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(...) cada um de nós compõe a sua história Cada ser em si Carrega o dom de ser capaz De ser feliz. Tocando em frente, Almir Sater e Renato Teixeira

Segundo a opinião dos ACS entrevistados, a escola que ensina saúde é aquela que de modo geral trata de assuntos relacionados à higiene, doenças e sexualidade por meio de palestras e teatros a fim de esclarecer dúvidas dos alunos.

Ah deve ser algo de falar de saúde na escola. Tipo na sala de aula, explicar sobre doenças, banho, sexualidade (ACS 1- Canário)...

Deve ser algo de falar sobre saúde na escola, quem sabe palestras, teatro com temas de saúde envolvendo crianças...Algo que possa esclarecer dúvidas (ACS 2- Maritaca).

Os participantes destacam ainda que a escola que ensina saúde não se concentra em apenas uma área, mas engloba o bem estar em geral por meio de atividades que ultrapassam os conteúdos das matérias explicadas na sala de aula, como no exemplo abaixo:

Lembra alguma coisa de promoção da saúde, prevenção de doenças. Em todas as áreas, não só na saúde bucal (ACS 3- Pintassilgo).

Eu acredito que são escolas que promovem a saúde e o bem estar de uma maneira geral, não focando em matérias, mas focando em mais campo, como atividades extras (ACS -4- Bem te vi).

Ensinar saúde, na opinião dos ACS entrevistados, não é apenas memorizar condutas de vida, o que é certo ou errado fazer, mas ir além é levar à tona certos temas que muitas vezes não são discutidos em casa, com os pais, cabendo a escola orientar.

Acho que seria bom isso aqui, não só ba-be-bi-bo-bu, decorar certas coisas de saúde. Porque às vezes eles tem curiosidade e os pais não ensinam (ACS 11- Colibri).

Importante destacar como o ACS mostra nesta fala a questão da qualidade do ensino da escola pública para classes populares, pois o mesmo explica que o fato de “decorar” não adianta, ou seja, segundo ele é necessário resgatar que a criança tem curiosidade de aprender, já que muitas dúvidas não são orientadas pelos pais. Isso é trabalhar com ensino de qualidade, uma escola que busque no cotidiano trabalhar com conteúdos, valorizando o que a criança que traz da casa.

Além disso, a fala do entrevistado liga-se também com a Teoria Crítica Social dos Conteúdos na medida em que o ambiente escolar é um local de transformação social e que não tem por objetivo o saber pelo saber, acima referido como “decorar certas coisas de

saúde”, mas sim a possibilidade de que o conhecimento possa ser ferramenta a mais no

processo de transformação social, tendo significado na vida do indivíduo já que se utiliza de vivências na elaboração dos conteúdos (SILVA, 1988).

A ideia de parceria da educação com a saúde também contribui no entendimento do que seriam as escolas que englobam o trabalho com a saúde para os entrevistados que buscam as visões integrais, globais da criança inserida no contexto escolar:

Acho que deve ser alguma coisa de parceria da saúde tentando envolver os dois âmbitos educacionais e da saúde em prol de uma melhor integralização da criança (Médica 4- Pardal).

Os ACS entrevistados ressaltam que a promoção da saúde no contexto escolar é importante na redução de demandas e sobrecarga de serviços as USF, pois poderiam ser promovidas condutas de vida que evitariam agravos à saúde dos escolares, prevenindo complicações futuras.

Se você promover a saúde na escola você irá promover a saúde lá no fim, no futuro. Evitando até doenças programáticas, diabetes, pressão alta e saúde mental que dá uma demanda muito grande dentro das Unidades (ACS 6- Papagaio).

Porque não sobrecarregaria os serviços, de forma que poderiam prevenir ou detectar fácil alguma dificuldade ou complicação da criança. Se aproximasse a saúde da escola, além de promover iria prevenir agravos e diminuir futuramente a demanda por estas complicações na Unidade (ACS 2- Maritaca).

Esta visão ampla dos ACS de diminuição da sobrecarga da Unidade por meio de trabalhos preventivos com escolares confirma a sua compreensão sobre a organização dos trabalhos na Unidade, bem como sua experiência em relação a isto, pois expõem o que modificariam para melhorar a questão do excesso de demanda.

A questão das crianças como agentes multiplicadores de saúde é entendida para um ACS como algo relevante sobre os benefícios do ensino da saúde no contexto escolar, pois é permitido que as crianças levem para suas casas e comunidade os conteúdos e reflexões trabalhadas no contexto escolar, como no exemplo abaixo.

Se existisse essa parceria Unidade- Escola uma coisa responsável com certeza eles iriam passar para suas casas e seria muito legal porque beneficiaria a todos os envolvidos na vida da criança (ACS 4- Pintassilgo).

Os entrevistados apontam que com o ensino da saúde os alunos não aprendem só a teoria sobre a promoção da saúde, o que pode ou não pode, mas que problematizem sua realidade a fim de transformá-la por meio das informações obtidas e debatidas no contexto escolar. Além disso, destacam que a escola que ensina conteúdos de saúde é aquela que realiza parceria com os serviços de saúde, por meio do encaminhamento das escolas às Unidades de Saúde da Família

Com os discursos oferecidos entende-se que a proposta de educar para a saúde destaca o processo saúde-doença ligado a qualidade de vida através da aprendizagem cotidiana no espaço escolar, e desta forma contribui-se para a promoção de saúde e construção da autonomia dos escolares.

Esta autonomia buscada nas práticas de promoção da saúde é também considerada como objetivo nas práticas pedagógicas em geral, pois procuram fazer o escolar refletir sobre as possibilidades de vir a ser, isto é, as possibilidades socialmente existentes de desenvolvimento da autonomia humana (DUARTE, 2001; SAVIANI, 2001).

Categoria 4 - A prática do atendimento aos escolares e o trabalho com grupos de