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Escolha Metodológica e Modalidade de Pesquisa

Ao nos ancorarmos nos princípios da abordagem da Complexidade, entendemos que os procedimentos metodológicos devem ser distintos de um paradigma que se baseie na linearidade, na causa-efeito, na racionalidade apenas e que defende a possibilidade de alcance de uma verdade absoluta, incontestável e conclusiva.

Optamos, nesta perspectiva, o veio da pesquisa qualitativa por esta proporcionar maior compreensão e valorização dos detalhes sobre os achados, permitir maiores aprofundamentos sobre um tema, conduzindo a uma riqueza maior quanto à realidade estudada, se constituindo também como ponto de partida quando se busca descobrir novos problemas e oportunidades.

A pesquisa qualitativa data os séculos XVIII e XIX, quando sociólogos, historiadores e cientistas sociais buscavam novas formas de investigação frente a insatisfação com os métodos de pesquisa das ciências físicas e naturais que vigoravam como modelos, de acordo com André eLudke (1986). Objetivava-se com essas novas buscas, o resgate de outras tradições para além da herança cientificista,

considerando para isso, outras percepções da inteligência humana, além da racionalidade técnica. No entanto, segundo as autoras, esse tipo de pesquisa só ganha destaque em meados dos anos de 1960 e somente nos anos 1980 é que surgem grupos fortalecidos de pesquisadores que trabalham com esse método, sendo a maior parte dos estudos emergindo em centros de pós-graduação, em várias instituições do país.

Esta opção de pesquisa ganha amplitude pelo entendimento de que os métodos de pesquisa qualitativos podem propiciar um olhar de maior inteireza sobre os dados. De acordo com Groulx (2008, p. 102), esse método encontra na heterogeneidade das situações, a diversidade das trajetórias e das experiências e busca “um questionamento centrado mais nos processos do que nas causas, mais nas estratégias do que nas variáveis, mais nas representações do que nas determinantes [...]”, provém daí a nossa escolha.

Referente a modalidade da nossa pesquisa que se caracteriza do tipo Estado da Arte, cabe ressaltar que tal escolha se deve ao menos por duas razões: pelo fato de seu aumento substancial no Brasil (e em outros países) nos últimos quinze anos e pela possibilidade que ela apresenta de conhecer (para inferir) sobre o que tem sido produzido ao longo dos anos em uma determinada área do conhecimento - na investigação aqui apresentada - conhecer os estudos que investigam a Formação de Professores e Complexidade.

O Estado da Arte pode ser definido como a identificação, o registro, a categorização reverberando na reflexão e síntese sobre a produção científica de uma determinada área, em um determinado espaço de tempo, congregando materiais sobre uma temática específica.

A consulta, a sistematização e a análise do que foi produzido são importantes para fundamentar o que será realizado. O Estado da Arte se constitui em uma importante fonte para a produção, não só para acompanhar todo o processo monográfico, mas prioritariamente para contribuir com a quebra de pré-conceitos que o pesquisador tem no momento em que inicia sua pesquisa, segundo Quivy, Campenhoudt, 2005).

Quanto ao favorecimento de um maior conhecimento, mesmo já sendo usual em outros países e se propondo a corroborar no balanço das produções na área da educação, que tem se proliferado graças ao interesse crescente nessa área segundo Romanowski e Ens (2006), a pesquisa do tipo Estado da Arte ainda carrega em seu

bojo alguns preconceitos, talvez oriundos da confusão conceitual, sendo vista como revisão bibliográfica. Todavia, mesmo ainda prevalecendo essa confusão conceitual e o preconceito, não se pode negligenciar a importância dessa modalidade de pesquisa, pois de acordo com Romanowski e Ens (2006, p.39),

Estados da arte podem significar uma contribuição importante na constituição do campo teórico de uma área de conhecimento, pois procuram identificar os aportes significativos da construção da teoria e da prática pedagógica, apontar as restrições sobre o campo em que se move a pesquisa, as suas lacunas de disseminação, identificar experiências inovadoras investigadas que apontem alternativas de solução para os problemas da prática e reconhecer as contribuições da pesquisa na constituição de propostas na área focalizada. (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 39).

Outro aspecto que merece ênfase e que também justifica a nossa inclinação a essa modalidade de pesquisa, é que segundo Romanowski e Ens (2006, p.38), é possível dizer “que faltam estudos que realizem um balanço e encaminhem para a necessidade de um mapeamento que desvende e examine o conhecimento já elaborado [...]”. Mais estudos nessa modalidade, além de trazerem grandes contribuições à pesquisa, evitariam a perda de muitas produções, visto que é cada vez maior o volume de produção acadêmica, ao mesmo tempo que possibilitam o vislumbre dos temas ou eixos temáticos que se desenham nos campos de Formação de Professores sob a ótica da Complexidade.

Sobre a definição de Estado da Arte, muitos autores apresentam suas contribuições, dentre eles, apresentamos as contribuições de Ferreira (2002, p. 257) que sinaliza que essas pesquisas podem ser “definidas como de caráter bibliográfico e [...] parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento [...]”. Elas tentam responder quais aspectos e dimensões vêm sendo privilegiadas em diferentes épocas e lugares, e de que forma e em quais condições têm sido produzidas, sendo reconhecidas por realizar uma inventariação e descrição de produções acadêmicas.

Diante dessas proposições, observa-se a relevância das pesquisas desse tipo. Neste trabalho, ela propiciará conhecer o que já vem sendo produzido a partir da relação entre Formação de Professores e Complexidade, sobretudo a formação continuada, e posteriormente, permitir sua continuidade.

Quanto aos objetivos dessa modalidade de pesquisa, Romanowski e Ens (2006) apontam que ela favorece compreender como se dá a produção do

conhecimento em uma determinada área, a partir de teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos de periódicos e publicações.

Com base nas considerações dessas autoras, a presente pesquisa buscou nas dissertações e teses os conhecimentos já produzidos a respeito da formação de professores na perspectiva da Complexidade, com vistas a pesquisar teses e dissertações que tratam sobre a temática, analisar o que as produções acadêmicas revelam sobre a relação formação de professores e Complexidade, identificar em quais contextos as produções acadêmicas foram desenvolvidas, quais sujeitos tomam como foco de investigação, quais são as escolhas metodológicas e os resultados alcançados em cada pesquisa e por fim, identificar o que os estudos trazem sobre a formação continuada de professores na Complexidade.