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4.2 A ESCOLA SELECIONADA

No documento MARIA DE LOURDES ALVES DE LIMA (páginas 65-68)

Fez-se necessário, primeiramente, caracterizar a escola selecionada e seu entorno, uma vez que, conforme mencionamos anteriormente, para os autores que se apóiam nas bases filosóficas do materialismo dialético, tanto a cultura como a instituição escola são fatores indispensáveis para o desenvolvimento, uma vez que é neles - e por eles - que se articulam várias redes de relações. A escola na qual a pesquisa foi conduzida pertence à Rede Estadual de Ensino e funciona em três turnos, com um total aproximado de 2500 alunos, distribuídos em vinte salas de aula para cada período. A unidade escolar contava, ainda, com sala de vídeo, uma biblioteca ambulante coordenada pelos professores de Língua Portuguesa, uma sala de jogos, uma quadra coberta e uma sala de informática (que,

no momento da coleta de dados, estava desativada, devido a problemas nos computadores).

A população escolar variava em cada um dos três períodos: no da manhã, os alunos gostavam de participar das atividades escolares e, segundo a vice-diretora, apresentavam poucos problemas disciplinares. A clientela era composta de alunos de sexta série do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio, com bom nível de aprendizagem, ocorrendo pouca reprovação e evasão. No período da tarde, os alunos eram mais resistentes em participar das atividades propostas. Fazia-se necessário um maior empenho do professor para levar o aluno a um envolvimento mais efetivo na proposta pedagógica. Segundo a vice-diretora, havia, ainda, um alto grau de problemas disciplinares, o que levava a direção e os professores a estarem sempre discutindo saídas para essa situação. A clientela era constituída de alunos de quinta série do ensino fundamental a segunda série do ensino médio. Um número considerável de estudantes apresentava aprendizagem insatisfatória e muitas faltas. A baixa assiduidade era um fato que normalmente os pais não conseguiam justificar, quando chamados a comparecer à escola.

No período noturno, a maioria dos alunos já trabalhava e a questão da indisciplina praticamente inexistia. O maior problema do período noturno era o grande índice de faltas, assunto discutido com a família desses alunos durante reuniões com a coordenadora da escola, sempre que houvesse necessidade ou durante as reuniões bimestrais com os pais e professores. A clientela era formada de alunos de oitava série do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio. Os alunos de oitava série e os do primeiro ano do ensino médio apresentavam sérios problemas de aprendizagem; havia um número considerável de repetência e evasão, algo que não se passava com os alunos do segundo e terceiro anos do ensino

médio. A direção tinha como hábito informar aos pais (em reuniões), e aos alunos (durante as aulas), todas as sugestões ou decisões tomadas pelo Conselho de Escola, pela Associação de Pais e Mestres, pelo Grêmio Estudantil e pelo Conselho de Classe.

A escola está localizada na região leste da cidade de São Paulo, atendendo uma clientela de baixa renda e de classe média baixa. O bairro não tinha espaços de lazer e, por isso, nos finais de semana, com o programa Escola da Família, a unidade escolar estava sempre cheia. Percebia-se que a comunidade tinha respeito pelo espaço da escola: não havia pichações em suas paredes e roubos e depredações eram raros. Havia, também, boa participação nas atividades nela realizadas.

Após caracterizarmos a escola, achamos necessário conhecer sua proposta pedagógica. Segundo informou a coordenadora, essa proposta datava de 2003 e estava inserida no Plano de Gestão, documento que especifica a organização da escola, desde o quadro de horários dos professores e demais funcionários, as atividades a serem desenvolvidas, a grade curricular, a própria proposta pedagógica, etc. Ao conversarmos com a vice-diretora da escola, fomos informadas de que este plano teria validade por quatro anos, sendo revisto a cada início de ano letivo, durante o planejamento. As revisões eventualmente feitas, após apreciação do Conselho de Escola, eram anexadas.

A proposta tinha como meta a Melhoria de Qualidade de Ensino, pois incomodavam aos professores e à direção os baixos índices de aproveitamento que se tinha obtido nas sétimas e oitavas séries do ensino fundamental II e na primeira série do ensino médio. Após algumas discussões, chegou-se à conclusão de que um dos caminhos para minimizar esta situação seria a utilização dos horários de HTPC para a troca de experiências entre docentes e Coordenação, cujos objetivos eram:

1º - construir um projeto pedagógico escolar coletivo, visando à melhoria da qualidade de ensino;

2º - articular e integrar as ações pedagógicas da unidade escolar, objetivando aprimorar o processo ensino-aprendizagem;

3º - planejar, acompanhar e avaliar os projetos de reforço e recuperação da aprendizagem e a conseqüente diminuição dos índices de evasão e repetência;

4º - coordenar as reuniões coletivas dos docentes, favorecendo momentos de reflexão pedagógica voltados para o aperfeiçoamento ou atualização do trabalho desenvolvido na unidade escolar;

5º - articular o trabalho entre a unidade escolar, o sistema de supervisão e a oficina pedagógica.

Ao lermos a proposta pedagógica, percebemos uma riqueza de atividades no HTPC e nos projetos de trabalhos extra-classe (laboratório de redação, música, dança, horta, jogos escolares, rádio, cantinho da leitura, passeios, informática, química no cotidiano etc.) Ao acenar com a meta de melhoria da qualidade do processo de ensino aprendizagem, ao descrever todo o capital humano e recursos pedagógicos, bem como a estrutura física da escola, pareceu-nos lícito supor que o aluno que dormia na classe, em função de uma rotina de aula tradicional, teria a possibilidade de mudança de ambiente, podendo participar de atividades mais dinâmicas e motivadoras. Esse aluno, ao se deslocar de seu lugar, ao manusear outros objetos, poderia sentir-se estimulado a reorganizar seus hábitos de estudo, evitando, assim, possíveis cochilos.

No documento MARIA DE LOURDES ALVES DE LIMA (páginas 65-68)