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Capítulo 4 – Inovação Pedagógica

4.2. Escola contemporânea: rompendo paradigmas educacionais

O modelo de prática pedagógica, embasada na concepção tradicional de ensino, tem sido questionado por diversos autores, tais como: Freire (1996), Althusser (s/d). Papert (1994), Fino (2011), Sousa (2000), Toffler (1991), dentre outros. Uma das principais críticas

apresentadas por esses autores se refere à reprodução do modelo da sociedade fabril. Para tanto, na concepção de Pereira (2013), é preciso acontecer uma mobilização pedagógica que busque romper com as atuais práticas pedagógicas embasadas no modelo tradicional de educação e no processo de ensino e aprendizagem.

Para Freire (1979, p. 115), é importante que o educador se aproprie e valoriza “uma educação em que toda a comunidade coloque-se em postura de reflexão e de auto-reflexão sobre o seu tempo e seu espaço”, sobre as coisas que aprende no seu dia a dia e no cotidiano da escola. Na concepção de Dewey (1959), ao falar sobre “pedagogia reflexiva” ressalta que o aluno aprende de forma mais efetiva quando o professor promove, em sala de aula, espaços de discussão e reflexão sobre os conteúdos estudados. A partir dessa perspectiva, percebemos que a escola deve ser uma instituição que promove conhecimentos diversos e possibilita a seus alunos pensarem de forma crítica e reflexiva sobre os conteúdos que aprendem.

Percebemos, também, que o processo de mudança paradigmática é algo imprescindível no contexto escolar. Todavia, para que essas mudanças ocorram e que tenham um caráter inovador, a partir da ruptura com perspectiva tradicional de educação, é preciso que a escola invista na perspectiva de inovação pedagógica (FINO, 2011).

A concepção de ensino fragmentado, embasado numa educação tradicional, deve e precisa ser superada pela sociedade contemporânea do conhecimento, que propõe a integração dos saberes. Tal perspectiva é importante, visto que, na contemporaneidade, a sociedade necessita de escolas com professores preparados para interagir com uma geração mais atualizada, em consequência da rapidez do acesso a informação, principalmente, por meio do uso de instrumentos tecnológicos. Os modernos meios de comunicação permitem o acesso instantâneo à informação e os estudantes tem maior facilidade de acesso na busca de conhecimentos diversos por meio desses instrumentos e/ou recursos tecnológicos. Por isso, ao utilizar os procedimentos didáticos nesta nova realidade social, os professores devem privilegiar a construção coletiva do conhecimento, onde a figura do professor é concebida como um sujeito pró-ativo que tem o papel de intermediar e orientar a construção do conhecimento.

Desse modo, o professor deve conceber a sala de aula como sendo um espaço privilegiado para a realização do seu trabalho, porém, é importante considerar que a sala de aula não é o único espaço em que pode acontecer aprendizagem. Sendo assim, o professor deve buscar realizar um trabalho que seja inovador, visando atender as necessidades dos estudantes e as transformações emergentes da sociedade.

Além disso, os professores devem compreender que a realização do seu papel também consiste em ser uma agente de transformações, tanto no que se refere ao desenvolvimento cognitivo, bem como relacionado a questões sociais. Deve também compreender a escola como um espaço social, reconhecendo que o papel a ser desempenhado pelo educador pode variar em função, valores e interesse que caracterizam a sociedade, situada em um determinado tempo histórico. Assim, os novos paradigmas da educação podem influenciar na construção e manutenção de uma nova concepção de prática pedagógica, ou seja, numa prática pedagógica inovadora que podem intervir e apresentar resultados coerentes com as atuais demandas da sociedade, relacionadas às questões escolar e educacional.

Para Oliveira (2011), não é fácil romper com o modelo tradicional de educação, visto que a mudança nos modos de ensinar dever ser realizada a partir de uma perspectiva de reflexão sobre a prática pedagógica, bem como buscar romper com os paradigmas tradicionais. Todavia, quando o professor percebe a necessidade de refletir sobre sua prática pedagógica e faz uma auto-análise sobre possíveis mudanças e transformações na realização do seu trabalho, possivelmente poderá ser mais fácil compreender a necessidade de romper com o modelo de educação fabril.

