem as práticas de serviços que possam integrar os idosos a sua comunidade como um todo, tendo acesso aos serviços de saúde e de interação com demais indivíduos.

Idosos que não possuem uma vida social ativa se sentem solitários, onde a solidão é tida como um sentimento angustiante na qual as necessidades sociais não são atendidas, seja pela qualidade ou quantidade de amizades que o indivíduo possua. A solidão, portanto, está negativamente associada à qualidade da saúde mental desses idosos e tem sido demonstrado que o aumento de casos depressivos está fortemente relacionados com a solidão (CACIOPPO, 2006; HAWKLEY, 2010).

O sentimento de solidão entre os idosos também está relacionado não somente a amizades e círculos sociais que venham a participar, mas também a família, nas quais buscam apoio social e mental e quando não existe o suporte familiar surgem os sintomas depressivos.

Na população envelhecida o suporte familiar é de extrema importância para que o indivíduo consiga ter apoio em suas questões de saúde e qualidade de vida. Para os idosos com problemas de depressão o apoio familiar se torna muito importante nesta fase da vida, pois a falta de suporte familiar pode ser um fator de agravamento do quadro depressivo (DE ARAÚJO, 2016). No estudo realizado uma considerável parcela do grupo de casos apontam para a falta de apoio familiar para a resolução de problemas cotidianos, o que pode ser um agravamento dos sintomas depressivos desses pacientes.

Estudos mostram que idosos solteiros apresentam maiores riscos de apresentarem sintomas de depressão, pois se supõe que a vida de casado possa passar maior segurança, uma sensação de proteção proporcionada pelo outro, o que pode influenciar positivamente na saúde mental desses indivíduos (ABDUL, 2016; RASHID, 2010).

Supõe-se também que, para os idosos, ter a família por perto, com boa convivência, apoio emocional e social é confortável para o idoso e melhora o bem- estar mental desses indivíduos (ABDUL, 2016). Portanto, a família exerce um papel fundamental para a saúde mental dos indivíduos idosos que passam por perdas biológicas, que afeta tanto o estado psicológico, quanto o estado físico desses indivíduos para que se sintam protegidos e assegurados. A família é ponto de apoio para esses idosos e os auxiliam na resolução de problemas, seja eles familiares ou de saúde.

Em relação ao local onde são realizados os atendimentos dos serviços de saúde e as TCIs, os indivíduos do grupo de casos apresentam maior satisfação com as condições e tratamentos que recebem das equipes, enquanto que os indivíduos do grupo controle mostram-se mais insatisfeitos em relação às condições e tratamento que recebem nos serviços de saúde, aparentemente por estarem com maiores condições emocionais de decidir o que seja um favor e uma obrigação dos órgãos competentes pela assistência que deve ser prestada aos idosos. Apatia é considerado um sintoma comum em idosos com depressão (YUEN, 2013).

Os serviços de saúde que são oferecidos aos idosos possuem muitos pontos nos quais precisam melhorar, portanto se faz necessário que as políticas públicas de assistência aos idosos comecem a perceber que quanto mais é investido na saúde e qualidade do atendimento a essa população envelhecida, melhores serão os resultados no que diz respeito a saúde e menores serão as taxas de adoecimento dessa população, o que retornará com pontos positivos para o sistema público de saúde e menores gastos com aqueles que se tornam doentes graves.

7 CONCLUSÃO

• No presente trabalho conclui-se que as mulheres são as que mais procuram os serviços de saúde, os idosos possuem um nível de escolaridade baixo e uma renda média de 1 a 2 salários mínimos, o que contribui para a que essa população seja mais propensa a desenvolver sintomas depressivos, pois a renda não é suficiente para que possam ter atividades de lazer e convívio social satisfatórios;

• A terapia com medicamentos antidepressivos/ansiolíticos não se mostra totalmente eficaz na remissão dos sintomas depressivos, pois idosos do grupo de casos que fazem terapia farmacológica ainda continua a apresentar sintomas de depressão;

• As TCIs se mostram como uma estratégia de enfrentamento eficaz dos sintomas depressivos, atuando como coadjuvante a terapia farmacológica com antidepressivos e/ou ansiolíticos;

• A qualidade de vida dos idosos dos dois grupos encontra-se prejudicada pelos sintomas depressivos, especialmente o convívio social desses idosos; • Idosos participantes do estudo dos dois grupos apontam para a falta de

participação familiar na solução dos problemas, o que repercuti no agravamento dos sintomas depressivos;

• Os idosos dos dois grupos se mostram satisfeitos com os locais onde são realizadas as TCIs e atendimentos de saúde, porém apontam para a possibilidade de melhoria desses locais.

REFERÊNCIAS

ABDUL , M.; RIZAL M. M.; MADIHAH, A. R.; MOHD R. Y.; KHAIRUL H. A. A.; NOOR A. Factors Influencing the Prevalence of Mental Health Problems among Malay Elderly Residing in a Rural Community: A Cross-Sectional Study. PloS One. v. 11, n.

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