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4.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

4.2.3 Escolarização

Para a avaliação do quesito escolarização, são analisados os índices de analfabetismo de pessoas com quinze anos ou mais, o percentual de pessoas com dezoito anos ou mais com ensino fundamental completo, o percentual de pessoas com dezoito anos ou mais com ensino médio completo e o percentual de pessoas com vinte cinco anos ou mais com ensino superior completo. Busca-se, a partir desses dados, identificar os resultados das ações implementadas, públicas e privadas, em termos do perfil da escolarização de seus cidadãos. Analisando os dados dos municípios selecionados das nove Regiões Funcionais, observa-se que, com

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exceção dos municípios selecionados da RF 4, os municípios de todas as nove regiões apresentaram resultados semelhantes (Apêndice 3). Ha que se ter presente que a educação, a partir dos anos 1990, com a universalização do ensino fundamental, e posterior ampliação para o ensino médio, implicou em um aumento significativo no número de matrículas em todo o país. Cabe resaltar que, apesar de obrigatórios, o ensino fundamental e médio não são de responsabilidade de uma mesma esfera de governo. Foi possível identificar que os municípios maiores possuem proporcionalmente mais habitantes com vinte cinco anos ou mais com ensino superior completo. Em relação às taxas de analfabetismo, observa-se que, com exceção do município de Tramandaí, todos os outros oito municípios de origem apresentaram menores índices em relação aos seus emancipados, em todos os períodos analisados.

Os dados revelam que o município de Camaquã é aquele que apresenta os melhores índices nos níveis de ensino completo entre os municípios analisados da RF 1, apresentando resultados bem acima da média do grupo. Observa-se que em 2010 Camaquã possuia, percentualmente, mais do que o dobro de pessoas com ensino fundamental e médio completos e cinco vezes mais pessoas com ensino superior completo que o município de Chuvisca. Camaquã também uma das menores taxas de analfabetismo. Para os municípios analisados da RF 2, Lajeado e seus emancipados, observa-se que Lajeado apresenta os melhores índices educacionais em todos os níveis e períodos analisados. Em 1991, o percentual de pessoas de quinze anos ou mais com fundamental completo do município de Sério era percentualmente sete vezes menor que o município de origem e que, apesar de ser crescente, este percentual ainda é o mais baixo deste grupo neste quesito, seguido por Forquetinha, Marquês de Souza e Canudos do Vale. No que se refere ao ensino médio, o município de Lajeado quase dobrou percentualmente o número de pessoas de quinze anos ou mais com este nível completo. No ensino superior completo, de acordo com os dados disponíveis, observa-se que os baixos índices dos níveis fundamental e médio se repetem no mesmo, sendo que, em 2010, no município de Forquetinha somente 0,38% da população com mais de 25 anos possuía ensino superior completo, ocupando o pior índice entre todos os municípios estudados. Dentre os municípios emancipados, o que possui o melhor índice neste quesito é o município de Santa Clara do Sul, ainda que com uma proporção cerca de três vezes menor daquela de Lajeado. Estes índices educacionais se refletem na taxa de analfabetismo, onde novamente, Lajeado apresenta os melhores índices, passando de 11,60%, em 1980, para 2,69%, em 2010. Neste mesmo quesito o município de Sério é o que apresenta os maiores índices de analfabetismo, enquanto os municípios de Santa Clara do Sul e Marquês de Souza, no mesmo período, permanecem com índices abaixo da média do grupo.