Desse modo, quando o professor tenciona realizar um trabalho em sala de aula, visando ter uma postura mais flexível, que valoriza a autonomia do estudante e concebe o aluno como um agente ativo no processo de aprendizagem, inserindo nos contextos, atividades que estimulem a capacidade de discussão, reflexão e análise por parte dos alunos, provavelmente, terá sucesso no processo de ensino, além de estar valorizando a perspectiva de inovação pedagógica.

De acordo com Haetinger e Haetinger (2012), neste século, as mudanças no comportamento e na forma de relacionamento humano apresentam uma nova concepção de ser humano. O ser humano desse século é essencialmente tecnológico, principalmente, porque ele nasce no mundo altamente tecnológico e digitalizado, cercado por artifícios digitais e com comunicações que propõem múltiplas formas de comunicar-se. Assim, a escola que se propõe a preparar o estudante para vida social e para o trabalho deve apresentar, a esses estudantes, novos ambientes de aprendizagem, com a tecnologia agregada.

Todavia, Haetinger e Haetinger (2012), ressaltam que o professor deve perceber e compreender que utilizar instrumentos tecnológicos, tais como: televisão, computador, tablet,

dvd, lousa digital, dentre outros, não significar ser um professor inovador, visto que esses

instrumentos tecnológicos podem atrair, momentaneamente, a atenção do aluno. Entretanto, se o professor não tiver uma proposta nova de ensino, esses equipamentos serão considerados

apenas uma “parafernália eletrônica”. Podem atrair inicialmente a atenção do aluno, porém, não eleva a aprendizagem. Por outro lado, quando inclui a aprendizagem do aluno de forma efetiva e objetiva, poderá haver aprendizagem de forma efetiva.

Outro aspecto ressaltado por Haetinger e Haetinger (2012) refere-se a necessidade da escola buscar falar a mesma linguagem dos alunos. Para esses teóricos, os alunos nascem no “novo mundo”, ou seja, no mundo globalizado e altamente tecnológico e digitalizado e, por isso, utilizam uma linguagem embasada no uso de instrumentos do âmbito tecnológico, visto que fazem uso dos diversos recursos e instrumentos digitais. Por outro lado, o professor utiliza uma linguagem e uma prática pedagógica embasada no modelo tradicional de ensino. Na concepção de Haetinger e Haetinger (2012), essa distinção de linguagem compromete o processo de ensino e aprendizagem e, em consequência disso, afasta o aluno da escola, do professor e, principalmente, da aprendizagem.

Por isso, Haetinger e Haetinger (2012) apresentam que o grande desafio da escola e do professor contemporâneo é construir algo que se aproxime da realidade do estudante e o envolva no processo de aprendizagem. Desse modo, o desafio da educação, neste século, é disponibilizar e oferecer, aos alunos, uma educação que utiliza recursos tecnológicos que atraiam o aluno e, ao mesmo tempo, desenvolva, neste estudante, o seu potencial de aprendizagem.

Haetinger e Haetinger (2012) ainda acrescentam que o uso de recursos tecnológicos possibilita, ao estudante, ter acesso as informações de forma muito mais rápida, que sejam autores por construírem apresentações, filmes, histórias, textos, hiper-textos. A potencialidade de aprendizagens e de linguagens que essa tecnologia permite aos estudantes é imensa em comparação ao uso do caderno, lápis, caneta, quadro e giz.

Assim, percebemos que, na escola contemporânea, o professor não sabe de tudo e, na verdade, ele não consegue saber tudo porque é impossível saber tudo. Todavia, é responsabilidade do professor saber indicar caminhos, que ao olhar para o seu aluno possa perceber o potencial de aprendizagens que cadaum apresenta. Percebemos, também, que essa mudança e transformação no modo de conceber a escola e as práticas pedagógicas não podem ocorrer de forma isolada e/ou solitária. Tal mudança e transformação são construídas a partir da interação, vivências, experiências e trocas de saberes que ocorrem no contexto da escola (FARIAS, 2006).

Por isso, Farias (2006) destaca que, muitas vezes, profissionais da educação confundem mudanças realizadas na estrutura física da escola como sendo algo inovador. Entretanto, percebemos que a compreensão de inovação pedagógica significa uma quebra

e/ou ruptura com as posturas e práticas tradicionais da concepção de ensino e aprendizagem que visam imprimir, no contexto escolar e educacional, algo essencialmente novo.