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A atual Escola Estadual Érico Veríssimo, foi o II Ginásio Estadual de Guarulhos, criado pela Secretaria da Educação no dia 02 de março de 1964, na rua Francisco Antunes, nº 35, Vila Augusta, no município de Guarulhos. Atualmente, está localizada à Rua Portuguesa, nº. 394 Vila Endres, bairro de Itapegica, município de Guarulhos, no estado de São Paulo e é considerada uma escola de muito boa qualidade.

As modalidades do Ensino Básico são atualmente oferecidas apenas aos alunos de 5ª à 8ª séries do ensino fundamental e para a 1ª à 3ª do ensino médio, funcionando nos turnos: matutino, vespertino e noturno.

Nessa escola, a clientela é muito diversificada. É freqüentada tanto por alunos cujos pais são bem preparados intelectualmente e que na sua maioria procuram acompanhar, na medida do possível, o rendimento dos filhos, como por filhos de pais não alfabetizados, desempregados ou separados e cujas mães trabalham o dia todo fora não fazendo este acompanhamento de forma adequada.

A renda familiar varia entre as faixas de 03 a 10 salários mínimos (40%) e de 10 a 20 salários mínimos (10%) o restante vivendo em favelas e sem rendimento fixo sendo a escola a única fonte de atividade e cultura.

A Professora Marilene ministra aulas de geografia em uma escola pública estadual distante desta. Numa ocasião recente, referiu-se à Escola Érico Veríssimo, como “sendo muito respeitada e ser referência como uma escola pública no município, pelo aprendizado dos alunos e não apresentar violência interna entre os alunos ou violência nos seus arredores”.

Os policiais militares que participam da Ronda Escolar, também referenciam esta escola como uma das melhores entre as públicas estaduais no município, por não apresentar violência no entorno da escola.

Por essas razões, há muitos alunos de escolas privadas do município, que os pais transferem para essa escola pública. Mas isto também ocorre porque estes pais nem sempre estão conseguindo pagar a mensalidade da escola privada. A famosa “progressão automática”, também vem despertando muito interesse entre aqueles cujos filhos não são bons estudantes.

A pesquisa foi realizada através de observações diárias e aplicação de questionário para 117 alunos da 3ª série do ensino médio, do período matutino dessa escola, sendo 69 do sexo feminino e 48 do sexo masculino, na faixa etária entre 17 e 22 anos, os dados do ANEXO II referem-se ao sexo, idade, lugar de nascimento e cor da pele.

Observa-se, logo, que a maioria desses alunos encontra-se dentro da faixa etária do ensino regular da 3ª série do ensino médio.

Dentre esses alunos foram observadas 69 alunas e 48 alunos, que iniciaram sua alfabetização aos três anos de idade; 4,2% aos quatro anos; 17,1% aos quatro anos e meio; 0,8% aos cinco anos; 22,2% aos seis anos; 35,9% aos seis anos e meio; 0,8% aos sete anos; 17,1% e 1,8% não declararam.

Assim 44,3% desses alunos do ensino médio iniciaram precocemente a sua alfabetização, segundo eles, porque as mães tinham que trabalhar e não tinham com quem deixá-los sendo matriculados na escola infantil em período integral nas proximidades de sua residência.

Note-se que na década de 1980, um grande contingente de gênero feminino saiu da condição de dona do lar e foi inserida no mercado de trabalho, porque já se fazia necessário complementar à renda familiar, ou pela situação de desemprego estrutural do marido ou pela queda do poder aquisitivo, resultante do aviltamento salarial que se estabeleceu no país.

Nossos dados mostram que 46,47% das mães desses alunos, trabalham atualmente num grande número de profissões, tais como costureiras, empregadas domésticas, balconistas, professoras, faxineiras em empresas, operárias de fábricas, dentre outras, como se pode ver no Anexo II. Mães donas de casa, somam em torno de 53,53% do total.

