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O Art. 80, da Lei 439 regulamentou o papel do professor47 ao estabelecer que “Os professores primarios poderão ser effectivos, adjunctos e substitutos” (MINAS GERAIS, Lei n. 439, 1906, p. 21). Porém, para exercer o cargo, o professor da Escola Normal, segundo o Art. 57, deveria ser preferencialmente normalista: “Os professores effectivos serão de preferencia normalista do Estado, mas o governo poderá nomear para esses cargos pessoa de notoria competencia comprovada no tirocínio do magisterio” (MINAS GERAIS, Decreto n. 1960, 1906, p.163). O Art. 137, do Parágrafo Único, estabelecia que “[...] as primeiras nomeações serão todas de livre iniciativa do governo” (MINAS GERAIS, Decreto n. 1960, 1906, p.175). Por fim, o Regulamento de Instrução de 1906 instituiu que, para se matricular no Curso Normal, o candidato deveria apresentar certos requisitos como “[...] prestar alguns exames em matérias como leitura, escrita, exposição pessoal, quatro operações fundamentais e outros”. Além disso, segundo o Art. 121 do regulamento, o candidato deveria apresentar “[...] certidão de edade ou documento equivalente provando ter 14 annos pelo menos; atestado médico provando não soffrer moléstia contagiosa ou incompatível com o magistério” (MINAS GERAIS, Regulamento de Instrução, 1906, p. 173).

47 Segundo Araujo (2009), ser professor compreende não só a formação prévia para o exercício

profissional, mas também a posterior, seja em serviço ou mediante licença da docência. Além disso, também as experiências do professor compõem sua formação, sejam anteriores ou externas ao processo escolar. Nesse caso, a sala de aula, a aula, os conteúdos, o ensino, a aprendizagem, os métodos e as técnicas de ensino, as tecnologias, a avaliação, a relação entre professor e aluno, a organização pedagógica e o planejamento são componentes cruciais do profissional docente.

A nomeação de professores efetivos seria designada pelo presidente do estado, conforme o Art. 88 do Decreto 3.191, de 1911, e o Decreto de 4.508, de 1916, como se lê nestes parágrafos:

1.º dentre os normalista diplomados pelas escolas normaes do Estado, preferidos a quaesquer outros; 2.º dentre os normalistas diplomados pelas escolas equiparadas, preferidos aos dos dois numeros seguintes; 3.º dentre os normalistas diplomados pelas escolas normaes dos outros Estados, sem preferência; 4.º dentre, finalmente, os candidatos habilitados em concurso (MINAS GERAIS, Decreto n.3191, 1911, p. 193).

Pelo regulamento, o governo exigia que o candidato, para exercer o cargo de professor numa escola, deveria ter formação de Escola Normal que supostamente proporcionaria a formação intelectual, moral e prática, necessária e suficiente ao desempenho dos deveres do professor primário. No dizer de Gouveia; Rosa (2000), a Escola Normal foi considerada um espaço de legitimidade de produção e movimento de um saber pedagógico, cuja finalidade era racionalizar as práticas escolares tendo em vista, primordialmente, a formação dos professores que seriam autorizados a formar as novas gerações.

A Escola Normal surgiu em meados do século XIX, graças ao ato institucional de 1834. Segundo Durães (2002, p. 133) “[...] o Império transferiu às províncias a responsabilidade de organizar a instrução pública”. Essas escolas buscavam atender à preocupação e à necessidade da época em se que visava organizar e estruturar a escola primária e a profissão docente. As primeiras escolas normais instaladas pelas províncias não conseguiram prosperar nem modificar o panorama do ensino primário, que continuou escasso e exercido por professores improvisados, isto é, sem preparação específica que muitas vezes, vinham de outras profissões, pois não era comum educar a massa popular. Em Minas Gerais, a primeira Escola Normal foi criada pela Lei 13, de 1835, que regulamentava a herança do Império em relação à instrução pública. Segunda a autora, “A Escola Normal da cidade de Ouro Preto, então capital, só saiu do papel quando transcorridos cinco anos, ou seja, em 1840”. A província de Minas Gerais criou cinco escolas normais: a da capital - Ouro Preto - e a de Campanha, ambas em 1872; a de Diamantina, em 1879; e as de Paracatu e Montes Claros, em 1880.

O Art. 82 do Decreto 3.191, de 1911, alterou o requisito para nomeação dos professores efetivos. No inciso I.º, foi acrescentada a frase “a qualidade de cidadão brasileiro, nato ou naturalizado”; no II, foi retirada a expressão: “e isenção de crimes”; no III, foi suprimida a frase “ou que impeça por qualquer modo o exercício perfeito do magisterio” e adido “a aptidão physica”; no IV, foi retirada a frase “intellectual e moral”; e, ao V item, foi adicionada a frase “a prova de vaccinação ou revaccinação, nos termos da lei” (MINAS GERAIS, Decreto n. 3191, 1911, p. 192). Pelo Art. 83 desta Lei, que complementa o Artigo 82, a moralidade deveria ser atestada, conforme alínea b, “[...] por folha corrida e attestados das autoridades judiciarias e administrativas da residencia, referentes aos últimos trez mezes decorridos”; para atestar aptidão física e a isenção de moléstia, a vacinação e revacinação, segundo alínea c, deviam ser “[...] por attestado médico”; enfim, sobre a competência profissional, foi suprimida a frase, sendo substituída por esta: “por attestados de exames prestados nos gymnasios, colégios e academias, e por documentos provando o exercício com proveito do magisterio primario particular” (MINAS GERAIS, Decreto n. 3191, 1911, p. 192).

Ainda sobre a nomeação do professor, o Art. 304 do Decreto 6.655, de 1924, prescreve que:

Para a primeira investidura nos cargos do magisterio publico primario, é exigido diploma conferido pelas escolas normaes officiaes ou equiparadas do Estado, ou por escolas normaes de outros Estados, cujos programmas sejam, pelo Conselho Superior da Instrucção, considerados equivalentes aos da Escola Normal Modelo. O diploma deverá ser registrado na Secretaria do Interior (MINAS GERAIS, Decreto n. 6655, 1924, p. 293).

Como se lê nessa passagem do texto legal, a primeira contratação, para o magistério público primário, exigia do candidato a apresentação de diploma de uma Escola Normal oficial do estado ou de outras unidades da federação, mas desde que tivesse programa elaborado pelo Conselho Superior da Instrução. A legislação defendia que a formação do professor pela Escola Normal deveria ser garantida para que o docente pudesse atuar, usando uma metodologia de ensino que viabilizasse o atendimento de um número maior de alunos por classe; dessa forma, permitiria o acesso da população à escola com possibilidade de uma melhor aprendizagem.

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