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Escola Inclusiva – que Valores a implementar

PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

CAPITULO 2 – UMA ESCOLA PARA TODOS INCLUSÃO

2.2. Escola Inclusiva – que Valores a implementar

Segundo Lourenço (2010), a evolução histórica da inclusão relaciona-se com a maneira de apoiar os cidadãos com deficiência e não apresenta etapas lineares e progressivas: num mesmo período histórico, comunidades com diferentes contextos cuidam de modo diferente dos indivíduos que apresentam deficiências ou diferenças. A alteração destas formas de tratamento deve-se à evolução de diferentes áreas do conhecimento.

Tem-se verificado ao longo dos tempos, uma cada vez maior, preocupação em criar uma escola para todos. Falar de inclusão obriga ao envolvimento de um coletivo de pessoas no processo educativo, em que se destaca a ação dos professores e dos pais/encarregados de educação, assim como a envolvência do meio, nomeadamente dos órgãos da administração de saúde, autárquicos, empresariais, etc., numa ação multidisciplinar devidamente coordenada.

Todos estes elementos devem contribuir para que o processo ensino-aprendizagem seja o mais centrado possível no aluno e que se consigam encontrar maneiras eficazes de proporcionar um currículo comum que tenha em conta as diferenças individuais dos alunos.

Como refere Rodrigues (1989: 53),

“cabe à escola regular organizar a resposta educativa a dois princípios aparentemente contraditórios: por um lado, possibilitar aos alunos com necessidades educativas especiais igual ou idêntico acesso ao currículo que os seus companheiros, e, por outro lado, proporcionar-lhe um apoio apropriado às suas necessidades específicas”. “Estar incluído é muito mais do que uma presença física: é um sentimento e uma prática mútua de pertença entre a escola e a criança, isto é, o jovem sentir que pertence à escola e a escola sentir que é responsável por ele.” (Rodrigues,2003:95, cit. por Correia, 2011)

No contexto atual a pedagogia inclusiva não passa de uma pedagogia diferenciada que vem consagrada nos princípios educacionais aprovados em todo o mundo, da qual fazem parte integrante os princípios da Reforma Educativa em vigor no nosso país e que consta de variadíssimos documentos legislativos, de que se destacam os documentos sobre avaliação dos alunos, a que todos os professores se devem de submeter para realizarem a sua avaliação.

A Lei de Bases do Sistema Educativo advoga a educação integral de todos os alunos, não descurando o desenvolvimento da sua personalidade, aspetos peculiares de uma escola cultural.

A educação deve, durante toda a vida, valorizar o pluralismo cultural mostrando-o como uma fonte de riqueza humana: os preconceitos raciais, fatores de violência e de

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exclusão, devem ser na opinião de Delors (1996: 52) “…combatidos por uma informação mútua sobre a história e os valores das diferentes culturas”.

Neste sentido Andrade (1992: 51) refere “…a escola pode contribuir para um maior esclarecimento e debate de valores implícitos na estrutura básica da sociedade”, facultando-nos uma visão atualizada desta, que visa formar jovens com Dificuldades intelectuais desenvolvimentais, enquanto homens e cidadãos.

Patrício (1993), diz que se pretende uma nova imagem de escola que recuse o neutralismo axiológico, apontando para a defesa do Diálogo, de Autonomia, da Liberdade, de Solidariedade, não podendo nunca a educação e a escola alhearem-se desses princípios, sob a pena de se desviarem da LBSE, que é, e deverá ser a Magna Carta das nossas escolas.

Cabe à escola salvaguardar a igualdade de condições de acesso e de formação a todos os jovens, preparando-os não só para serem recetores informados e críticos como também gestores e produtores tanto de informação, como do seu próprio conhecimento.

A educação e a escola adotam, finalmente, uma dimensão humanista, numa perspetiva de escola para todos, pois o seu velho conceito como instituição, cujo propósito era preparar os alunos para o mundo do trabalho, não cabe na ideia divulgada pela LBSE, que enfatiza o exercício da Cidadania.