Nos municípios de Vacaria e seus emancipados, da RF 3, observa-se que Vacaria é justamente o município com os melhores índices educacionais em todos os níveis, seguido por Muitos Capões e de Campestre da Serra. O município de Monte Alegre dos Campos apresenta indicadores para este quesito com valores muito abaixo dos demais em todos os níveis, mas principalmente no nível superior; em 2010, apenas 0,95% de sua população com 25 anos ou mais possuía este nível completo, o que é proporcionalmente onze vezes menor que o índice do município de origem Vacaria, que em 2010 apresentou um índice de 11,08%. O município de Monte Alegre dos Campos também é o que apresenta as piores taxas de analfabetismo: 10,93% em 2010, enquanto Vacaria apresentou taxas bem menores; 5,16% em 2010. Já na RF 4, o município de Imbé é o que possui os melhores indicadores em todos os níveis de educação, 57,86% no ensino fundamental completo, em 2010, enquanto o município de origem Tramandaí apresentou uma proporção de 53,36%. Quando analisados os dados referentes ao ensino médio percebe-se que Imbé continua com os melhores índices em todos os períodos, seguido por Cidreira e por fim Tramandaí que neste nível também apresenta os piores índices. O município de Tramandaí somente não possui os piores índices do grupo no quesito superior completo, em 2010, 7,98% de sua população com vinte cinco anos ou mais possuía este nível completo, entretanto, o melhor índice ainda é de Imbé com 9,97%. Em termos do analfabetismo, Tramandaí é o que apresenta os maiores índices sendo ele 4,08%, em 2010. Imbé novamente se destaca nos indicadores de educação apresentando taxa de analfabetismo de apenas 3,02% em 2010.

Na RF 5 é possível identifcar que Pelotas é o município com os melhores indicadores em todos os níveis educacionais, sendo que, em 1991, já apresentava 35,26% de pessoas de quinze anos ou mais com ensino fundamental completo enquanto Arroio do Padre somente 3,55%; este passou para 26,94%, em 2010, o que é uma significativa melhora, entretanto, ainda bem abaixo dos 57,99% do município de Pelotas. Nos índices referentes ao ensino médio observa-se a melhoria nos índices de Morro Redondo, que passou de 4,26% em 1991 para 21,92% em 2010, entretanto, o município de Pelotas ainda permance com os melhores índices nesta categoria. Analisando-se os índices diposníveis no quesito superior completo, observa-se que o município de Turuçu reduziu o percentual de pessoas com vinte e cinco ou anos ou mais com ensino superior completo entre 2000 a 2010. O município de Pelotas é o que apresenta o melhor índice com 13,49% em 2010 seguido novamente por Morro Redondo e Turuçu. Quanto às taxas de analfabetismo, Pelotas se destaca em relação aos seus emancipados: 4,12% em 2010, seguido por Turuçu com 6,24% e Arroio do Padre com 4,60%. Bagé, na RF 6, é aquele que apresenta os melhores índices nos níveis de ensino completo,

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apresentando resultados bem acima da média do grupo para o nível fundamental, seguido por Candiota, Hulha Negra e Aceguá. Para o nível médio observa-se que o município de Hulha Negra conseguiu uma expressiva evolução neste indicador, quando passou de apenas 3,55%, em 1991, para 19,28%, em 2010, entretanto, ainda abaixo dos municípios de Candiota, com 24,36%, e Bagé com 38,57%. Em termos de ensino superior completo, o município de Hulha Negra possui o menor índice, com 3,48%, seguido de Candiota, com 4,25% e Aceguá com, 4,85%. O município de Bagé neste quesito ainda permance com os melhores índices de todo este grupo. Em termos da taxa de analfabetismo, observa-se todos os municípios deste grupo vem reduzindo os seus índices, sendo que Bagé apresenta os melhores resultados; passou de 15,20%, em 1980, para 4,93%, em 2010.

