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Escolha das áreas e perfil dos projetos de restauração realizados

2 DIAGNÓSTICO DAS ATIVIDADES DE RESTAURAÇÃO FLORESTAL

2.3 Resultados e discussão

2.3.2 Escolha das áreas e perfil dos projetos de restauração realizados

Dentre os motivos que levam à restauração se encontram, além da recuperação e conservação ambiental, a compensação de passivos ambientais, a exigência legal, o marketing ambiental, a compensação voluntária de carbono emitido, a educação ambiental entre outros (Tabela 7). O principal motivo para a procura por projetos de restauração nas empresas são devido às exigências legais, como atividades de licenciamento, para compensação ambiental e diminuição de impactos ambientais / danos ambientais e para o marketing ambiental, sendo a maioria dos projetos realizados de forma compulsória (75%) (Figura 5).

Tabela 7 – Propósito e destinação dos projetos de restauração realizados. São Paulo

Finalidades Terceiro setor (%) N Prestadores de serviços (%) N Total (N) Recuperação ambiental 100,0 23 40,9 9 32 Compensação 26,0 6 81,8 18 24 Exigência legal 21,7 5 72,7 16 20 Marketing ambiental 17,4 4 31,8 7 11 Compensação de carbono 30,4 7 18,2 4 11 Educação ambiental 26,0 6 4,5 1 7 Sistemas agroflorestais 17,4 4 13,6 3 7 Outros 13,0 3 4,5 1 4

Como exigência legal e de compensação ambiental têm-se o licenciamento ambiental para empreendimentos ou atividades potencialmente poluidoras e modificadoras do meio ambiente. O Licenciamento Ambiental é um Instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981) (BRASIL, 1981) e sua principal função é conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação do meio ambiente. Dessa forma, o empreendedor realiza o licenciamento ambiental junto ao órgão ambiental competente para obter a licença prévia, licença de instalação e licença de operação ou ampliação, geralmente com consultoria de empresas da área. Nos plantios de compensação ambiental, dependendo do tamanho do projeto, pode ser necessário fazer o agrupamento de mais de um plantio para ter um número de mudas significativo para o plantio.

A principal finalidade dos plantios realizados pelas organizações do terceiro setor é a recuperação ambiental, principalmente em áreas de preservação permanente (APP) (Tabela 7). O papel da organização pode ser de encontrar áreas a serem recuperadas e quem precisa ou quer restaurar. A maioria dos projetos realizados é de forma voluntária (83%) (Figura 5). Por vezes esta é uma exigência dos próprios financiadores do processo, ou seja, a não recuperação de áreas com problemas judiciais.

Figura 5 – Perfil dos projetos realizados pelas instituições entrevistadas. São Paulo

No caso de organizações do terceiro setor, estas procuram não atuar em áreas que sofreram processos legais, exceto em casos apontados como áreas prioritárias por diagnósticos ambientais, ou em ocasiões em que os termos de compromisso firmados não sejam por desmatamento (como construção de rodovias). Nestes casos, as organizações podem optar por uma compensação financeira maior para realização do projeto.

Organizações que trabalham com a recuperação de mananciais de abastecimento de água de suas regiões, podem se deparar com áreas a serem recuperadas que apresentam pendências legais. Nestes casos, se realiza a recuperação da área devido ao interesse que esta apresenta em uma escala de paisagem. Dessa forma, áreas prioritárias para restauração florestal são definidas

por alguns organismos do terceiro setor, devido ao impacto que os programas de recuperação destas áreas alcançarão.

Para os prestadores de serviços, os plantios são realizados principalmente em áreas de terceiros, para a recuperação quando há uma exigência legal, seja por licenciamento ou pela presença de passivos (Figura 6). Algumas áreas recuperadas são públicas e são firmadas parcerias com o Poder Público.

Figura 6 – Propriedade das áreas onde se realiza a restauração florestal pelo terceiro setor e prestadores de serviço do Estado de São Paulo

Organizações do terceiro setor fazem a implantação de seus projetos em áreas públicas (firmando parcerias com prefeituras e governo), privadas ou de terceiros (pelos levantamentos realizados e banco de áreas disponíveis) e em áreas próprias. Nas áreas públicas, na proximidade de zona urbana, pode haver problemas de vandalismo, sendo necessárias manutenções periódicas e implantação de mudas de maior porte, consequentemente, aumentando os custos dos projetos realizados. As áreas próprias são casos específicos de organizações que manejam Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) ou estão localizadas em área rural.

As instituições realizam um levantamento de adequação ambiental da paisagem quando têm interesse por determinada bacia hidrográfica e os plantios

procuram ser realizados dentro destas áreas. No caso dos plantios serem realizados em áreas de terceiros, geralmente é respaldado por contratos, em que o produtor se compromete em não cortar as árvores plantadas, fazer o cercamento e, se compromete na conservação da área. Nem todos os proprietários aceitam os contratos, sendo necessário um processo de conscientização. De acordo com as informações levantadas, se não há a anuência do proprietário e o envolvimento com o projeto, este tem grandes chances de fracassar. Há produtores rurais que procuram de forma espontânea a recuperação da paisagem de suas propriedades. Estes proprietários procuram restaurar áreas de mata ciliar e de nascentes presentes nas propriedades.

As áreas restauradas são em sua maioria protegidas pela legislação, como APPs (cerca de 90% dos projetos realizados) (Tabela 8). Dentre as áreas de plantio, se encontram também áreas de Unidades de Conservação, áreas de laser para a comunidade, corredores ecológicos e as selecionadas em uma escala da paisagem.

Tabela 8 – Características das áreas selecionadas para realização dos plantios de restauração florestal no Estado de São Paulo

Objetivos das áreas de plantio Terceiro setor (%) N Prestadores de serviços (%) N Total (N) APPs* 91,3 21 90,9 20 41

Áreas de laser para a

comunidade 30,4 7 40,9 9 16

Corredor ecológico 30,4 7 13,6 3 10

Áreas no entorno de UC** 26,0 6 13,6 3 9

Áreas selecionadas na escala

de paisagem 13,0 3 0,0 0 3

*Áreas de Preservação Permanente **Unidade de Conservação

Em projetos de compensação ambiental ou aqueles desenvolvidos por organismos não governamentais, geralmente o proprietário rural entra com a terra e a empresa ou instituição, com os custos do plantio. Entretanto, há dificuldades ainda em convencer os pequenos proprietários. Nos plantios de compensação, as mudas são plantadas em áreas de pequenos e médios produtores rurais, às vezes pelos

próprios proprietários, que podem ser compensados financeiramente, ou por equipe contratada.

Nas áreas de plantios, sejam estas de grandes e médios produtores rurais até pequenos produtores e comunidades tradicionais extrativistas (quilombolas, caiçaras, ribeirinhos) têm-se alguns obstáculos para a inserção do elemento arbóreo, como aspectos econômicos e culturais (SILVA et al., 2008). Os aspectos econômicos estão relacionados ao custo elevado de recuperação destas áreas e a prioridade em outras atividades desenvolvidas na propriedade. Já os obstáculos culturais são referentes à percepção particular do produtor rural sobre meio ambiente e floresta, como também observado por Silva et al. (2008).

2.3.3 Viveiros, colheita de sementes, produção de mudas e principais técnicas