Com este intento, Andrade (1992) reitera “se a escola já é uma instituição social, como já é hoje, deve formar cidadãos para a sociedade de que faz parte. Assim, a educação moral do cidadão pertence à essência da educação”. Combate-se assim, segundo Marques (1997: 28), o que antes era “uma escola de silêncio (…) inadequada para a consecução dos objetivos da LBSE”.

Sendo a educação para a cidadania e democracia, por excelência, uma educação que não se limita ao espaço e tempo da educação formal há que implicar diretamente nela as famílias e os outros membros da comunidade.

Hoje em dia, numa escola aberta é também exigido ao professor um grande contributo na dimensão das atitudes dos seus alunos. É fundamental que todo o educador, segundo Tenreiro Vieira e Vieira (1996: 18) “além de ser desejável que à partida possua determinadas características como um bom relacionamento interpessoal e disposições e capacidades de pensamento crítico, é necessário que possua formação complementar no domínio da psicologia do desenvolvimento, em particular do desenvolvimento moral”.

Ao olhar o educando/aluno, cada professor deverá ver o ser diferente de todos os outros, com as especificidades próprias, condicionadas e condicionantes, e ajudá-lo a

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encontrar as soluções adequadas para que seja capaz de, individualmente, encontrar o melhor caminho para o seu próprio processo de aprendizagem.

A formação pessoal e social do professor implica, um desenvolvimento de processos e atitudes psicológicas, imprescindíveis à aquisição de competências, para que as crianças consigam resolver as situações do dia-a-dia.

Tais pressupostos impõem o recurso a metodologias apropriadas, cuja adaptação curricular, segundo Martins (2000: 24) “deve partir da identificação do nível de competência curricular do aluno”, para uma subsequente intervenção, o que implica uma avaliação preliminar e compreensiva dos alunos com Deficiência intelectual Desenvolvimental, Ligeira e Moderada, ao nível do seu desenvolvimento cognitivo e moral, em cooperação com uma equipa multi e transdisciplinar.

É necessário que haja um processo de construção/formação global do indivíduo, visando, naturalmente e em simultâneo, a estruturação do pensamento do aluno e a sua personalidade.

Assim sendo, a educação tende para processos de construção do pensamento e personalidade ligados ao desenvolvimento de capacidades e de atitudes referentes a valores clarificados, criticados e assumidos.

É muito importante a escolha de métodos para atingir objetivos educacionais. A entrada para o 1º Ciclo, é a altura ideal para começar debates promotores da ideia de escolha, a partir de alternativas apoiadas em situações do dia-a-dia, que os ajudarão a consciencializarem-se da existência de razões para as normas e a comparar estas ideias.

Cabe ao professor expor, voltar a refletir e repetir com o aluno, ajudando-o a pensar alto, mas, sem emitir qualquer juízo de valor acerca do seu ponto de vista, pois apenas servirá para impedir o debate.

Terá ainda de incidir na exposição de factos de uma forma constante e instigadora, estimulando o espírito crítico e reflexivo dos educandos, acerca de ações que podem ser propostas e analisadas, predispondo-os a compreender um estádio acima do seu.

O educador deve promover a identificação dos alunos com a sua cultura, animando, ao mesmo tempo, a reflexão crítica sobre ela; estimula o seu juízo moral, sem deixar de reforçar a passagem ao comportamento: encoraja a consciência e a reivindicação dos seus direitos, lembrando continuamente a responsabilidade perante as necessidades dos outros.

Importa que haja uma pedagogia ativa do respeito mútuo e da responsabilidade cívica que segundo o Ministério da Educação, in Educação para a Tolerância, (1996:46),

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“permita a criação de instituições e de instrumentos sociais capazes de dar resposta adequada às tensões, às dificuldades e à contradição de interesses de atitudes ”.