Quanto aos pais, 60,69% estão a disposição do mercado de trabalho, 20,6% trabalham atualmente, estando ocupados em diversos setores, tais como comerciantes, auxiliares de produção, autônomos, enfermeiro, vendedor. Enquanto 2,88% de alunos não declarou sobre a ocupação dos pais e 0,48% declarou o pai ser falecido.

A maioria dos alunos da 3ª série desta escola não são diferentes dos alunos da 3ª série do EJA, da escola Rotary, pois têm muita dificuldade de aprendizado, mesmo aqueles que forma alfabetizados precocemente. Como quase a metade das mães trabalha e fica diariamente fora de casa, esses alunos ficam sem observação e cobrança das mesmas, o que se faz necessário no processo de ensino e aprendizagem também na faixa etária em que esses alunos se encontram.

A maioria desses alunos também são migrantes da cidade de São Paulo e da Grande São Paulo.

Os alunos do período matutino freqüentam a escola regularmente, mas não deixam de demonstrar um certo desinteresse pelos estudos. Mesmo que a mãe não tenha uma ocupação profissional, fora de casa, a professora vem observando que essa atitude de recusa aos estudos vem ocorrendo gradativamente na cultura escolar da rede pública estadual.

A maioria desses alunos pode sentir desinteresse pelo saber, mas, se for permitido, eles permanecem na escola o dia inteiro, pois querem ficar ouvindo música na biblioteca e ficar “paquerando” as colegas de outros períodos, mesmo as alunas do ensino fundamental.

Observou-se que no período de realização de projetos e feira cultural, quando se torna necessário que os alunos fiquem na escola em período integral e parte do período noturno, eles não querem formar grupos por períodos, todos preferem ficar juntos.

Ficou claro ao longo desses anos, que os alunos gostam de permanecer na escola, mas os professores em geral têm tido muita dificuldade em realizar seus trabalhos práticos e teóricos com eles em geral. Talvez, a permanência na escola, que é toda cercada por grades e onde praticamente nula à violência externa, seja o grande incentivo para os pais mantê-los estudando.

O Shopping center do bairro fica a uma quadra e meia da escola, possui 12 salas de cinemas e às quartas feiras há promoção de pagar meia entrada. Com a

apresentação da carteira de estudante, acaba-se valorizando ainda mais o benefício do bilhete de ingresso. Desses alunos, a grande maioria declarou que vai ao cinema e aprecia os gêneros de comédia, suspense, terror, ação e romance. Apenas uma pequena porcentagem declarou não ir ao cinema.

O que se observa nesses alunos, é que eles possuem uma instrumentação rica fazendo conexão com os estudos escolares, além de programas culturais valiosos. A maioria tem computador em sua residência e o maneja muito bem. A professora tem notado isso quando os acompanha no laboratório de informática para pesquisar os mapas geográficos e até os conteúdos teóricos de assuntos que se inserem no programa das aulas.

Assim, os alunos do curso regular, possuem oportunidades de obter informações culturais seja em cinema, através de DVD, pela Internet, jornais, livros, revistas semanais, entre outros, mas apresentam grande dificuldade de assimilação de conteúdos quando propostos em sala de aula, semelhantemente aos alunos do EJA, que não têm acesso aos programas culturais e equipamentos de informática.

A professora vem observando através de mudanças comportamentais da comunidade escolar, que os pais pouco tem se preocupado com a educação dos filhos, haja vista, a pouca presença de pais nas reuniões marcadas pela escola, estando presentes em maior número os pais de alunos com bom rendimento escolar.

A educação reflete as expectativas da sociedade e, se observa que os pais se acomodaram com as políticas educacionais inseridas a partir da década de 1990, com os filhos sendo promovidos para a série posterior sem estudar nada.

No que se refere ao material escolar, mesmo os pais com melhor poder aquisitivo tem-se negado a adquirir os livros extra curriculares e xerox de textos para poder enriquecer o processo de aprendizado.