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MEMÓRIAS DA ESCOLA NORMAL PEDRO ALGUSTO DE ALMEIDA

2. MEMÓRIAS DA ESCOLA NORMAL PEDRO ALGUSTO DE ALMEIDA

2.2 A escola normal de hoje

Professora Maria Goretti. Quando era só magistério, a escola tinha uma referência, era uma Escola Normal de verdade, mas agora ficou tudo junto e misturado. [...], sinceramente, não é mais aquela Escola Normal onde existia ordem, os alunos eram educados, os professores eram respeitados como os pais. Depois dessa mudança, a escola transformou-se, perdeu a identidade.

Nas narrativas, percebemos que em algum período após a saída das professoras, a instituição abrangeu o ensino fundamental, e sendo assim dividia-se o espaço com normalistas e o ensino fundamental. Essas narrativas que as professoras decorreram foram informadas por meios de conversas informais entre pares e aqueles que ainda estão na instituição.

A escola normal foi se moldando com o tempo, e através dos sujeitos atuantes que dela fizeram parte. Sua identidade se constituiu e se manteve por determinado período graças ao empenho de todos que faziam da instituição um espaço acolhedor.

Figura 16 – Desfile, 7 de setembro

Fonte: Acervo Google Imagem, 1998.

A Escola Normal Estadual Professor Pedro Augusto de Almeida, atualmente está abrangendo o Ensino médio normal e o Ensino médio regular, não tem a caracterização exclusiva do magistério.

A escola atual abandona o legado do desfile, onde os pelotões eram preferencialmente fardados e o maior público interessado era as jovens.

A escola que chegou a formar dezenas de alunos por ano, vai aos poucos perdendo sua característica de uma instituição de normalistas.

Por meio do Facebook da escola, podemos acompanhar a reforma no ano de 2019, motivada por um grupo de professores que lecionam os dois níveis de ensino, médio e

normal, reivindicando juntamente com a comunidade melhorias, uma vez que a instituição é um patrimônio público e encontrava-se defasada, como mostra a imagem abaixo.

Figura 17 – A escola normal antes da reforma

Fonte: Acervo da página do Facebook da escola normal, 2022.

As reivindicações de todos os envolvidos na instituição é formidável para que a escola não feche, uma vez que a escola já não tem mais a identidade de uma instituição própria do magistério. Fechada as portas é matar literalmente a história de uma intuição que, durante anos, contribuiu para sustentabilidade uma região e pôr o setor público não trazer um olhar sensível ela abandona.

Por isso a memória de uma instituição é importante para não deixar falecer as fontes que nela se encontra, preservar seus arquivos, suas histórias por meio dos textos orais e escritos que foram construídos ao longo da jornada. Entretanto, é preciso trazer essas questões para denunciar o descaso e anunciar as reivindicações que os professores, alunos e comunidades fizeram para que não fechasse as portas da referida escola. Após as lutas pelas mídias e redes sociais, a escola recebe uma reforma, mesmo que não seja a tão esperada, mas acredita-se que pode trazer esperança para aqueles que estão envolvidos nela.

Podemos perceber que a escola ganha uma cara nova, e, portanto, os sujeitos envolvidos nela, sentem-se felizes.

Figura 18 – A escola normal após a reforma

Fonte: Acervo da página do Facebook da escola normal, 2019.

A última atualização do Projeto Político Pedagógico da escola deu-se no ano de 2019, neste mesmo ano a Escola Normal incluía 756 alunos matriculados, constituindo 572 matriculados no Ensino Médio Regular, e 184 no Ensino Médio Modalidade Normal, cujos estudantes eram sucedidos dos municípios de Arara, Bananeiras, Belém, Borborema, Dona Inês e Solânea (SANTOS, 2019, p. 8),

Percebe-se que o ensino normal teve uma declinação, entre os fatores podemos ver como externos, e nesse sentido cabe uma reflexão. Os alunos não estão procurando mais em cursar o magistério, uma das possibilidades são os cursos de licenciatura em pedagogia, tanto na UFPB, Campus III, que foi criado desde 2009, abrangendo uma demanda de aluno dos municípios da região, e as instituições privadas que estão sempre oferecendo pedagogia até mesmo em finais de semana, na modalidade semipresencial.

Outros fatores de desânimos são os concursos públicos da região que não estão mais abrindo seus editais solicitando alunos dos magistérios, mas tão somente formação mínima licenciatura em pedagogia. Ainda existe as faculdades online ofertando curso em baixos custos e muitos dos estudantes quando conclui o médio prefere seguir por esse caminho. Mesmo assim, o ensino normal atualmente está sendo ofertado por 4 anos.

A própria Universidade Federal da Paraíba, UFPB Virtual, oferta cursos de licenciatura a distância, entre eles o curso de pedagogia em algumas cidades polos da região do Brejo. Possivelmente o aluno por ter o ensino médio em sua própria cidade, necessariamente não necessita estudar o normal já que a pedagogia é quem prevalece nos concursos locais, podendo adentrar em um curso superior após ensino médio, ou submeter-se ao Enem para uma possível licenciatura em pedagogia.

Ainda segundo o Santos (2019), para atender a esses alunos, a escola conta com 47 docentes, sendo 26 efetivos e 21 prestadores de serviço, ou seja, 54,35% são estatutários.

Segundo Santos (2019, p.10) a escola traçou seu perfil institucional deferindo-lhe uma visão estratégica cujos objetivos revelam a vontade política dos seus integrantes para atingirem a realidade desejada, inspirados nos princípios éticos, políticos e estéticos declarados na lei, os quais representarão o ponto de partida e o foco de iluminação em todo processo de formação dos professores.

Porém, por questões política a escola quebra esse viés de ser uma de escola de formação específica e passa a ser uma escola tecnicista para o ensino médio, quando atualmente está inserido o ensino médio regular na instituição.

A escola normalmente não será esquecida, quando na verdade será sempre lembrada de um período, tempo nas lembranças daqueles que fizeram dela, um ambiente de ensino, aprendizagem, amizade, cultura, debate, e construção de saberes, sendo esse local, um referencial para todos os que se envolveram nele.

Capítulo 3