Para os municípios analisados da RF 7, compreendidos por Santo Ângelo e seus emanicipados, observa-se que o município de origem Santo Ângelo apresenta os melhores índices em todos os níveis e períodos analisados. Entre-ijuís, Vitória das Missões e São Miguel das missões apresentam índices muito menores do que o município de origem, principalmente no ano 1991, em todos os níveis de educação. No período seguinte, no ano 2000 a diferença entre o município de origem e os originados começa a diminuir, entretanto, as diferenças entre os próprios emancipados aumentam. Quanto ao nível médio, observa-se que apesar da evolução o município de Entre-Ijuís entre os emancipados é o que apresenta melhoras nos índices, entretanto, para o ano de 2010 os índices de todos os emanicpados ainda estão muito abaixo percentualmente em relação ao município de Santo Ângelo. Quanto às taxas de analfabetismo, Vitória das Missões e São Miguel das Missões apresentaram taxas muito acima da média do grupo, 11,41% e 9,06%, respectivamente. O município de Santa Maria, na RF 8, é o grande destaque em todas as categorias e períodos analisados inter- regional e intrarregionalmente. Para o ensino fundamental completo, em 1991, 45,40% dos habitantes de Santa Maria com 15 anos ou mais de idade já possuíam ensino fundamental completo; sendo 68,31% em 2010. No quesito nível médio, observa-se que apesar da evolução os municípios de Dilermando de Aguiar e São Martinho da Serra e Itaara ainda estão com índices muito inferiores em relação ao município de origem Santa Maria que em 2010 apresentou taxa de 50,72%. Quanto ao ensino superior, Santa Maria apresenta o maior índice deste estudo, com 18,85% de seus habitantes com vinte e cinco anos ou mais com ensino superior completo em 2010.

Para os municípios da RF 9, compreendidos por Tapejara e seus emancipados, é possível identificar que o município de Tapejara apresenta os melhores índices no nível fundamental, médio e superior. No quesito pessoas de quinze anos ou mais com ensino

fundamental completo observa-se que em 2010 o índice de Tapejera era 52,69%, o município de Vila Lângaro e Santa Cecília do Sul apresentaram no mesmo período taxas muito inferiores com 30,26% e 23,27% respectivamente. De acordo com os dados disponíveis, o município de Tapejara também é percentualmene o que mais possuí pessoas com vinte cinco anos ou mais com ensino superior completo; 5,53%, em 1991, e 9,68%, em 2010, seguido por Vila Lângaro, Charrua e Santa Cecília do Sul. Enquanto Tapejara, em 2010, contava com 3,69% de pessoas analfabetas, o município de Charrua atingia 13,09%. Os municípios de Vila Lângaro e Santa Cecília do Sul conseguiram reduzir o analfabetismo de 9,77% e 14,59%, em 1991, para 5,76% e 5,13%, em 2010, respectivamente.

O ensino superior, apesar dos esforços empreendidos no âmbito de bolsas e crédito estudantil, ainda não está acessível para uma grande parte da população. Outros aspectos como baixo número de pessoas com ensino médio completo também inflenciam nas taxas de pessoas com ensino superior completo, já que o primeiro é pré-requisito ao acesso do segundo. Andrade (2010), a esse respeito, escreve que para que o acesso ao ensino superior cresça se fazem necessárias políticas e os esforços focados no aumento de número de concluintes do ensino médio, com equivalência entre anos de estudo e conhecimento. Conforme observado nos indicadores demográficos, os municípios emancipados possuem uma população idosa maior que os municípios de origem, devido ao êxodo juvenil nestes locais. De acordo com Figueiredo (2007), os idosos de hoje são pessoas que nasceram em tempos que educação era um privilégio de poucas pessoas e a consequência da situação pode explicar as altas taxas de analfabetismo de alguns munícipios. Outra característica destes municípios é que, mesmo possuindo pequenos centros urbanos, eles ainda guardam características rurais. Como escrevem Barreto e Vigevani (2004), os maiores índices de analfabetismo estão em zonas rurais e nas regiões onde o trabalho não exige mão-de-obra qualificada. De qualquer forma, promover o acesso à educação de qualidade é fundamental para o desenvolvimento dos municípios. Educação de qualidade significa melhores salários e oportunidades para as pessoas e para a economia (FIGUEIREDO, 2007). Portanto, de forma universal a educação é a principal ferramenta para a diminuição das desigualdades e, consequentemente, para o desenvolvimento local.