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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.4 ESCOLHA DOS INFORMANTES

Após a autorização prévia das escolas já descritas no item anterior, entramos em contato com os professores responsáveis pelos grupos de crianças com idades a partir de 2:0 anos para nos auxiliar quanto à escolha dos indivíduos segundo nosso perfil esperado. Desse modo, para a escolha das crianças, contamos com o auxílio tanto do fonoaudiólogo da escola quanto dos professores responsáveis pelas turmas; de modo que os fonoaudiólogos nos auxiliaram apontando crianças que não apresentassem nenhum distúrbio fonológico, enquanto os professores de cada turma nos indicaram as crianças mais acessíveis para a realização desse tipo de pesquisa, isto é, as crianças mais dispostas a colaborar.

Os informantes que não estudavam em nenhuma das escolas descritas foram indicados pela fonoaudióloga da Escola X, de modo que tais crianças eram filhos de amigos pessoais de tal profissional.

Tendo sido realizada a indicação dos professores e dos fonoaudiólogos, entramos em contato com os pais das crianças para que obtivéssemos autorização dos mesmos tanto para a coleta de dados por meio da aplicação do teste fonológico quanto para a utilização das informações presentes na ficha das crianças, por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Estando as crianças devidamente autorizadas, estudamos suas fichas de identificação e fizemos um período de adaptação, no qual passamos uma manhã ou uma tarde inseridos em suas salas de aulas, observando-as e conhecendo-as. Desse modo, escolhemos nossos informantes, que foram confirmados para nosso estudo a depender de sua própria disposição em atuar como participante da pesquisa. Vale salientar que as crianças, que embora atendessem aos critérios da pesquisa e estivessem autorizadas pelos pais, não participaram de nosso estudo quando não se mostraram dispostas.

A pesquisa contou com um grupo de 28 informantes divididos em sete faixas- etárias entre 2:0 e 5:6. As faixas-etárias foram divididas em períodos de 6 meses. Assim, a primeira faixa-etária contou com crianças com idades entre 2:0 e 2:6; a segunda faixa-etária, 2:6 e 3:0 e assim por diante. Dessa maneira, contamos com quatro informantes em cada faixa etária, sendo dois do sexo masculino e dois do sexo feminino, totalizando 14 meninos e 14 meninas.

Todas as crianças participantes, necessariamente, estavam, no momento da coleta, incluídas em uma das faixas-etárias almejadas para a nossa pesquisa, além disso, tais informantes não apresentaram, até a data da coleta, nenhum distúrbio fonológico ou de qualquer outro caráter, nem haviam sido submetidos a nenhum tipo de tratamento fonológico desde o seu nascimento. Tais informações foram adquiridas por meio de dados fornecidos pelos pais e professores, também contamos com a avaliação de um profissional fonoaudiólogo. Lembramos, ainda, que todos os informantes selecionados foram devidamente autorizados pelos pais ou responsáveis a participarem da pesquisa, apenas munidos dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido assinados pelos responsáveis por cada criança, pudemos efetuar a coleta de dados.

Nossa intenção em trabalhar com informantes de ambos os sexos é proveniente da necessidade de equilibrar dados acerca da aquisição fonológica de meninos e meninas. Já que há estudos, como o de Miranda (2007) e o de Mezzomo (2009), que mostram que crianças do sexo feminino evoluem linguisticamente falando mais rápido que crianças do sexo masculino,

assim como, há estudos, como o de Carvalho (2000), que apresentam os dados de crianças dos dois sexos como adquirindo a linguagem sem diferenças aquisicionais.

Quanto à variedade sociolinguística, Bortoni-Ricardo (2004) defende que tal variedade influencia o repertório linguístico dos indivíduos, sendo fator determinante para a ocorrência de diferenças sociolinguísticas, assim, crianças cujos pais têm um grau de escolaridade superior são esperadas que adquiram, como língua materna, uma variedade padrão da língua17. Desse modo, nossa escolha por realizar uma pesquisa com informantes oriundos apenas da classe sócio-escolar A se deu com intuito de evitar distorções nas análises de dados, de modo que crianças inseridas em realidades sociais de baixo prestígio, onde a variante não-padrão da língua é falada, poderiam apresentar em seus dados “erros” de fala que não decorrem das limitações naturais presentes no processo normal de aquisição da fonologia do português, mas de fatores sociais, como, por exemplo: PREDA no lugar de PEDRA, BRUSA no lugar de BLUSA, FORESTA no lugar de FLORESTA, etc.

Para a escolha dos informantes, necessitamos coletar dados referentes ao período gestacional das crianças, ao parto e dados relativos à sua produção oral. Tais dados já estão disponíveis nas escolas, em fichas informativas que os pais das crianças preenchem no período de matrícula. Desse modo, fica justificada a necessidade de um Termo de Autorização do Fiel Depositário, como referido anteriormente, já assinado pelas escolas. No caso das crianças que tiveram sua coleta realizada em suas casas, os próprios pais puderam responder ao questionário Ficha de Identificação do Aluno sob orientação da pesquisadora. Além disso, como já citado anteriormente, contamos com a ajuda de um profissional de fonoaudiologia para a seleção das crianças em cada uma das escolas e/ou para nos indicar outras crianças que, embora não fizessem parte do quadro de alunos das escolas em que coletamos os dados, se encaixavam no perfil de criança informante esperado por nós.

Desse modo, todas as crianças participantes de nossa pesquisa atendem, necessariamente, a todos os seguintes critérios:

17

Falantes de todas as línguas prestigiam ou marginalizam certas variedades linguísticas, a partir da forma pela qual certas sequências sonoras são pronunciadas. Silva (2009) aponta que em qualquer língua há as chamadas

variantes padrão e variantes não-padrão. A autora ressalta que “os princípios que regulam as propriedades das

variantes padrão e não padrão geralmente extrapolam critérios puramente linguísticos. Na maioria das vezes o que se determina como sendo uma variante padrão relaciona-se à classe social de prestígio e a um grau relativamente alto de educação formal dos falantes.” (SILVA, 2009, p. 12).

1. Foram autorizadas pelos pais e/ou responsáveis. 2. Quiseram participar da pesquisa livremente.

3. No dia da coleta, estavam inseridos em uma das faixas-etárias definidas. 4. Apresentaram desenvolvimento fonológico normal.

5. Jamais participaram de tratamento fonoaudiológico até o dia da coleta. 6. Eram filhos de pais pertencentes à classe sócio-escolar A.

7. Eram fortalezenses, filhos de pais fortalezenses. 8. Jamais passaram longos períodos18 em outra cidade. 9. Eram monolíngues, falantes do português brasileiro.